-E Nirhakianos somos nós. Pessoas que tem o sangue dos Dark e Black nas veias. Entre nós somos conhecidos como Nirhakianos, mas para a sociedade somos os Black Soul ou Dark Soul. – falou ele.

 Peter não me parecia uma pessoa muito... Sociável, pelo que percebi.

 -E por que estou aqui? – falei, sentando-me no chão e encostando-me na parede gelada.

 -Porque você é a chave. – falou Catherine.

 Era incrível como todos sabiam mais sobre mim do que eu mesma!

 -Que chave?! – levantei-me indignada. – Matthew! Poderia me dizer que droga de chave é esta?! – gritei.

 Catherine, Peter e Lara ficaram em silêncio e com os olhos arregalados quando levantei subitamente e dei um grito com Matthew que ecoou.

 -Melany... Você é a chave. Você é a única que pode fazer com que Charlie pare. – falou ele.

 -Como?! – cruzei os braços e encarei os quatro.

 Catherine parecia cochichar algo no ouvido de Peter e ele concordar.

 -Primeiramente... – olhei para Peter. – Você precisa ficar calma.

 -Por que todos sempre me pedem para eu ficar calma?! Eu estou calma! Estou calmíssima! – gritei para eles.

 Podia sentir meu sangue ferver em minhas veias e minha tatuagem parecia queimar, mais e mais, mas não me importei com aquilo no momento, queria respostas! E as pessoas só me davam respostas vagas, óbvias ou inválidas. Queria respostas concretas!

 -Melany... – ouvi a voz de Lara.

 Ela parecia com medo, um terrível medo, mas pelo que percebi, só ela estava assim. Todos os outros estavam calmos e até um pouco concentrados de mais.

 -O que?! – gritei para ela.

 Naquele momento eu não consegui me controlar.

 -Preparados? – ouvi Matthew gritando para os outros.

 Reparei que estavam absurdamente concentrados.

 Para o que?!- pensei.

 Não ouvi respostas.

 Algo dentro de mim estava gritando, implorando, mandando eu expulsá-lo. Eu não agüentava mais aquele desconforto, aquela enorme dor de cabeça, aquele embrulho no estômago. Era muita coisa ao mesmo tempo para controlar. Até que gritei com toda força que eu tinha e até com que eu não tinha.

 Pude sentir o lugar estremecer somente com meu grito.

 Olhei para meu braço e a cobra estava saindo devagar, rasgando minha pele, me fazendo queimar por dentro e por fora.

 -Agora! – ouvi Catherine gritar para os outros dois.

 Tudo foi absurdamente rápido. Eu vi somente pequenos fleches do que acontecia a minha frente.

 Todos correndo muito rapidamente cochichando pequenas coisas, até que ouvi “Black Soul” e “Dark Soul”, como grito final. Eles pararam e eu pude ver claramente enormes serpentes se entrelaçando no chão, mas estavam agressivas e doentias.

 Podia ver Matthew, Catherine e Peter caindo no chão enquanto aparentemente minha serpente machucava-os e cortava-os. Eu não agüentava mais ver aquela cena!

 -Pare! – gritei para minha serpente, mas ela não parecia parar, enquanto isso meus novos “amigos” eram machucados.

 -Tem... – ouvi a voz rouca de Laura atrás de mim. – Que dizer a ela na língua das Nirhaks. – disse ela se afastando de mim, ainda com medo em sua face.

 -Eu não sei essa maldita língua! – gritei, chorando ao ver meus novos e primeiros amigos sofrendo.

 -Con... – ouvi o sussurro de Catherine. – Centre-se!

 Eu não sabia como me concentrar ouvindo os gritos e gemidos de dor de meus amigos. Eu não sabia como ajudá-los, estava desesperada, quando ouvi algo em minha cabeça.

 “Machucar... Machucar... Machucar...” – a voz era estranha e arisca, quando cheguei à conclusão que estava ouvindo minha Nirhak em minha mente, então fechei os olhos e pensei em apenas uma única palavra: Pare! Pare! Pare!

 -Ash-Cour! – berrei e novamente apaguei.