A Message escrita por moriartea


Capítulo 1
Capítulo 1




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Irene Adler estava sonhando.

Era um sonho bom, um sonho repleto de cheiros, sensações e um breve vislumbre do deserto. Aquele deserto. Um sonho composto de lembranças.

A mulher abriu os olhos e ainda era capaz de sentir o perfume. Ela poderia ficar ali, deitada na cama forrada com lençóis de seda, mas havia um longo dia pela frente. Sentou-se e pegou o celular de última geração na mesa de cabeceira. Seus dedos deslizaram pela lista de contatos até parar em um nome. A tentação de enviar uma mensagem era grande, mas o risco não valia a pena. Afinal, o fiel escudeiro poderia estar por perto e se ele soubesse que ela estava viva...

Levantou-se então, pondo o celular de volta onde estava e ligou a televisão no canal de notícias. Entrou no banheiro, ligando as torneiras de ouro da enorme banheira que ocupava grande parte do cômodo, escolhendo distraidamente as opções de temperatura e sabão. A esta hora, em Londres, ele deveria estar dormindo, ou o que é mais provável, formulando hipóteses sobre algum caso que o fez passar a noite em claro, tocando seu violino ou... Não, pensou ela com veemência, pare com isto. Mal-humorada, fechou todas as torneiras e já se preparava para entrar na água aquecida quando um som vindo da televisão despertou seu interesse. Era a música que simbolizava notícias urgentes.

Rapidamente se encaminhou até a frente do aparelho, em tempo de ouvir a manchete: “O falso gênio e detetive Sherlock Holmes cometeu suicídio esta manhã, em Londres. Testemunhas que passavam pelo local, o Hospital St. Bartholomew, presenciaram o momento em que Holmes, que se tornou famoso na rede virtual e recentemente foi acusado de tramar crimes em benefício próprio se jogou do telhado do edifício. A polícia suspeita que isto seja conseqüência...”

Irene Adler só percebeu que estava caindo quando suas mãos e joelhos tocaram o chão. Seus sentidos estavam completamente inebriados pela onda de emoções que varreram seu corpo. Aquilo não podia ser verdade. Não podia. Sherlock Holmes jamais cometeria suicídio, ele possuía amor próprio demais para isso. No entanto... o jornal exibia uma foto tirada por um transeunte momentos depois da queda. Ali estava seu rosto, sem vida e coberto pelo sangue que se espalhava pela calçada. A visão lhe causou náuseas e uma pontada terrivelmente dolorosa no coração.

Não podia ser verdade.

Na cômoda ao lado da cama, o celular emitiu um som. Reunindo as forças que lhe restavam, ela se levantou o mais rapidamente que pode, pois apenas uma pessoa conhecia aquele número.

A mensagem na tela a encheu com um calor reconfortante e um sorriso de alívio preencheu o seu rosto.

I’m not dead. Let’s have dinner.

SH  


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