Rússia, 24 de Dezembro de 2100. 18 horas e 35 minutos. Estava anoitecendo e uma aurora aparecia no céu. As pessoas a observavam, ansiosas pela chegada do dia seguinte. Assim, transmitiam a impressão de terem esquecido os problemas que existem pelo mundo afora.

No hospital, parecia estar tudo tranquilo. Todo o trabalho se desenvolvendo em paz, sem nenhum inconveniente ou imprevisto. Os pacientes se recuperavam rapidamente ou porque tinham um organismo diferente do normal ou porque eram ajudados por voluntários superdotados.

Youth aguardava em seu quarto, à espera da sua alta. A bateria de exames a que foi submetido, foi, de fato, monótona e cansativa. Tudo o que ele queria era sair dali e respirar um pouco do ar puro do inverno oriental. Ele observava as ruas da janela, quando foi interrompido pelo bater da porta.

Youth: Entre.

O médico entrou, com um punhado de papéis na mão.

Doutor: Boa noite, meu jovem. Como vai?

Youth: Estou bem. Ansioso para sair daqui, mas bem.

Doutor: Esses aqui são os resultados dos seus exames. Eu tomei a liberdade de dar uma olhada neles e me parece que está tudo ótimo. Seja lá de onde você tenha vindo, parece que cuidavam muito bem de você.

Youth: Humpf.

Doutor: Algum problema? Você parece chateado!

Youth: Não é nada. Esquece.

O médico entregou os papéis dos exames ao jovem. Este, por sua vez, se limitou a dar uma rápida olhada em alguns deles. O médico o observava, esperando uma eventual pergunta.

Youth: Então, eu posso andar por aí livremente porque está tudo bem comigo?

Ouvindo isso, o médico compreendeu que Youth sabia a razão de todos aqueles exames. E se sentiu mal por pensar que o garoto poderia estar se sentindo ofendido.

Doutor: Então, acho que é hora da sua alta. Eu avisei o senhor Reddar e ele já está a caminho. Ele se comprometeu a te fornecer assistência no que você precisar.

Youth: Obrigado.

Doutor: Agora, com licença. Uma enfermeira irá te trazer seus pertences. Por gentileza, eu gostaria que você desocupasse esse quarto em 20 minutos.

Youth: Tudo bem.

Doutor: Bom, agora eu tenho que ir. Tem alguns pacientes à minha espera. Cuide-se e tenha um feliz natal.

Youth: Natal... Caramba, tinha me esquecido...

Vinte minutos depois, Youth aguardava a chegada de Reddar na recepção. No entanto, quem apareceu foi Darius.

Darius: Olá, Sr. Youth. Como vais?

Youth: Bem. E o Reddar?

Darius: Infelizmente ele não poderá vir. Portanto, ele me mandou para lhe auxiliar.

Youth: Ele parece ser um homem muito ocupado.

Darius: De fato, é. Principalmente hoje, que se trata de véspera de Natal.

Youth: Então, ainda é véspera... Certo...

Alguns minutos depois, eles já cruzavam as ruas da cidade. Apenas Youth notou, que por onde eles passavam as pessoas lhe lançavam olhares, certamente porque nunca o tinham visto por ali e sua aparência meio que chamava a atenção. Se vestir com roupas escuras e usar um cabelo que cobre metade do rosto é incomum nessa época. Principalmente por causa dos padrões militares.

Youth: Para onde você está me levando?

Darius: Para um lugar onde possas tranquilizar-te e descansar.

Youth: Por que está me ajudando?

Darius: É o que nós fazemos por aqui. Não vais me dizer que lá na America nunca lhe ensinaram os deveres de um bom cidadão...

Youth não respondeu. Limitou-se a baixar a cabeça e ficar em silêncio pelo resto do trajeto.

Enfim, eles chegaram. Um apartamento de aspecto humilde pronto para a chegada do jovem.

Darius: Aqui estamos nós. O que achas?

Youth percorreu o apartamento, observando atentamente cada detalhe. Pelo menos, pensava ele, era melhor do que o cubículo aonde dormia.

Youth: Para mim está bom.

Darius: Pois muito bem. Caso necessites de algo, verifique a despensa e os armários; tudo o que precisares estará nestes compartimentos. Neste momento, são oito e dez. Se quiseres, tu podes arrumar-te para participar da ceia que o Sr. Reddar está a oferecer.

Youth: Tá.

Darius: Sendo assim, eu irei me retirar. Com sua licença.

Darius se dirigiu a porta.

Youth: Ei, Darius... Obrigado.

Darius observou o jovem por um instante.

Darius: Não te preocupes. Não tens a necessidade de me demonstrar gratidão. Agora, com sua licença. Até mais tarde.