The Secret escrita por Ronnie


Capítulo 19
Capítulo 19


Notas iniciais do capítulo

Demorou, mas chegou pessoas! =D



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-Melany, o que você... – falou ele vindo até mim e quando tirei o braço da porta para que ele visse, Matthew no mesmo instante parou de falar e deixou seu maxilar cair vendo a burrada que eu havia feito.

 -Matthew, o que eu faço agora?! – falei com os olhos arregalados e as sobrancelhas quase que juntas.

 Como eu explicaria que a lavanderia de Lara estava completamente cheia de espuma?!

 Eu não conseguia ver nada além de espuma branca e o teto! Era desesperador!

 -Vou tentar desligar. – falou ele ficando na ponta dos pés, provavelmente tentando ver onde ficava a máquina de lavar.

 -Vai entrar aí, no meio dessa espuma toda?! – perguntei com as mãos na cintura.

 Mas, ele estava certo, se não o fizesse a máquina continuaria expelindo mais e mais espuma, e eu não queria que vazasse pelas janelas.

  -Vou, é o único jeito. – disse ele já entrando na espuma.

 Em um momento eu o via e em outro não o via, somente escutava sua voz, tirando a espuma de sua boca.

 -Achei! – gritou ele.

 Alguns segundos depois, escutei a máquina parando progressivamente até não escutar mais nada.

 -Matthew? – ele estava demorando para aparecer... Será que a máquina havia engolido ele? – pensei, depois ri desse comentário ridículo e infantil.

 -Consegui! – ouvi a voz risonha dele, mas eu não o via, até que ele saiu da espuma, completamente encharcado por ela.

 Era engraçado por que ele parecia ter uma barba enorme.

 -Você... – tampei minha boca com as mãos para controlar o riso. – Está muito... – não agüentei. – Engraçado! – caí na gargalhada.

 Eu sempre odiei minha gargalhada, mas eu precisava por para fora toda a graça de vê-lo assim. Ainda mais ele, que era todo fechado, quieto, centrado... Foi hilário!

 -Não ria de mim! – falou ele se aproximando, me fazendo rir ainda mais.

 -Por que não? – falei entre alguns risinhos ainda.

 -Por que... – falou ele em suspense. – Está igual a mim! – disse ele pegando um pouco da espuma que estava em seu braço e rosto e esfregando em meu rosto.

 -Não acredito que fez isso! – falei indignada com o que fez. As roupas eram de Lara! Eu já tinha estragado a lavanderia dela, não poderia estragar mais nada!

 -Mas, fiz! – riu ele.

 Nunca tinha o visto assim. Parecia se divertir e pensei que pessoas como ele jamais se divertiam desta forma, e sim com jogos de cartas, damas e fórmulas matemáticas. Pelo menos era o que ele parecia passar a mim.

 -Ah é?! – brinquei.

 Ele acentiu rindo ainda mais.

 -Vamos ver se gosta disto! – peguei a espuma que ainda estava concentrada no chão e comecei a jogar em cima dele.

 Eu estava me divertindo de verdade! Pela primeira vez em tempos eu estava me divertindo!

 Eu via algumas bolinhas de sabão pelos ares, via-o rir e eu também ria. Estávamos felizes, brincando como duas crianças inocentes, como melhores amigos em um parque de diversão.

  Até que ele jogou sabão bem perto de meus olhos e senti arder muito.

 -Espere! – falei com uma das mãos coçando os olhos e a outra esticada para que parasse com a brincadeira.

 Instantaneamente eu fechei os dois olhos e comecei a coçá-los, estava ardendo demais.

 -Te machuquei? – disse ele. Sabia que ele estava se aproximando, sua voz ficava mais forte a cada palavra.

 -Não, está tudo bem... – parei de coçar os olhos e espantei-me ao vê-lo tão perto de mim.

 Eu podia sentir a respiração dele na direção de meu nariz, afinal, era alto. Eu não conseguia pensar em nada! A ardência tinha passado, o mundo lá fora havia parado, naquele segundo só havia eu e ele.

 Naquele momento notei que não adiantava fugir do sentimento, por que ele sempre esteve escondido desde a primeira vez que o vi.

 Eu me sentia atraída por ele, mesmo não querendo admitir e não podendo! Eu estava cheia de problemas, ele era alguns anos mais velho do que eu, meus pais o enviaram para ele me ajudar com tudo isso que estava acontecendo. Eu não poderia me aventurar em uma paixão. Não poderia! Então, eu meio que bloqueei meu coração para não sentir mais que amizade por ele, mas naquele momento eu não pude evitar.

 -Gente! – ouvi a voz de alguém no fundo de minha mente.

 Olhamos no mesmo momento para ver quem estava falando e estragando aquilo que estava prestes a acontecer, mas talvez tivesse sido bom alguém atrapalhar.

 -Tenho péssimas notícias... – disse Peter encostado na porta, não reparando no estrago que eu havia feito na lavanderia.

 Meu coração acelerou! Já estava acontecendo coisas ruins demais para mais uma coisa vir me atentar. 

 -O que foi? – a voz de Matthew parecia ter engrossado, ou voltado ao normal. Parecia que comigo ele mudava, não sei dizer, mas eu sentia que ele mudava comigo...

 Ele se limpou rapidamente da espuma e saiu andando com Peter, me deixando para trás.

 Limpei-me e fui atrás ver o que eles estavam falando que eu não poderia ouvir.

 Vi os dois de longe, já perto da porta dos fundos da casa de Lara.

 Fiquei parada, tentando ler os lábios de Peter.

 Pude notar que ele não estava nada feliz, estava meio cabisbaixo para falar a verdade. Depois dele falar algo a Matthew ele me olhou triste, já poderia imaginar o que era. Provavelmente Dr.Charlie estava perto.

 Corri até eles e no mesmo instante que cheguei, eles se calaram e me olharam com dó, com pena.

 -O que houve? – perguntei preocupada.

 -Sua avó Melany... – Matthew fez uma pausa. – Ela faleceu esta tarde.

 O mundo pareceu parar. Tudo tinha virado apenas escuridão. Eu não conseguia ver a luz no fim do túnel. A dor me consumiu de tal forma que era impossível pensar em respirar. Eu estava completamente sem chão, sem rumo, sem vida... Ela era única pessoa que havia me restado, ela era a minha família, eu a amava com todo o coração. Primeiro perdi meus pais, agora perdi minha avó! O que me faltava acontecer?! As lágrimas escorriam pelo meu rosto como cascata, de tanto chorar desabei no chão. Eu via tudo em câmera lenta. Matthew me levando para dentro com Peter, eu passando pela porta, vendo o rosto de Catherine e Lara assustados ao me verem naquele estado e me sentando no sofá macio, mas que naquele instante tinha se tornado duro, rígido, sólido, frio... Que nem a minha vida.

 Eu não tinha mais ninguém! Eu a amava! Mais uma coisa que retiraram de mim a força! Eu não tinha mais esperança, estava arruinada.

 Há alguns minutos atrás eu estava feliz, mas é incrível como as coisas acontecem de certo modo, que de um segundo para o outro sua vida pode mudar.

 Vi que Matthew estava ao meu lado segurando minha mão, enquanto eu estava em estado de choque.

 -Como... – as palavras não saiam como eu queria, elas saiam roucas, falhas e sussurradas. – Como ela faleceu? – perguntei transtornada, olhando somente para o chão, vendo os pés de Catherine e Lara passando para me abraçarem e darem um apoio moral, mas nada traria minha avó, minha mãe, meu pai, minha vida de volta!

 -Na frente de sua casa. – disse ele tristonho, provavelmente a me ver daquele jeito.

 Lembrei-me que ela tinha avisado que iria. Como eu pude ser tão burra?! Tão idiota?! Tão estúpida?! Eu deveria ter ligado dizendo que não estava em casa! Como pude...?!

 -Mas, como foi isso?! – falei agoniada com os olhos cheios de lágrimas, onde eu nem precisava fazer o mínimo esforço para que descessem.

 -Não nos deram muita informação... – ouvi a voz de Peter falando ao longe, provavelmente vindo da cozinha e se sentando ao lado de Matthew.

 -Então, me diga o que disseram! – eu estava super triste e inconformada comigo mesma!

 -Disseram que ela foi encontrada morta e... – falou Matthew intercalando o olhar com os outros.

 -E...?! – falei impaciente.

 -...E ela estava com uma picada de cobra no pescoço. – ouvi a voz de Peter, apressado.

 O sangue ferveu naquele momento, não havia mais tristeza em meu coração, e sim ódio, raiva, amargura, vingança! Eu sabia quem tinha sido, e agora eu é quem iria até o inferno para matá-lo, nem que isso custasse a minha própria vida.

 Levantei-me, me largando fortemente de Matthew e andando com passos pesados e rápidos, com as mãos cerradas, com as narinas bufando e sobrancelhas quase juntas de tanta raiva que sentia.

 -Aonde vai? – ouvi a voz de Peter atrás de mim, enquanto podia ouvir os passos de Matthew vindo me segurar e impedir.

 -Acabar com esse problema! – já estava segurando a maçaneta da porta quando senti a mão de Matthew me segurando.

 -Não faça isso Melany... – falou ele com a voz calma.

 Silêncio.

 -Você ainda não está pronta. – disse ele por fim.

 -Você não entende Matthew! – gritei olhando-o e tirando meu braço da posse de sua mão.

 Ele arregalou os olhos, como todos os outros. Acho que apesar de não demonstrarem, tinham um pouco de medo de mim. Não Matthew, pois ele era o único que era forte que nem eu, pela sua experiência, o que o fez se machucar naquele dia foi que ele tinha que proteger a si mesmo e aos outros.

 Eles se calaram e eu continuei a falar:

 -Eu perdi toda a minha família por causa deste homem cruel! Eu quero vingança! – gritei, fazendo minha voz se esganiçar por alguns segundos.

 -Ah! – ouvi o grito de Lara, colocando as mãos nos ouvidos, trincando os dentes e fechando os olhos.

 -Venha Lara... – ouvi Catherine falando com Lara e levando-a para o andar de cima.

 Lara continuava com as mãos nos ouvidos e lenta ao andar, na metade da escada ela de repente ficou ereta, riu para Catherine, desceu as escadas e se sentou no sofá novamente como se nada tivesse acontecido.

 Mais uma vez eu estava confusa em relação a ela. Mais uma vez ela tinha agido de forma super estranha e o pior é que ninguém comentava nada.

 -Melany... – falou Lara sorridente. – A vingança nunca te levará a nada, apenas uma pessoa pode te fazer enxergar por baixo dessa nuvem densa e nebulosa e logo entrará em sua vida. Palavras de J.P.B.

 Ela parecia mio inconsciente enquanto falava isso, apesar de ainda estar com sua carinha de criança assustada, seus olhos estavam tão concentrados nos meus que chegou a me dar frio na espinha.  

 -O que... O que foi isso?! – perguntei com os olhos perdidos, sem saber para onde olhar.

 Eu me lembrava daquela sigla, como ela sabia?! Não fazia sentido!

 -Lara tem uns lapsos assim mesmo... Não sabemos o que é ainda. – falou Catherine. – Ela fala coisas sem sentido... Começou faz algumas semanas.

 Lara permanecia sorridente, como se não se assustasse com isso.

 -Mas, essa sigla... – falei impressionada. – Faz sentido para mim. Eu já li isso. – após eu dizer isso todos a olharam espantados.

 -O que foi gente? – perguntou ela inocente.

 Apressei meus passos e sentei ao seu lado.

 -Lara, como ficou sabendo dessas palavras e dessa sigla? – perguntei, olhando-a nos olhos.

 -Não sei... Primeiro eu escuto a voz muito alta, depois começo a ver coisas e em seguida essas “coisas” vão embora. – ela puxou mais o tom quando disse “coisas”.

 Estava explicado por que ela fechada os olhos e tapava os ouvidos.

 -Mas, você tem isso... Do nada? – perguntei, morrendo de vontade de saber mais sobre isso.

 -Sim. – disse ela. – Eu estou com fome, vou comer um bolo. – falou ela levantando e indo até a cozinha.

 Olhei para Matthew.

 -O que há com ela? – perguntei. Ela estava com um jeito muito infantil.

 -Não sabemos o que é, mas ela fica... Infantil. Como se virasse criança novamente. – disse ele confuso, sentando-se ao meu lado.

 -Já tentamos conversar com ela quando está lúcida, mas ela fica brava e não quer comentar sobre isso, então ignoramos tentar falar com ela quando está assim. – disse Catherine indo até a cozinha espiar o que Lara estava fazendo.

 -Bem... – falei levantando-me. – No momento o que importa é minha avó. – fui até a porta novamente.

 -Não escutou o que Lara disse? – ouvi a voz de Peter por sobre meus ombros. – “A vingança nunca te levará a nada, apenas uma pessoa pode te fazer enxergar por baixo dessa nuvem densa e nebulosa e logo entrará em sua vida.”


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