NIALL’S POV

Chegamos em Dublin à noite. Já passava das nove horas. Graças a Deus nós tínhamos jantado no avião. Entramos no carro que nos levaria até a casa dos meus pais. Pude perceber durante toda a viagem no avião, que May não estava tão nervosa quanto eu imaginava que ela ficaria. Na verdade, sua excitação era mais por conhecer a Irlanda do que os meus próprios pais.

- Você não está nervosa? – Perguntei, quebrando o silêncio.

- Um pouco, na verdade. – May respondeu, olhando pra mim. - Sabe, tenho medo da sua família não gostar de mim. Mas isso é normal, não é?

Encarei seus olhos castanhos.

- Acho que sim. – Fiz uma pausa. – May, preciso te contar uma coisa.

Ela franziu a testa, preocupada.

- O que foi Niall?

- Bem... você é a segunda garota que eu estou levando pra conhecer meus pais. E a primeira nem conta direito. Eu só tinha quinze anos.

May engasgou-se.

- Como é? Eu sou a segunda? – Suas bochechas esquentaram.

- Ficou nervosa de repente? – Provoquei.

Ela me encarou, cética.

- É claro! Sua mãe vai querer saber quem está cuidando do filinho dela. – May devolveu.

Eu ri e passei o braço pelos seus ombros.

- Está tudo bem. Eles são super de boa.

- Eu sei que sim.

O silêncio voltou a reinar e eu comecei a pensar no quanto aquele tempo que nós íamos passar juntos era importante. Eu amava May e estava completamente certo disso, mas às vezes, passar um tempo longe de tudo o que é comum para nós, podia nos deixar ainda mais próximos.

Eu queria levá-la para conhecer tudo o que tornava Mullingar tão importante para mim. Eu queria compartilhar com ela todas as lembranças que eu tinha da minha infância. Ri baixinho quando imaginei minha mãe mostrando as fotos constrangedoras de quando eu era criança. Sim, ela o faria.

- Por que está tão quieto? – May perguntou, cortando meus pensamentos.

- Hã? Não é nada. Só estou pensando.

- Está se arrependendo de me trazer até aqui? – Ela sorriu de lado.

- Sua boba. Eu nunca me arrependeria.

- Niall?

- Sim?

- Eu te amo.

Sorri pra ela.

- Eu também te amo princesa. Demais.

May riu e começou a mexer na sua bolsa. Ela tirou de lá uma câmera fotográfica.

- Vou tirar uma foto de cada momento aqui. – Explicou.

- Empresta. – Estiquei a mão para ela. – Só um pouco.

May me encarou, relutante, mas entregou a câmera mesmo assim.

- Vem mais perto. – Pedi. – Vamos tirar juntos.

May sorriu, surpresa com a minha proposta. Colocou sua cabeça mais próxima da minha e nós dois olhamos para a máquina. Apertei o botão e depois mostrei pra ela.

- Ficou estranha. Mas tudo bem. – Falei.

- Cala a boca Niall. – May deu um tapa no meu ombro. – Eu amei a foto.

Ri da sua teimosia e foquei no trajeto que o táxi fazia. Não estávamos muito longe.

- Menos de vinte minutos May. – Avisei.

Seus olhos se abriram um pouco e ela ficou tensa.

- Não Niall, ah Deus.

- Calma. Respira fundo. Você consegue.

May riu.

- Você pareceu muito com a Bru falando agora. Ela sempre faz isso.

Ri também, mas não por muito tempo. Ficamos em silêncio de novo.

- Greg vai estar em casa? – May perguntou, apreensiva.

- Você está mais preocupada com o meu irmão do que com os meus pais? – Brinquei. – Ele está em casa, mas vocês vão se dar bem.

- Espero.

MAY’S POV

Meu coração acelerou tanto que poderia sair pela minha boca. Niall caminhou animado em direção à porta e tocou a campainha. Ele segurou minha mão.

Uma mulher não muito alta abriu a porta com um sorriso estampado no rosto. Maura Horan, ali na minha frente. Fiquei um pouco atrás de Niall, tímida.

- Filho! – Escutei sua voz doce. – Como você cresceu!

Niall riu enquanto abraçava a mãe.

- Você fala isso toda vez mãe!

Eles se separaram e Maura olhou pra mim em seguida.

- E você é namorada do meu filhote!

Sorri timidamente.

- É um prazer Sra. Horan. – Falei. – Mayara.

- Me chame de Maura querida. Venham, entrem!

Niall sorriu para mim, me encorajando. Entramos na casa e foi impossível não reparar na decoração tipicamente irlandesa. Vi uma coleção de duendes em cima da lareira da sala e vários trevos também. Contive uma risada baixa.

- Bobby! Venha logo! Niall está em casa.

- HORAN! – Escutei a voz forte do Sr. Horan vindo da sala ao lado. – Quanto tempo filho!

- Oi pai. – Niall sorriu pra ele quando o viu. – Essa é May, minha namorada.

Senti minhas bochechas esquentarem. Toda aquela atenção estava me deixando sem graça.

- Olá Sr. Horan. É um prazer.

Bobby ficou de pé.

- O prazer é meu. Seja muito bem vinda.

- Obrigada senhor.

- Onde está o Greg? – Niall perguntou, cortando o clima formal que tinha se instalado.

-No quarto dele querido. Subam lá. – Maura sugeriu. – E vocês devem estar cansados da viagem. Podem se preparar para dormir se quiserem.

- Vem May. – Ele me puxou pela mão. – Assim já deixamos nossas coisas lá em cima.

Peguei minha mochila que o taxista tinha deixado na cozinha e acompanhei Niall pelas escadas.

Ele abriu a segunda porta e entrou. O quarto de Niall era realmente muito diferente do que eu tinha imaginado. Pensei em alguma coisa sobre futebol ou qualquer coisa do tipo. Ao contrário disso, havia uma prateleira com uma coleção de miniatura de carros. Na outra parede, uma TV e outro violão. Tinha uma porta que dava para um banheiro. Nos fundos, ainda tinha um pôster do Justin Bieber autografado. Ri depois dessa.

- Você ainda gosta dele né? – Apontei.

Niall olhou para ver do que eu estava falando. Suas bochechas ficaram vermelhas.

- Bem... eu não pude voltar antes e tirar aquele pôster dali.

- Você não me engana senhor Niall Horan.

- Tá. Tá bom! Eu gosto sim.

Ri alto.

- Eu sabia.

- Por que a gente não vai logo ver o Greg?

- Tudo bem por mim.

Saímos do quarto e Niall me levou até outra porta. Ele bateu ritmicamente e entrou.

- Maninho! – Greg riu, levantando-se da cadeira do computador.

- Já estava vendo pornôs, né? – Niall riu também e abraçou o irmão.

- Ainda não né Niall? Não passou da meia noite.

Não consegui evitar que uma risada baixa escapasse pelos meus lábios.

- Hey! Você é a Mayara certo? – Greg sorriu pra mim. – É um prazer.

- Me chama só de May. O prazer é meu Greg.

Ele desviou o olhar do meu e encarou Niall dessa vez.

- Sua namorada é linda, Niall! – Greg sorriu maliciosamente. – Nós podíamos dividir de vez em quando.

Senti minhas bochechas queimarem, mas Niall fechou a cara.

- Não começa com graça Greg.

- Só estou brincando maninho. Relaxa. – Greg piscou pra mim. Eu sorri. – Sabe May, eu costumo provocar bastante o Horanzinho aqui. – Ele deu um tapinha nas costas do Niall.

- Tá Greg, já chega. – Niall tirou a mão dele. – Vem May, vamos deitar.

Niall começou a me puxar para fora do quarto, mas eu olhei pra trás.

- Boa noite Greg. Até amanhã.

- Boa noite May.

Fechei a porta do quarto atrás de mim e parei antes de entrar no quarto do Niall.

- Que foi? – Ele me encarou, confuso.

 - Não vamos dar boa noite para os seus pais?

- Ah, certo.

Descemos as escadas de novo e encontramos Maura e Bobby sentados no sofá.

- Boa noite, senhor e senhora Horan. – Falei, ainda tímida.

- Boa noite querida. – Maura se levantou e me deu um abraço. Me surpreendi com esse gesto. Quero dizer, ela mal me conhecia... mas eu gostei.

- Boa noite May. – Bobby disse, me oferecendo a mão. Apertei-a.

NIALL’S POV

Subi de volta para o meu quarto, levando May comigo.

- Eu durmo daquele lado. – Falei, antes de qualquer coisa.

- Tá bom bebê. – May ironizou.

Mostrei a língua pra ela. De repente, May ficou corada.

- Que foi? – Perguntei, como tinha feito alguns minutos atrás.

- Meu pijama.

- Eu saio do quarto amor.

- Não é exatamente isso Niall.

Franzi a testa.

- Qual é o problema então?

May olhou para o chão.

- Eu esqueci o meu.

Sorri com a sua vergonha.

- Quer um moletom meu?

- Se você não se importar.

Revirei os olhos e abri meu guarda roupa. Peguei um moletom azul marinho e entreguei pra ela.

- Vai ser quase um vestido. – May riu.

- Vou sair pra você se trocar. – Avisei e sair do quarto.

Esperei algum tempo ali fora e depois bati na porta.

- Pode entrar Niall. – May disse.

Como previsto, o moletom tinha ficado grande para ela. Mas não tão grande assim. Batia no meio das suas coxas, deixando suas pernas a vista. Desviei meus olhos de lá com um pouco de dificuldade.

- Eu vou... hã... escovar meus dentes. – Disse e caminhei até o banheiro.

Fiz o que eu havia dito e olhei no espelho. Tentei não pensar em certas coisas, mas parecia impossível para mim. Passei a mão pelo meu cabelo.

May apareceu no banheiro com a sua escova de dentes na mão.

-Posso?

- Claro.

May passou por mim e foi até a pia. Meus olhos passaram pelo seu corpo de novo e eu abaixei a cabeça. Fui até o quarto e deitei na cama, ligando a TV.

May saiu do banheiro e deitou do meu lado. Puxei-a mais para perto de mim e ela deitou sua cabeça no meu peito.

- Como a Irlanda pode ser tão perfeita? – Ela perguntou com a voz suave.

- Não sei o que você vê de tão incrível aqui. – Passei a mão pelos seus cabelos.

- Como você pode dizer isso? – May me encarou, indignada.

- Talvez porque eu tenha crescido aqui. – Dei de ombros.

May balançou a cabeça, realmente não acreditando nas minhas palavras.

- May... – Limpei a garganta.

- Sim?

- Você não se importa de estar aqui comigo?

- O que você quer dizer?

- Aqui. Tipo... aqui.

- Niall, nós já dormimos na mesma cama.

- Mas não no meu quarto.

Escutei May puxando o ar com um pouco de força. Senti seus dedos arranharem a região das minhas costelas.

- Niall eu...

- Não estou dizendo que vai acontecer May.

- E se eu quiser?

Fiquei sem reação com a sua resposta.

Então puxei May para cima de mim e ela sentou no meu colo. Puxei minha boca com urgência para a minha, enquanto minha outra mão descia até sua perna.

May arranhou meu peito e eu senti meu corpo arrepiar. Ela estava me deixando louco. Sua mão foi para a minha nuca, então ela mordeu os lábios do jeito mais sexy que ela poderia ter feito.

Não resisti e a beijei de novo. Era urgente. Nós dois queríamos isso. May passou a mão pelo meu abdômen, puxando minha camiseta. Apertei sua cintura levemente.

- Niall... – May suspirou meu nome uma vez.

Eu não conseguia controlar meu desejo por ela. May era minha garota, minha namorada. Eu a amava mais que tudo e esse momento mostrava o quanto ela confiava em mim. Eu me sentia honrado por isso. Mas meu cérebro não conseguia relacionar todos os fatos agora, a única coisa que importava era que May era minha, sem mais.

- EI. – Uma batida na porta. – SEM GRACINHAS VOCÊS DOIS.

May assustou-se e imediatamente saiu de cima de mim, deitando-se do meu lado.

- GREG! – Gritei. – VAI SE FUDER.

Escutei sua risada do outro lado da porta.

- Desculpa por isso. – Olhei pra May.

Ela estava completamente envergonhada, pude perceber.

- Acho... melhor nós dormimos. – May disse, com a voz fraca.

- Claro amor. – Puxei-a de volta para o meu peito. – Boa noite May.

Senti sua respiração ficando um pouco suave.

Se não fosse Greg! Droga! Senti raiva dele por um tempo. MERDA MERDA MERDA.

Isso ia ter que esperar.