Sorriso Entre Lágrimas escrita por Miya


Capítulo 1
Único.


Notas iniciais do capítulo

Não esqueçam de deixar um review, por favor~
E me avisem caso tenha algum erro que eu não percebi.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/230617/chapter/1

– Você está estranha – ela me disse.

Uhn?

– O que?

– Eu disse que você está estranha. Ta quieta demais. O que foi?

– Nada. Só to pensando. É cansaço pela semana corrida.

Ela suspirou, voltando a olhar o lago do parque, naquela tarde fria demais e silenciosa demais.

– Não acredito.

Hina se levantou da grama e estendeu as mãos para mim, me convidando a levantar também. Segurei-as com força e me levantei também.

– Vem comigo até em casa?

Eu sempre ia. Mesmo cansada, sempre queria passar um tempo a mais com aquela garota baixinha. Mesmo sabendo que ela não diria “Entra? Fica um pouco aqui comigo”, eu sempre queria ouvir mais a sua voz. Eu só fazia essas coisas por ela e para ela. Durante o caminho, ela conversava sobre seu dia, suas impressões e pensamentos, sobre tudo. Admito que eu não prestava muita atenção em algumas coisas e, com o tempo, minha distração foi piorando. Quando dei por mim, estávamos na porta da casa da baixinha. Ela se virou para mim e abriu a boca para falar, mas foi grosseiramente interrompida pelo toque de seu celular.

– Ah! É ele! – ela disse toda animada, começando a responder um SMS - Como é fofo...

Rolei os olhos e bufei impaciente. Eu não gostava desse namoradinho da Hina e ele compartilhava os mesmos sentimentos por mim. – Então eu já vou. Vai começar a chover, já já.

Virei-me e comecei a andar, com as mãos nos bolsos, de volta para a rua que me levaria à minha casa.

– Ei! = Ela gritou, vindo atrás de mim. Segurou meu braço e me virou para si – O que você tem? Faz semanas que você ta assim e ta piorando. Me conta, vai. O que foi?

– Não foi nada, já disse.

– Mentirosa. Não confia em mim, Ryo? Eu te conto tudo! – o tom dela ficava mais alto. Suspirei.

– Não é importante. Vai lá falar com seu namoradinho. – de novo, me virei, disposta a ir embora. Queria me afundar no travesseiro e não acordar durante muitas horas.

– Idiota! – ela gritou – Por que você nunca me conta as coisas? Eu nunca sei o que está acontecendo com você. Qual é o seu problema comigo? Me diz o que você sente, porra! No que você está pensando?

Aqueles gritos me deixaram com dor de cabeça. Parei de andar e voltei-me a ela, rapidamente. Toda a paciência e autocontrole que eu tinha, haviam desaparecido em questão de segundos, por causa de pequenas e poucas palavras.

– Você quer saber como eu me sinto? – me exaltei, começando a frase tão alto quanto ela fizera, mas puxei o ar e o soltei junto das outras palavras, deixando que elas caíssem no chão, em frente aos meus pés – Eu me sinto quebrada. Me sinto sozinha. Eu me sinto fraca e triste. Pronto, feliz?

Então ela ficou me olhando como se ainda estivesse processando a informação. É difícil de acreditar quando uma pessoa que sorri todos os dias te fala isso – mais difícil ainda é acreditar em mim.

– O que...? – ela murmurou – Por que...?

Não pude deixar de rir cínica. – Por quê? Você me conhece há anos e não conseguiu perceber isso sozinha?

Ela tentou responder, mas eu a cortei. Não estava mais controlando minha língua e, honestamente, eu não estava nem ligando para isso.

– Acha que eu não gosto do seu namorado só por ele ser irritante? Acha que eu sempre te acompanho até aqui e faço as coisas que você pede pelo simples motivo de que eu sou sua amiga? Afinal, eu sou só uma babaca que faz isso por todos, não é? Não sei se você já notou, mas eu cuido e me importo mais com você do que comigo mesma. Por que você acha que eu faço isso, hn?

Desviei meu rosto. Meus olhos estavam ficando vermelhos e uma lágrima fujona já corria por minha bochecha. Droga. Ela não deveria me ver assim. Ninguém deveria ver uma cena tão patética quanto essa. Sequei o caminho salgado com a manga da camisa e tentei respirar fundo.

– Você... Mas... Não... Calma...

Ela tentava entender e aquilo me fez perder ainda mais a paciência, coisa que raramente acontecia. Eu teria que ser bem direta para ela perceber. Aproveitei meu momento de extrema loucura e me aproximei da menina de cabelos negros, puxando-a pela cintura com uma das mãos e segurando sua nuca com a outra. Colei meus lábios aos dela sem hesitar e permaneci assim por um bom tempo. Não houve nada lascivo e nenhum contato mais íntimo. Nossos lábios estavam apenas entreabertos, pressionando uns aos outros. Escorreguei minha mão direita pelo pescoço de Hina e toquei-lhe o rosto, acariciando-o.

Eu tremia, mas não era de nervosismo nem frio. De fato, o final de tarde frio e silencioso tinha se tornado apenas silencioso, naquele momento. Senti o gosto salgado de minhas lágrimas, agora mais constantes, que escorriam até minha boca. Afastei-me lentamente do rosto da baixinha e olhei em seus olhos.

– Eu te amo. Mas prefiro te ver sorrir com a pessoa que você escolheu amar, do que te preocupar com algo tão idiota quanto meu amor. Eu realmente desejo que você seja feliz com aquele garoto, se for essa sua decisão. Não vou mentir e dizer que eu não sinto ciúmes, porque eu sinto. Também não vou dizer que não queria que você me escolhesse, ao invés dele. Isso é o que eu mais quero. – continuava as caricias no rosto dela, agora com as duas mãos, sem nunca desviar meu olhar molhado dos olhos dela – Queria ser tratada por você como alguém especial de verdade. Porque, honestamente, as vezes me sinto somente um objeto.

– Ryo...

– Eu não quero uma resposta sua. Quem está esperando resposta é o SMS no seu celular. Cedo ou tarde, eu fico bem.

– Ryo, eu...

– Mas eu não vou desistir de você. Nunca. Eu te amo de verdade, Hina. Vou te esperar o tempo que for necessário.

Dei um sorriso torto e apertei a bochecha da garotinha confusa na minha frente. Ela não tentou mais falar.

– Até amanhã, Chibi. – disse de um jeito descontraído, como fazia todos os dias, antes de ir para casa.

Então eu me virei pela terceira vez naquele dia e continuei a andar. Andei esperando um grito, um chamado, qualquer coisa. Mas não aconteceu nada. Eu consegui continuar a andar e ela não fez nada. Não olhei para trás, nem durante um segundo que fosse. Virei a esquina sem saber se ela continuava a me observar e comecei a correr. Corri o máximo que meus pés conseguiam, sem ter realmente para onde ir. Eu apenas queria ir embora. Queria correr para longe e chorar tudo o que eu precisava. Queria ficar sozinha.

E foi o que eu fiz.



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Desculpem se ficou curtinha... Não era a intenção fazer algo muito grande mesmo. Me deem um desconto, são 1:45 3
O que acharam? Espero que tenham gostado~♥
- Miya



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Sorriso Entre Lágrimas" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.