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E com o dia virando noite, ali bem longe da floresta, já no Porto Real, a cidade do Rei, uma casa de mulheres era conhecida por seus serviços. Homens entravam felizes e saíam com um sorriso maior ainda. Porém é sabido que alguns entravam ricos e saiam devendo até as próprias calças.

Na casa de Madame Fleir, todas as jovens dançarinas e prostitutas tinham a liberdade de se mostrar. Mas uma delas, conhecida no trabalho como Lili, não estava atrás de dinheiro e muito menos sexo. A garota amava dançar e depois de dizer ao pai conservador que queria ser dançarina, fora expulsa de casa. Só ali ela conseguira encontrar um abrigo. E desde então vinha encantando a todos com sua dança e sua beleza sem igual.

Naquela noite, assim como em todas as outras, ela se preparava em seu camarim para mais uma apresentação. Foi quando ouviu baterem a porta:

– Entre! – Lili estava sentada em sua penteadeira e viu a figura de Madame Fleir aparecer no espelho – Pois não, Madame, algum problema?

A senhora levava muita maquiagem no rosto, vestia uma casaco de pele e em um das mãos segurava uma taça de vinho.

– Infelizmente, mon amour, não tenho boas notícias... – Ela fingia estar triste. Sentou-se na cama atrás de Lili, fazendo com que a garota se virasse na cadeira para vê-la.

– O que foi? Algum problema? – Lili estava preocupada.

– Bom... Sua dança não tem trazido os lucros que estamos esperando. – Ela tomou um gole do vinho.

– Com todo o respeito, Madame, mas meus lucros são os maiores da casa.

– Ow cherry... - A velha se levantou e se colocando atrás de Lili, posicionou a garota de frente ao espelho e alisando seus lindos cabelos castanhos continuou: - não são maiores do que seriam se assim como as outras, vocês também tivesse seus clientes.

– O que? Mas minha senhora, meu acordo não inclui programas... – Os olhos verdes da garota, que seriam lindos mesmo sem toda maquiagem pesada, ficaram molhados.

– Os tempos são outros, mon amour. E acordos devem ser melhorados...

– O que quer dizer?

– Ora... Quero lhe dizer que caso não encontre uma maneira de aumentar os lucros, terá de começar a ter seus próprios clientes. – A senhora saiu lentamente do quarto, deixando que a jovem, que ainda se olhava no espelho, incrédula, começasse a chorar.

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– Bom, creio que já resolvemos tudo. – Dizia Rei Edward, selando com um aperto de mão, sua reunião com Rei August.

– Sim, está tudo na mais perfeita ordem. Voltarei a meu castelo imediatamente para avisar a minha filha tudo o que acertamos. – August disse isso e depois de acenar para Louis, saiu da sala.

O jovem soltou um longo suspiro e se colocou de pé para sair.

– Meu filho, sei que o que te peço não é fácil. – O Rei colocou as mãos sobre os ombros do filho.

– E não é mesmo, pai. Nem sequer conheço a princesa! Só me lembro de vê-la algumas vezes, e não me agrada nem um pouco o que lembro ter visto...

– Por favor, Louis. Não se prenda a noções do passado! A princesa pode muito bem ter mudado seu...

– Seu rosto? Seus modos? Pois eu duvido muito. – Louis disse isso e saiu da sala de reuniões sob o olhar do pai.

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Rei August mal chegara a seus aposentos quando mandou chamar a filha. A jovem chegou acompanhada por sua ama que parecia ter passado dos 200 anos.

– Pois não papai? – A garota tinha a coluna curvada, parecia mal enxergar e por alguma razão, talvez pelos dentes sujos ou o cabelo ensebado, parecia estar suja há dias.

– Acabo de chegar da reunião com Rei Edward.

– Ah, alguma notícia de Louis? – A jovem se animou mostrando o sorriso amarelo.

– Sim, meu amor. Finalmente vamos ter a festa de noivado que você tanto merece.

– Ah, que maravilha! - A garota chegou a abraçar a ama.

O Rei sorria com a alegria da filha.

– Você passará os próximos dias no castelo, até a festa de noivado que acontecerá dentro de algumas semanas. Depois, você bem conhece a tradição, o príncipe poderá escolher se quer a sua presença no castelo, ou se só conviviram após a sua coroação.

– Vou passar dias no castelo que Louis? Ah, mal posso acreditar! Quando vou partir?

– Amanhã, ainda de manhã.

– Então devo arrumar minhas coisas...

A jovem saiu do quarto correndo e claramente animada.

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– E quando ela chega? – Niall, o filho mais novo do rei estava no quarto de Louis, conversando com o irmão.

– Amanhã, antes no almoço. – Louis olhava pela janela e não escondia a raiva – Eu tento me lembrar de algo bom sobre ela, mas não me lembro de nada!

– Isso é porque vocês nunca conversaram meu irmão. Tenho certeza que ela deve ser uma boa pessoa... – Niall chegou mais perto do irmão, se colocando na frente dele, e também olhou pela janela.

– Queria pelo menos poder escolher com quem me casar... E dizem que um Rei faz o que quer. – Louis disse irônico.

– Não nesse reino. – Disse Niall – Então, já que sua noiva chega amanhã, devemos fazer algo hoje, o que acha?

– Como o que? – Louis olhou para o irmão mais animado.

– Dizem que a Casa de Madame Fleir tem uma nova dançarina... Devemos chamar Liam e Zayn.

– Ah sim, ainda nem tive tempo de cumprimentá-lo pelo novo cargo. Chame o primo Harry também, aquele sabe se divertir... – Louis disse rindo.

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Todos naquela fazenda trabalhavam na plantação. Homens e mulheres cuidavam da terra e de seus frutos. Quando as luzes da casa grande se apagaram, quando acerca dela todos os barracos já estavam escuros, a jovem de preto, já desmontada do cavalo, seguiu em passos leves para a plantação de verduras. Depois foi a vez das árvores frutíferas. Aos poucos ela encheu a sacola de couro que havia levado.

Quando montou no cavalo ouviu o bicho relinchar. A frente dela se encontravam dez homens armados e no comando de todos eles estava Zayn, que disse:

– Desça do animal, com as mãos pra cima!

A jovem encapuzada, com uma máscara nos olhos e um lenço até o nariz, levantou os braços. Mas surpreendendo todos, se agarrou e levantou-se sobre um galho. O cavalo passou correndo, derrubando alguns homens. Ela corria por entre as árvores com a facilidade de quem corre em terra firme. Os tiros não a atingiam. Zayn decidiu subir nas árvores atrás dela, e por isso seus homens pararam de atirar com medo de atingi-lo.

A perseguição por entre os galhos não foi longa. A jovem saltou de um galho direto de volta ao lombar do cavalo. E olhando para o alto, ouviu de Zayn:

– Eu vou te encontrar, seu ladrão.

Então ela disse disfarçando a voz:

– Primeiro você precisa saber o que está procurando!

E assim ela partiu em disparada.

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– Ele estava tão perto! – Zayn disse pela 60ª vez depois de terminar o sua terceira taça de vinho. Estava em uma mesa da Casa de Madame Fleir, bem a frente do palco, acompanhado por Liam, Niall, Louis e o primo deles Harry que passara a morar no castelo depois da morte dos pais. Um jovem conhecido por ser parte principal de muitos escândalos envolvendo mulheres.

– Ah, por favor Zayn, vamos esquecer um pouco o trabalho... – Disse Harry bebendo discontraidamente.

– Infelizmente, não acho que tenho assunto melhor. - Louis estava nitidamente abalado.

– Eu me lembro de sua noiva Louis... Ela parecia... Feliz. - Liam tentou consolar o irmão.

– Ah sim... Suja, terrível e feliz. Justamente o que eu prezo em uma mulher.

– Rapazes, por favor, aqui não é lugar pra isso. Não existem mulheres feias aqui! - Harry sorriu. E depois de ver Lili subir ao palco e começar seu número com uma cadeira, impressionado, ele disse: - Mas essa é ainda mais linda que as outras... Será minha essa noite.