Segredos Em Família escrita por Carol Bandeira


Capítulo 13
Capítulo XIII




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Sara estava trabalhando na reconstrução de uma porta de vidro quando sentiu seu celular vibrar no bolso de seu jaleco. Retirou as luvas que usava e pegou o objeto do bolso para olhar no display, pensando em ignorar a chamada em favor de seu trabalho. Mas quando reconheceu o número como o da creche se Cássia seu coração foi parar na boca. Mil pensamentos horríveis se formaram no interim que ela levou para aceitar a chamada. No fim, não era nada de alarmante, mas Cássia estava doente.

No pediatra, a Dr. Brennan explicou que era um vírus que andava atacando as crianças da cidade. Com os remédios em mãos, Sara levou sua boneca para casa e, depois de colocá-la na cama, foi logo ligar para seu supervisor para pedir folga no dia seguinte. Queria ficar em casa cuidando de sua boneca. Além do mais, ela mesma precisava de um descanso. Aquela história de enjoos matinais a deixava mal mesmo

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Quando Noah saiu da escola aquela tarde e viu seu pai o esperando ali ele sorriu. Grissom acenou para ele de onde estava, encostado no carro de Ângela.

–Imaginei que seria legal passarmos uma tarde só eu e você. Sua mãe me disse que não teria atividades extracurriculares hoje.

Noah, sentindo-se o mais feliz dos homens por ter o seu pai por perto novamente, já saiu fazendo planos para uma tarde espetacular.

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Cássia era uma menina infeliz. Chorava o tempo todo. Porque sua barriguinha doía, porque ora sentia frio, ora sentia calor. Porque estava enjoada e o mais importante....sentia falta de seu pai.

Sara nunca vira sua bonequinha naquele estado. Era de cortar o coração assistir àquela cena. Ela subestimara muito o fato de ter que cuidar de uma criança sozinha. Pensou que Catherine era uma heroína por ter conseguido criar Lindsay relativamente bem. Dar um remédio que a médica receitara nunca fora tarefa difícil, Cássia sempre abria a boca com facilidade. Mas sua anja hoje, muito enjoada, não queria nada dentro de sua boca.

Quando a febre não baixou, o mais sensato a fazer era dar um banho gelado na garota. Ao falar por telefone com a doutora Brennan, a médica aconselhou uma banheira com gelo, para evitar que a febre passasse dos 42 º. Agora era outra estória conseguir que Cássia ficasse tempo o suficiente naquela banheira. Ao tempo todo ela gritava pelo pai, pedindo socorro.

No fim da tarde, Cássia adormeceu nos braços de Sara, ainda um pouco febril. A CSI sentia-se esgotada e rezou para que a filha dormisse um pouco para que ambas recuperassem as energias. Estava quase dormindo quando seu celular tocou. Atendeu-o rapidamente, tentado não acordar a filha, sem nem mesmo ver que era o marido que ligava. Se soubesse, teria colocado um pouco mais de alegria na voz.

–Alo?- sua voz baixa e arrastada.

–Querida?- reconheceu logo a voz do marido- Tudo bem aí?

–Ah, claro.- ela falou com mais convicção, mas com a voz ainda baixa.

–Então por que está sussurrando?

–Ah? A Cássia está dormindo. Peraí. Vou sair de perto dela.

Enquanto Gil ouvia o farfalhar de roupas, indicando movimento, olhou para seu relógio. Era muito cedo para Cássia dormir. Quando Sara voltou a falar foi com uma voz mais forte e animada. Não que isso fosse enganar a seu marido.

–Pronto, Gil. Como está indo tudo por aí?

–Acho que eu quem deveria perguntar isso... Sara, está tudo bem? Por que Cássia está dormindo tão cedo?

Sara mordeu os lábios, pensando em como falar com Gil agora. Em hipótese alguma ela daria motivos para ele se preocupar, ou pior, querer voltar mais cedo. Tinha absoluta certeza em sua capacidade de cuidar de sua filha sozinha. Afinal Gil precisava que ela cuidasse de tudo em Las Vegas para que ele se preocupasse somente com seu filho.

–Sim amor, tá tudo certo. Ela só demorou um pouco para dormir ontem à noite, e por isso voltou esgotada da escolinha. Daqui a pouco vou acordá-la para dar o r... a comida.

–Hum- Gil se perguntou o porque de sua amada mulher estar escondendo algo dele. Gil sabia que Sara se orgulhava de ser independente. Era difícil ela conceder que precisava de ajuda de vez em quando. Mas isso era quando se tratava dela, Gil sabia que ela nunca poria seu orgulho em frente ao bem estar de Cássia. Resolvendo que deixaria passar essa por agora, Gil seguiu contando sobre a tarde dele e dizendo que só estava dando um tempo até voltar a casa de Ângela. Ele iria levar o filho para um jantar e um filme mais à noite, então resolveu ligar agora com medo de não conseguir falar com ela quando voltasse.

Quando desligou o telefone Sara se jogou em sua cama, pensando que finalmente teria algum sossego, mas logo Cássia apareceu em sua porta chorando.

Seria uma noite longa.

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Gil Grissom decidiu que já era um pai muito velho para tentar compensar 15 anos de ausência em alguns dias.

Em somente três dias de convivência com seu filho ele estava esgotado. Não era culpa do garoto, Gil sabia. Noah estava muito exaltado com a presença de seu pai ali, o que significava um boom de energia em seu corpo que nem 20 litros de café seria capazes de despertar em Grissom. E o entomologista queria muito passar todo esse tempo com seu filho, fazendo o que o garoto gostaria de fazer. Mas a verdade era que ele sentia falta de sua mulher, e das doces brincadeiras com sua filha. Sara havia previsto precisamente que não seria tão fácil como fora com Cássia. Meninas gostavam de bonecas e festas do chá. Noah gostava de ir rápido. Muito rápido. Gil achou que não duraria uma semana inteiro.

–Sabe, Gil, você não precisa se matar para atender todos os pedidos de seu filho.

Ângela disparou no fim de tarde daquele terceiro dia, quando estavam os dois assistindo a um treino de corrida de Noah.

–Eu sei... mas é que não faço ideia de quando poderei voltar a vê-lo.

–Se for por nós, você pode visita-lo quando bem quiser. É só avisar antes.

–Não vai ser tão simples assim

Grissom falou com certo desdém na voz. Ângela já estava acostumada a este tom de voz com muitas pessoas em sua vida, mas nunca esperou isso de Grissom.

–Desculpe-me, Angie... é só que...isso é difícil, sabe?- ele apontou para Noah-Descobrir um filho que já é quase um homem. E tendo a noção de como é ver um filho crescer...é algo que nós nunca vamos recuperar.

Sem nenhum argumento que fosse a ajudar nessa hora, Ângela resolveu ficar calada e esperar que Grissom pusesse toda angustia que sentia para fora.

–Vamos ter mais um filho- Ângela quase caiu da cadeira ao ouvir essa frase, mas Gil acompanhava Noah na pista, então não percebeu- Sara e eu. Não quero deixa-la muito tempo sozinha. Ela já têm 35, é uma idade de risco...Cuidar dela nesse estado e de Cássia ao mesmo tempo não deve ser muito bom para ela.

Ângela concordou com um aceno de cabeça. Deus, como será que Grissom estava lidando ao saber que tinha 3 e não dois filhos? Ela se lembrou que seu amigo nunca foi muito bom nas coisas do coração e que até dizia não querer se casar, muito menos filhos! Ela encarou Grissom, reparando como os anos haviam sido bons com ele.

–Sara te faz bem, Gilbert. Espero que saiba disso.

Gil tirou os olhos do filho pela primeira vez desde que começaram essa conversa, e olhou para Ângela, pela primeira vez com um olhar leve, agradável. Com um sorriso no rosto ele respondeu.

–Eu sei. Espero que ela possa dizer o mesmo.

–Ah, não se preocupe com isso. Do jeito que ela estava me fuzilando com os olhos, eu diria que sim!

–Você notou?- Gil perguntou com falsa incredulidade e os dois caíram na gargalhada.

Noah os encontrou naquele momento, com seus pais rindo e finalmente confortáveis na companhia um do outro, o que o fez bem. Sabia que eles não ficariam juntos, como um dia ele sonhara, mas ter os dois juntos passando um dia agradável fazia uma boa realidade.

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Graças ao bom Deus e a abençoada medicina, é claro, Cássia se sentia melhor no segundo dia de remédios, mas o mesmo não poderia se dito de sua mãe. Sara experimentava agora o pior caso de enjoos matinais já registrados, ela tinha certeza. De início ela tentou seguir em frente e tomar as rédeas da situação. Cuidar de Cássia era sua prioridade, ela não poderia falhar nisso, não agora.

O problema é que o corpo nem sempre atende aos chamados da cabeça, então Sara só fez piorar. Sem conseguir segurar nada em seu estômago-até mesmo a água voltava, Sara começou a se sentir tonta. Sabia que precisava de ajuda. Cambaleando até o telefone,sendo observada atentamente por Cássia, que brincava com suas bonecas no chão da sala, acabou por sem pensar discar o número de Grissom, sendo redirecionada para a caixa de mensagens.

Sem muitas forças, Sara encostou na parede e escorregou diretamente até o chão. Cássia veio correndo até a mãe.

–Mamãe, mamãe!- ela gritou, pois sua mãe estava com os olhos fechados.

–Oi, meu amor.

Cássia sorriu e abraçou a mãe. As duas ouviram então a porta se abrir, e Cássia foi correndo até a

–VOVÓ!

Betty sorriu ao ver sua netinha correndo até ela. Parecia que já estava melhor. Sara havia mandado uma mensagem para ela, pedindo que viesse cuidar da filha pois já não se sentia muito bem. Betty então avistou a nora no chão e foi logo socorrê-la.

“Vó, a mamãe tá bem?”

“Vai ficar, minha pequena. Vai ficar”


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