Acordei com muita dor de cabeça, abri os olhos e vi Peeta,Rose e Gale olhando para mim. Estávamos em um cômodo todo branco, soro estava sendo injetado em minha veia.

"- O que estou fazendo aqui?"Peeta se aproximou, sentou perto de minha maca e segurou minha mão.

"- Katniss, você desmaiou depois que..."A cena ainda estava fresca na memória, minha mãe morta por um tiro.

"- Depois que minha mãe morreu."O nó preso em minha garganta dificultou minha fala.

Peeta me abraçou e comecei a chorar, molhando sua camisa.

Gale tentou me consolar também.

"- Onde ela está?"Queria ver seu corpo, ter certeza...

"- Depois do acidente, não vimos mais nada. O padre disse que ela foi levada para o Distrito 12."

"- Eu preciso vê-la agora!"não me importei em gritar.

Me soltei de Peeta, arranquei a agulha com soro do meu braço, o que fez sangue escorrer, e sai correndo.

Sai do hospital tão rápido que ninguém me alcançou.Não tinha para onde ir, na verdade eu não sabia do que estava fugindo.Talvez do fato de eu ter perdido toda a minha família e não ter conseguido fazer nada para impedir.

Corri para a floresta e me senti extremamente fraca. Olhei para o meu braço e estava sangrando muito, quando eu arranquei a agulha só piorei as coisas.Tudo começou a girar e minha visão escureceu.

POV Pai do Gale

Não era para ter acontecido tudo isso. Eu só queria acabar com a linhagem Snow, não queria que todos pensassem que sou um monstro.

Desde que escapei daquele acidente na mina, comecei a criar um novo distrito no subsolo, não é tão grande e moderno como o Distrito 13, mas é um lar.

Fugi da mina através de túneis secretos que eu mesmo criei.Ninguém sabia da existência deles.Me salvei, mas não consegui salvar todos, inclusive o pai de Katniss (não achamos nenhum nome bom para ele então deixamos assim mesmo :P), me senti tão culpado que fingi estar morto 
também para me livrar dos problemas.

Eu queria voltar e cuidar de minha família, mas não podia,então reuni pessoas solitárias, perdidas e necessitadas e elas me ajudaram a construir nosso refúgio e vivemos lá desde então.

Agora me sinto mais solitário do que nunca, vi meu filho se apaixonar por uma Snow e todos acham que matei a mãe de Katniss (Estamos com bloqueio criativo kkkk).Eu não sou mau, eu só quero que Panem seja justa.Quero fazer de Panem um lugar agradável para se viver, que os distritos mais pobres não sejam esquecidos e que a Capital não tenha tantos benefícios.

Estou planejando ser presidente desde quando vi Katniss se voluntariar para os jogos, protegendo Prim. Era o momento perfeito, os jogos detêm a atenção de todos e meu plano funcionaria, mas percebi que precisaria de mais pessoas, então esperei.

Katniss sobreviveu a dois Jogos Vorazes e iniciou uma revolução. Não precisei fazer muita coisa , os rebeldes mataram o presidente Snow e tiraram várias pessoas do poder. Fizeram tudo o que eu queria fazer, mas não tinha capacidade.

Sempre odiei os Snow mas acho que posso estar errado, talvez o problema dos Snow ja tenha acabado.

Há alguns meses , enquanto estava procurando novos recrutas para o refúgio me encontrei com um cara. Conversamos por um tempo e vi que ele era ambicioso e assim como eu, queria assumir o poder de Panem, convidei ele para se juntar a mim, mas ele negou,disse que conseguiria sozinho. Não achei que fosse uma ameaça, por isso não me importei, mas com o que vem acontecendo, talvez eu estava errado.

Semana passada uma parte do refúgio fora queimada e o principal suspeito, de acordo com as testemunhas, era alto, forte, usava roupas da Capital e seus cabelos eram dourados.

Talvez eu devesse parar de me preocupar com o nome Snow e procurar pelo nome...James Miller.

POV Katniss

Acordei no quarto do hospital novamente, mas dessa vez estava presa na maca por correias.

Peeta estava ao meu lado e sua aparência não era das melhores.

"- Você devia dormir um pouco." Ele levou um susto ao ouvir minha voz.

"- Katniss, no que você estava pensando ao fugir daquele jeito?"

"- No que você acha que eu estava pensando?"

"- Você se esqueceu de que eu passei pela mesma coisa? Vamos superar isso...Juntos!" Ele segurou minha mão, o que me deu segurança.

"- Você já foi liberada Catnip! Precisamos pegar o trem agora." Gale estava com o braço imobilizado com uma tipoia mas fora isso estava ótimo...fisicamente.

Fomos pegar nossas coisas e nos arrumar para a viagem.

Quando chegamos no trem Effie e Haymitch já estavam a bordo, não pareciam muito bem, mas não estavam pior do que eu.

A viagem foi longa e eu senti muito enjôo,mas não fui a única, por algum motivo Effie também estava enjoada. No começo eu achei que era por causa da viagem, mas quando olhei para sua barriga notei que estava maior.

"- Effie, podemos conversar em particular?" Effie estranhou minha pergunta, mas me seguiu até meu vagão.

"- Me trouxe aqui para falar da sua roupa para amanhã?" Effie parecia nervosa

"- Na verdade não. Seja sincera comigo, você está grávida?" Seu rosto empalideceu

"- N-Não"

"- Não minta para mim."

"- Sim, estou grávida."

"- E por que não nos contou antes? Estava com medo de Haymitch falar que seu filho nasceria com a pele azul?" Era uma piada, mas ela não riu.

"- Não... Haymitch é o pai." fiquei paralisada.

"- Não da para acreditar!"

"- Por favor não conte à ninguém."

"- Haymitch sabe?" 

"- Sim." Eu queria fazer mais perguntas mas nesse momento Peeta entrou no quarto e me chamou para o jantar.

"- Por favor?" acenei com a cabeça indicando que guardaria seu segredo, sei como é não estar pronta.

Comemos e eu estava com tanto sono que dormi logo após o jantar e só acordei na hora do almoço do outro dia.

Já estávamos quase chegando ao Distrito 12 então comecei a juntar minhas coisas para não esquecer nada no trem. Estava arrumando a mala e encontrei o sapatinho de bebê que minha mãe me deu.

Por algum motivo não sinto que ela está morta.

Chegamos no Distrito 12 e todos pareciam já saber da notícia, pois estavam olhando para mim com pena.

Fomos para minha casa e arrumamos quarto de hóspedes para todos, menos para Effie que foi para a casa do Haymitch com a desculpa de que seus vestidos estavam na casa dele.

O velório seria no fim da tarde, mas já estava tudo arrumado na frente de nossa velha casa.

A tristeza estava no ar, mas a decoração estava tão bonita que me fez lembrar de minha mãe de um jeito feliz.

Gale veio me avisar que estava na hora e entramos na casa. O caixão estava no centro de nossa antiga sala, era grande e sua madeira era clara, flores silvestres enfeitavam o local.

Todos fizeram suas homenagens e chegou a minha vez. Pedi ao padre que me deixasse ver-la uma última vez.

Ele abriu o caixão e me coração saltou, pois não havia nada dentro dele.