Escolhas escrita por Rosa Scarcela


Capítulo 22
Outtake 7


Notas iniciais do capítulo

Voltei rápido, hein?



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01 ano após o rompimento

Eric estava dormindo no berço ao lado de minha cama após “jantar” enquanto eu fazia as contas dos gastos que eu já tinha tido com fraldas e leite naquele mês. Eu fazia trocas a cada três ou quatro horas porque a pele do bumbum do meu filho era sensível aos resíduos (côco e xixi) e rapidamente ficava vermelha e cheia de bolhas. Leite em pó especial para recém nascidos se fez necessário quando meu organismo de mãe decidiu simplesmente não produzir o melhor alimento para o meu bebê prematuro.

Conforme o mês ia chegando ao fim, eu tentava controlar ao máximo o uso das fraldas. Muitas vezes, o deixava embrulhado em lençois de fácil lavagem e fraldas de tecido que descobri que minha mãe guardou desde que eu nasci.

Phill e Reneé nos abrigaram e me alimentavam, mas era isso. Nada que pudesse ajudar na criação do meu anjinho. Ao contrário de Charlie, que todo mês me mandava um pouco de dinheiro que, enquanto eu não conseguia um novo emprego e um lugar para deixar Eric, era o que nos salvava. Eu consegui ajustar algumas roupas de grávida que ganhei e como havia retornado ao meu peso de antes da gravidez, pude reciclar, por assim dizer, as roupas daquela época.

De repente, Eric começou a berrar no meio de seu sono e levantei rapidamente para ver o que havia de errado. Meu coração parou e voltou a bater em um segundo. Eric estava bem vermelho, tinha vômito em boa parte do rosto, pescoço e ainda na boca e tinha dificuldade para respirar.

Em uma reação instantânea, o peguei nos braços, de bruços, e comecei a limpar dentro de sua boca. Eu não tinha ideia se deveria bater em suas costas, virar de cabeça para baixo ou correr para o hospital. Ir para o hospital parecia sensato, mas nem por isso acessível.

Tive tempo apenas para pegar minha bolsa e jogar uma fralda dentro. Peguei um cobertor e joguei sobre meu ombro direito. Corri para a rua rezando para Deus não deixar nada de ruim acontecer com meu bebê.

Nem sei quem foi a minha salvadora. Sei apenas que uma senhora que vivia na casa ao lado estava chegando com algumas sacolas de supermercado e foi para ela que pedi – ou melhor, implorei, por ajuda.

– Meu nome é Isabela. Eu moro aqui ao lado – apontei para a casa de Renee e Phill. – meu bebê está passando mal. Será que a senhora pode nos levar até a emergência? Por favor?

Eu ajoelharia se ela me pedisse para fazer isso.

– Claro. Venha.

A boa senhora levou as sacolas de volta ao carro, abriu a porta do carona e eu entrei. Rapidamente ela colocou o veículo em movimento e, em menos de dez minutos, estacionou em frente ao mesmo Hospital que fui trazida quando dei à luz Eric.

Meu filho estava começando a inchar. Seus olhinhos mal abriam e ele não parava de chorar.

A minha vizinha me ajudou a descer e pediu por socorro ainda no estacionamento.

Rapidamente duas mulheres vestidas de verde se aproximaram e comecei a chorar por alívio. Me conduziram para dentro do hospital enquanto eu tentava me acalmar e explicar tudo o que estava acontecendo.

Por quase duas horas eu fiquei sentada no corredor da pediatria esperando por informações. A senhora não me deixou sozinha um minuto sequer, mas eu não tinha cabeça para interagir.

Não parei de rezar nem um minuto desde que meu pequeno de apenas quatro meses começou a passar mal. Só percebi que um médico se aproximou porque a minha vizinha levantou para cumprimentá-lo.

– Senhorita Swan?

Pulei de susto e me pus em pé na sequência.

– Sim. O Eric está bem, doutor? – perguntei ansiosa.

– Agora sim-

– Posso vê-lo? – interrompi.

– Pode sim, mas eu gostaria de explicar o que houve – apenas assenti. – Meu nome é Thomas Laurence, sou o pediatra que está cuidando do seu filho. Bem, o Eric deu entrada na emergência com sintomas de uma forte reação alérgica ao leite com o qual está sendo alimentado. É mais comum do que você pensa, mas como ele tem apenas quatro meses, pode ser fatal. Receio que se ele não tivesse sido trazido tão rapidamente ao Pronto Socorro, dificilmente tivesse sobrevivido mais meia hora. Ele estava com grande dificuldade para respirar e tivemos de entubá-lo...

A partir disso eu não ouvi mais nada. Meu filho, tão pequeno, não conseguia respirar sozinho. Mais uma vez me perguntei se era algum tipo de castigo que eu merecia. Mas se fosse esse caso, deveria ser direcionado à mim, não ao meu pequeno.

– Senhorita Swan? - o médico chamou minha atenção.

Fui tirada de meus devaneios. – Desculpe. O que o senhor disse?

– Perguntei se você gostaria de ver seu filho agora?

– Claro! – olhei para a senhora ao meu lado.

– Vai lá, querida. Agora que tudo está melhor, eu vou para casa também.

A surpreendi com um forte abraço. – Obrigada por tudo.

...

Na UTI pediátrica, o médico me entregou um receituário com o nome do novo composto lácteo que o Eric deveria ser alimentado tão logo saísse do Hospital. – Não é barato – avisou-, mas não vai causar nenhuma reação adversa. Pode ficar tranquila.

Eu sabia que não poderia comprar o tal leite e pelos três dias que estive naquela UTI, sentada ao lado do meu filho, eu perguntei tudo o que podia às enfermeiras para descobrir o que fazer.

O que posso dizer é que pesar de ser pobre em gordura e de dificultar o ganho de peso do meu filho, por mais dois meses e meio (até que eu passasse a alimentá-lo com papinhas), o leite de soja foi o que nos salvou.


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Notas finais do capítulo

Já estou escrevendo o próximo...