The Secret escrita por Ronnie


Capítulo 5
Capítulo 5




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-Querida... Querida... – estranho como sempre ouço o que está em volta de mim em meus sonhos. Nesse exato segundo um cachorro estava olhando para mim e ao invés de latir estava falando as palavras de minha avó, afinal... Por que estava sonhando com um cachorro?!

 -O que? – disse sonolenta e involuntariamente o cachorro se foi e pude ver o clarão da luz do sol adentrar em meus olhos. – Vó! Fecha isso! – exclamei com a mão nos olhos e apontando para a janela.

 -Desculpe querida! – ouvi seus passos apressados para fechar a janela e rapidamente e finalmente pude ver.

 -Tudo bem... – apoiei-me na cama e me espreguicei com toda a minha força, pude até sentir meu pescoço estalar. Aquela com certeza, foi uma ótima noite de sono!

 -Então... Já sabe o que irá usar hoje? – perguntou ela com brilho nos olhos, se sentando na minha cama e puxando sua saia para que pudesse colocar uma das pernas em cima da cama também. Ela sempre usava saias cumpridas, o que fazia parecer que ela era menor do que realmente era.

 -Hã? – do que ela poderia estar falando?

 -A festa na prefeitura, não vai mais? – como pude me esquecer da festa?! Iria reencontra Petrick e ele era tão... Tão... Convidativo e simpático.

 -Claro que vou! – exclamei com um enorme sorriso no rosto.

 -Então, é melhor se apressar. – levantou ela rindo.

 -Por quê? É só de noite. – voltei a me deitar.

 -São quatro e meia. – disse ela rindo e saindo de meu quarto, fechando a porta.

 Assim que ouvi que faltavam apenas algumas horas para a festa, levantei-me rapidamente, de qualquer maneira e percebi que não tinha uma roupa apropriada para ir a festa, então corri até a sala, onde encontrei minha avó jogando cartas, sozinha e cantarolando uma bela canção.

 -Vó... – disse encostando uma de minhas mãos em seu ombro, para que não se assustasse com a minha presença.

 -Oi minha filha. – falou ela vidrada em suas cartas e com os óculos na ponta do nariz.

 -Não tenho o que vestir para essa noite. – acho que pensando melhor, não teria por que dizer isso a ela. Com certeza suas roupas não caberiam em mim e mais... Eu não tenho o mesmo gosto que o dela.

 Ela imediatamente parou de jogar, fechou os olhos, respirou fundo e sorriu. Aquele sorriso meigo que só ela poderia fazer.

 -Sabia que iria dizer isto. – fitou-me. – Venha comigo.

 Ela se levantou e deixou as cartas viradas, como se alguém estivesse jogando com ela. Eu a acompanhei. Nunca tinha reparado que aquela casa tinha um sótão, ainda mais sendo minúscula.

 Atrás da cozinha tem uma porta, pequena e de madeira gasta, com cupins nas beiradas que dava para um grande sótão. Eu sempre imaginei um sótão como lugares horríveis e misteriosos como mostrava nos filmes de terror, mas não... Aquele pelo menos era bastante arrumadinho com alguns armários velhos e uma mesa de centro sem uma das pernas. Havia luz! Isso que me impressionou. Uma luz forte e visível.

 -Por que me trouxe aqui vó? – minha voz saiu como uma criança desamparada que não sabia para onde ir. Cheguei a ter raiva da voz que fiz.

 -Venha cá. – chamou-me.

 Fui até um dos armários, em que ela abriu com um grande barulho que estremecia os ossos, era agudo e alto.

 Seu cheiro era de mofo e haviam várias roupas dobradas e algumas penduradas, eram muitas, então não dava para identificar qual era feminina e qual era masculina.

 -Aqui estão as roupas de sua mãe. – falou ela emocionada, o que me fez pensar nela.

 -Acha que caberão em mim? – minha mãe sempre foi magra, mas sempre mais alta que eu.

 -Com certeza! Você é sua mãe pequena, minha filha. – olhei-a e seus olhos estavam tomados pelas lágrimas que ela continha com tanta força.

 -Obrigada vovó. – sorri e abracei-a.

 Não demorou muito e minha avó tinha subido para preparar algo para eu comer, afinal, ela disse que essa festa era extremamente chique e que eu teria de ir bem arrumada e particularmente de barriga cheia, pois as comidas são pratos finos, ou seja, porções pequenas de coisas que a gente não consegue pronunciar o nome.

 Remexi algumas roupas no armário, mas nenhuma me agradava, nenhuma, a não ser um. Um vestido preto até o joelho, com um decote em “V”, com mangas em um tecido leve e brilhante com um grande corte nas costas. Aquele era o vestido mais lindo que já vira.

 Imediatamente o peguei, fechei o armário as pressas e fui para sala mostrar a vovó qual eu havia escolhido.

 -Vó! Eu escolhi este aqui, o que acha? – estiquei o vestido em frente ao meu corpo para ela poder vê-lo melhor.

 -Esse era o vestido preferido de sua mãe. Cairá como uma luva em você. – senti o tom alegre em sua voz.

 Sorri e corri para o quarto para experimentá-lo.

 Fechei a porta e comecei a tirar minhas roupas, agora sujas. Enquanto eu botava o vestido, não senti cheiro nenhum de mofo, estava até cheiroso.

 Depois de botá-lo fui até o espelho do armário de meu quarto e pude ver como me parecia com minha mãe. Cabelos longos, lisos e negros, olhos grandes e castanhos, pele branca e luminosa, boca rosada e corpo sem muitas voltas, mas mesmo assim, aceitável para uma garota da minha idade.

 Pude ouvir a porta se abrindo e vi o rosto de felicidade de minha avó após me ver com o vestido que antes pertencia a minha mãe.

 -Está linda! – sorriu ela com as mãos no rosto.

 -Obrigada vovó. – sorri, mexendo em no vestido.

 Tinha a mania de arranhar minhas roupas quando ficava sem graça ou envergonhada, uma péssima mania, para dizer a verdade.

 -Agora vou pegar os saltos de sua mãe. – falou ela virando-se e indo em direção ao sótão.

 -Não! – disse antes que ela fosse. Ela me olhou, assustada. – Quero ir com meu tênis.

 Ela olhou para meus all stares pretos e um pouco sujos e velhos e entortou a boca.  

 -Por favor! – já sabia o que aquilo significava. – Quero ir com algo que seja meu, que eu me sinta completamente confortável. – não que o vestido não me deixasse à vontade, era que eu amava andar de tênis e não sabia andar de salto de modo algum!

 -Ok! – sorriu ela, generosa. 


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