NIALL'S POV

Coloquei a touca do moletom na cabeça.

Não entendi porque Harry me mandou sair. Será que ele não via que ia chover? Que merda. Primeiro a Isa chega toda apressada pra falar com o ele, e os dois ficam de conversinha em um canto. Só escutei o Harry: "SÉRIO MESMO? QUE BOM!".

E depois: "Vai lá Niall! Vai andar até a praça". É claro que eu disse que não ia, mas Harry ameaçou jogar fora todas as minhas batatas. Sinto muito, não tive escolha.

Olhei para frente, já conseguindo enxergar a tal praça. Era tipo um mini centro de compras, daqueles que as lojas ficam no térreo de um prédio. Todas as lojas dali já estavam fechadas. A praça em si ficava logo na frente, com alguns bancos e árvores.

Prestei mais atenção. No máximo, dez pessoas estavam na praça. Também, quem ia sair nesse frio? Alguns casais aqui, um grupo de adolescentes ali. No banco bem na minha frente, uma garota estava sentada sozinha. Senti meu coração acelerar ao perceber quem era.

Caminhei até lá, ficando atrás dela. Respirei fundo.

- Uma garota tão bonita não devia ficar sozinha numa noite fria de Londres. - Falei, no seu ouvido.

May olhou para trás, assustada. Esperei que ela começasse a me ignorar ou sei lá, mas ela abriu um sorriso enorme, me surpreendendo.

- Oi Niall. O que você tá fazendo aqui?

- Só andando. - Respondi, sem querer comentar que o Harry tinha me mandado aqui. Será que ele sabia? Ah, é claro que sim. Obrigada Hazza!

- Quer um café?  - May ofereceu, mostrando seu copo e chamando a minha atenção.

- Não, depois eu pego. Valeu.

- Senta aqui. – Ela gesticulou para o banco.

Sentei do seu lado no banco, franzindo a testa. May estava diferente...

- O que aconteceu May? - Perguntei, olhando nos seus olhos.

Ela desviou o olhar do meu.

- Eu cansei Niall. - May falou devagar. - Cansei de fingir ser alguém que eu não sou.

- É bom ser quem você é de verdade. – Falei. - Você estava fresquinha demais May. - Eu ri.

May riu baixo, uma risada que eu não escutava há algum tempo. Me deu vontade de rir também.

- Eu sei. - Ela respondeu. - Nem eu estava me aguentando mais. Ainda bem, que o...

May parou de falar, engolindo em seco.

- Pode falar May. – Pedi.

É claro que eu sabia que ela ia falar do tal Math. Eu já sabia que eles estavam juntos... e agora eu tinha perdido a May pra sempre. Mas se ele a fazia feliz, eu conseguia pelo menos respeitar isso.

- É. O Math é legal. - May voltoua falar. - E ele me ajudou bastante.

Senti meu coração apertar. Eu ia fingir que não ligava pro cara, e escutar o que a May precisava falar. Assenti, esperando que ela continuasse.

- Mas eu não era a May quando eu estava com ele. Eu era uma garota quieta e tímida. – Ela riu. – Ele não conhecia nada de mim.

Então esse cara não conhecia nada da May. Quieta? E tímida? Pelo amor de Deus!

- Math é mesmo um cara legal. Mas eu não sou boa pra ele. - Ela continuou. - Nem ele pra mim.

Fiquei em silêncio, tentando entender o que ela estava falando. Pisquei quando percebi que ela disse tudo aquilo no passado.

- Espera... Vocês terminaram?! - Perguntei, rápido demais. - Desculpe, não foi isso que eu quis dizer.

May olhou pra baixo.

- Foi mais um consentimento mútuo. Somos só amigos.

Sorri inconscientemente. Senti pingos de chuva caírem no meu rosto e então começou a chover pra caramba. May arfou do meu lado e se levantou. Levantei também e peguei sua mão, puxando-a para debaixo de um toldo.

Nossa respiração estava descompassada. Observei a May. Seu rosto estava corado e gotas de chuva escorriam pelo seu rosto, até seus olhos estavam mais brilhantes.  Só então percebi que ainda estávamos de mãos dadas. Ficamos em silêncio, nos encarando.

Olhei para o seu pescoço. O trevo pendia no seu peito.

- Por que você ainda usa? - Perguntei, apontando para o colar.

May olhou para ver do que eu falava. Ela segurou o pingente.

-Além de ser lindo, esse colar é muito importante pra mim.

- E eu?

- E você o quê?

- O quanto sou importante pra você?

May respirou fundo e depois soltou o ar. Ela me encarou.

- Você nunca vai perceber não é?

- Perceber o que? - Franzi a testa.

- O quanto eu sou apaixonada por você.

Meu coração acelerou quando ela disse isso. May não tinha esquecido de mim, muito menos deixado de me amar. Sorri de lado quando ela abaixou a cabeça, envergonhada.

- Do mesmo jeito que eu sou apaixonado por você.

May levantou a cabeça e me olhou nos olhos. Então ela sorriu.

Sorri também e coloquei minhas mãos na sua cintura. Aproximei um pouco meu rosto do dela bem devagar, dando a chance de que ela se distanciasse, mas May não recusou quando encostei meus lábios bem de leve nos dela. Uma de suas mãos foi automaticamente para a minha nuca, brincando com o meu cabelo. Pedi espaço para aprofundar o beijo e ela cedeu, chegando a suspirar de prazer. Sua unha roçou no meu pescoço, me fazendo arrepiar.

Ter May ali de novo, nos meus braços, era o paraíso. Agora, eu nunca ia deixar que ela fosse embora. Encostei minha testa na sua, sentindo sua respiração quente bater no meu rosto.

- Me desculpa May. Eu nunca quis ter te traído. Eu me odeio só por ter perdido você.

- Você não me perdeu Niall. - May disse simplesmente. - Nunca vai me perder.

Respirei fundo quando vi seus olhos se encherem de lágrimas.

- May, não precisa mais chorar. - Passei a mão no seu rosto. - Eu estou com você. Vamos tentar de novo May, por favor. Eu nunca mais vou te magoar, eu prometo. Por favor, May.

Ela levantou o olhar e me encarou.

- Não tem como eu falar não Niall. Eu não consigo mais.

Sorri pra ela.

- Tell me you don’t want my Kiss . – Cantei a parte de Tell Me a Lie pra ela.

May riu.

- Você é um convencido sabia?

Sorri de lado.

- Um convencido que você ama.

- Amo mesmo. – May me deu um selinho.

- Assim como eu te amo. Minha princesa.