BRU'S POV

Pensei em ir para o lado contrário assim que o vi, mas eu não tinha tanta sorte assim.

- BRU! - Josh gritou quando me viu.

- Oi Josh. - Sorri pra ele. 

- Quanto tempo né? - Josh riu.

- É. - Olhei no relógio. - O que você fez nas últimas quatro horas? 

Josh tinha ido me ver na hora do almoço. Só pra variar.

- Vai lá em casa pra comer alguma coisa?

Franzi a testa.

- Melhor não Josh... 

- Por que não? – Ele insistiu.

- Eu só não quero Josh.

- Pelo menos come alguma coisa comigo. - Comecei a abrir a boca para discordar e Josh falou de novo. - Não aceito 'não' como resposta.

Então por que pergunta?

- Tá, tudo bem Josh. - Sorri depois disso. - Vamos lá.

Caminhamos até um restaurante que eu já conhecia. Sentamos em uma mesa qualquer e eu e contentei em pedir só uma porção de batatas e um refrigerante.

- Não vai comer mais nada? - Josh me perguntou quando o garçom trouxe o pedido.

- Estou sem fome. - Respondi. 

- Tudo bem então. 

Comi em silêncio, observando Josh. Não era só o cabelo nem a cor da pele. Josh falava do mesmo jeito rápido que Zayn, com aquele sotaque forte. Na verdade, Josh era um cara legal, o problema mesmo era comigo. Eu tinha algum bloqueio mental com ele, e não conseguia me imaginar sendo nada além de amiga.

- Pede uma sobremesa. - Josh sugeriu quando terminou de comer.

- Não, obrigada, Josh. - Sorri em agradecimento.

- Ou você pede ou eu peço uma pra você. – Ele avisou.

Suspirei. 

- Quero alguma coisa de chocolate. Pode ser um mousse. 

Josh pediu pra um pra mim e um pra ele.

- Caramba! Isso é muito bom Bru! - Josh falou quando comeu o primeiro pedaço.

Eu ri.

- Tô sabendo, Josh. 

- A gente precisa passar mais tempo juntos né? 

Por quê eu não consigo ser má com as pessoas? Droga.

- Ah Josh, a gente se vê toda hora. - Dei de ombros.

- Vou começar a te ver antes de você sair pra trabalhar.

AH NÃO, AI JÁ ERA DEMAIS. Pelo amor de Deus, Josh aparecer lá em casa sete horas da manhã? E a paz, onde fica? 

- Não tem necessidade Josh. - Falei. - A gente já se vê bastante.

- Espera pelo dia que eu for morar com você. - Ele disse em tom de brincadeira.

"Vai sonhando", pensei. Não é com você que eu vou morar Josh.

Fiquei em silêncio esperando ele comer. Assim que Josh terminou, eu já pedi a conta. 

- Pode deixar que eu pago. - Josh disse quando o garçom trouxe a pastinha com o valor.

- A gente divide. - Sugeri.

- Nada feito. - Ele discordou.

- Tá bom então. - Dei de ombros de novo.

Saímos na rua e eu percebi que tinha esfriado, mas não falei nada. Ainda bem que eu estava com o casaco.

- Posso te levar até em casa? 

"Não".

- Claro, vai ser ótimo.

Andamos à caminho de casa e Josh pegou minha mão, entrelaçando os dedos nos meus.

- Josh. - Alertei.

- Qual é Bru? Agora a gente tá sozinho.

"Por isso mesmo".

- Josh, solta a minha mão por favor. - Pedi, controlando a minha voz.

Josh suspirou do meu lado. 

- Tudo bem. – E soltou a minha mão.

- Obrigada. - Disse, fria.

Ele cruzou os braços sobre o peito, demonstrando desconforto.

- Pode deixar Josh, daqui eu vou sozinha. - Falei, assim que viramos a esquina.

- Tem certeza? - Ele franziu a testa.

- Ahan. Tá tudo bem. - Sorri pra ele. - Valeu Josh. 

Dei um beijo na bochecha dele e me despedi, dando as costas.

Cheguei em casa e abri a porta. As meninas estavam no sofá, vendo a novela.

- Demorou... - Ju disse assim que entrei.

- Tava com o Josh. - Expliquei.

- Harry veio aqui hoje. - Isa comentou.

Eu ri.

- Fala uma novidade. 

May me encarou.

- E o Zayn veio com ele.

Fiquei imóvel, tentando não demonstrar nada. Senti minha respiração ficar descompassada e  eu coração acelerar. Zayn tinha estado aqui? Por quê? Por minha causa? Ah, Deus. Respirei fundo.

- Problema dele. - Respondi, sem deixar a voz tremer.

May balançou a cabeça. 

- Até parece que você não se importa.

Olhei pra ela.

- E eu não me... - Puxei o ar de novo. - importo.

Isa se pronunciou.

- Bru, a gente te conhece. Sabemos que você não esqueceu o Zayn.

Coloquei a mão na testa. 

- Olha... eu não estou a fim de falar sobre isso tá? 

Fui até meu quarto e encostei a porta. Parecia que elas sabiam o quanto me magoava perceber que eu ainda gostava dele. E queriam que eu corresse atrás. Senti meus olhos ficarem molhados e olhei pra cima. As lágrimas não iam cair. 

Só pra ajudar, o rádio da vizinha estava ligado e tocava Heaven. QUAL É SOCIEDADE? Sentei na cama e abracei o travesseiro. Merda.

Eu odiava me sentir assim, mas eu não ia chorar. Há quanto tempo eu não chorava? Sabe, chorar por estar triste mesmo. Não sei. Nem quando nós conversamos na Argentina eu chorei. Não me permiti chorar. 

Suspirei.

Nunca falaria isso em voz alta, mas eu precisava ter o Zayn de volta.