- Bem... – ela começou meio sem jeito – Gostaria de apresentar alguns amigos.

- Para quê? – perguntou o guitarrista, mas logo recebeu um olhar retalhador do irmão, o que o fez entender.

- Onde eles estão? - perguntou o vocalista virando-se para a vampira.

- No corredor. -  ela respondeu abrindo a porta permitindo que as três figuras entrassem. - Há dois humanos que não sabem de nada. - sussurrou ao ouvido de Vincent vendo-o assentir olhando para os humanos que se encontravam naquele quarto.

- Hallo! - disse Bill fazendo com que os três vampiros o olhassem com a intenção de fazer com que percebessem o que ele era.

- Hallo. - começou Meganie com uma voz calma, tendo cuidado com cada palavra que dizia. - O meu nome é Megan, esta é a Melissa. - apontou para a sua gêmea - E este é o Vincent – apontou para o rapaz.

- Você deve ser o Bill. - supôs Vincent estendendo seu braço para um aperto de mão.

- Sim. Este é o Tom, meu irmão gêmeo. - indicou Tom que tinha se levantado e indo ao seu encontro. - Os outros são o Georg e o Gustav.

- Hallo. - responderam.

- Que tal nos sentarmos? - sugeriu Tom, um pouco nervoso por ter agora quatro vampiros perto de si.

Todos concordaram sentando-se nos três sofás presentes no quarto de hotel.  Melissa era a única que continuava em pé com os olhos azuis presos em Bill com uma intensidade exagerada.

- Aconteceu alguma coisa? - perguntou o vocalista reparando que todos olhavam para ela.

Como se despertasse de um sonho, Melissa esfregou os seus olhos com um movimento gracioso olhando-os com uma cara inocente.

- Ah! Não, não aconteceu nada! - respondeu voltando ao seu estado de transe, perdendo-se novamente nos olhos de Bill. - Eu apenas... - começou falando com uma voz distante alarmando Vincent, Megan e Selene. - ... apenas nunca tinha visto um P...

Antes, porém que ela terminasse a frase, um grito desesperado percorreu todo o quarto do Hotel.

Toda atenção voltou-se para Selene que estava agarrada à sua panturrilha.

- Cãibra, cãibra, cãibra. Aiiii! – ela queixou-se - Dói!

Isso serviu para distraí-los o suficiente para que Megan fosse ao encontro da irmã gêmea.

- Ficou doida? – a mais velha baixou o tom de voz para que os outros não ouvissem - Quer estragar tudo?

- Mas eu nunca...

- Pense nisso depois! Você precisa agir normalmente. – Meg disse rispidamente.

- Vou tentar...- sussurrou Melissa olhando para Selene que representava o seu papel maravilhosamente. – Não vou decepcionar vocês.

- Está passando? – perguntou Georg definitivamente preocupado.

Sel assentiu com um frenético movimento da cabeça e com os olhos demonstrando tortura.

Bill assentiu olhando para as gêmeas que estavam prontas para continuar com o espetáculo improvisado. Todas as atenções iam a pouco e pouco mudando de Sel para Melissa que olhava-os tentando demonstrar uma certa inocência.

- O que você nunca tinha visto? – questionou Gustav olhando para os maravilhosos e harmoniosos olhos  azul marinho da garota.

- Eu nunca... Nunca tinha visto um famoso de perto! – as suas palavras foram ditas num sussurro aumentando a sua inocência. – É que...eu...eu... eu adoro o Biiill! – gritou cheia de entusiasmo.

Selene ergueu uma sobrancelha ao contrário do outros que tinham ficado completamente surpresos.

“De fato, quando ela quer consegue ser a melhor atriz” a escritora pensou ao ver que os olhos da amiga que brilhavam com estrelas. “Sem dúvidas, a melhor atriz”.

- Ela é louca, não liguem. – pediu Vincent um pouco atrapalhado. – Já passa.

- Deixa de ser chato maninho – Mel disse abraçando o vocalista pelo pescoço – Isso é uma coisa que não acontece com qualquer um e... Nossa, como você cheira bem!

- MELISSA! – Megan e Selene gritaram.

- Calminha aí! Eu não vou arrancar pedaço dele! – a gêmea mais nova respondeu fingindo-se de ofendida enquanto se separava de Bill com a mesma facilidade com que tinha o abraçado. – Viram? Inteirinho. – ela disse sentando-se ao lado da irmã.

Com exceção de Georg e Gustav, que não tinham ideia do que se passava, a cara de espanto dos outros era no mínimo cômica.

- Er... Obrigado... Eu acho – disse Bill meio pálido e meio embaraçado.

O silêncio predominou no quarto por um momento.

- Er... Sel, me faz um favor? – Tom quebrou o gelo – Se você ver a Alexia antes de mim avisa que eu já pedi para o nosso manager desmentir aquele boato.

- Tudo bem...

- Que boato? – a curiosidade de Georg era além do imaginável.

Tom nada disse, apenas apontou para a revista em cima do criado mudo. O baixista a pegou rapidamente e sentou-se ao lado de Gustav para ambos poderem ler.

- Ahm... Bill, posso falar com você um minuto? – Sel perguntou de repente.

O moreno assentiu ignorando o olhar mortal que o irmão lhe lançava. Ele e Selene levantaram-se sob os olhares maliciosos do baterista e do baixista e saíram do quarto.

 - O nome deles é Melanie, Meganie e Vincent – Sel informou sem olhar para ele – São de minha total confiança. Melanie pode parecer meio doidinha, mas é muito astuta. Estarão em boas mãos. – garantiu.

- Obrigado pela preocupação. Você não precisava fazer isso... – ele murmurou olhando para o chão.

- Não é nada... Eu até estou gostando de bancar o anjo da guarda.... Ou melhor, “vampira da guarda”.

Aquela comparação fez ambos rirem.

- Tenho uma pergunta... – ele sibilou.

- Pode falar.

- A Melissa... Melanie, quando ela me abraçou... Por que ela conseguiu agir tão normalmente e por que ela ficou no ambiente com todo mundo sem problemas? Quero dizer... Você nunca me tocou e eu vejo que é uma tortura ficar perto de humanos...

- Não são todos os humanos – Sel parou e ele fez o mesmo virando-se de gente para ela – Por algum motivo o seu sangue não é tão apelativo para a Mel como é para mim. Seria como se comparasse os gostos seu e do seu irmão. Sei que você não gosta de chocolate – sorriu – Já o Tom adora. É tudo questão de gostos. E sobre ela ter te abraçado... Se ela não deseja tanto o seu sangue, ela não sofre ao te abraçar, é como... Brincar com a comida – Sel sorriu meio sem jeito por causa da comparação. – Eu não teria problemas em abraçar o Georg, por exemplo. O cheiro dele é muito bom, mas não o suficiente para me fazer perder o controle.

- Então se você me tocasse agora...

- Não sei se eu conseguiria apenas te tocar. – ela confessou.

O silêncio perdurou por um minuto. Até que Bill quebrou-o

- Por que você não me mordeu? Antes de saber que eu era um puro... Se meu sangue é tão apelativo como diz... Por que não me mordeu na saída da boate?

- Emmus nos ensinou que não devemos chamar a atenção... Você é uma celebridade Bill e a sua morte mobilizaria a Europa inteira... Infelizmente a sociedade é hipócrita, pois se pessoas do povo morrem, logo é inventada uma desculpa qualquer como a dos morcegos hematófagos e todos acreditam, mas se uma celebridade morre, logo começam a fazer pesquisas e hipótese por hipótese é derrubada. Infelizmente isso acontece em qualquer país, acredite, eu sei, já vivi em boa parte deles. Te matar seria expor demais a minha raça, e isso é uma coisa que não pode acontecer... Mas claro, nem todos os vampiros pensam assim, Lambert, o vampiro que criou o Klaus, era um deles. Ele matava qualquer um independentemente de quem fosse.

- Esse Emmus... É o seu criador?

- Sim, ele é também um membro do Conselho.

- Faz quantos anos que você é... Assim?

- 200 e alguma coisa... Depois de um tempo a gente para de contar.

Nada mais foi dito, eles voltaram para o quarto de hotel em silêncio. Foram surpreendidos, porém, ao abrirem a porta. Tom, Gustav e Georg não cabiam em si de tanto rir, e Melanie os acompanhavam. Meganie e Vincent olharam para Selene e Bill como se pedissem socorro.

- O que aconteceu? – perguntou o vocalista.

- A Melissa é muito legal – disse Gustav – Sabe contar histórias como ninguém.

Sel relaxou na hora. Melanie e suas histórias sobre vampiros... Ah se os humanos soubesses que não eram só histórias...

- Bom gente, eu ainda tenho que terminar uma pesquisa que a Alexia me pediu. – disse Sel levantando-se - A gente se vê por aí.

Mel e Meg levantaram-se juntas, contudo sem querer a mais nova chocou-se desajeitadamente contra a irmã, fazendo com que ela perdesse o equilíbrio e fosse para o lado, onde chocou-se contra algo forte.

Meganie virou-se e... Se pudesse sua face estaria em chamas.

- Me desculpe – murmurou ao perceber que tinha sido amparada pelo peito de Georg.

- Não foi nada – disse Georg sorrindo – Vocês está bem?

- Sim, obrigada – ela respondeu virando-se para a irmã com um olhar de “você me paga”.

Os Tokio Hotel acompanharam os visitantes até a porta e se despediram simpaticamente.

- Eles são tããão legais! – os olhos de Melissa brilharam como os de uma criança que acaba de ganhar um brinquedo novo – Aquele Gustav parece um ursinho, morri de vontade de apertar!

- Controle-se Melanie. Lembre-se do motivo pelo qual viemos – disse Vincent.

- Ta certo, mas você vai convidar o Bill para o baile né? – a gêmea mais nova virou-se para Selene com os olhos brilhando.

- E por quê eu o convidaria? – perguntou a escritora.

- Ora! Você e ele estavam de conversinhas às sós! Elena eu te conheço o suficiente pra poder afirmar que você nunca chegou tão perto de um humano tão atraente antes! Veja bem, até eu o achei atraente! E você sabe, tenho um gosto muito refinado.

- Ah é... – Sel disse ironicamente – Menos, Mel, menos, quase nada.

- Mas é verdade!

- Melanie, por acaso você ficou mais louca do que já era? – Meganie virou-se para ela – Levar um Puro no meio de um bando de vampiros! Sabe que nem todos são flor que se cheire, o Bill correria um risco muito alto.

- Meganie tem razão. Não importa se ele é atraente o suficiente para mexer com a Sel, é muito arriscado.

- VINCENT! Até você? – a escritora perguntou boquiaberta.

- Eu só concordei com você – ele sacudiu um ombros com um sorriso nada inocente nos lábios.

- Mas e quanto ao “é atraente o suficiente para mexer com a Sel”? Eu nunca disse que o achava atraente, vocês tiraram essa conclusão sozinhos – ela disse fingindo-se de irritada.

- Tudo bem – Mel entrou na frente dela – Você o acha atraente?

- Não é hora pra pensar nisso, preciso entrar em contato com algumas pessoas – a escritora desconversou passando por Melanie e andando mais rápido na frente dos outros.

Melanie e Vincent trocaram um sorrisinho cúmplice enquanto Meganie, ao lado deles maneava a cabeça negativamente.

Continua...