Conversando Com Os Anjos escrita por glassmotion


Capítulo 14
Epílogo




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Hopelessly, I’ll love you endlessly

And hopelessly, I’ll give you everything.

I won’t give you up,

I won’t let you down

And I won’t leave you falling

If the moment ever comes.”

[Endlessly - Muse]


~~



Os créditos do filme já estavam passando por uns bons vinte segundos, mas Frank não estava se movendo, e Gerard percebeu que ele havia dormido.


Estavam no porão da casa dos Way, o qual havia se transformado no quarto de Gerard há alguns meses. Ele precisava de espaço para seus materiais, agora que estava na faculdade de Artes, e as telas e tintas não caberiam no quarto que dividia com Mikey. Portanto, haviam limpado o porão e Gerard basicamente se mudou lá pra baixo.


Afinal de contas, também havia o fato de que Mikey parecia ter um radar para horas inoportunas e sempre entrava no quarto quando Gerard estava ocupado. Com Frank. Fazendo coisas que Mikey não gostava de ver.


Portanto, ali estavam, no porão-quarto. Gerard estava encostado contra a cabeceira da cama, braços ao redor de Frank, que estava sentado entre as pernas dele. Era inverno - dia 26 de dezembro, mais exatamente -, mas nenhum dos dois usava blusas. Gostavam de passar horas daquela forma, torso nu, Frank nos braços de Gerard, peles se tocando e aquecendo um ao outro. Frank adorava a sensação, e Gerard não estava reclamando tampouco.


A neve que caía lá fora havia bloqueado a janelinha do porão, tornando a luz natural esparsa, e o quarto estava escuro, iluminado fracamente pela luz da TV. Gerard inclinou a cabeça pro lado para poder passear a ponta do nariz pelo rostinho adormecido de Frank. Apertou o pequeno nos braços antes de deslizar as mãos pelo peito dele, alternando entre toques firmes e toques leves com as pontas dos dedos. Frank respirou fundo e fez “Mmmm”, despertando sob o toque do namorado.


“O filme acabou,” Gerard sussurrou para ele. Pairou a boca sobre o pescoço quentinho, sua respiração úmida fazendo calafrios descerem pela espinha do menor.


“E como acabou?” Frank perguntou de volta, olhos fechados, esticando-se sob o toque de Gerard para que ele tivesse melhor acesso ao que bem entendesse. Isso foi extremamente distrativo para ambos, já que a resposta da pergunta nunca veio.


O corpinho de Frank escorregou alguns poucos centímetros, a cabeça dele totalmente relaxada e caída para trás. Gerard beijava e mordiscava a pele macia do pescoço dele, enquanto suas mãos iam passeando aqui e ali, nos lugares que ele sabia que Frank mais gostava. Estava certo de que já conhecia todos, afinal de contas, já estavam juntos há mais de um ano, e a experiência das mãos artísticas estava provocando reações imediatas em Frank.


O pequeno conseguiu reunir forças para virar o corpo, sentando-se no colo de Gerard. Levou as mãozinhas ao rosto do namorado e tocou suas bochechas coradas. Frank adorava como Gerard era branquinho, como seus olhos eram grandes e as maçãs de seu rosto eram proeminentes. Parecia um felino e Frank o achava lindo. Isso sem contar tudo que aquele rosto representava.


Era aquele rosto que estava com Frank no ano anterior, levando-o a Belleville, rindo com Bert durante o caminho e pela excursão pela cidadezinha. Foi para aquele rosto que Frank olhou quando, dentro da igrejinha, o padre encarou Frank com olhos curiosos e disse a ele o quão ele parecia com uma certa fiel. Foi aquele rosto que Frank fitou por cima do ombro da mãe quando ela o abraçou fortemente pela primeira vez, no dia mais feliz da vida dele e dela. Era para aquele rosto que Frank estava olhando da primeira vez que fez amor. Aquele rosto representava todo o começo de uma vida, cheia de carinho e felicidade como ele nunca esperou ter.


“O que foi?” Gerard perguntou num sussurro após alguns momentos de ter seu rosto analisado pelo outro. Abraçou a cintura dele com carinho, suas pálpebras caídas escondendo parte das íris esverdeadas.


Frank sorriu discretamente e balançou a cabeça num movimento leve. Colocou uma mecha de cabelo de Gerard atrás da orelha dele. Mordeu o lábio, como se o carinho imensurável que sentia estivesse esmagando seu coraçãozinho. Aproximou o rosto de Gerard, deixando seu nariz tocar o dele antes de beijar-lhe os lábios com carinho. Envolveu os braços ao redor do pescoço dele e o abraçou gentilmente, rostinho pressionado contra os cabelos macios. “Eu amo você,” Frank disse.


Gerard sorriu e apertou o abraço. “Sempre.”


Ouviram batidas rápidas na porta, que se abriu logo em seguida. “Hey,” veio a voz de Mikey, que enfiou a cabeça pela porta. “Mamãe e Linda mandaram vocês arrumarem a mesa, o almoço está quase pronto.”


“’Kay,” disse Gerard, oferecendo um sorriso ao irmão, que retribuiu antes de sair e fechar a porta.


Frank continuava no mesmo lugar. “Ele bateu na porta ou eu estou ficando louco?”


“Acho que ele bateu,” respondeu num tom curioso. “Milagre de Natal.”


“Provavelmente,” riu Frank, passando a se levantar com relutância. “Vamos lá, antes que elas briguem com a gente.”


Eles se calçaram e vestiram os suéters novos - Linda tricotou um para Gerard e outro para o filho. Na verdade, ela havia tricotado seis para Frank. Só sabia falar nele para os amigos e colegas de trabalho - as enfermeiras com as quais fez amizade no novo emprego já sabiam tudo sobre Frank: o quão educado e talentoso ele era, gentil, carinhoso e dedicado, obediente, estudioso, inteligente... mesmo que ela às vezes ralhasse com ele por esquecer de colocar comida para o gato (o que era parcialmente culpa de Gerard, que estava sempre distraindo o namorado, agora que moravam na mesma rua), Linda não podia ser mais orgulhosa do filho.


Ela e Donna haviam decidido fazer o Natal na casa dos Way, que era maior, e as duas cozinharam comida suficiente para duzentas pessoas na última semana. Frank havia ganhado um pouco de peso desde que fora morar com a mãe, o que deixava Gerard feliz. Ele parecia mais saudável e havia adquirido certas curvas, as quais Gerard adorava segurar e apertar e provocar Frank com cócegas. Curvas tais que Frank escondeu com o suéter quando se vestiu, e Gerard estava prestes a mencionar que o preferia despido quando a porta se abriu novamente.


“Ho ho fucking ho!” Exclamou Bert, entrando no quarto com um saco vermelho nas costas. “Feliz Natal atrasado, minhas belas.”


“Hey!” Disse Gerard com um sorriso largo, e avançou para abraçar o amigo. Frank fez o mesmo, e acabaram num abraço triplo desengonçado.


“Eu trago presentes,” declarou Bert quando o abraço acabou, jogando o saco vermelho sobre a cama de Gerard. “Mas vocês abrem depois, porque o cheiro da comida das mães de vocês está me causando orgasmos.”


“É, nos estamos indo arrumar a mesa,” disse Frank.


“Eu achava que depois de três dias com Quinn, seu estoque de orgasmos tivesse acabado,” riu Gerard. “Como foi, aliás?”

Robert suspirou e fechou os olhos por um momento. “Morri, fui para o Paraíso e voltei para comer lasanha das Mammas United.” Abriu os olhos novamente, o azul sorrindo. “Detalhes sujos após o jantar,” disse antes de dar meia volta e correr escada acima, berrando alguma coisa para Linda, que envolvia dizer o quão ela era bela e como ele devia ganhar mais comida do que os outros.


Gerard sorriu para Frank e segurou a mão dele. “Vamos,” ele indicou, começando o caminho para fora do quarto. Deu três passos antes de sentir Frank puxá-lo de volta. Gerard sentiu Frank abraçá-lo, e retribuiu de boa vontade.


“Só mais um minuto,” Frank murmurou, respirando fundo contra o pescoço de Gerard.


O maior meneou a cabeça e entrelaçou os dedos nos cabelos de Frank, acariciando-os gentilmente. “O tempo que você quiser, meu amor.”


–x-x-x-x-.







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Notas finais do capítulo

É isso!
Escrevi essa história quase como uma alegoria pra mandar uma mensagem: enjoy life. Dê valor às pessoas ao seu redor. Você nunca sabe quando será a última vez que as verá, e a maioria das pessoas precisam perder as coisas para valorizá-las. Don't. Valorize, seja feliz :)
Muito obrigada a todo mundo que leu, de verdade. Espero que tenham gostado. Logo respondo a todo mundo ♥333 nhac



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