Estavam todos dentro do helicóptero quietos. Ninguém dizia nada. A situação estava tensa. Tony voava ao lado do helicóptero com sua armadura. Natasha estava sentada ao lado da filha abraçando-a. Aquilo a confortava. Eles permaneceram quietos a viajem inteira. Pareciam todos cansados. Foram trinta minutos de viajem até chegarem à base da S.H.I.E.L.D. Eve ficou um pouco apreensiva, não queria estar ali. Sentia de alguma forma que eles iriam interroga-la para saber o que aconteceu na indústria do governo. Eve não queria falar daquele poder. Sabia que eles poderiam querer usa-la quando souber o que ela pode fazer. Por mais que seus pais não deixassem, ela sabia que Fury daria um jeito de usa-la.

Logo que o helicóptero parou todos desceram dele. Eve saiu segurando a mão de sua mãe. Natasha não queria largar sua filha, parece que se ela largasse Eve iria sumir mais uma vez de sua vista. Eve entendia aquele ato, toda mãe ficaria dias grudada ao filho depois de tê-lo de volta. Steve andava atrás de sua filha e sua mulher, adorava vê-las juntas assim. Era reconfortante para ele de alguma forma. Assim que eles entraram foram recebidos por alguns agentes e médicos. Eve não queria ser tratada como uma criancinha, não agora. Natasha pegou na mão da filha e ignorou aquele grupo de pessoas que ficavam de olho em Eve. Quando ela foi se retirar do ambiente com sua filha, Nick a impediu. Natasha parou e encarou Nick, ela já estava pressentindo o que Fury iria falar e ela não queria ouvir aquilo. Eve ficou quieta, preferiu não olhar para Fury, pois ele há intimidava um pouco. A ruiva procurou conforto no olhar do Deus que encarava do outro lado da sala. Eve não se conteve e sorriu para o Thor que retribuiu com outro sorriso fofo. A ruiva desviou o olhar dele. Ficava tímida quando olhava para ele. Tony estava ao lado de seu pai encarando Nick com aquela armadura. Aquilo era estranho. Eve sentiu o olhar curioso de Fury nela. Querendo ela ou não, os médicos precisavam fazer testes para saber se ela estava infectada por algo.

- Os médicos precisam examina-la.

Nick disse o que todos já esperavam. Eve rolou os olhos e suspirou alto. Ela preferiu ficar calada. Já Natasha não gostava de pensar que poderia ter acontecido algo de mais grave com o sistema dela. Ela já sabia que Eve tinha uma regeneração mais rápida que o normal. A única pessoa que sabia de seu verdadeiro poder ali era Thor, pois havia pegado a força dele. E ela ainda poderia usa-la. Ainda sentia a força do Deus em seu corpo.

- Não precisa fazer isso agora, Fury.

Natasha sabia que estava errada. Mas não queria ver sua filha em uma sala de ciências sendo examinada por loucos. Eve olhou para a mãe e sorriu. Sabia que ela queria apenas protege-la. Nick lançou um olhar para Natasha que ela entendia. Tasha teria que ceder sua filha por alguns minutos. Eve também não gostava de saber daquilo, mas teria que fazer, pelo bem de todos. Estava até um pouco nervosa por isso. Tinha medo de descobrirem algo de ruim no sistema dela. Alguns médicos já estavam ali naquele instante. Ela podia ver pelas luvas que eles usavam. Aquilo há deixava um pouco mais nervosa. Os médicos então acenaram com a mão fazendo um gesto para que Eve os seguissem. A ruiva então os seguiu junto com sua mãe e o resto do grupo. É claro que todos estavam curiosos para saber se haviam alterado algo em Eve. Thor nem se ligou muito, pois já sabia da resposta. Natasha também, mas ela queria saber se sua filha tinha ganhado mais algum beneficio do que se regenerar. Eles passaram por dois longos corredores até chegaram à enfermaria. O que parecia mais uma sala de experiências. Aquele lugar lembrou o quarto onde ela ficou presa. Ela sentiu um arrepio pelo seu corpo. A ruiva logo soltou a mão de sua mãe. Estava meio eufórica e não queria que um acidente acontecesse por causa de contato humano. Preferia não manter muito contato até ter controle absoluto daquilo. Ela não sabia quase nada sobre seus efeitos, preferia se afastar mais das pessoas que gosta agora para não causar danos.

Eve foi até uma maca e se sentou nela como os médicos pediram, todos os avengers ficaram em fileira na porta olhando para ela. A ruiva se sentia constrangida ali. Um médico que parecia mais um cientista para Eve pegou uma seringa para coletar seu sangue. É claro que ela não gostou daquilo. Porém ela resolveu continuar quieta e deixar que aquilo acabasse logo. O médico pegou no braço pálido com manchas de sangue e enfiou a agulha na veia dela. Eve não sentiu a seringa por causa do poder de Thor que ainda restava no corpo dela. O médico examinou os olhos dela, a boca e até os ouvidos. Ela se sentia uma criança em um pediatra. Logo o outro médico saiu segurando aquele frasco com seu sangue. Provavelmente iria fazer algumas pesquisas. Tony e Banner quando viram o rapaz sair com o frasco, seguiu ele. Eles queriam fazer parte daquilo também. Como todo cientista. Assim que o médico parou de examina-la ele a encarou. Eve procurou não manter contato com o médico. Ele retirou suas luvas. Eve sentiu-se desconfortável com aquilo. Queria sair de perto dele.

- Você está ótima, conseguiu se sair muito bem lá!

Eve sorriu para o médico. Ela mexeu em seus cabelos ruivos procurando se distrair.

- Obrigado... Posso ir agora?

O médico nada disse. Apena saiu de sua frente dando passagem para ela se levantar. Então ela o fez. Eve caminhou até sua mãe que sorriu para ela.

- Tudo bem, querida?

Eve riu para a mãe de forma nervosa.

- Isso foi constrangedor. – Sussurrou.

Natasha riu e pegou na mão da filha. Elas andaram por alguns minutos pela base da S.H.I.E.L.D. Eve ficou impressionada com o tamanho daquele lugar. Ela ouvia a voz de seu pai e de Thor atrás dela. Eve não fazia ideia do que eles falavam. Resolveu voltar a prestar atenção a sua mãe que lhe mostrava todos os lugares da S.H.I.E.L.D. E depois de alguns minutos fazendo um tour pela base, as duas acabaram em um dormitório. Natasha abriu a porta do lugar e Eve viu que era bem simples.

- Ficará aqui por alguns dias.

Eve arqueou as sobrancelhas e olhou para a mãe surpresa. Ela queria ir para casa e não ficar aqui na S.H.I.E.L.D.

- Porque não posso ir para casa?

- Vamos todos ficar aqui por mais ou menos três dias até tudo se acalmar lá fora, tudo bem? Logo iremos para casa. Prometo.

Eve apenas assentiu com a cabeça e sentou-se na cama de solteiro que havia ali no quarto. Era um pouco escuro. As paredes eram de um tom cinza escuro. Lembrava os quartos do orfanato para Eve. Os outros avengers ficariam em quartos vizinhos. Aquilo iria ser bem legal. A ruiva viu que seu pai e Thor haviam sumido de vista. Provavelmente tinham coisas a discutir. Natasha olhou para a filha que estava um pouco pensativa. Sentou-se ao lado de sua filha na cama e a aninhou. Eve gostava daquilo. Aquele carinho de mãe era sempre bom essas horas.

- Quer conversar sobre algo?

Eve sorriu ao ouvir a pergunta da mãe. Ela queria falar muitas coisas para a mãe, nem sabia por onde começar. Mas tinha uma pergunta que ela precisava fazer urgente.

- Mãe... Tem algum problema não me sentir mais humana?

Natasha assustou-se com aquela pergunta. Nunca imaginou que sua filha um dia perguntasse isso. Sempre quis que sua filha crescesse longe de tudo isso, mas parecia impossível.

- Não, querida. Você tem esse direito. Todos nós aqui temos... Mas porque pensa assim?

- Quando eu estava lá morri por algumas horas, eu creio. E depois acordei por causa desse poder que tenho.

Natasha olhou para a filha que tinha um olhar longe dali. Ela parecia relembrar das coisas que passou lá.

- Como assim você morreu e acordou por causa do seu poder?

Eve respirou fundo e encarou sua mãe. Ela teria que contar tudo agora.

- Depois que o cientista injetou aquele soro em mim eu senti a pior dor que um ser humano pôde sentir... E depois eu morri porque era fraca. Eu não aguentei aquela dor, não aguentei aquele soro.

- Você está aqui agora, filha. Você foi forte.

- Não, eu estou aqui porque um cientista encostou em mim enquanto eu estava morta e eu tomei a vida dele. Esse é o meu verdadeiro poder... Ou posso chamar de maldição.

- Seu poder não é regeneração?

Natasha estava confusa naquele momento. Olhava para a filha com curiosidade. Ela havia visto à ruiva se regenerar rapidamente a sua frente.

- Não, mãe. Aquilo que você viu foi por causa do Loki.

- Como assim o Loki?

Natasha sentiu um arrepio ao ouvir aquele nome. O que Loki tinha com sua filha?

- Eu tentei mata-lo... Mas não consegui.

- Como tentou mata-lo? Você não pode fazer isso... Ele é perigoso demais para você.

- Ele não faria mal a mim, mãe...

Eve não queria ter falado aquilo. Não poderia ter falado aquilo. Ela parou de falar na hora sabendo que tinha feito besteira. A cara dela denunciava isso. Natasha apenas olhava para ela pasma.

- Do que você está falando, Eve?

- Não... Nada, mãe! É... Não é! Droga! Esquece...

Eve ficou confusa e perturbada com aquilo. Queria se enterrar naquele momento. Ela não poderia ter falado aquilo.

- Eve, não esconda de mim que é pior!

Natasha ameaçou. Eve olhou para a mãe com um olhar cabisbaixo. Ela não sabia o que falar. Era estranho para ela falar de Loki.

- É que... Loki é... E-eu não sei o que dizer!

- Por favor, não faça isso consigo mesma! Não me diga que aquele trapaceiro conseguiu entrar na sua mente... Ele invadiu seu coração.

Eve olhou para sua mãe assustada com o que ela disse. Aquilo não era verdade, era? A ruiva não sabia o que sentia, não sabia se dividir. Tanta coisa acontecendo ao seu redor. Ela não conseguia imaginar aquilo. Mas Loki?

- Não! Eu não sou apaixonada pelo Loki. Nunca! Ele pode estar em minha mente, mas meu coração pertence a outro.

Nem mesmo Eve sabia o que falava. Eram palavras de sua consciência que saiam de sua boca. Ela não sabia o que falar. Natasha permanecia calada olhando para a sua filha. Não podia acreditar no que via. Sua garota carregava olhos apaixonados e confusos. Ela estava dividida.

- A quem seu coração pertence, então? Você pode me responder isso?

Eve olhou para sua mãe com os olhos já marejados. Ela não sabia o que pensar. Sentia vontade de chorar. Sentia vontade de se trancar no quarto e não sair dele. A quem seu coração pertencia? Sua mente gritava por um nome, seu coração por outro. Isso era doloroso porque ela não poderia ter nenhum deles.

- Não posso entregar meu coração a uma pessoa que já está com outro nas mãos. Melhor um coração amado do que dois despedaçados.

Naquele momento Natasha soube que sua filha estava falando de Thor. Sentia isso. Queria sair correndo a bater naquele Deus agora mesmo por fazer isso com sua filha. Mas sabia que isso apenas ela poderia resolver.

- Esqueça-se de Loki, filha. Ele é a escuridão.

- Não existe escuridão, mãe. É apenas a ausência da luz. Ela só precisa se acender dentro dele. Eu sei que tem algo bom nele.

- Ele é o inimigo da terra. Olhe onde você está! Somos os maiores inimigos dele.

- Só porque ele é seu inimigo, não significa que também tem que ser o meu.

Natasha secou rapidamente aquela lágrima que teimou cair dos olhos de sua filha. Ela parecia estar em conflito com ela mesma. Uma batalha interior. Era difícil vê-la lutando e não poder ajuda-la.

- Você tem o Thor.

- Não diga isso, por favor. Eu não quero pensar nele.

- Filha, você vai ter que conviver com ele aqui, saiba disso.

- Eu sei me esconder muito bem. Vou ficar aqui no meu quarto. Vivi oito anos dentro de um, sei ficar mais três dias. Eu só preciso tomar um banho e descansar.

Natasha percebeu que sua filha precisava de um tempo. Ela depositou um beijo em sua testa e levantou da cama. Eve ficou parada na cama vendo sua mãe caminhar até a porta. Não via a hora de sua mãe deixar aquele quarto para ela desabar em lágrimas, pois precisava disso.

- Irei trazer roupas para você.

Eve apenas acenou para sua mãe e a viu fechar a porta. Logo aquela vontade de chorar veio e ela colocou para fora. Chorou feito uma garotinha. Deixou seu corpo cair sobre o colchão macio e ficou ali por minutos pensando. Suas pálpebras começaram a pesarem e minutos depois Eve caiu no sono ali.