A Rosa E O Cacto escrita por Paulo Rodrigues


Capítulo 1
Capítulo 1




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Em um lugar distante, havia um pequeno jardim, onde viviam, lado a lado, uma rosa e um cacto.

O cacto estava sempre triste, pois apesar de ser gentil e amável, seus longos espinhos afastavam os pequenos animais que ali passavam. Ele não tinha boa aparência, mas tinha bom coração. Todos o julgavam mal, antes de conhecê-lo. Ele não tinha nenhum amigo, pois dele ninguém se aproximava.

Já a rosa... Ah, a linda e perfeita rosa! Ela sempre fora a mais bela flor de todo o jardim. Todos a admiravam, ela era o centro das atenções naquele jardim. Todavia, ela era perversa e leviana. Tinha prazer em esconder seus espinhos abaixo das lindas pétalas e com eles perfurar o coração dos animaizinhos que dela se aproximavam. Adorava ver o sangue deles aos seus pés, pois ela se achava superior a todas as outras criaturas.

Dia após dia a cena se repetia. O cacto presenciava a crueldade da rosa e tentava alertar os animais, mas era tudo em vão, ninguém lhe ouvia.

Todos os dias, a assassina levava mais uma vítima, mais uma vida inocente. Ela zombava do cacto, dizendo: “Veja você, com sua simpatia, só conseguiu solidão. Incompetente. Você é horrível, um erro. Eu sou a mais bela de todo o jardim, todos me amam!”.

A crueldade da rosa se aplicava a todos a sua volta, inclusive ao pobre cacto, que chorava ao ouvir as palavras que a rosa lhe dizia, e chorava mais ainda, ao ver a próxima vítima caída aos pés dela.

Passaram-se as estações e veio o inverno. Um inverno muito rigoroso, como jamais ocorrera naquele jardim. Todas as plantas morreram.

Elas foram levadas ao criador, pois queriam um lugar em seu magnífico jardim.

O criador era muito sábio, escolhia os seres que habitavam seu jardim de acordo com seus atos em sua vida na terra. Ele conhecia cada feito, de cada um deles.

Formou-se uma fila para falar com o criador, ao final da fila, estavam a rosa e o cacto. A rosa menosprezava o cacto, dizendo que ele jamais teria um lugar no jardim.

A fila foi andando, e eis que finalmente chegou a hora da rosa ser julgada. Ela nem esperou uma palavra do criador, foi logo entrando pelos portões do jardim, mas antes que pudesse pisar o solo perfeito, o criador a parou e disse:

“Aonde pensas que vai, minha querida?”

Ela estacou, abismada, pois não acreditava no que estava ouvindo, nem falar conseguia direito. O criador continuou:

“Seu lugar não é aí. Você é perversa, portanto não há em meu jardim lugar para você.”

“Quanto a esse jovem cacto, esse tem um lugar especial. Apesar de tudo o que tu dizias a ele, apesar de tudo o que tu fazias, ele orava a mim todas as noites, intercedendo por ti.”

A rosa, incrédula, perguntou:

“O que fará com ele então mestre?”

O sábio olhou o bondoso cacto e perguntou-lhe qual era sua maior vontade. Ele respondeu:

“Senhor , creio que não sou digno de tanto, mas se queres me conceder um desejo, peço que me transforme em uma linda flor, para que ninguém jamais fuja de mim e para que me amem, assim como amo ao solo e a todas as criaturas.”

“Se queres, assim será feito.”

E o cacto foi transformado em uma bela rosa branca, tornou-se mais bonito que qualquer outra flor de qualquer jardim.

Ele olhou-se de cima a baixo e sorriu. Nunca havia se sentido tão feliz em sua vida. Agradeceu ao criador e caminhou em direção ao jardim. Porém, no meio do caminho, deteve-se. Voltou ao criador e perguntou:

“Bom mestre, o que será feito dela?”

“Ela receberá o castigo por seus atos. Será deixada no deserto, até que suas pétalas fiquem negras, secas e murchas e não haja mais uma gota de seiva em seu interior.”

A rosa gemeu. O cacto, que agora também era uma rosa, pediu:

“Mestre, suplico que não faça isso a ela. Ouça-me, por favor.”

“Filho, ela deve pagar por seus crimes. O que desejas que eu faça com ela?”

“Leve-a de volta ao mundo, coloque-a em um jardim semelhante ao que vivíamos. Mas com uma diferença: Que de agora em diante, ela seja um cacto, para que seja tratada como eu fui por todos estes anos, para que ela aprenda a amar e a respeitar os que dela se aproximarem. Que ela tenha uma segunda chance, e que um dia possa se juntar a mim aqui neste belo jardim.”

E assim foi feito.


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Notas finais do capítulo

Espero que leiam e gostem!



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