Já se fazia três meses depois do ocorrido e eu ainda não entendia o porquê de minha situação. Eu já tinha sido esquecida pelo público e me lembro que naquele hotel só se falava do mesmo assunto há duas semanas.

Estava sentada perto da janela do quarto quando avistei uma grande multidão de fãs estéricas no portão do hotel rodeando uma limusine cinza luxuosa.

Não me importei com aquilo, na verdade, não me importava com mais nada. Voltei meu olhar para céu e senti uma lágrima seca escorrer machucando meu rosto pálido ao me lembrar de minha mãe.

Minha pele pareceu derreter devido ao sol, este já não era tão bom para mim, procurei a sombra naquele quarto, me agachei num canto e deixei a tristeza se apoderar de mim outra vez.

Depois de algumas horas escutei a maçaneta da porta ser girada, me camuflei na parede para que ninguém me visse e se assustasse. Devo admitir que eu reagi estranhamente quando vi o garoto de visual ‘diferente’ entrar pela porta, senti como se nós tivéssemos uma ligação, seu olhar que transbordava mistério me pareceu um código a ser decifrado, mas o que mais me encantavam naquele rapaz era seu rosto que continha traços simples que o deixava perfeito.

O garoto foi até a janela e a fechou com a cortina, o que foi um alivio pra mim, já que aquele sol estava tomando posse de todo o quarto. Ele deitou na enorme cama e olhou para cima como se não tivesse muito que fazer. Sentei ao seu lado e continuei a admirar sua tamanha beleza, já havia visto muitos homens no mundo, mas nunca alguém com traços tão perfeitos como os dele. A cada piscada tentei decifrar o código difícil que seu olhar transmitia.

Ficamos assim por horas, ele olhava para o teto e eu para ele. Era algo muito diferente de tudo que eu já havia visto, precisava saber quem era ele, falar com ele, eu sentia que eu devia fazer isso.

Batidas na porta fizeram o rapaz despertar de seu possível devaneio, ele se dirigiu até a porta e eu acompanhei seus passos com olhar até parar.

Na porta apareceu um outro rapaz de cabelos loiros que tinha um olhar que transmitia tédio.

- Bill. (o rapaz disse ao vê-lo)

- O que quer Gustav? (ele respondeu)

- Vim só saber se precisava de algo. (Gustav tinha uma voz sonolenta)

- Não, obrigado.

-Tchau. (o rapaz acenou se retirando)

Ele fechou a porta e voltou a deitar na cama.

A cada palavra que Bill dizia, senti um arrepio dominar meu interior. Sua voz era tão perfeita quanto seu físico, sim, com certeza Bill era perfeito, pelo menos pra mim.

Acariciei o rosto de Bill e consegui sentir o macio de sua pele delicada, com alguns segundos o rapaz havia adormecido e fiquei preocupada se Bill tinha sentido minhas caricias.