Sexy Biology escrita por Flavia Horan Styles


Capítulo 16
Capítulo 17


Notas iniciais do capítulo

Ta aí amores :) Porfavor deixei reviews



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Senti uma raiva imensa subir pela minha garganta, por pouco me fazendo voar naquele desgraçado. Merda, ele sabia. Provavelmente Louis tinha lhe contado tudo, enganado por sua pose de bom moço. Até da nossa briga de dois dias atrás ele já sabia! Respirei fundo, controlando a fúria engasgada em minha garganta, e com a voz firme, retruquei:
- Me deixa em paz.
- Parece que agora você sabe bem do que eu tô falando – o sr. Styles sorriu, com um olhar no mínimo divertido – Podemos conversar de igual pra igual.
- Eu nunca vou ser igual a você – falei, quase esmagando meu celular em minha mão, que agora estava fechada num punho – Preferiria me matar a viver tendo nojo de mim mesma.
- Não venha se fazer de coitadinha, Sherllock, eu sei muito bem as besteiras que você tem falado sobre mim – ele disse, dando mais um passo na minha direção – O Tomlinson me conta tudo sobre vocês, cada detalhe, cada palavra de cada conversa, e eu não gostei nada de saber que você anda colocando as garrinhas de fora.

- Garrinhas de fora? Eu? Tem certeza de que essa fala não era pra ser minha? – eu reclamei, inconformada, com a testa franzida e a voz um pouco mais alta – Se alguém aqui anda aprontando alguma, esse alguém é você!
- Não sei se você sabe, mas é muito feio acusar alguém sem provas – ele falou, com a expressão carregada e um olhar irritado – Então eu acho melhor você ficar quietinha no seu canto se não quiser arcar com as consequências.
- E que consequências seriam essas? Por acaso você tem provas contra mim? – perguntei, erguendo as sobrancelhas num tom intimidador, e como ele não disse nada, deixei todo o ódio reprimido transbordar – Na primeira tentativa de aprontar qualquer coisa, Styles, eu simplesmente entro naquela porcaria de diretoria e conto tudo que você já me fez, e que se danem as provas. Acho que a diretora não vai gostar nada de saber das suas estripulias, e aí vai ser a palavra de uma aluna indefesa contra a de um professor com fama de pedófilo. Mesmo que não te expulsem daquela espelunca, sua imagem de bom moço não vai durar muito tempo.

Harry ficou me encarando por alguns segundos, e eu senti em seu olhar ameaçador que tinha conseguido o que queria: deixá-lo furioso. Após longos segundos com o maxilar tenso, ele finalmente murmurou, cheio de raiva:
- Pode me ferrar, mas pode ter certeza de que eu levo seu querido Tomlinson comigo.
Engoli em seco. Não, ele não teria como incriminar Louis, tomávamos todas as precauções possíveis e imagináveis. Definitivamente ele estava blefando.
- Sabe o que eu acho? – perguntei, com um sorrisinho debochado e as sobrancelhas erguidas em tom de superioridade – Que você tem inveja do Tomlinson.
O professor Styles fez cara de incredulidade, como se Louis fosse um merda, o que só me fez continuar:

- É isso mesmo, você se morde de inveja dele. E sabe por quê? Porque você nunca foi, não é e nunca vai ser nem metade do homem que ele é. E por ser tão mais homem que você, ele não precisou nem suar pra conseguir a garota que você sempre quis, mas nunca teve decência suficiente pra conseguir.
Como eu previa, Harry ficou com cara de nada, enquanto eu sorria maleficamente. Ele realmente era um tosco, era fácil demais deixá-lo sem resposta. Pra não ter que ficar aturando aquele bosta nem o documentário insuportável que passava dentro da sala, dei um passo em direção ao banheiro, mas assim que o fiz, senti sua mão firme envolver meu braço e me puxar devagar em sua direção até sua respiração bater em meu ouvido.
- Você vai se arrepender de ter dito isso.
Ergui meu olhar até o dele, desdenhosa, e ele me soltou violentamente. Harry deu meia volta e entrou novamente na sala, me deixando trêmula de ódio. Até quando eu teria que aguentar as ameaças daquele idiota?


[...]

Uma da tarde. A chuva tinha apertado ainda mais, e apesar das galochas que o pessoal da reserva tinha nos emprestado, a sensação de meus pés afundando na terra ensopada era a mais nojenta possível. Cada passo exigia um esforço considerável pra não afundar naquela papa marrom na qual o chão tinha se transformado. Quando meu estômago nervoso já começava a dar fracos sinais de fome, os guias nos encaminharam até o grande refeitório que havia na reserva, onde um almoço quase decente nos esperava. Comi um pouquinho de qualquer coisa, só pra não acabar desmaiando naquele chão pastoso, e logo voltamos a explorar aquela selva domada. Tudo que o guia explicava sobre as espécies de plantas e animais que encontrávamos eu já sabia, só nunca tinha visto exemplares vivos de alguns deles, o que não me interessava muito no momento. Por que eu paguei para vir a essa excursão mesmo? Ah, sim, porque um certo professor estava escalado para me acompanhar e eu definitivamente pretendia passar meu dia inteiro com ele, e não com o palerma que o substituiu. Beleza, tudo estava indo de vento em popa na minha vida. Enquanto caminhávamos por uma das vias de terra entre as árvores, eu, enjoada de ver tanto verde e marrom ao meu redor, acabei ficando entre as últimas pessoas do grupo, um pouco mais distante do guia e de sua voz irritante. Minha cabeça já estava doendo o suficiente com aquele cheiro insuportavelmente forte de terra e as preocupações que atordoavam minha mente, obrigada. Observando vagamente a vegetação ao meu redor, encontrei um pássaro lindo pousado sobre um galho, e um sorriso fraco surgiu em meu rosto sem que eu percebesse. Suas cores vibrantes não conseguiam camuflá-lo em meio às folhas da árvore onde estava pousado, e apesar da chuva fina, resolvi pegar meu celular na bolsa para fotografá-lo. Como se lesse minha mente, a ave ficou paralisada, e somente após umas três fotos, o animal finalmente levantou vôo. Seria interessante mostrar pra Louis o quão lindo aquele pássaro era, caso ele não tivesse tido a oportunidade de vê-lo quando veio. Isso se eu voltasse a ter uma relação normal com ele, o que eu pretendia conseguir em breve. Quando fui guardar meu celular irritantemente sem sinal num dos bolsos externos da mochila, percebi que meu chaveiro tinha sumido. Quem tinha me dado aquele chaveiro tinha sido minha avó, que já tinha falecido. Era uma bailarina linda com uma perna flexionada, e os pés firmemente curvados, numa ponta perfeita e postura igualmente correta. Aquele chaveiro sempre tinha sido meu xodó, mesmo antes da morte da vovó, e depois mais ainda. Me lembro bem de tê-lo visto quando peguei o celular pra ver as horas no almoço, e agora ele não estava mais lá. Ou seja, eu o tinha perdido pelo caminho. E eu não pretendia ir embora daquela reserva sem ele.
Dei meia volta, vasculhando aquele chão semi líquido em busca de algo rosa claro, mas não achei nada por perto. Alguns passos depois e ainda assim nada. Olhei pra trás e pude ver o grupo, distante, mas ainda visível, se afastando lentamente. Tranquila quanto a não me perder, continuei caminhando devagar na direção oposta, preocupada com meu chaveiro, até olhar para trás outra vez um tempinho depois e ver que o grupo tinha sumido. Legal, eles deviam ter virado em alguma curva sem que eu visse. Sem a menor intenção de me perder naquela pseudofloresta, mas sem a menor intenção de deixar meu chaveiro pra trás também, hesitei por alguns segundos antes de voltar a seguir o grupo. Achando-os, seria só uma questão de convencer alguém a me ajudar na busca pelo chaveiro.
Caminhei rapidamente na direção da minha turma, e logo pude ouvir a voz não muito distante do guia. Virei numa curva um pouco a frente, desatenta por ainda vasculhar o chão, e só deu tempo de frear bruscamente quando vi uma pessoa muito próxima vindo na direção oposta. Caraca, ele realmente estava me perseguindo.
- Eu falei pra não se afastar do grupo – o professor Styles rosnou entre dentes, recuperando-se rapidamente da quase trombada – Dá pra fazer esse favor?
- Eu perdi meu chaveiro – falei, encarando minhas galochas sem a mínima intenção de olhar pra ele, a pessoa menos adequada para me ajudar.
- E eu com isso? – ele perguntou, e eu pude ver aquela típica expressão de deboche em seu rosto – Compra outro.

- Não dá, tem que ser aquele – exclamei, assim que ele fez menção de me dar as costas e sair andando, e o vi voltar a me encarar, entediado – Tem valor sentimental.
O sr. Styles virou seu corpo totalmente na minha direção, e apenas me encarou por alguns segundos com os olhos brilhando de desdenho.
- Mil perdões, eu não sou o Tomlinson – ele sussurrou, cínico – E eu não dou a mínima pros seus sentimentos.
Ergui meu olhar pra ele, sem saber direito que cara fiz. Só sei que não deve ter sido das melhores, porque um sorrisinho vitorioso surgiu em seu rosto antes que ele se virasse e começasse a caminhar na direção do grupo. Lancei um olhar triste pra trás, tentando me conformar com a perda do chaveiro, e segui a mesma direção que ele, sem ousar olhar na cara daquele cretino. Meu dia estava sendo realmente ótimo. Cinco e quarenta e dois. Esse era o horário que meu celular marcava quando pisei no Starbucks, já de volta a Londres. Geralmente após as excursões, a turma era levada até lá pra tomar um lanche e relaxar um pouco após um dia de aprendizado fora da escola. Meu momento de relaxar baseou-se em ficar sentada numa das mesas mais isoladas de todos, com um frapuccino que minha garganta não queria engolir entre meus dedos gelados e a cabeça pesada. Meu dia tinha sido um lixo, um dos piores da minha vida, sem dúvida.
Encarando a paisagem cinza e chuvosa que havia do lado de fora pela janela de vidro ao meu lado, eu brincava com o canudo do milkshake praticamente intocado, sentindo um mau humor gigante urrando dentro de mim. Meu estômago demonstrava fome, mas eu não tinha vontade nem capacidade de comer ou beber alguma coisa. Com um cotovelo apoiado na mesa e a cabeça apoiada na mão, enquanto a outra se distraía com o copo, eu mantinha meu maxilar tenso, sem nem notar o ser que se aproximava devagar. Vi alguém se sentar na cadeira à minha frente, e sem nem precisar mover meus globos oculares, reconheci o indivíduo como sendo Harry Styles. Falta de sexo dava em perseguição desesperada, só podia ser. Sem dizer nada, ele ficou me encarando, com as mãos no colo e um sorrisinho insuportável. Incomodada com a presença dele, desviei meu olhar dos pingos de chuva que escorriam pelo vidro da janela até encontrar o dele.
- Perdeu alguma coisa? – resmunguei, sem mexer mais nada além dos meus músculos faciais. Harry continuou com seu sorrisinho divertido antes de erguer uma de suas mãos sobre a mesa, fechada num punho, e responder:
- Eu não, mas eu acho que você sim.
Franzi a testa, sem nem tentar entender, e ele abriu a mão, deixando uma coisa rosa clara pender de uma pequena corrente prateada entre seus dedos polegar e indicador unidos. O meu chaveiro.
Senti meus olhos se arregalarem e meu queixo cair na hora em que vi a bailarina balançando de leve bem na minha frente. Imediatamente, arranquei-a da mão dele, segurando-a com firmeza enquanto a observava por alguns segundos, e logo depois a coloquei dentro da bolsa.
- Quer dizer que ela estava com você desde o começo – murmurei, morrendo de raiva, quando voltei a encará-lo – Por que você não me devolveu assim que soube de quem era?
- Sua criatividade me comove, Sherllock – ele disse, rindo da minha cara – Pra que eu ia querer ficar com o seu chaveiro? Foi o Hammings que o encontrou e só me deu agora, por isso eu vim devolver.
Continuei encarando-o, sem saber se acreditava ou não. Preferi não ocupar minha mente com aquele assunto, já estava tudo resolvido, meu chaveiro estava comigo de novo e eu pouco me importava se ele estava dizendo a verdade ou não. Ele era um imbecil de marca maior e estar sendo sincero não o faria menos desprezível.

- Obrigada, se era isso que você queria – resmunguei, grossa, voltando a encarar a paisagem lá fora. Que estado calamitoso eu havia atingido, era capaz até de agradecê-lo pra vê-lo longe de mim.
- Eu quero bem mais de você – ouvi o professor Styles murmurar, com os olhos cravados em mim – Sei que minha vez vai chegar, e tenho paciência pra esperar.
Sem dizer mais nada, ele se levantou e voltou a se sentar em sua mesa junto com o professor Hammings, finalmente me deixando sozinha com meus pensamentos, e com um ódio cada vez maior dele. Se antes daquela excursão eu já estava decidida a contar tudo sobre o Styles pra Louis, agora eu não perderia a chance de fazê-lo o mais breve possível.

- Mãe, cadê você?
Seis horas e cinquenta e três minutos. Eu estava parada na porta da escola, quase congelando de frio, falando com minha querida e pontual mãe ao celular. Por que raios ela não estava parada na frente do colégio pra me levar pra casa se a porcaria da excursão estava prevista pra acabar às seis e meia? Quase meia hora de atraso, bem típico de mamãe mesmo.
- Desculpe o atraso, filha, acabei cochilando e perdi a hora – ela respondeu, parecendo um tanto afobada do outro lado da linha – Já estou indo te buscar, querida, não demoro.
- Não demore mesmo, por favor – murmurei, ao ver que não havia mais sombra de nenhum aluno na porta da escola. Fechei o slide do celular lentamente, com frio demais pra me mover mais rápido que aquilo. Depois de toda aquela chuvinha fraca irritante e incessante, veio um frio que ninguém estava esperando, acompanhado de uma escuridão precoce que dava a impressão de que já eram nove da noite. Todos deixaram o ônibus encolhidos e buscando o ambiente agradável de dentro dos carros dos pais. Só eu tinha que me conformar com mais alguns minutos de espera, sentindo a ponta de meus dedos dos pés e das mãos perderem a sensibilidade, meu nariz ficar gelado e ver minha respiração virar fumaça assim que entrava em contato com o ambiente. Legal, mãe, obrigada por se lembrar de mim.
Distraída com os poucos carros que passavam pela rua, nem percebi quando uma pessoa se aproximou de mim, e assim que notei sua presença, ergui meu olhar até o dela.
- Oi, gatinha – um garoto que eu não fazia a idéia de quem era disse, com um sorriso nada agradável no rosto e me olhando de cima a baixo. Ele devia ter uns 19 anos, alto, magro e com dentes muito amarelos. Usava um conjunto de moletom azul marinho que parecia ser três vezes maior que ele, tênis de basquete e uma touca cinza que fazia sua cabeça parecer deformada, junto com uma barba por fazer que só aumentava a impressão de sujo que o bafo de cerveja já o dava.


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