Estava sentado nas escadas de sua casa. Yamato, a espada dada por seu pai, repousava em seu colo e em suas mãos o amuleto. Ele o fitava intensamente, pensando.

Quando ganhara o amuleto seus olhos brilharam numa alegria profunda, que logo se transformou em raiva e tristeza. Dante havia ganhado um também. Não que ele estivesse com ciúmes, ele só se sentia fora do lugar onde pertencia. Era sempre o Dante, tudo o Dante. Ele ali era só uma sombra. Vergil entendia isso. Sua mãe não era justa

Ele chegou a dizer dias depois a sua mãe que Dante não merecia tal coisa, o que a deixou perplexa. Eva nesse dia percebeu que Vergil não havia um coração humano e se um dia teve um ele fez questão de descartar. Vergil por sua vez não dormiu por não entender a perplexidade da mãe.

Retornou os pensamentos pro amuleto a sua mão e suspirou provavelmente por ainda não entender a mudança no comportamento da mãe quando foi interrompido pelo entrar da mesma, desesperada, chamando pelo irmão que desceu as escadas tão rápido quando subiu a pouco tempo atrás. Ambos ficaram lado a lado, esperando

Ficou observando a mãe implorar ao irmão se esconder. Pra variar ele seria o melhor, novamente, seja lá o que estivesse atrás dela ou dele. Uma pequena chama ardeu no peito. Ele estava sendo passado pra trás de novo.

E então, antes mesmo que ele pudesse perceber ou correr, a porta havia se quebrado em pedaços. Sua mãe suplicava agora pra ele correr, mas suas pernas simplesmente não obedeciam a sua vontade. Ele ficou imóvel segurando sua espada tão forte, o mais forte que ele poderia segurar enquanto o demônio, ou seja lá o que aquilo era, matava sua mãe.  Os olhos mortos dela ainda diziam, em uma suplica silenciosa, pra ele sair de lá o mais rápido possível. A chama ardeu mais forte

Corria o máximo que suas pernas permitiam correr, torcendo mentalmente pra que aquela coisa não estivesse o seguindo. Ele sabia que não teria como se defender daquilo. Ainda não havia chances. Quando deu conta que estava sozinho, na estrada, olhou pra trás  vendo que estava já há uma boa distancia da cidade. Suspirou aliviado. Mas a chama ainda ardia intensamente no peito, num misto de raiva, ódio e tristeza. Resolveu então que quando fosse bom o suficiente com a Yamato iria atrás do poder de seu pai. Ele não iria ser mais passado pra trás por ninguém.

***

Vergil estava no topo da Temen Ni Gru esperando pacientemente o irmão.  Ele sabia que logo, logo Dante estaria ali e estaria com o amuleto. Sorriu internamente, seu plano estava dando certo. Finalmente teria o poder que pertencia ao seu pai. Ele não seria mais a sombra de Dante, nunca mais.

            FIM