Hermione Granger - Reencontrando os Pais escrita por ro1000son


Capítulo 3
Capítulo 3: Weasley Nervoso


Notas iniciais do capítulo

* Os personagens principais pertencem a J.K.Rowling.
* Spoilers do livro "Harry Potter e as Relíquias da Morte".



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O aeroporto estava apinhado de gente. Havia pessoas sós, casais, famílias inteiras e muita gente que viajava tratando de negócios. Havia também filas enormes nos balcões de passagens e cada vez mais chegavam outras pessoas trazidas pelas escadas rolantes. Sentados em cadeiras pouco afastadas estavam Rony e Hermione. O ruivo se mostrava muito inquieto, ficava o tempo todo balançando a perna e olhando para os lados em silêncio, mas Hermione tentava disfarçar, absorta em um livro de romance. Ela sabia que o namorado não estava muito à vontade para entrar em um avião.

— Rony, pela décima vez, tente ficar calmo – disse ela, ainda sem tirar os olhos do livro.

— Mas eu estou calmo. Quem disse que não estou calmo?

A garota deu mais um suspiro impaciente e ergueu os olhos, mas logo teve a atenção voltada para outra pessoa. Harry, que tinha ido confirmar as passagens, estava voltando e trazia um embrulho que Rony deve ter achado curioso, pois não tirava os olhos dele.

— Harry, como foi lá? – perguntou Hermione, sorrindo com mais calma.

— Nada mal. A fila está grande, mas até que está rápido – disse dando de ombros. - Acho que não é tão cheio assim todos os dias. As passagens estão confirmadas. Daqui a duas horas e meia embarcamos.

— O quê? – exasperou-se Rony. – Já estamos aqui há um tempão e vamos esperar tudo isso?

— Só estamos aqui há treze minutos, Rony – disse Hermione, segurando nos braços do ruivo. – E, por favor, se acalme.

— Mas eu estou calmo. Já disse.

— Trouxe sanduíches – disse Harry, mostrando os embrulhos que trazia.

— Sanduíches? Feitos por trouxas?

— Rony, aqui não é lugar...

— Ok, Mione. Desculpe.

Tentando ignorar o nervosismo do amigo, Harry abriu o embrulho e entregou um pacote pequeno para Rony e outro para Hermione, se sentando ao lado do ruivo, enquanto abria o que tinha nas mãos. Comeram os sanduíches – Rony não achou tão ruim como esperava – e observaram o movimento, enquanto Hermione continuava entretida com o livro. Por vezes Harry chamava Rony para olhar uma televisão distante deles, para que o amigo esquecesse o nervosismo, mas, talvez porque não estivessem ouvindo nada, não conseguia prender a atenção do ruivo por muito tempo, mas era mais provável que o garoto não se interessasse por esse tipo de coisa. Passado algum tempo, Rony precisou ir ao banheiro.

— Vamos, acho que sei onde é – disse Harry, se colocando de pé para acompanhar Rony.

— Tá... Hermione, não saia daqui...

— É claro que não, Rony – respondeu a garota, sem entender porque ouviu aquilo.

Os dois se afastaram e a moça os acompanhou com o olhar. Aproveitou o momento para pensar na própria vida e, ainda com o romance na mão, se deu conta de uma coisa que não pensou antes: Hermione realmente achou estranho que o aeroporto estivesse cheio naquele dia; um ano antes estivera neste mesmo aeroporto acompanhando, de longe, o embarque dos pais em direção à Austrália. E, enquanto rolava o olhar pelo saguão onde estava, notou que em outras ocasiões o lugar nunca estivera tão cheio quando viajava com os pais.

Os pais. Uma fina lágrima começou a rolar pelo rosto de Hermione quando se deu conta de que nunca antes havia viajado sem os pais, a não ser para Hogwarts ou para A Toca. De fato, percebia que fora do mundo bruxo nunca fazia nada sem a companhia deles, desde que se entendia por gente. O tempo que estivera junto de Harry naquela guerra tentava não pensar neles – era mais seguro assim. Tinha certeza de que fez o certo enviando-os para a Austrália – precisava acreditar nisso. Nunca se perdoaria se algo acontecesse com os dois e ela não estivesse lá para ajudá-los.

Não demorou muito e Harry e Rony já voltavam. Quando a garota viu os dois, esboçou um sorriso e, enquanto aguardava por eles, pensou ter visto uma varinha saindo pelo bolso de um casaco de um homem há poucos metros deles. O sorriso foi embora, ela piscou e depois não viu mais o homem, talvez pelo movimento das pessoas no aeroporto, porque era improvável que algum bruxo tentasse desaparatar no meio de um saguão de aeroporto lotado de trouxas, ou fosse apenas uma impressão dela.

— O que foi? – perguntou Rony quando se aproximou da garota.

— Quê? Nada...

— Como nada? Você estava chorando?

— Não... – lembrou que ainda deveria ter lágrimas no rosto e passou a mão para limpá-las – Eu só... Me lembrei deles.

— Seus pais? – perguntou Harry e Hermione assentiu com a cabeça.

— Vai dar tudo certo, Mione. Estamos juntos nessa – disse Rony, se sentando para abraçá-la, e ela sorriu para os dois. Era um alívio que não estivesse sozinha naquele momento.

Os três esperaram por mais algumas horas até que a voz de mulher que anunciava os embarques avisou-os do voo para Austrália – “... passageiros do voo 892 para Sydney-Canberra, embarquem no portão dezesseis”.

— Vamos, é a nossa vez – anunciou Harry olhando para Rony e Hermione.

— O quê? Mas já? Será que não estava falando de outro voo? – perguntava Rony, enquanto Harry e Hermione se levantavam pegando as mochilas. Hermione pegou a mochila do namorado e jogou para cima das pernas dele.

— Anda Rony.

— Certo... mas, mas... Mione, a gente tem mesmo que entrar naquela coisa? - perguntou o ruivo, já acompanhando os dois.

— Claro Rony. Como você espera que a gente voe? Pendurados nas asas?

— Mas tem certeza que é seguro mesmo?

— Claro que é, Rony. Mais seguro que voar numa vassoura, com certeza.

— Veja pelo lado bom – disse Harry, se virando para o ruivo enquanto caminhava. – Você vai ter história pra contar pro seu pai quando voltar. Ele vai adorar saber como é viajar num avião de trouxas.

— Engraçadinho... - resmungou Rony, dando uma esbarrada no amigo.

Os três caminharam até um lugar que Rony não gostou de ver. Pareceu a ele que ainda tinham que pagar mais pelas passagens, mas não sabia com o quê, pois haviam trouxas uniformizados vasculhando as bagagens dos outros. Eles já estavam na fila da revista antes do portão de embarque.

— Revistas, Rony – respondia Hermione, vendo que o namorado parecia estar sofrendo de prisão de ventre vendo a situação. – Todo aeroporto tem isso. Os guardas revistam os passageiros pra saber se não estão levando nada ilegal ou perigoso.

— E não é mais fácil perguntar? - sugeriu Rony e Harry segurou uma risadinha boba antes que a garota respondesse. Ele sabia que o amigo nunca estava preparado para se misturar com os trouxas.

— É, sim. É mais fácil, mas eles não trabalham assim. Obviamente, nem todo mundo responderia a verdade.

— Ah... mas e aquilo? A gente vai passar naquele portal como os outros? - perguntou o ruivo apontando para o detector de metal, enquanto entregava a mochila para um guarda, como Hermione acabara de fazer com a dela, e Harry que estava entregando a dele também.

— Sim, nós vamos. Aquilo é pra saber se estamos levando algo que não deveríamos levar - respondeu Hermione com um meio sorriso para a atendente, enquanto a mochila dela passava no monitor. Rony, que também viu o que apareceu na tela, ficou boquiaberto com aquilo.

— Aquilo era a sua mochila? As nossas mochilas? - apressou-se o ruivo ao ver que a dele e a de Harry também passavam pelo monitor.

— É sim - disse Harry. – Serve pra achar algo perigoso dentro delas.

Rony deixou que Harry passasse na frente dele, na hora do detector de metal. Hermione já estava do outro lado e segurava as mochilas, quando o moreno passou, viu que o namorado não estava muito seguro de atravessar pelo objeto.

— Rony, vem logo.

O ruivo tremia um pouco e estalava os dedos como se aquilo fosse uma preparação para um importante jogo de quadribol.

— Já... já vou.

Os guardas, e os outros passageiros na fila, observavam Rony, mas mantinham a calma. Certamente não viam muito daquilo, mas deviam saber que poderia haver situações semelhantes. Vendo que o ruivo não se decidia, Hermione entregou as mochilas para Harry e atravessou novamente o detector, mas em direção a Rony para puxar pela mão dele e fazê-lo atravessar com ela. Ao entrar no portão de embarque, também puxou Harry pelo braço como se ele tivesse algo a ver com o receio de Rony.

Passaram pelo túnel que levava à porta do avião. Rony não queria falar nada porque Hermione resmungava audivelmente.

— Francamente, por tudo que você passou, isso deveria ser uma coisa à toa pra você...

— Hein? Tá falando dessa coisa dos trouxas?

— É... é isso mesmo. Não faz mal a ninguém... - A moça soltou o braço de Harry e a mão do namorado quando chegaram à porta do avião, para que Harry pegasse as passagens.

— Harry, as passagens.

— Quê? Ah, sim...

Havia uma comissária de bordo e uma aeromoça logo depois da porta sorrindo para eles e lhes dando boas vindas. Harry entregou as passagens para uma delas para que indicassem onde ficavam as poltronas deles.

— Mais revistas? - perguntou Rony, e as moças estranharam a pergunta, pois franziram a testa e deram sorrisos meio escondidos, enquanto observavam as passagens deles.

Hermione segurou um impulso de levantar o olhar, mas apenas apertou o braço do namorado e disse entre os dentes, “Não, Rony”.

— Sigam direto, é logo depois da cortina – indicou a comissária. Harry e Hermione agradeceram (Rony parecia ter perdido a voz) e seguiram para as poltronas, a moça segurando o braço do ruivo. Hermione, que já imaginava que o namorado ficaria nervoso, mas não tanto, comprou lugares que ficavam entre os dois corredores do avião, longe das janelas.

— Pronto, é aqui – disse ela, se sentando logo à esquerda. – Rony, você aqui – indicou para o ruivo a poltrona do meio, de modo que ele ficasse entre ela e Harry. O garoto respirava pesadamente e Harry não tirava os olhos dele como se esperasse que o amigo desmaiasse a qualquer momento, enquanto colocava as mochilas no compartimento para as bagagens de mão.

— Rony, se acalme. Vai ficar tudo bem – disse Hermione, depois que se sentaram, chegando mais perto do namorado, ignorando o comunicado que o piloto irradiava naquele momento, para tentar acalmá-lo. – Os voos desses aviões são seguros. Não tem do que se preocupar. Olhe, pegue esses cintos – indicou a ele os cintos de segurança – E faça assim – mostrou para ele como se trava os cintos. Harry se sentou e também travou os dele. Rony se atrapalhou um pouco, mas conseguiu, com ajuda da namorada. Por fim, não tinha como negar. Estava dentro de um avião e em alguns instantes voaria de um modo que nunca imaginou na vida.

— Não gosto disso – disse ele, olhando para cima, e Harry e Hermione o miraram, esperando que ele quisesse se levantar num súbito. – Isso é definitivamente aterrorizante.

— Ron, a gente nem saiu do chão – respondeu Hermione.

— Olha, cara! – Harry chamou a atenção dele. - Essa também é a primeira vez que eu entro num desses. Mas olha pra mim. Não estou com medo.

— É... Ótimo. Pra você é mais fácil porque viveu muito tempo com os trouxas.

— Só que o máximo que já tinha entrado era nos trens.

— É... Imagino.

— Rony, faz o seguinte – Hermione começou a falar para ele. – Encosta a cabeça e fecha os olhos. Não precisa dormir, mas ajuda se não estiver olhando.

O ruivo não respondeu, mas resolveu tentar, porque fechou os olhos e apoiou a cabeça no encosto. Suspirou profundamente e parecia relaxar por alguns segundos até que um pequeno tranco o fez voltar à realidade.

— Uau, o que é isso? - gritou alarmado, sendo que a namorada segurou forte no braço dele.

— Calma, Ron. É só o avião táxissiando.

— Taq... táquissi o quê?

— Táxissiando. Está se movimentando para a pista pra decolar.

— Decolar significa pegar voo? - perguntou ele, tentando não parecer nervoso.

— Isso. Agora relaxa e faz o que falei. Vai ajudar.

Tremendo bastante, o ruivo fez o que Hermione recomendou e ela logo viu, com um certo ceticismo, que Harry fazia o mesmo. Também notou que o moreno segurava firme nos braços da poltrona, assim como Rony. A essa altura já estava se perguntando se muitas das primeiras vezes num avião eram assim – não se lembrava da primeira vez dela, pois era muito pequena quando os pais a levaram a uma das viagens que faziam.

Tudo estava bem enquanto o avião estava apenas se movimentando pela pista, mas quando chegou a hora do piloto acelerar para pegar o impulso da decolagem, Rony começou a ficar muito inquieto. Quanto mais rápido o avião, mais nervoso se mostrava o ruivo. Parecia que ele podia sentir cada parte da máquina tocando o vento lá fora, e quando o avião decolou finalmente, Rony explodiu, ou pelo menos pareceu isso.

— Para, para. Eu quero sair!

— Rony, não - sussurrou Hermione, segurando o namorado na poltrona, que tentava soltar os cintos de segurança. – Fica calmo que vai dar tudo certo.

— Ah, não sei não...

Harry não sabia o que fazer, se ajudava Hermione ou se chamava uma aeromoça. Nem precisou porque logo uma delas veio ao encontro dos garotos.

— Posso ajudar em alguma coisa?

— Sim, sim. Eu quero descer... - respondeu Rony, depressa.

— Acho que isso não vai ser possível, senhor.

— Ele só está nervoso – disse Hermione, ainda segurando o ruivo pelos braços, enquanto ele se debatia e continuava a querer descer.

— Entendo. É normal esse tipo de nervosismo. Posso trazer um calmante pra ele?

— Sim, por favor. Uma dose suficiente para dormir.

A aeromoça estranhou que Hermione pedisse desse jeito, mas obedeceu. Rapidamente já estava de volta com um copo com água e colocava gotas de um calmante nele.

— Isso, acho que é o suficiente. Esse calmante é muito bom - disse entregando o copo para Hermione.

— Eu não vou beber isso... Remédio de trouxas.

— Trouxas? - repetiu a aeromoça, sem entender o que o garoto queria dizer. Hermione, que já estava bastante corada porque os outros passageiros olhavam para eles com curiosidade, entregou o copo para Rony e ordenou.

— Toma. Beba logo. Isso vai apenas te acalmar. Não vai te fazer mal.

O garoto não queria pegar no copo, apesar do protesto da namorada e do incentivo de Harry. Parecia que não tinha muita certeza daquilo que tinha no meio da água. A aeromoça também balançava as mãos, incentivando Rony a beber do copo.

— Rony, isso é só um calmante – disse Harry. - Meu tio Valter sempre tomava quando chegava muito mal humorado do serviço. Era a única coisa que o ajudava a dormir.

O ruivo demorou um pouco para processar o que ouviu, mas por fim concordou – talvez tenha imaginado que precisava mesmo. Tomou do copo com tanta rapidez que parecia a última água que existia no mundo.

— Ah, que gosto...

— Eu sei. É meio ruim mesmo... - disse a aeromoça com um sorriso, recolhendo o copo das mãos do garoto.

— Obrigada – agradeceu Hermione para ela, depois se virou pro namorado, que ainda não se sentia muito calmo, mas já não se debatia na poltrona. – Agora, por favor, Rony, vê se relaxa. Daqui a pouco você dorme e vai ficar tudo bem.

— Você me acorda? Não quero ficar preso aqui dentro.

— Duvido que você vai dormir até lá – disse Harry, também mais calmo.

Rony se acomodou melhor na poltrona e voltou a encostar a cabeça no encosto. Em silêncio aguardou até que o sono viesse. Enquanto isso, Hermione olhou para Harry e disse, apenas movimentando a boca, um “obrigado”, que o garoto retribuiu com um sorriso.

Fora esse “inconveniente”, a decolagem ocorreu normalmente e os três rumaram em direção à Austrália. Enquanto o namorado esperava para pegar no sono, Hermione voltou pro livro de romance a fim de manter a calma e Harry assistia ao que passava na tela do avião. A garota não queria deixar se levar pela expectativa do reencontro – queria que tudo desse certo, que estivesse preparada para o momento certo. E o momento certo só saberia quando ele chegasse, quando estivesse na frente dos pais.


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Notas finais do capítulo

Demorei mas cheguei. Tenho que confessar que tava com preguiça. Obrigado a quem lê e obrigado a Anne pela review. Espero que também gostem deste capítulo.



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