The Secret escrita por Ronnie


Capítulo 32
Capítulo 32




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/232076/chapter/32

O velho quase cuspiu o chá e esbugalhou os olhos.

 -Está é Melany?! – disse o homem, apontando para mim, mas olhando para Matthew.

 -Sim.

 -É um prazer conhecê-la! – riu o homem apertando minha mão e com o sorriso depreciativo, seus dentes não eram dos melhores.

 -É um prazer conhecê-lo também. – menti ao apertar sua mão. Eu mal o conhecia e nunca tinha ouvido falar dele.

 O homem apertou mais firmemente minha mão e fechou os olhos, respirando fundo. Assustei-me e olhei para Matthew.

 -Calma, relaxe. – sussurrou ele.

 -É uma menina muito doce e muito determinada, assim como sua mãe. – falou ele. –Vejo que tem vingança no coração e quer vingar a morte de seus parentes. – ele abriu os olhos e me encarou sorridente. – Será um prazer ajudá-la a combater Charlie. – disse ele por fim.

 Passei o dia inteiro na casa do velho, ouvindo-o dizer o que eu teria de fazer para evoluir meus dons. O que eu achava uma besteira! Aquilo não era dom! Era uma desgraça e uma maldição terrível! Eu queria ser normal, sabe? Mas, não! Eu tive que virar uma Nirhaquiana, vir para Alídea, ver meus pais mortos, saber que minha avó estava morta, conhecer pessoas novas que eu tive de confiar à força, descobrir que tudo que sempre acreditei era uma mentira enorme, descobrir segredos sobre minha mãe e sobre a família Black, descobrir que eu era a única no mundo inteiro que poderia impedir que Charlie acabasse com Alídea, mas ainda tinha uma coisa que me aquietava! Por quê?! Por que ele queria fazer tanto mal aos Alideanos e a mim em particular? Por que disso tudo? Infelizmente isso só poderia ser respondido por ele, e eu não estava nem um pouco a fim de perguntar isso a ele.   

 Hélio havia me dito também que para eu evoluir meus dons, eu teria de treinar e parar de odiar minha serpente e ele estava certo! Eu a odiava! Por causa dela, que tudo aconteceu!

 Não! Foi minha curiosidade... Pensando bem, foi minha curiosidade. Se eu não tivesse pego o bracelete embaixo da cama de minha mãe, nada teria acontecido! Mas, também... Como ela foi parar lá? Bem, aquilo não importada mais! Eu estava presa aquela vida e teria de me acostumar, por bem ou pó mal.

 -Hélio, amanhã estaremos aqui no mesmo horário para começarmos o treinamento. Temos que ir, está ficando tarde. – disse Matthew, se levantando do sofá e me puxando com ele.  

 -Sim, claro! – disse ele, indo até a porta de madeira e a abrindo para nós.

 -Até amanhã. – falei sorridente. Apesar de Hélio parecer rabugento, ele era bem... Legal.

 -Até querida. – sorriu ele, ao fechar a porta.

 Eu e Matthew fomos para casa de Beth em silêncio. Não havia o que falar e as minhas perguntas só poderiam ser respondidas ou por minha mãe, ou por Charlie, então...

 Após chegarmos, vimos Beth e Peter do lado de fora da casa, andando de um lado para o outro, inquietos.

 -O que houve? – falei saindo do carro rapidamente e indo de encontro com Peter e Beth.

 -Não achamos Catherine e nem Lara em lugar algum! – falou Peter sentando em um degrau da escadaria e abaixando a cabeça.

 -Já foram até no lado sul? – perguntou Matthew abraçando Beth.

 -Sim. – respondeu Peter. – Por isso que estou assim. – Peter ergueu a cabeça e a luz bateu em seu rosto, mostrando um longo arranhado que cortava seu rosto inteiro. 

 Franzi a testa por um momento e respirei rapidamente ao ver o sangue descendo por seu rosto.

 -Agora, teremos de esperar. – falou Beth, se sentando na escada, ao lado de Peter e Matthew, então me sentei e tentei não pensar em Lara.

 Catherine sabia se virar, mas Lara não.

 Ficamos longos minutos sentados na escada, até eu olhar para o horizonte.

 O céu estava escuro, iluminado por dois planetas brilhantes, que eram com uma Lua para a Terra.

 Fiquei observando como era diferente aquele lugar. Até o ar era mais... Não sei... Era mais fácil de se respirar, sem tanta poluição, até que eu vi uma luz no horizonte.

 Era estranha, ia crescendo gradativamente e estava começando a me assustar.

 -Gente, o que é aquilo? – pergunte, tentando ficar calma e imaginar que não era nada de mais.

 -O que? – falaram em coro. Todos estavam de cabeça baixa, então me olharam e eu apontei para a luz branca vinda do horizonte que se expandia cada vez mais.

 -Cath! Lara! – gritaram em coro novamente. Todos se levantaram e saíram correndo em direção ao carro de Matthew e eu fui junto.

 -Gente! O que foi?! – perguntei, nervosa.

 -Beth sente que são elas. – falou Peter no banco do carona.

 Eu estava atrás com Beth, a acalmando e Matthew no volante.

 Chegamos em menos de cinco minutos no alto de uma montanha, nunca vi alguém correr tanto, quanto Matthew naquele dia.

 Beth estava desesperada, era bizarro vê-la daquele modo, chorando e passando a mão no rosto compulsivamente.

 Todos desceram do carro, menos Beth, que não conseguia nem ficar de pé.

 A luz estava ficando cada vez pior, mal dava para enxergar.

 Até que vimos a silueta de alguém correndo em nossa direção. Era Lara.

 -Me levem daqui! Eu quero ir embora! – gritou Lara, abraçada a Peter e chorando tanto que suas palavras saiam com cuspidos.

 -Calma! Relaxa! Vamos sair daqui. – disse Peter levando Lara para dentro do carro. – Matthew! – gritou Peter. Matthew o olhou e eu também. – Vou levá-las para longe daqui, elas estão em estado de choque. – disse ele.

 Matthew jogou as chaves e ficamos só eu Matthew e a luz cegante.

 -Está pronta? – falou Matthew.

 Minha cabeça estava girando, eu mal conseguia ficar em pé e eu nem ao menos, sabia do que ele estava falando.

 -Matthew, do que está falando? – perguntei, com os olhos cheios de lágrimas.

 -Charlie está vindo. – disse ele por fim.

Olhei para o horizonte e tentei visualizar a imagem terrível de Charlie, saindo da luz, mas ele deveria sair era das trevas, já que fazia tanto mal a mim e a todos que me rodeavam! Aquele homem era um demônio! E eu nem ao menos estava pronta para enfrentá-lo, não sabia como me comunicar com minha serpente e nem como reagir aos ataques – assim pensei.

 Acalme-se! – disse para mim mesma, enquanto a luz me cegava e eu tentava me por de pé. – Nada vai acontecer...

 -Pronta? – ouvi a voz de Peter, quase que gritando pela explosão de luz, cor e trevas que saiam.

 Fiz silêncio, achei que seria a melhor das respostas.

 Eu estava pronta para que Charlie saísse da luz e me matasse, matasse Matthew e todos que eu conhecia, acabasse com Alídea e depois fosse para Terra, mas a luz rapidamente se concentrou em um ponto e tive a visão de uma pessoa, estirada no chão, gemendo de dor e não parecia ser Charlie.

 -Matthew... – falei tremendamente mais aliviada, mas com os ossos e músculos doendo, pela pressão e tensão do momento. Estava bamba e quase não conseguia ficar de pé, mas corri até o alto da montanha para ver quem estava no chão.

 Matthew correu logo atrás de mim e assim que vi, aquela terrível cena, eu parei, pus as mãos na boca e o horror me tomou por completa.

 Eu não sabia reagir àquela cena, só me ajoelhei no chão e chorei desesperadamente, com as mãos apoiadas no gramado raso da montanha e com os olhos pregados naquela horrível pessoa. Eu não queria olhar! Definitivamente não queria olhar! Estava ao ponto de vomitar sangue de tanto horror, mas me controlei.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!