Santuário escrita por Mallagueta Pepper


Capítulo 25
Dia de festa




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Todos estavam sentados na beira da piscina, olhando para o alto do Tobozilla onde DC se posicionava para escorregar.

(Cebola) – Esse cara é doido! Será que ele vai mesmo escorregar de costas?

(Cascão) – Tá parecendo que sim, olha lá!

(Nimbus) – Esse meu irmão não tem jeito mesmo!

Contrariando as recomendações do rapaz que organizava a fila do tobogã, DC sentou-se de costas e com um impulso, foi escorregando a toda velocidade enquanto todos gritavam freneticamente. Quando chegou a piscina, ele mergulhou na água e veio à tona com um grande sorriso de vitoria no rosto enquanto todo mundo o olhava com olhos arregalados.

- E aí, o que acharam? Eu disse que ia escorregar de costas no Tobozilla, não disse?

(Nimbus) – Er... mano...

- Haha! Agora quero ver quem vai ter coragem de fazer a mesma coisa!

(Nimbus) – DC...

As meninas não sabiam se riam, gritavam ou fechavam os olhos. Denise, tirava várias fotos com o celular deixando DC ainda mais envaidecido.

- Ah, você gostou, né? Vai publicar no seu blog?

- Vou sim, ah se vou! Hahaha!

DC percebeu que todos o olhavam de forma meio estranha, as garotas viravam o rosto para o lado, as mães tampavam os olhos das suas filhas, as senhoras o olhavam de maneira reprovadora e os rapazes dobravam de rir. O que tinha dado naquele pessoal? Sua atenção foi atraída para um pedaço de pano que flutuou ao seu lado. Não era exatamente um pedaço de pano.

- Ué, parece que alguém perdeu o calção de banho. – os risos aumentaram enquanto ele examinava o calção achando que havia algo de muito familiar ali. Era um calção verde-escuro repleto com desenhos de caveiras, ossos, morcegos e abóboras. – É bonito, o dono dele tem bom gosto. Até parece o meu. Peraí!

Ele apalpou o próprio traseiro e de repente seu rosto ficou vermelho que nem tomate maduro mergulhado em um balde de tinta vermelha. Os risos aumentaram ainda mais enquanto ele se atrapalhava todo, tentando desesperadamente vestir seu calção e tropeçando a cada tentativa.

Quando finalmente conseguiu se vestir, ele saiu da piscina de cabeça erguida e com um grande sorriso no rosto. Se eles pensavam que iam deixá-lo envergonhado, estavam muito enganados. Ele era o Do Contra, tinha uma reputação a zelar.

Vários meses se passaram desde o dia em que os documentos foram entregues ao prefeito, que além de vetar a construção do parque aquático no recanto do paraíso, também declarou aquela área como reserva ecológica. Com isso, ninguém mais teria o direito de construir nada naquela área, que se tornou um refugio para espécies ameaçadas.

Com a morte de Vladmir, os demais sócios tiveram que negociar e se conformaram em construir o parque aquático em outra área um pouco mais distante da cidade, porém com menos impacto no meio ambiente. Na verdade, a nova área era praticamente deserta, tinha pouca vegetação e nenhuma espécie animal em risco. Para construir o parque aquático foi preciso reflorestar boa parte, plantar muitas árvores para criar uma área verde de bom tamanho. Essa mudança acabou até sendo benéfica, levando o verde a um lugar onde praticamente não tinha nada a não ser pedras, vegetação ressecada e até lixo que era despejado ali ocasionalmente.

Embora fosse menos ambicioso do que o projeto original de Vladmir, pelo menos o novo parque era mais ecologicamente correto e sua construção trouxe vários benefícios para a cidade do mesmo jeito. Todos saíram ganhando.

Andréia vendeu sua parte na empresa aos outros sócios, já que não entendia nada de negócios e não tinha interesse em aprender. Ela também vendeu a mansão onde a família morava porque lá ela tinha lembranças tristes do marido e comprou um apartamento elegante no centro da cidade, que embora não tivesse o mesmo nível da antiga mansão, era grande, espaçoso e ficava em um prédio cheio de conforto como piscina, churrasqueira, playground e outras comodidades.

Seu sonho era poder abrir um negócio próprio de confecção de roupas, já que ela adorava moda. E sua vida estava melhor do que antes, sem presença opressora do marido que era muito controlador.

Embora ainda sentisse a falta do pai, sua filha foi aos poucos se acostumando. Ela explicou pacientemente o que tinha acontecido com Vladmir, de forma que sua filha pudesse entender. Com a mudança para o prédio, ela conheceu outras crianças com quem podia brincar sempre e ela não sentiu tanto a perda do pai, que de qualquer forma era muito ausente e quase não lhe dava atenção.

Com o tempo, Andréia ia reconstruir sua vida e com certeza ia ficar bem melhor do que antes.  

Mônica estava sentada na beira da piscina tomando um copo de suco e conversando com as amigas.

- Mô, como vai indo você com o Cebola?

- Dentro do possível, bem. Por que?

- Ah, sei lá... parece que você não tem dado muita atenção para ele ultimamente.

- Se ele quiser minha atenção, terá que fazer por merecer.

Cascuda deu uma risada ao ver a cara de perversa que Mônica estava fazendo e falou.

- Menina, que maldade! Tadinho!

- Tadinho nada! Quem mandou ele me deixar na mão quando eu precisei?

Marina também ficou com um pouco de pena do Cebola.

- Ah, só que depois ele se redimiu recuperando aqueles documentos, né?

- Pode até ser, só que antes disso ele me deixou vários dias passando aperto e nem se importou com o que eu sentia.

Vendo que as amigas a olhavam surpresas, ela disse.

- Eu ainda gosto do Cebola, mas acho que vou dar um tempo e parar de pensar nele. Não adianta mesmo, ele não vai querer namorar comigo enquanto tiver essa neura em me derrotar, então pra que esquentar a cabeça?

No fim elas acabaram concordando e Isa falou com um suspiro.

- Ai, ai... o Lucas e a Irene é que estão uma graça!

O casal estava na beira da piscina, trocando vários beijos e despertando a inveja das garotas solteiras da turma.

(Denise) – Sortuda mais filha da... mãe! Ele é mesmo um pedação de mau caminho!

(Maria Melo) – Onw... casal fofo mesmo é o Ângelo e a Nina. Olha como eles estão no maior Love! Ai, que inveja!

As garotas riram e deram gritinhos quando viram os dois descansando a sombra enquanto dividiam a água de coco. Quem iria imaginar que Ângelo poderia ser um namorado tão carinhoso, atencioso e meigo?

(Cascuda) – Ai, ai... tão bom que se melhorar estraga... por que os outros rapazes não são assim?

(Mônica) – Porque são humanos, ué! Se o Ângelo, que é um anjo, costuma ter lá seus defeitinhos, imagine esses crianções aí? Vixe! É por isso que eu não quero esquentar minha cabeça com eles. Neim!

Os rapazes pulavam na piscina e espalhavam bastante água enquanto Cascão olhava de fora fazendo cara feia. Num lugar como aquele, que só tinha água, ele não conseguia encontrar muitas formas de se divertir. Jogar futebol até que seria bom, mas os amigos preferiam os brinquedos e atrações do parque.

- Ô Cascão, deixa disso e entra um pouco! A água tá ótima!

- E desde quando água é ótima? Se liga, véi!

Cebola foi até a borda da piscina e tentou espirrar um pouco de água no amigo, que protestou furioso!

- Não começa não, tem dó!

- Ah, larga de ser mal humorado, que coisa!

- Blé!

Olhando para o lado, Cebola viu Mônica conversando alegremente com as amigas e ficou contemplando-a demoradamente. Ele tinha notado que ela estava meio distante nos últimos tempos e estava começando a ficar receoso com aquele distanciamento. Será que ela ainda estava aborrecida por ele tê-la deixado lutando sozinha por tanto tempo? Ou seria porque ele estava demorando demais a derrotá-la e por isso ela estava se cansando de esperá-lo? A segunda opção parecia fazer mais sentido e ele sentiu o peito oprimido.

Como sempre, DC, Toni e Felipe continuavam em volta dela. Bastava ele virar as costas para aqueles três patetas partirem para o ataque. Por enquanto ele ficava tranqüilo porque eles não eram ameaça. O Toni só tinha beleza exterior. Por dentro não passava de um sujeito narcisista e insensível. Felipe não tinha nada a ver com ela e sua conversa não a atraia. Quanto ao DC, aquele ali também era outro cheio de complicações. Não ia fazer nada tão cedo.

O problema era surgir outro rapaz que conseguisse conquistar o coração da Mônica, fazendo com que ela o esquecesse de vez. Aquilo sim era algo para se preocupar e ele achou que estava na hora de tomar uma atitude.

- Rapaz, que cara é essa? – Cascão perguntou ao ver que Cebola estava distante e pensativo.

- Eu só tava pensando numas paradas aqui.

- Tipo o que?

O rosto dele assumiu aquele ar amalucado, indicando a vinda de mais um plano infalível. Antes que Cascão pudesse sair dali correndo, Cebola o agarrou pela camisa e falou.

- Olha, eu tenho um plano pra derrotar a Mônica e vou precisar da sua ajuda.

- Fala sério, a gente já passou dessa fase!

- Seu sei, só que esse vai ser diferente. Primeiro deixa eu pensar direito e acertar os detalhes, depois a gente começa a entrar em ação. O lance vai ser mais ou menos o seguinte.

Os dois foram caminhando em direção a lanchonete enquanto Cebola falava por alto sobre seu novo plano para derrotar a Mônica. Aquilo não era somente um plano. Era o pai de todos os planos e ele sabia que daquela vez ia funcionar e assim acertar seu namoro com a Mônica de uma vez.

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- Oh, que fofo! Ele é tão lindinho! – Nina falou enquanto dava um pedaço de fruta a um bem-te-vi que tinha pousado no braço da sua cadeira de praia.

- Parece que ele gosta de você. E como não gostar? Falando em gostar, você está curtindo o passeio? Sei que você não gosta de lugares cheio de gente...

- Aqui é bom, tem bastante verde, natureza e esses pássaros fofinhos. Eles fizeram um bom trabalho com esse lugar, muitas vezes eu ficava triste de ver que não nascia nada aqui!

- Pois é. Se aquele tonto tivesse tido essa idéia, estaria vivo e curtindo esse lugar numa boa. Que nem a gente.

- Ah, olha lá! Parece que a Tália não gostou muito do seu amigo...

Os dois viram Titi passando correndo perto deles, sendo perseguido por uma multidão de pardais furiosos que bicavam sua cabeça freneticamente. Logo atrás, vinha Tália usando um biquíni cor de rosa, igual seus cabelos.

- Coitado... você devia ter sido mais boazinha com ele... – Nina falou sentindo pena do rapaz.

- Coitado uma ova! Isso é para ele aprender a não vir falar besteira no meu ouvido! Hahaha! – ela continuou seu caminho, aparentemente interessada em continuar torturando aquele humano atrevido por mais um tempo. Talvez assim ele aprendesse uma lição e desse mais valor a quem gostava dele realmente.

Tudo ficou tranqüilo de novo e Ângelo levantou-se, fazendo com que Nina levantasse também.

- Quer dar uma voltinha na trilha? Acho que você vai gostar de ficar no meio das arvores. E assim podemos ficar um pouco sozinhos. Você sabe! – ele ergueu as sobrancelhas, tentando fazer cara de safado sem grande sucesso. Faltava muita prática nesse tipo de coisa. Ainda assim Nina achou graça e acabou aceitando. Ficar um tempo a sós com seu namorado nunca era má idéia.

Os dois abraçados em direção a trilha do parque, conversando e trocando beijos no meio do caminho. Ao passarem perto de um quiosque, uma mulher de cabeços pretos os cumprimentou segurando uma taça com uma rodela de limão em uma borda e um pequeno guarda-chuva na outra. Ela usava biquíni preto e em sua cintura estava enrolada uma canga preta com detalhes brancos.

- E aí, D. Morte? Curtindo o dia de folga?

- Com certeza! Esse lugar é demais!

Eles se despediram e continuaram andando abraçados e felizes sob o olhar satisfeito de D. Morte, que depois voltou sua atenção para um homem moreno, forte e musculoso que lhe lançava olhares provocadores.

“Ai ai... dá até dó levar esse bonitão aí... bom, fazer o que, né... mas por enquanto, acho que vou me divertir um pouco.” ela foi se aproximando do sujeito, que ria de orelha a orelha feliz por ter conseguido uma boa companhia para passar o dia e D. Morte também estava feliz em saber que não ia ter muito trabalho para pegar seu próximo cliente.

- E aí, gatinha? Que tal um passeio pelo parque?

- Parece boa idéia.

Ele lhe estendeu o braço e os dois foram caminhando e conversando animadamente. Mal ele sabia o que lhe esperava.

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Ângelo e Nina caminhavam de mãos dadas pela trilha, conversando animadamente e apreciando a bela paisagem. Ainda faltava muito até que as arvores crescessem completamente e Nina estava disposta a dar uma força para que elas ficassem fortes e bonitas. Vários pássaros estavam fazendo seus ninhos aqui e ali e alguns pequenos animais já podiam ser avistados.

- Ângelo, o que você acha que vai acontecer no futuro?

- Eu não sei. E acho que a gente não devia esquentar a cabeça com isso não. O que tiver que ser, será.

- Tem razão. Ah, olha! Um bem te vi!

Ela foi até o pássaro, que não se assustou com sua aproximação e pousou em seu dedo cantando alegremente. Ângelo a contemplava com um olhar apaixonado enquanto ela afagava a cabeça do pássaro e conversava com ele suavemente.

“É... o que tiver que ser será mesmo, não vou ficar pensando demais no amanhã. Mas se depender de mim, isso vai durar para sempre!”

A ninfa o olhou e lhe deu um sorriso que fez suas pernas virarem maria mole e ele foi até ela, colocando o braço em sua cintura e os dois se deram um beijo apaixonado, sendo observados pelo bem-te-vi que ainda estava pousado no dedo dela.

FIM


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Notas finais do capítulo

Pois é, né... acabou a história. Eu não sei se o final ficou bom. Eu tentei, reescrevi várias vezes e nenhuma idéia genial me veio a cabeça, foi mal. Acho que sou melhor para escrever o inicio e o meio de uma história do que em dar um bom final para ela. só espero que a parte onde o DC perde o calção no tobozilla tenha pelo menos valido a leitura.
.
Bom, agora eu vou passar para minha próxima fic. Deixa só eu terminar de escrever que começo a publicar. Mas para dar um gostinho eu vou adiantar alguma coisa: é uma história de universo alternativo, só que diferente das que vocês vêem por aí. Digamos que... bem... as coisas vão ficar meio desequilibradas.



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