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Altos E Baixos escrita por Le
Capítulo 14
Maturidade
Notas iniciais do capítulo
Hey! Mais um caopítulo pra vocês meus amores!
Espero que gostem dele e comentem muuuuuuuuuuuuito!
Um beijo pra nova leitora : Alison-Sama!
Boa leitura!
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Capítulo 14
Continuei sentada do lado do meu tutor e deixei de prestar atenção na garota loira que tentava -sem sucesso- achar os copos de cristais.
-Quem é ela? -Perguntei num sussurro para que somente o meu tutor pudesse ouvir.
-Minha assistente. Convidei ela pra vir aqui hoje, e ela se ofereceu pra fazer o jantar. -Disse fazendo pouco caso daquilo.
-Como assim "sua assistente"? -Perguntei.
-Ela acabou de sair da faculdade, então a contratei para ganhar experiência. -Falou.
-É, eu sei. Mas acho que já tínhamos combinado que seria eu a sua assistente depois que eu me formasse! -Falei um pouco mais alto.
-Yuuki! Ainda faltam alguns anos até que você se forme na faculdade. Eu não posso ficar sem assistente até lá. -Disse me olhando nos olhos. -Desculpa.
Levantei da cadeira e fui em direção da sala de estar. Eu não quero ficar no mesmo lugar que uma ladra! Sim, ela roubou o meu emprego!
-Não vai almoçar? -Perguntou com uma vizinha chata.
-Perdi a fome! -Gritei curta e grossa.
Passei pelo Hall e entrei na sala de estar. Me joguei no monte almofadas que tinha ali e olhei o teto cor de creme que cintilava a noite de ontem.
As minhas férias estão chegando ao final e não tenho nada de "especial" pra contar. A não ser o meu primeiro beijo, o segundo e o terceiro e o fato de que uma certa "mulher" me roubou o emprego dos sonhos. Ela poderia muito bem obter experiência em outras empresas, mas justo na "Nami"?
Senti a presença de alguém do meu lado. Com toda a certeza era Zero. Abri os olhos e encontrei os dele. Ele se abaixou e sentou do meu lado, passou as mãos pelo meu cabelo e pelo meu rosto. Eu não sei o que "nós" somos. Ficante? Amante, namorada, noiva ou prometida? Ou simplesmente nada? Olhei mais fundo nos olhos dele e percebi que um "nada" não existia. Então eu significo algo pra ele, certo? Então o quê?
Ele se abaixou e selou os nossos lábios. Seria chato não o telo aqui. Com toda a certeza eu já estaria morta se ele não existisse.
-Por que vocês não vinheram ontem?
-Fomos a uma ceia com um novo sócio. -Disse.
-Você jura? -Perguntei.
-Juro. -Disse apenas.
Deitei a cabeça no peitoral dele e continuei a olhar o teto creme. Senti meu coração apertar e a minha consciência ficar limpa. Talvez seja só isso. Talvez eles não vinheram ontem porquê foram a uma certa ceia e eu inventando coisas sem sentido algum.
oxoxoxoxoxoxoxoxoxoxoxooxoxoxoxoxoxoxoxoxoxoxoxoxoxox
Novamente eu estou aqui, deitada na minha cama pensando em várias coisas sem sentido algum. A única coisa que eu queria era ser perturbada no meu momento de "meditação". Mas como nem tudo sai como nós queremos, alguém resolveu vir me atazanar.
Parei de olhar o teto e olhei a pessoa que estava na porta. EU NÃO ACREDITO! AHHHHHHHHHHHHHHH!
-O que você quer? Não sabe bater ou não tem capacidade pra isso? -Perguntei.
-Yagari me mandou aqui pra te levar lá pra baixo. -Falou a "assismerda" da Sayori.
-Eu não sou criança e não preciso de você. -Ela se assustou e saiu.
Eu levantei e fui fechar a porta, mas eu não iria perder a oportunidade de aprontar uma com a cara dela.
-Ei! Assistente! -Chamei e ela veio prontamente.
-O quê?
-Você pode dizer pro meu tutor que eu não estou com fome?
-Cla--Antes que ela pudesse pensar em terminar a frase eu fechei a porta com toda a força possível e deixei ela falando sozinha.
Eu ainda estou com um mal pressentimento. A "assismerda" não sai daqui de casa a dois dias! E parece até a dona da casa! Anda por todos os lugares e até dentro do quarto do Ichiru eu já vi!
Se passaram dois dias desde que "Yori" virou a ladra de empregos. Eu só tinha mais três dias e meio de férias e depois teria de voltar para aquele "buraco dos infernos" que todo mundo odeia. Eu não queria acordar cedo, ir pra escola onde os professores falam coisas que sem em mil anos eu saberia e ouvir pessoas que eu nem conheço me dizer o que fazer.
Yagari foi chamado para comparecer á escola comigo na segunda-feira -quando eu vou voltar ás aulas- para fazer um levantamento sobre os meus "futuros vocacionais". Posso dizer que ele não gostou muito da ideia de ser chamado na escola pela primeira vez na vida.
Meu tutor não gostava nem um pouco de ser chamado na direção de escolas pra resolver coisas sobre os filhos -ou eu, nesse caso- e levar sermão de pessoas que ele nem conhece sobre "como educar o seu filho em casa".
Sabe o porquê de eu nunca ter tido uma suspensão, advertência, nunca ter sido chamada atenção e ter notas razoáveis? Porque eu sei que se Yagari fosse chamado na minha escola, ele iria matar todas as criancinhas que tem lá e iria estrangular o meu diretor.
Meus pensamentos foram interrompidos por Kaito que, ao entrar no meu quarto, se jogou dentro do meu closet e fechou a porta. Minutos depois ele saiu de lá com a minha espada de samurai nas mãos e um ponto de interrogação na cabeça.
-Você tem uma espada de samurai? -Ele olhou pra mim e depois para a espada.
-Tenho. -Disse pegando a espada das mãos dele.
-Sei que vou acabar me arrependendo de perguntar, mais...pra que você usa? -Ele disse enquanto dava alguns passos para trás.
Senti que alguém se aproximava do meu quarto. Eu pude sentir o cheiro daquele perfume barato que somente ela usava. A assismerda estava por perto.
-Uso pra matar algumas assismerdas que entram na minha vida. -Eu disse depois de olhar para a porta aberta e constatar que ela estava ali de verdade.
-Que gritaria é essa? -Perguntou fazendo uma cara de "Tiffany: a noiva do Chuck".
-Ele quer me comer! -Disse apontando pra Kaito que deixou o queixo cair e chegar ao pescoço.
-O que você tá falando garota! -Disse correndo atrás de mim pelo quarto inteiro.
A "assismerda" saiu da porta do meu quarto e depois a fechou. Ótimo! Agora eu tinha que escapar pela janela! O que deu na minha cabeça pra dizer : "Ele quer me comer"?
Enquanto corria de Kaito e seu extinto assassino, acabei tropeçando na espada de samurai jogada no chão e cai sendo seguida do corpo pesado do meu perseguidor. Ele caiu por cima de mim como se eu fosse a carne e ele o pão, e isso me fez corar o máximo que eu podia, já ele parecia em seu estado normal.
Tentei sair debaixo dele mas ele era mais pesado do que eu podia imaginar. DROGA! QUE MALDITA HORA PRA SE CAIR!
-S-Saia de cima de mim...-Falei um pouco rouca pelo peso me se acumulava no meu tronco.
-Não vou sair. Por que você disse aquilo? -Ele perguntou fazendo nenhuma menção de sair de cima de mim naquele momento.
-Por que você escondeu do meu closet? -Respondi com outra pergunta.
O que eu queria era que ele se irritasse e saísse do meu quarto sem rodeios. Mas ele foi pondo todo o peso do corpo dele em cima de mim, e isso me fez ficar mais vermelha do que o camarão na água fervente. Ele foi se aproximando, e eu fiquei sem reação -já que não tinha pra onde correr e nem onde ir, eu estava jogada no chão- e ele só fazia se aproximar mais e mais.
Ao longo disso tudo eu não deixei de notar a porta se abrindo e de lá surgindo Zero e uma garota dos olhos pretos e aparentemente muito bonita. Ela olhou pra nós e algo me dizia que a cena não foi interpretada como devia, e entrou como um furacão que inunda uma cidade inteira. Pegou Kaito pelo cabelo e foi o arrastando pela porta do meu quarto afora. Algo me dizia que depois dele seria eu, então corri o mais rápido que pude para sair dali e ir me abrigar perto do meu tutor. Mas Zero segurou o meu braço e encostou os lábios no meu ouvido, ele falou grosso e ao mesmo tempo o mais suavemente possível.
-O que foi isso?
-Eu caí, e ele caiu em cima de mim. -Falei com medo da reação que ele teria.
Para o meu alívio ele afrouxou mais a mão que estava segurando o meu braço. Levantou a cabeça e saiu me deixando com a pior cara possível. Ele andou um pouco e depois foi descendo as escadas -coisa que eu deveria estar fazendo também- andei seguindo os seus passos e desci as escadas.
Agora imagine a cena: Kaito levando sermão da mulher enquanto tentava explicar o que tinha acontecido. Olhei pro outro lado e vi Yagari sentado lendo alguns papéis e a "assismerda" com um sorriso ridículo, e enquanto ela segurava papéis ele lia e depois assinava. AQUILO ME DAVA RAIVA!
Olhei novamente pra Kaito e ele olhava para mim com uma cara que dizia "Help me" e eu ri sem ter motivo. Zero parou no meio da escada e olhou pra mim com uma cara que não foi digna de ninguém.
Terminei de descer as escadas e cheguei perto do casal que discutiam esteticamente, eles quase me engoliram com os olhos fumegantes de raiva.
-O que foi? -Perguntou a mulher encarando o homem a sua frente.
-Eu cai sem querer e ele caiu em cima de mim. Mas antes ele entrou no meu quarto e se escondeu no meu closet, algo me diz que ele estava se escond--Não tive nem tempo de terminar o que iria dizer.
-Estava se escondendo de mim, não é? -Perguntou ela sabendo da resposta.
Kaito acenou um "sim" com a cabeça e a mulher perguntou o por que daquilo.
-Você me ama, quer se casar, quer ter filhos e uma vida. -Falou um pouco angustiado.
-E daí? -Ela disse com os olhos cheios de lágrimas.
-Eu não quero me casar, não quero ter filhos e não gosto de pensar em ter uma vida a dois com você! -Disse apenas.
Aquele não parecia o Kaito brincalhão e doido que, á alguns anos atrás, ameaçou pular do telhado se essa mesma mulher não voltasse pra ele.
-Por que? -Voltou a perguntar a mulher que não parecia satisfeita em ter ouvido aquilo tudo.
-Porque eu tenho somente vinte e sete anos! E não estou pronto pra isso... -A partir daí, a voz dele embargou e a mulher saiu porta afora deixando lágrimas caírem.
Então é isso que os adultos tem de enfrentar? Dor e sofrimentos? Uma mistura de angustia e liberdade? Se fosse desse jeito, eu desejo nunca chegar a essa idade tão dolorosa que é a maturidade.
Continuei sentada do lado do meu tutor e deixei de prestar atenção na garota loira que tentava -sem sucesso- achar os copos de cristais.
-Quem é ela? -Perguntei num sussurro para que somente o meu tutor pudesse ouvir.
-Minha assistente. Convidei ela pra vir aqui hoje, e ela se ofereceu pra fazer o jantar. -Disse fazendo pouco caso daquilo.
-Como assim "sua assistente"? -Perguntei.
-Ela acabou de sair da faculdade, então a contratei para ganhar experiência. -Falou.
-É, eu sei. Mas acho que já tínhamos combinado que seria eu a sua assistente depois que eu me formasse! -Falei um pouco mais alto.
-Yuuki! Ainda faltam alguns anos até que você se forme na faculdade. Eu não posso ficar sem assistente até lá. -Disse me olhando nos olhos. -Desculpa.
Levantei da cadeira e fui em direção da sala de estar. Eu não quero ficar no mesmo lugar que uma ladra! Sim, ela roubou o meu emprego!
-Não vai almoçar? -Perguntou com uma vizinha chata.
-Perdi a fome! -Gritei curta e grossa.
Passei pelo Hall e entrei na sala de estar. Me joguei no monte almofadas que tinha ali e olhei o teto cor de creme que cintilava a noite de ontem.
As minhas férias estão chegando ao final e não tenho nada de "especial" pra contar. A não ser o meu primeiro beijo, o segundo e o terceiro e o fato de que uma certa "mulher" me roubou o emprego dos sonhos. Ela poderia muito bem obter experiência em outras empresas, mas justo na "Nami"?
Senti a presença de alguém do meu lado. Com toda a certeza era Zero. Abri os olhos e encontrei os dele. Ele se abaixou e sentou do meu lado, passou as mãos pelo meu cabelo e pelo meu rosto. Eu não sei o que "nós" somos. Ficante? Amante, namorada, noiva ou prometida? Ou simplesmente nada? Olhei mais fundo nos olhos dele e percebi que um "nada" não existia. Então eu significo algo pra ele, certo? Então o quê?
Ele se abaixou e selou os nossos lábios. Seria chato não o telo aqui. Com toda a certeza eu já estaria morta se ele não existisse.
-Por que vocês não vinheram ontem?
-Fomos a uma ceia com um novo sócio. -Disse.
-Você jura? -Perguntei.
-Juro. -Disse apenas.
Deitei a cabeça no peitoral dele e continuei a olhar o teto creme. Senti meu coração apertar e a minha consciência ficar limpa. Talvez seja só isso. Talvez eles não vinheram ontem porquê foram a uma certa ceia e eu inventando coisas sem sentido algum.
oxoxoxoxoxoxoxoxoxoxoxooxoxoxoxoxoxoxoxoxoxoxoxoxoxox
Novamente eu estou aqui, deitada na minha cama pensando em várias coisas sem sentido algum. A única coisa que eu queria era ser perturbada no meu momento de "meditação". Mas como nem tudo sai como nós queremos, alguém resolveu vir me atazanar.
Parei de olhar o teto e olhei a pessoa que estava na porta. EU NÃO ACREDITO! AHHHHHHHHHHHHHHH!
-O que você quer? Não sabe bater ou não tem capacidade pra isso? -Perguntei.
-Yagari me mandou aqui pra te levar lá pra baixo. -Falou a "assismerda" da Sayori.
-Eu não sou criança e não preciso de você. -Ela se assustou e saiu.
Eu levantei e fui fechar a porta, mas eu não iria perder a oportunidade de aprontar uma com a cara dela.
-Ei! Assistente! -Chamei e ela veio prontamente.
-O quê?
-Você pode dizer pro meu tutor que eu não estou com fome?
-Cla--Antes que ela pudesse pensar em terminar a frase eu fechei a porta com toda a força possível e deixei ela falando sozinha.
Eu ainda estou com um mal pressentimento. A "assismerda" não sai daqui de casa a dois dias! E parece até a dona da casa! Anda por todos os lugares e até dentro do quarto do Ichiru eu já vi!
Se passaram dois dias desde que "Yori" virou a ladra de empregos. Eu só tinha mais três dias e meio de férias e depois teria de voltar para aquele "buraco dos infernos" que todo mundo odeia. Eu não queria acordar cedo, ir pra escola onde os professores falam coisas que sem em mil anos eu saberia e ouvir pessoas que eu nem conheço me dizer o que fazer.
Yagari foi chamado para comparecer á escola comigo na segunda-feira -quando eu vou voltar ás aulas- para fazer um levantamento sobre os meus "futuros vocacionais". Posso dizer que ele não gostou muito da ideia de ser chamado na escola pela primeira vez na vida.
Meu tutor não gostava nem um pouco de ser chamado na direção de escolas pra resolver coisas sobre os filhos -ou eu, nesse caso- e levar sermão de pessoas que ele nem conhece sobre "como educar o seu filho em casa".
Sabe o porquê de eu nunca ter tido uma suspensão, advertência, nunca ter sido chamada atenção e ter notas razoáveis? Porque eu sei que se Yagari fosse chamado na minha escola, ele iria matar todas as criancinhas que tem lá e iria estrangular o meu diretor.
Meus pensamentos foram interrompidos por Kaito que, ao entrar no meu quarto, se jogou dentro do meu closet e fechou a porta. Minutos depois ele saiu de lá com a minha espada de samurai nas mãos e um ponto de interrogação na cabeça.
-Você tem uma espada de samurai? -Ele olhou pra mim e depois para a espada.
-Tenho. -Disse pegando a espada das mãos dele.
-Sei que vou acabar me arrependendo de perguntar, mais...pra que você usa? -Ele disse enquanto dava alguns passos para trás.
Senti que alguém se aproximava do meu quarto. Eu pude sentir o cheiro daquele perfume barato que somente ela usava. A assismerda estava por perto.
-Uso pra matar algumas assismerdas que entram na minha vida. -Eu disse depois de olhar para a porta aberta e constatar que ela estava ali de verdade.
-Que gritaria é essa? -Perguntou fazendo uma cara de "Tiffany: a noiva do Chuck".
-Ele quer me comer! -Disse apontando pra Kaito que deixou o queixo cair e chegar ao pescoço.
-O que você tá falando garota! -Disse correndo atrás de mim pelo quarto inteiro.
A "assismerda" saiu da porta do meu quarto e depois a fechou. Ótimo! Agora eu tinha que escapar pela janela! O que deu na minha cabeça pra dizer : "Ele quer me comer"?
Enquanto corria de Kaito e seu extinto assassino, acabei tropeçando na espada de samurai jogada no chão e cai sendo seguida do corpo pesado do meu perseguidor. Ele caiu por cima de mim como se eu fosse a carne e ele o pão, e isso me fez corar o máximo que eu podia, já ele parecia em seu estado normal.
Tentei sair debaixo dele mas ele era mais pesado do que eu podia imaginar. DROGA! QUE MALDITA HORA PRA SE CAIR!
-S-Saia de cima de mim...-Falei um pouco rouca pelo peso me se acumulava no meu tronco.
-Não vou sair. Por que você disse aquilo? -Ele perguntou fazendo nenhuma menção de sair de cima de mim naquele momento.
-Por que você escondeu do meu closet? -Respondi com outra pergunta.
O que eu queria era que ele se irritasse e saísse do meu quarto sem rodeios. Mas ele foi pondo todo o peso do corpo dele em cima de mim, e isso me fez ficar mais vermelha do que o camarão na água fervente. Ele foi se aproximando, e eu fiquei sem reação -já que não tinha pra onde correr e nem onde ir, eu estava jogada no chão- e ele só fazia se aproximar mais e mais.
Ao longo disso tudo eu não deixei de notar a porta se abrindo e de lá surgindo Zero e uma garota dos olhos pretos e aparentemente muito bonita. Ela olhou pra nós e algo me dizia que a cena não foi interpretada como devia, e entrou como um furacão que inunda uma cidade inteira. Pegou Kaito pelo cabelo e foi o arrastando pela porta do meu quarto afora. Algo me dizia que depois dele seria eu, então corri o mais rápido que pude para sair dali e ir me abrigar perto do meu tutor. Mas Zero segurou o meu braço e encostou os lábios no meu ouvido, ele falou grosso e ao mesmo tempo o mais suavemente possível.
-O que foi isso?
-Eu caí, e ele caiu em cima de mim. -Falei com medo da reação que ele teria.
Para o meu alívio ele afrouxou mais a mão que estava segurando o meu braço. Levantou a cabeça e saiu me deixando com a pior cara possível. Ele andou um pouco e depois foi descendo as escadas -coisa que eu deveria estar fazendo também- andei seguindo os seus passos e desci as escadas.
Agora imagine a cena: Kaito levando sermão da mulher enquanto tentava explicar o que tinha acontecido. Olhei pro outro lado e vi Yagari sentado lendo alguns papéis e a "assismerda" com um sorriso ridículo, e enquanto ela segurava papéis ele lia e depois assinava. AQUILO ME DAVA RAIVA!
Olhei novamente pra Kaito e ele olhava para mim com uma cara que dizia "Help me" e eu ri sem ter motivo. Zero parou no meio da escada e olhou pra mim com uma cara que não foi digna de ninguém.
Terminei de descer as escadas e cheguei perto do casal que discutiam esteticamente, eles quase me engoliram com os olhos fumegantes de raiva.
-O que foi? -Perguntou a mulher encarando o homem a sua frente.
-Eu cai sem querer e ele caiu em cima de mim. Mas antes ele entrou no meu quarto e se escondeu no meu closet, algo me diz que ele estava se escond--Não tive nem tempo de terminar o que iria dizer.
-Estava se escondendo de mim, não é? -Perguntou ela sabendo da resposta.
Kaito acenou um "sim" com a cabeça e a mulher perguntou o por que daquilo.
-Você me ama, quer se casar, quer ter filhos e uma vida. -Falou um pouco angustiado.
-E daí? -Ela disse com os olhos cheios de lágrimas.
-Eu não quero me casar, não quero ter filhos e não gosto de pensar em ter uma vida a dois com você! -Disse apenas.
Aquele não parecia o Kaito brincalhão e doido que, á alguns anos atrás, ameaçou pular do telhado se essa mesma mulher não voltasse pra ele.
-Por que? -Voltou a perguntar a mulher que não parecia satisfeita em ter ouvido aquilo tudo.
-Porque eu tenho somente vinte e sete anos! E não estou pronto pra isso... -A partir daí, a voz dele embargou e a mulher saiu porta afora deixando lágrimas caírem.
Então é isso que os adultos tem de enfrentar? Dor e sofrimentos? Uma mistura de angustia e liberdade? Se fosse desse jeito, eu desejo nunca chegar a essa idade tão dolorosa que é a maturidade.
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