O silencio era agonizante, o quarto ficava cada vez mais escuro e frio, meu corpo congelava mais a cada segundo. Em pouco tempo eu já tinha desacostumado com o frio de minha alma e eu sentia muita falta do calor humano vendo do corpo de Bill.
Da janela eu olhava esperançosa, mas meus olhos não o encontrava. Os segundos não passavam e o frio aumentava tão rápido como a velocidade que a escuridão tomava o quarto de hotel.

Meus olhos, desesperançosos, guiaram-se até a porta, a maçaneta que não girava... Aquilo estava me entristecendo, ele voltaria, mas algo em mim negava isso.

No relógio digital em cima do criado mudo piscava num vermelho chamativo 21h00min, foi quando avistei Bill entrando no hotel pela Janela, havia loucas gritando o nome dele enquanto o mesmo era protegido por muitos seguranças, eu tinha minhas duvidas, mas agora não havia mais nenhuma, Bill fazia parte da tal banda tão comentada no hotel, agora isso era obvio o estilo tão diferente e a obsessão por compor, já havia reparado nisto desde que se apodera do quarto.

A minha vontade era de pular contra seu corpo quente e implorar pelo perdão, não havia motivo para discussão, Bill só havia me feito sentir o que já não sentia a tempos.
A maçaneta girou lentamente, como se ele não quisesse fazer nenhum ruído. Sorri levemente enquanto ele entrava no quarto. Bill tinha a expressão de culpado no rosto, culpa de não sei o que...

- Louis? – ele sussurrou logo alterando sua voz – Louise!

Eu continuava a observá-lo, para ser sincera estava ao seu lado, mas Bill não meu via, eu queria saber o que ele faria se eu não estivesse mais lá. Ele se aproximou da janela escorando abertamente uma de suas mãos e logo em seguida abaixando sua cabeça. Aquilo já era demais para mim, já não podia suportar. Enquanto me aproximava retomei lentamente minha visibilidade, o abracei lentamente por trás reparando no sorriso que se formava em seus lábios carnudos. Deslizaram em minha face lágrimas que eu não tinha certeza do sentimento que as liberava, minhas lágrimas continuavam secas, daquelas que rasgava minha pele, mas me sentia mais aliviada liberando minha dor sentindo ela própria.
Bill virou-se de frente para mim com a mesma expressão confusa e eu sabia que viria uma pergunta agora.

- Louise, por que está chorando? – ele perguntou – Pensei que não houvesse lágrimas!
- Eu também! – concordei

Bill passou sua mão em minha face me fazendo ter as mesmas sensações de antes, mas desta vez nenhum de nós recuamos, pelo contrário, nos aproximávamos cada vez mais. Meus olhos se abriram lentamente vendo os de Bill fechados, os lábios de Bill estavam avermelhados e entre abertos e, por eles, pude ouvir a única coisa que importaria naquele momento.

- Beija-me!

Meus lábios, que eu pensei que fossem irreais, se tornaram tão reais quanto os de Bill que se encontrava em perfeita sintonia com os meus. Suas mãos puxaram meu corpo contra o dele e agora me sentia humana por completo, mas não pelas sensações e sim pelo único motivo que eu tinha para me sentir bem de novo: Bill.