Ela dormiu no calor dos meus braços.

E eu acordei sem saber, se era um sonho.

Acordou com um sorriso desenhando seu rosto antes mesmo que percebesse que estava sorrindo. Ainda de olhos fechados percebeu lentamente a falta de calor humano, e receosa abriu os olhos se deparando com um vazio na cama, nos seus braços, que só não se comparava ao vazio em seu peito.

E por um momento, ela pensou seriamente que tinha sonhado estar com a garota de seus sonhos, que tinha sonhado estar com ela quando na verdade ela nunca estivera ali. A única coisa que lhe garantia a presença da sua amada foi o cheiro característico e avassaladoramente doce que só ela tinha, agora preso nos seus travesseiros.

Há um tempo atrás... Pensei em te dizer,

Que eu nunca caí nas suas armadilhas de amor.

Por um tempo, no corredor, pensou em segurá-la pelo braço e dizer-lhe mentiras tão grandes que pareceria verdades.

Como o fato de nunca ter acredito em seu amor. Uma mentira deslavada de fato, sempre acreditou que seria correspondida, em algum momento... E talvez esse tivesse sido seu erro.

Ela acabou se deixando levar e as armadilhas feitas para afastar ameaças do coração ferido e cheio de cicatrizes fizeram-na cair e sofrer como nunca antes.

Naquele amor, a sua maneira...

Perdendo meu tempo a noite inteira.

Por toda uma vida ela lhe amou, por quase três anos, aceitou esse sentimento eu seu coração. E por uma noite inteira, a noite mais perfeita de sua vida, ela lhe entregou seu corpo, e perdeu-o nessa arriscada jogada.

Não mandarei, cinzas de rosas.

Nem penso em contar os nossos segredos.

Por um momento, o olhar furioso e gélido em seus olhos fez com que algo em seu íntimo remexesse, chamando-a para perto, implorando que se aproximasse. Mas nunca faria isso, nunca teria coragem de se entregar plenamente novamente… Mas não acabaria com ela, não revelaria seus segredos.

E essa, ‘condolência’, teria uma recompensa que lhe satisfazia de uma forma que nenhuma outra recompensa o faria.

Naquele amor, a sua maneira...

Perdendo meu tempo a noite inteira.

Ela dormiu no calor dos meus braços.

E eu acordei sem saber, se era um sonho.

Mais uma noite, e mais uma vez acordava sozinha sobre o colchão do seu quarto, as lágrimas ardendo no fundo dos olhos. Ela estava se torturando por algo que nunca seria real, mas por algum motivo ela tentava se iludir, que a garota mudaria, que veria seus sentimentos e se arrependeria, que ela se aproximaria e pediria desculpas... Que ficariam juntas no final de tudo.

Algum tempo atrás

Pensei em te dizer,

Que eu nunca caí nas suas armadilhas de amor.

E naquela terceira noite, pensou em negar-lhe o aconchego, negar-lhe o amor que trazia no peito e rosnar-lhe que a odiava por achar que ela era um brinquedo. Por criar armadilhas cruéis dentro de si mesma, por mascarar seus sentimentos e enterrá-los tão profundamente que não conseguiria nem ao menos zelar, ou curar, eles.

Mas não conseguiu.

Naquele amor, a sua maneira...

Perdendo meu tempo a noite inteira.

Naquele amor, a sua maneira...

Perdendo meu tempo a noite inteira.

Mas aquela era a sua maneira de dizer as palavras presas em seu coração, e foi só depois de quase dois meses que Rachel percebeu isso. Que foi só dois meses depois de todas aquelas noites debaixo de seus braços, trocando carinhos mudos e beijos apaixonados, que percebeu que a loira nunca conseguiria falar ou se declarar.

Foram necessários dois meses para que Rachel Berry percebesse que a maneira que Quinn Fabray amava era uma maneira diferente da sua, não era impulsiva, ou inconsequente. Era calculista e medida, mas sem deixar de ser faminta e quente, e sendo aconchegante, carinhosa e carente... Essa era a sua maneira.

A noite inteira...

A noite intera...

A noite intera...

A noite intera...

E foi só no final daquele ano letivo que mostrou à ex-cheerleader, a sua maneira de amar. Quando recebeu sua carta de admissão na NYADA, e viu a ex-cheerleader andando pela primeira vez nos seus próprios pés desde o infeliz acidente que precedeu seu casamento.

Rachel Barbra Berry se jogou tão rápido contra a loira que todos pensaram que finalmente a judia vingaria os anos de maus tratos e acabaria com a raça da ex-cheerleader, mas foi pior... Assustadoramente pior.

No meio de um corredor lotado de alunos, Lucy Quinn Fabray sentiu a forma de amar de Rachel Barbra Berry, quando seus lábios foram tomados pelo mais intenso beijo da história dos casais gays do New Directions.