Rosas escrita por Larissa M


Capítulo 19
Capítulo 18 - O Casamento


Notas iniciais do capítulo

Preparem-se para surpresa agradáveis e desagradáveis nesse capítulo! Volto semana que vem, até!



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Vivian Melbourne estava esplendorosa, para dizer o mínimo, em seu vestido de noiva. A espera não fora nada para George, se comparada aos momentos que se seguiram a ela: os dois fizeram seus votos sem hesitar, e, quando o famoso e imperdível beijo aconteceu, a felicidade era mútua dentre os presentes, tanto quanto nos recém-casados a beira do altar.

Todos aplaudiram quando o casal saía da igreja, e, logo depois de assisti-los sair, seguiu o corre-corre para todos se locomoverem de um canto da cidade para a casa dos Giusini, onde a festa teria lugar.

Susanna foi junto de Christopher, Jane e uma irmã dela no carro da família, levando Lucy consigo, no espaço vago no carro. Eles foram os primeiros a chegar a casa, que já havia sido previamente organizada por todos os funcionários contratados para a ocasião.

Tudo estava preparado para acontecer no interior da casa, inclusive o salão de danças, num dos cômodos apropriados para isso. Parte das mesas se espalhava pela varanda e pelo jardim, todas cobertas devidamente. Susanna não se comedira ao preparar os buquês de rosa que se espalhariam pela casa. Não só rosas, como também tulipas, orquídeas, hibiscos e todo o tipo de flores que combinassem. Afinal, era primavera.

- Suze, não vou nem perguntar se foi você a responsável por essa organização... – Lucy comentou, maravilhada com a boa atmosfera que as flores criavam.

Susanna sorriu, respondendo:

- Sim, fui eu... Como te falei, vinha me empenhando em aumentar a flora daqui da casa dos Giusini nos últimos meses, e esse foi o resultado... – ela fez um gesto abrangente para mostrar a casa. – George me deu passe livre para fazer o que bem quisesse no jardim, e, embora isso não agradasse a principio Jane, ela acabou gostando.

- Porque não a agradaria?

- Ela costumava ser quem cuidava do jardim, mas, sabe como é, com essa doença, não pôde mais...

- Oh, compreendo. Bem, dizem rumores que é um pouquinho difícil conviver com ela, embora seja amorosa com os filhos. – Lucy falou.

- De que ela é amorosa não tenha dúvidas. – Susanna respondeu. – Mas não acho difícil a convivência, nem tinha ouvido falar isso por aí...

- Ah, não me julgue, Susanna, eu aguentei mamãe e suas fofocas em silêncio por dezoito anos, quase dezenove... – Lucy retrucou, adotando um tom um tanto nostálgico, embora não tivesse saudades daquele defeito em questão. Sentia saudades da presença geral de sua mãe. – E agora sinto imensas saudades dela... – completou, com o olhar perdido no tempo e no espaço.

Susanna afagou o ombro de sua prima, e guiou-a até umas das mesas ao ar livre.

- Iremos resolver isso, Lucy. – ela a assegurou.

Lucy assentiu, sentando-se no lugar indicado por Susanna. Logo, o restante dos convidados começou a chegar, espalhando-se por todas as mesas, ou pela casa, em busca de drinques e bate-papo com conhecidos ou amigos.

Susanna não vira nenhum sinal de Christopher desde que se separaram na saída do carro dos Giusini. Assumira seu desaparecimento ao trabalho de cumprimentar a todos, como posição de irmão do novo e cunhado da noiva. Resolveu não se preocupar com ele; a hora de conversarem chegaria cedo ou tarde.

Susanna e Lucy ficaram a sós, as duas sentadas à mesa, conversando animadamente e matando as saudades que um ano separadas conseguia proporcionar. Poucas vezes foram interrompidas por conhecidos de uma ou de ambas, mas nenhum chegado o suficiente para falar-lhes mais do que a etiqueta exigia. A única que chegou a se sentar a mesa junto delas foi Mary Jane Cartwright:

- Lucy! Querida! – ela exclamara assim que pusera os olhos na prima de Susanna. – Eu não tive a chance de falar-lhe mais cedo, mas ouvi que estava por aqui...

Lucy levantou-se e abraçou Mary Jane longamente, com entusiasmo. Há muito tempo que não trocava nenhuma palavra, nem sequer escrita, com ela, e sentia sua falta, a despeito de alguns de seus defeitos.

- Como vai, Mary? – ela perguntou.

- Estou ótima! E você? – Mary perguntou, sendo sincera.

- Vou bem.

Mary Jane e Susanna cumprimentaram-se igualmente, e a primeira puxou uma cadeira para se sentar com as primas Hayes.

- Me desculpe a indelicadeza de ir logo perguntando algo assim, mas desde que a Suze aqui se recusou a dizer qualquer coisa sobre você e Henry, eu me sinto na obrigação de perguntar...

- Se estamos casados? – Lucy completou por ela, adivinhando onde a amiga queria chegar. – Não, ainda não. Como pode ver, o anel que eu estou usando é na mão direita, não esquerda...

- Estão noivos, então! – Mary exclamou admirada, e deu suas congratulações. Depois, baixando notavelmente o tom de voz, segredou-lhe assim como Susanna fizera na igreja – Eu sempre achei que vocês dois combinavam, e nunca me opus a essa sua decisão de sair de Valliria... – ela propositalmente evitou a expressão “fugir”, achando que soaria muito pior. – Espero que você sejam felizes, de verdade. Mas eu sinto dizer, mesmo crendo que você já saiba, que nem sua mãe nem os La Fontaine estão muito satisfeitos...

- Estou ciente disto, Mary. Muito obrigada pelo apoio, você não faz ideia do quanto eu me sinto melhor vendo que há cada vez mais gente do meu lado nessa decisão...

- Conhecendo você, sabemos o quanto foi difícil, Lucy. – Susanna comentou, relembrando a manhã de meses atrás em que primeiro viu a carta que Lucy a deixara.

- Sim... A primeira coisa que me passou pela mente quando Suze veio me dizer o que acontecera com você, depois das minhas insistentes perguntas, foi: “mas que coisa atípica de Lucy!”.

- Acredito que todos tenham ficados surpresos. Não posso negar que eu mesma me flagrei imaginando se não teria ficado doida a meio caminho do Rio de Janeiro.

- Ah, me conte como é por lá! Henry está bem? As praias são tão lindas quanto nos cartões-postais? Andar de bonde é aquele frenesi como já me disseram? Já vi que seu vestido só pode ter sido comprado por lá, de tão lindo que é...

 Lucy riu de todo o entusiasmo mostrado por sua amiga, e calmamente respondeu a cada pergunta por ela feita. A elas se juntaram as perguntas de Susanna, que também estava tão curiosa quanto Mary para saber mais do que Lucy viera fazendo nos meses passados.

- Mas, se há de que eu sinto falta, são as flores. – Lucy finalizou, depois de ter descrito a vista de tirar o fôlego que era o litoral carioca ao por do sol, e de assegurar a Mary Jane que os cartões postais não passavam de uma impressão do que verdadeiramente era. – Lá elas são tão, tão... – ela fez uma pausa, buscando pela palavra correta – apagadas. É como se não tivessem o mesmo brilho que aqui, já que mal as vejo no meio de tanto movimento urbano...

- Ou então é a nossa preciosa Susanna aqui. – Mary Jane ponderou. – Quem sabe o brilho de que Lucy fala não vem dessas delicadas mãos...

Susanna riu e agradeceu o elogio, adquirindo uma leve coloração avermelhada.

De longe, ela viu quando William La Fontaine se aproximava das três, atraído possivelmente pela presença de Lucy.

- Olá, meninas. – ela falou para Mary e Suze, acenando. – E Lucy, que surpresa agradável!

Mais uma vez Lucy se levantou para cumprimentar o recém-chegado, e ele se sentou junto delas.

- Como vai Henry? – William perguntou diretamente, mexendo as mãos nervosamente. Estava claro que ele não estava confortável com aquela situação por algum motivo.

Lucy, embora estranhando o comportamento do seu futuro cunhado, preferiu não comentar nada, e respondeu simplesmente:

- Ele vai bem, William. Você já deve saber que ele preferiu não vir, não é?

- Sim, nós mantemos contato, é claro... – hesitando um pouco, William disse – Meu pai não está nada satisfeito com isso, muito menos minha mãe. Eles não gostaram de te ver aqui, Lucy, e até o presente momento não terem sido cumprimentados... – aí estava: a justificativa do nervosismo.

- Mas eu mal conheço a mãe de Henry... – Lucy falou em sua defesa. – Claro, eu já vi fotos antigas, mas...

- Eu estava só avisando. – William respondeu gentilmente. – Vá lá conversar, Lucy. Só para te avisar: eles esperam ao menos um pedido de desculpas. Eu não partilho dessa opinião, porque acho que o que vocês fizeram estava correto, dado que nenhuma das famílias queria o casamento, mas eles não.

Lucy assentiu para dizer que entendera, e agradeceu a ele.

- Eu acho melhor eu me levantar e ir procurá-los... – Lucy falou, transtornada, e se despediu temporariamente dos amigos.

Os três continuaram conversando, aliviando a tensão que restara com assuntos quaisquer que desviasse a atenção de William de seus pais.

Dali a um tempo, Susanna avistou Christopher, que chegava com duas taças de champanhe, se aproximando da mesa.

- Susanna, aceita? – ele perguntou, sorrindo. Quando ela pegou a taça, ele polidamente se desculpou aos outros pela intromissão, e pela falta de bebida também para eles.

- Não é problema algum, Christopher. – William o assegurou.

- Mas parece que está noite está cheia de recém-chegados! – exclamou Mary Jane. – Também não sabia que viria, embora George o quisesse muito...

- Não perderia essa data por nada. – ele falou. – Se me dão licença, senhor e senhorita, vou roubar Susanna por alguns minutinhos...

Christopher estendeu a mão para Susanna, que estava ao seu lado. Como o jovem ainda não havia se sentado, e não pretendia, o gesto foi claro: um convite para dançar. Susanna, embora muito surpresa, aceitou na hora, despedindo-se momentaneamente dos amigos.

- Quando eu acho que você está mais distante, você me vem e estende a mão... – ela lhe sussurrou, curiosa para saber o que responderia. Atrevera-se a lhe falar daquele jeito do mesmo modo que ele atrevera a lhe oferecer a mão.

- Não é porque nós nos entendemos mal no outro dia que eu vou negar-lhe a opção da dança...

- E o que o faz pensar – perguntou Susanna, ao se aproximarem ambos do salão ao som de uma música romântica. – que eu gostaria de dançar?

- Susanna, estava estampado no seu rosto naquela noite que eu primeiro lhe convidei a dançar uma valsa o prazer de fazê-lo. Como então eu posso achar que agora as coisas estão diferentes?

- O tempo passou. – ela retrucou. – As coisas mudam.

- Mas o amor, seja por uma valsa, seja pelo o que for, é um dos únicos ardis capazes de driblar as ações do tempo. – ele sentenciou, vendo-a sorrir num gesto de rendição àquele argumento tão bem posicionado.

Os dois iniciaram a dança, mantendo o silêncio porquanto a música continuasse. Estava só aproveitando o ritmo lento, juntos, e vez ou outra observando os antigos noivos não muito longe, também dançando. O salão não estava tão cheio, e isso os dava um bom espaço para dançarem.

- Christopher. – Susanna chamou.

- Sim?

- Eu odeio ser quem traz esse assunto à tona outra vez, mas eu preciso... – Susanna começou hesitante, depois continuou com mais firmeza – eu preciso perguntar.

- Pode falar. – ele a encorajou.

- Quando você volta para São Paulo? – não era esta a pergunta exata que Susanna gostaria de fazer, mas ela pretendia chegar aonde queria com o tempo.

- Volto daqui a dois dias. – ele respondeu. – Susanna, você sabe o quanto eu estou fazendo sucesso na capital paulista... E mamãe, você pôde ver a melhora nela, não pôde?

- Sim, sim... Christopher, eu nunca lhe neguei o prazer de ser reconhecido ou a necessidade de cuidar de sua mãe... Mas, mesmo eu sabendo que estou sendo egoísta, peço-lhe que se ponha no meu lugar, e veja a grande falta que você faz ao meu lado... – ela lhe disse.

- Essa foi a razão de minha proposta! Eu entendo você, Susanna...

- Então entenda também que acatar a sua sugestão não me é plausível. - ela o interrompeu, com a voz um tanto dura.

- É uma sugestão viável. – ele contra-argumentou. – Imagine-nos, os dois, em São Paulo. A perfeição de estarmos juntos, de minha vocação finalmente realizada... – Christopher sonhava, gostando do futuro que projetara para si mesmo.

- Agora nos imagine aqui. Valliria. Seria perfeito do mesmo jeito. Seus quadros podem ser enviados para São Paulo, eles não precisam ser confeccionados lá! Você até mesmo me falou, e eu me lembro bem, que essa cidadezinha lhe fazia ficar com mais vontade de pintar.

- Isto é verdade. Mas Vagner está constantemente exigindo minha presença lá. Disse que me patrocina financeiramente, mas o acordo só se estende a tanto. Já tentei lhe pedir mais que isso, mas foi em vão.

- Então faremos o que?

Christopher se manteve em silêncio. Ele não via o rosto de Susanna, pois olhava por cima do ombro dela, e ela, do dele. No entanto, ambos exibiam um semblante desanimado e derrotado. Sabiam que argumentar com o outro seria em vão.

- Eu não sei. – ele respondeu por fim.

- Quanto menos eu. – Susanna disse. – Sabe, eu acho que esse ano de distância não nos fez bem... – Susanna tirou a cabeça do ombro de Christopher, passando a encará-lo. A música já havia trocado, mas o ritmo lento se mantivera.

- Eu também acho que não.

- O amor e o tempo é uma batalha em que o vencedor é indubitável; mas você pode ter tanta certeza que o mesmo se aplicará a distância?

- Susanna, querida, o tempo e a distância andam de mãos dadas, em um caso como o nosso. A chave da questão é acompanhá-los.

- Eu só queria uma confirmação, eu só queria um... – sem perceber, Susanna desviou o olhar para George e Vivian, deixando a frase no ar. Era exatamente aquilo que ela queria dizer, mas não tinha coragem: um compromisso com a certeza tão duradoura quanto um matrimônio. O que não sabia era que Christopher iria decifrar-lhe o olhar.

- George e Vivian estão casados. – ele afirmou o óbvio, seguindo o olhar dela. – É isso o que me pede?

Susanna se manteve calada. Não podia dizer algo como aquilo em voz alta.

- Susanna, já não basta... – ele suspirou, e interrompeu a si mesmo. – Compreendo. Mas saiba que São Paulo ainda está de pé. Eu vou para lá, pois é lá que pertenço.

- Sem mim? – ela perguntou, repentinamente desencostando o corpo do dele.

- Me desculpe, querida.

Christopher galantemente carregou-a até a borda do salão de dançar, e se despediu aos últimos compassos da música, com um beijo na bochecha, que pareceu tão vazio quanto o coração de Susanna naquela noite.

Na cabeça de Christopher, claras memórias de alguns dias atrás repassavam, angustiando-o. Reviveu toda uma conversa, cada frase gravada em sua memória. Assustou-se por ter lembrado daquilo naquele momento, mas logo conseguiu afogar as palavras que não paravam de repetir em sua mente sem esforço. Não notara o quanto aquele diálogo fora decisivo no que havia acabado de fazer.

- É uma honra tê-lo por aqui, Chris. Com tantos afazeres que vejo em suas mãos, com tantos compromissos, surpreendo-me por ter doado parte de seu tempo aqui, comigo.

- Conosco, creio que seja o que quis dizer. – ele a corrigiu.

- Bem, por agora, sou só eu. – Veronica Melbourne respondeu. – Relaxe, querido, posso ter um histórico com você que, digamos, não foi dos melhores, mas lhe asseguro que não mordo. – ela lhe olhou com malícia. – Criei bom senso durante esse tempinho, embora Vivian cisme que não. Ah, os ares frios de São Paulo me fazem tão bem...

Veronica recostou-se no sofazinho acolchoado da sala de estar provisória dos Melbourne. Haviam alugado um apartamento nada modesto no centro de São Paulo, e pai e filha dividiriam os cômodos porquanto a visita à cidade durasse. Veronica esticou o braço para alcançar uma taça de vinho que repousava sobre a mesa de centro, móvel o qual a mantinha ao menos alguns centímetros distante de Christopher.

- Não é muito jovem para consumir álcool? – ele perguntou, preocupado se aquela seria a primeira taça ou a quarta.

- Tenho dezenove anos, querido. – ela respondeu.

Christopher viera ali com o intuito de ver Vagner, não sua filha. Depois de ter ouvido a opinião de Vivian a respeito de Veronica, Christopher tivera o cuidado de manter distância da jovem o tanto quanto possível. Porém, suspeitava que a opinião de Vivian a respeito da irmã não fosse imparcial, e por isso permitira-lhe alguns minutos de conversa, quando às vezes esbarrava com ela na própria casa ou em exposições. Veronica, no geral, era sarcástica e tinha um humor característico.

- Como vão as coisas com Susanna? – pelo sorriso que Veronica lhe lançava, Christopher não soube dizer se escolhera aquele assunto propositalmente ou se meramente estava quebrando o silêncio constrangedor.

- Ótimas. – ele respondeu desconfortável.

- Me desculpe, mas essa resposta não me convenceu. – ela retrucou. – Vai ter que se esforçar mais da próxima vez... Qual o problema? – Veronica perguntou com a maior naturalidade.

Christopher, surpreso com a perspicácia de sua interlocutora, respondeu, num surto de confiança espontâneo. Ele não sabia o que em Veronica o fizera confiar nela.

- Estamos distantes... É difícil manter a mesma relação sendo que eu estou aqui – nessa agitação de São Paulo – e ela lá, na morbidez de Valliria.

- Mas ela não parece achar Valliria tão mórbida assim. – Veronica retrucou. – Em minha opinião, pelo que ouvi minha irmã dizendo, Susanna não vai conseguir deixar Valliria tão cedo...

- E porque isso? – Christopher perguntou.

- Não saberia dizer; são palavras da minha irmã. – Veronica respondeu, tomando outro gole de seu vinho. – Já que ela se diz tão esperta...

Christopher parou para refletir no que acabara de ouvir. Viu-se dizendo para Veronica, antes que pudesse pensar direito no que estava fazendo:

- Estava justamente pensando em convidá-la para vir para cá comigo.

- Oh, pensa em fugir com ela?

- Não, fugir não! Vou convidá-lo a vir para cá, conversar com Isobel Hayes... A tia não vai mostrar nenhum obstáculo em deixar Susanna partir. Mas estava mesmo pensando em casamento...

- Casamento! Mas tão cedo? – Veronica perguntou, tornando a adotar aquele sorriso de antes.

- Eu amo Susanna. – ele afirmou, certo de si.

- Disso eu não tenho dúvidas; vejo em você. Mas agora, a questão é: porque a pressa? Se eu fosse você, levaria tudo na calmaria, cada passo de uma vez... Não estava agora mesmo afirmando que está um pouco distante dela?

- Sim, de fato. – ele disse.

- Pois então. Se eu fosse você, iria me certificar de tudo antes de dar um passo tão grande quanto o matrimônio. Não é que eu não respeite esse tipo de compromisso, até sonho isso para mim mesma. Mas o passo é grande demais, e se as pernas não puderem dá-lo, tudo irá ruir. É algo para a vida toda.

- Tem razão, Veronica. – Christopher assentiu em concordância. Começou a imaginar até onde aquele inusitado conselho iria, mas não imaginava o quanto seria eficaz.

- Veja Susanna primeiro, essa é a minha opinião. Tudo em pessoa é diferente de algo por cartas ou telefone. É mais vivo. É mais... poderoso. – ela completou.

- Poderoso... – ele refletiu, perdido nas palavras dela. – Ela me quer por perto, disso eu sei. Mas vou repensar a questão do casamento.

Tomando mais um gole de vinho, Veronica encerrou:

- Seja um homem livre enquanto pode, Christopher. Afinal, amor também inclui respeitar opiniões e desejos, e se o seu desejo for ficar em São Paulo e fazer sucesso, que mal há nisso? Ambição não é um crime.

Lucy Hayes se aproximou da residência que fora sua própria casa por anos a fio. As rosas de Susanna ainda preenchiam os canteiros da frente da casa, resplandecentes como sempre.

Lucy hesitava no portãozinho da frente, agora tingido de branco. Será que ele sempre fora assim? Não, não. Era preto quando ele partira. Lucy se sentiu cada vez mais angustiada por ter partido: nem sequer se lembrava da cor de seu próprio portão.

Engolindo em seco, se adiantou alguns passos. Para sua alegria, ou talvez ainda mais infelicidade, ela viu o inconfundível perfil de sua mãe abrir a porta da frente, trajando um longo vestido creme. Estacou no mesmo lugar, esperando pela reação de Isobel.

- Lucy. – ela disse. Seus olhos se arregalaram por uma fração de segundo, apenas para depois retornar a mesma frieza e distância de sempre.

- Mãe, me perdoe. Me perdoe, me perdoe... – Lucy enterrou o rosto nas mãos, mas continuou parada onde estava.

- Mas é claro que sim.

Lucy levantou o olhos, surpresa e admirada.

- O que disse?

- Pensou mesmo que eu fosse continuar a esnobar e ignorar minha única filha? Susanna é demasiado enfadonha... - se adiantando num passo desajeitado, Isobel segurou as mãos da filha, e colocou entre elas um envelope branco. O endereço do destinatário foi logo reconhecido por Lucy: era sua casa com Henry no Rio de Janeiro. – Eu ia para os Correios. – sua mãe se justificou.

De longe, viu-se que mãe e filha se abraçavam, uma com lágrimas de alívio nos olhos, e outra conturbada por dentro, mas com a determinação de deixar as coisas nos eixos.


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Notas finais do capítulo

Sim, o Chris foi um babaca, eu sei, sim, a Veronica continua a mesma víbora, eu sei, e sim, a Isobel é uma esnobe e fria e... Oh wait, não mais! kkkkk deixem reviews!