Looking For A Bright Smile escrita por OneThing


Capítulo 10
Capítulo 10: A verdade


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo é um dos mais importantes da história toda. Não deixem de ler!



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Capítulo 10: A verdade.


Depois de ficar uma tarde inteira brincando de coisas idiotas com Kurt e Cooper do tipo estourar pipoca e não comer sequer uma, só usá-las para nossa “guerrinha”... Ou assistirmos um filme de ação e ver Cooper imitando o personagem de um jeito muito estranho... Me despedi de Kurt que voltou vermelho de tanto rir para sua casa. Admito, quando Kurt estava comigo se divertindo era algo incrível, você não conseguia ver Kurt sorrindo, dando risada tão freqüentemente assim... Nunca tinha ouvido sua risada alta, ela ficava mais grossa. Ás vezes Cooper fazia algo tão sem graça pra mim mas infinitamente engraçado para Kurt que ria sem parar e eu só ria por causa de sua risada estranha... Mas admito que adorei aquela risada.

Assim que Kurt saiu pela porta, dei um suspiro e sentei no sofá coberto de pipoca. Cooper estava catando as pipocas do chão antes de nossos pais chegarem.

–Kurt é um cara muito legal, Blaine!– Disse ele –Não consigo imaginá-lo valentão como disse que ele era antes...

–Ele é especial, Coop... Ele sofre muito por causa do pai dele. Hoje eu meio que “briguei” com ele. –Cooper estava ajoelhado em cima do carpete castanho-claro de minha mãe pegando as pipocas em baixo da mesinha e ergueu os olhos para mim.

–Você brigou com o pai dele?... Por causa do jeito que ele o trata?

–Eu queria só conversar, mas parece que o pai dele não quis me ouvir. Preciso fazer algo para que ele goste de Kurt pelo que ele é... Não consigo ver ele mais triste... –Cooper continuou me olhando, suspirou e continuou catando as pipocas.

–Me ajuda com isto aqui.

–O que foi?

–O que?– Cooper sempre me confundia com essas expressões que fazia do nada.

–Você... Você ficou sério do nada.– Me levantei, peguei uma vasilha e comecei á pegar as pipocas.

–Não é nada, Blainie... Mais tarde você vai perceber.– Cooper era um cara completamente estranho cheio de mistérios... Misterioso é a palavra certa para descrevê-lo. Não perguntei mais nada porque receio que ele não vai ceder.

No dia seguinte, havia marcado de ir no cinema com Quinn. Me arrumei com um casaco de couro e por baixo uma blusa comum cinza, calça com uma barra que bate até o tornozelo e um “sapatênis.” Ah, e é lógico, uma de minhas gravatas borboletas. Essa era um vinho escuro. Passei um perfume Dolce & Gabanna que tinha um cheiro bem cítrico, era realmente agradável. Já usara esse perfume antes e Quinn achou ele com um cheiro gostoso. Passei especialmente para ela.

O shopping Center não ficava muito longe de minha casa, faria viajem á toa se fosse até a casa de Quinn á pé e depois voltasse para cá... Então, Quinn disse que pediria para seu pai deixá-la na porta de casa. Achei uma ótima idéia, mas tinha certeza que Cooper iria querer conhecê-la, então resolvi conversar com ele para causar uma boa impressão.

–Coop, por favor... Roupa normal, aja normalmente... Não quero nada parecido com aquela recepção para Kurt hoje.

–Tudo bem, mano. Relaxa, acha que eu iria fazer isso pra você?– Olhei para Cooper e ergui as sobrancelhas e dei um leve sorriso –Tá... Eu não vou fazer isso hoje! Juro!

–Obrigado.– A campainha tocou. Era Quinn com certeza. Cooper pulou da sua cama e saiu correndo escada á baixo. –AONDE VOCÊ VAI?– Gritei.

–VOU RECEBER SUA NAMORADA!– Saí correndo atrás dele, assim que ele foi abrir a porta da frente, pulei em suas costas e ele deu um grito –AAARGH, BLAINE!– Eu derrubei ele no chão e quando meus dedos tocaram na maçaneta, Cooper me puxou para trás e ficamos rolando no chão. Acho que estava muito barulho, porque Quinn abriu a porta da frente com os olhos arregalados e olhou para nós dois. Assim que notamos sua presença, paramos e ficamos a encarando, até que ela riu.

–O-o que é isso, Blaine?– Disse ela rindo. Eu e Cooper ficamos em pé imediatamente e começamos á ajeitar as roupas.

–N-nada, Quinnie! Ahn, esse é o meu irmão, Cooper. Cooper, essa é Quinn. –Cooper estendeu a mão e quando pegou a de Quinn deu-a um beijo em sua mão. Ela sorria, simpática enquanto olhava para Cooper encantada.

–Blaine... Por que não me contou que Cooper era seu irmão?

–É, Blaine. Por que não contou?– Disse Cooper, indignado.

–Am... Ele é famoso. Se eu dissesse que sou irmão dele, iriam me tratar diferente... Só você e Kurt sabem.– Quinn parou de sorrir.

–Mas... Contou á Kurt antes de mim?– Cooper virou-se para mim de olhos arregalados e se afastou.

–Foi um prazer, Quinn! Você é uma garota muito admirável! Preciso ir para o meu quarto, divirtam-se!– Virei-me para Quinn– Q... Não fica brava pelo Kurt saber antes é que... Hoje á tarde fui na casa dele e eu o trouxe aqui porque seu pai estava bravo comigo e o clima ia ficar meio pesado lá... –Olhei para seus olhos frios que me fitavam bem fundo nos meus, que me deixou desconfortável. Tentei fazer o olhar mais sincero que consegui para convencê-la de que falava a verdade.

–Ta bom, Blaine.– Suspirei de alívio.– É só que... Sou sua namorada. E achei que tivéssemos próximos o bastante pra eu pelo menos saber que você tem um irmão...– Ela se aproximou e ajeitou minha gravata, como fazia antes de vir e me dar um beijo caloroso -...Muito menos famoso!– Ela deu um pequeno passo para frente, ergueu as pontas de sua sapatilha com um laço bege pastel, segurou na minha nuca, e deu um beijo nos meus lábios, que me confortaram completamente, quando eu a beijava, um gosto de menta e morango penetravam na minha boca. Depois se afastou um pouco e sorriu. Sorri de volta como sempre fazia.

Ela pegou na minha mão e fomos juntos para o shopping, andamos de mãos dadas conversando, enquanto ela parava para ver as vitrines, maioria de sapatos, ou de bijuterias. Ela ficou fascinada por um colar que continha a letra “Q” pendurada na corrente de ouro com uma letra bonita, mas que por sinal, era muito caro. Fiquei com pena de não poder entrar lá, comprar e poder deslumbrar o brilho de seus olhos recebendo a luz do ouro deixando-os mais brilhantes do que já eram. Prosseguimos até chegarmos na bilheteria. Pedimos para ver “Jogos Vorazes” , já havia lido o livro, mas nunca tinha visto o filme.

Se trata de uma garota que vive no futuro, em uma Capital que é separada por Distritos e nesses Distritos eram realizados Jogos mortais transmitidos ao vivo para toda a Capital e quem sobrevivesse por último ganha –além da vida– suprimentos para manter uma família toda viva por mais de anos, além de uma casa super conservada. Mas acontece muita coisa ao longo dessa história, muito romance, aventura... O que pelo que pude distinguir, Quinn adorava. Nada nessa história era previsível, você nunca sabia o que iria acontecer.

Durante o filme, sentei á esquerda de Quinn e eu a confortava em meus braços, ela sorria e prestava atenção no filme e toda vez que algo romântico acontecia, ela olhava pra mim, sorria e me dava um beijo no rosto. Admito que foi muito bom passar uma tarde com a Quinn. Depois, fomos tomar um Starbucks por minha conta –claro, o que é muito romântico para as meninas– e ficamos conversando, resolvi contar o que acontecera com Kurt ontem, porque não me saía da cabeça a ignorância do pai dele.

–Ontem fui na casa de Kurt– Ela assentiu com a cabeça e continuou com a mesma expressão –Aconteceram coisas muito desagradáveis... Eu fui conversar com o pai dele sobre o modo de como ele o trata só por ser gay. E o pai dele acabou sendo muito ignorante, discutiu comigo...– Ela não movia um músculo do rosto, só olhava pra mim com a mesma expressão -...E depois tive que sair da casa dele por causa da tensão e o levei em casa.– Quinn assentiu e tomou um gole do seu frapuccino sabor morango com chantilly por cima. Eu a encarei por alguns segundos –Por que não gosta quando falo de Kurt? Não gosta dele?

–Não é isso, Blaine... Gosto de Kurt. Ele é um garoto muito gentil. Você não entenderia...

–Entenderia sim! Vamos, Quinn! Fale!– Ela hesitou mas acho que percebeu que eu não pararia de insistir tão cedo.

–É que... Eu tenho ciúmes de Kurt –Eu dei um leve riso –Porque você fala tanto dele... Seu irmão nem sequer me conhecia, Blaine! E o único assunto que você quer falar sobre é o Kurt.

–Para com isso, Quinn. Ele é meu amigo, eu preciso ajudá-lo de qualquer modo, eu quero que ele fique bem! –Quinn mexia em seu canudo com sua unha vermelha clara, que chamava muita atenção.

–Blaine... Você quer muito o bem de Kurt não quer?– Eu assenti –Mais que tudo?– Eu hesitei em responder, mas seria mentira se eu dissesse que não, porque se eu pudesse fazer qualquer desejo, eu desejaria que o pai de Kurt mudasse de opinião. Kurt seria bem mais feliz com isso. Então, assenti –Viu? Esse não é aquele sentimento de querer o bem de alguém quando você está...– Ela acha isso mesmo? Ela vai mesmo dizer isso? -...Gostando de alguém?

–Quê?! Você acha que estou... Gostando do Kurt?!

–Sinceramente eu acho. Porque parece que ele também está de olho em você...– Será mesmo? Eu não era gay... Não pelo que eu sabia, quer dizer... Eu nunca senti atração por nenhum homem, mas admito que acho Kurt muito... Muito bonito. –Você daria uma chance pra ele?– Antes de responder eu pensei um pouco, isso já deixou uma certa dúvida porque se eu não quisesse nada com ele diria direto “não” mas eu tive que pensar e acabei não respondendo porque sinceramente...

Eu daria sim, uma chance para Kurt.

Quinn pegou seu frapuccino, se levantou e saiu, corri atrás dela.

–Mas Quinn...

–Blaine, sem ressentimentos, mas acho que não rola... Esclareça tudo o que sente e depois fale comigo! Fica só na amizade mesmo, Blaine... Desculpe! Mas eu sei que você sente algo pelo Kurt.– Ela me deu um leve sorriso, virou-se e voltou á andar.

Será que eu sentia algo pelo Kurt? Será que eu era gay? Será que eu era gay só pelo Kurt? Todas essas questões me faziam acreditar mais ainda nessa questão de eu ser... Gay. Não sabia o que fazer... Poderia perguntar para Cooper, mas ele não saberia dar um conselho muito prestativo, meu pai e minha mãe estavam viajando e iam ficar fora a semana toda... Não sabia á quem recorrer até que pensei...

Artie.

Sim, Artie é ótimo com conselhos. Mike também é uma boa opção, mas Artie sempre conversava mais comigo sobre coisas mais pessoais. Então, fui direto pra casa dele. Eu nunca tinha ido lá, mas uma vez ele mencionou que morava na frente de uma cafeteria bem conhecida, então soube distinguir onde era. Era cedo, acho que ele não tinha nenhum compromisso, então toquei a campainha e esperei um pouco. Artie abriu a porta e elevou os olhos para ver meu rosto, ele deu um leve sorriso.

–Blaine!

–Oi, Artie... Desculpa passar aqui assim, de repente mas...

–Que é isso, Blaine? Você é de casa, velho. Entra aí! Meus pais estão na casa da minha tia.– Entrei na casa de Artie e dava direto em uma sala, as paredes eram em um tom bege-pastel, havia encostado na parede um sofá marrom escuro, e havia um espaço que acho que era para sua cadeira de rodas. Uma mesinha mais larga encontrava-se no centro da sala, e não tinha percebido, mas quando entrávamos, se olhássemos para a direita, veríamos uma pequena cozinha.

–Não liga pra bagunça...– Disse Artie catando algumas almofadas e jogando-as no sofá.

–Minha casa é bem mais badernenta que a sua mas enfim...– Artie sorriu –Eu vim aqui porque preciso de um conselho, cara.

–Pode falar.– Me sentei no sofá e Artie parou a cadeira bem na minha frente.

–Hoje eu saí com a Quinn, fomos pro cinema e tal... Tava tudo indo bem, quando contei pra ela que no dia seguinte tinha ido na casa do Kurt e rolou um certo rolo entre mim e o pai dele e etc. A história é bem comprida...

–Tenho tempo– Pareceu que Artie queria mesmo me ajudar –Não precisa dizer tudo correndo.

–Tá... Eu fui na casa de Kurt e fui dizer ao pai dele que só porque Kurt é gay, não é motivo para desprezá-lo como ele faz...– Contei á Artie tudo que aconteceu até a parte que Quinn perguntou se eu queria o bem de Kurt mais que tudo.

–E você quer?

–Sim, eu quero. Quero muito que Kurt seja feliz novamente. E aí ela terminou comigo dizendo que eu precisava pensar mais sobre meus sentimentos... Sobre o Kurt...– Artie suspirou, olhou para o carpete e depois voltou-se á meus olhos.

–Pergunte-se á si mesmo, Blaine... Se Kurt dissesse que gosta de você, o que você faria?– Pensei um pouco, mas a resposta ainda não estava muito clara para mim.

–A-acho que eu...– Não consegui pensar nem sequer em uma resposta –Eu não sei...

–Você sente atração por homens?

–Não. Eu não reparo no modo de como se vestem, andam, falam...

–Mas e de Kurt? Você repara nisso tudo?– Sim... Eu reparava. Me lembro exatamente do modo de como se vestia ontem, ele estava com um colete cinza de lã, uma blusa listrada de azul claro por baixo dele, uma boina de tonalidade marrom escura, uma calça apertada jeans claro e usava botas pretas de cano baixo. Reparo no jeito que ele anda. Ele dá passos finos, leves, você não consegue ouvir o barulho de seus passos, ele tem postura, anda como um verdadeiro modelo, quando fica com medo suas pernas são ágeis. Também reparo no jeito que ele fala. Quando ele fica nervoso, sua voz fica mais aguda, quando ele fica tranqüilo chega até a falar baixo demais, quando fica animado sua voz engrossa, sua risada é engraçada, quando chora... Me parte o coração ouvir sua voz fraca, lamentando.

–Sim... E-eu reparo tudo isso...

–Você sente falta dele quando fica longe por muito tempo?

–Sim, com certeza. Não consigo me imaginar ficando uma semana sem ele.

–Mas e enquanto a Quinn?– Artie me pegou de jeito. Admito que não reparava muito no seu jeito de andar, não reparo muito nas mudanças de sua voz conforme seu humor... –Você não sente nada disso por ela?

–Sinto falta dela quando fica longe, mas isso acho que é para todos do Glee Club... Não reparo tanto assim nela como reparo em Kurt... –Artie me olhava com uma expressão confortável, eu gostava de conversar com ele porque ele me conforta. –Artie... Será que eu sou gay?– Artie ergueu as sobrancelhas e os ombros.

–Isso você tem que pensar, Blaine... Acho que todas essas perguntas te pegaram muito de surpresa. Pensa. Você tem tempo, cara!– Não sabia como agradecer Artie... Ele me ajudara tanto.

–Tá, eu vou pensar. Mas o que você acha?– Artie ajeitou os óculos.

–Eu acho que você confundiu seus sentimentos com a Quinn. Acho que você gosta de Kurt porque acha ele diferente dos outros caras, se sente bem com ele... E parece que você precisa vê-lo bem e faria qualquer coisa para isso.

–É... É exatamente como me sinto...

–Mas não se precipite, cara. Pensa bem... Você não precisa ter pressa pra isso.– Eu sorri e Artie também.

–Obrigado, cara. De verdade! Você me ajudou muito.– Me levantei, inclinei minhas costas e dei um abraço em Artie.

–Estou aqui se precisar.

–Bom, não vou causar mais trabalho pra você, Abrams! Estou indo.

–Que isso, você não atrapalha nada, Blaine! Não quer ficar mais um pouco?

–Acho que vou voltar pra casa e pensar um pouco... Esse assunto não vai sair da minha cabeça tão cedo.– Andei até a porta enquanto Artie vinha atrás de mim.

–Tem razão. Qualquer coisa, vem aqui ta cara? Eu sempre to aqui! Até por que...

–Já entendi.– Artie riu. Abriu a porta pra mim e saí andando.

–Tchau, gravatinha do gel!!– Ótimo, mais um apelido!

–Tchau ô da cadeira!– Artie riu e fechou a porta. O vento soprava frio em meu rosto, o que era bom, precisava mesmo esfriar a cabeça. Kurt não parava de tomar conta da minha mente, a cada dia que passava o meu sentimento por ele crescia. Agora sabia o que Cooper quis dizer na noite seguinte enquanto catávamos as pipocas do carpete. Ele sabia que eu gostava de Kurt, acho que ele percebeu o jeito como eu o olho, o jeito como eu rio de suas bobeiras... Mas eu negava o fato de... De eu ser gay. Percebi também que quando estava com Quinn, fazia de tudo pra causar uma boa impressão, mas com Kurt... Com Kurt eu podia ser quem eu sou, sem medo do que ele vai pensar de mim. Agora, com o vento, o som das árvores... Com o silencio, percebi que era verdade, a verdade que eu quis negar por muito tempo.

Eu realmente estava apaixonado por Kurt Hummel.



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Notas finais do capítulo

Aguardem pelos próximos capítulos :)