Emma e Graham estavam se encarando na floresta. Nenhum dos dois sabia exatamente o que falar. Ela tinha medo de admitir o que sentia por Hook e ele de revelar o que tinha em mente. Até que Graham resolveu quebrar o silêncio:

– Isso está sendo embaraçoso para você do mesmo jeito que está sendo para mim? – ele perguntou corando.

Ela esperava que o fato de sua bochecha estar ardendo significasse uma alergia.

– Um pouco...

– Emma... Eu ãh... Não sei por onde começar. Se é que devo começar...

– Sei como se sente. – ela forçou um sorriso. – Er... eu... isso tá sendo muito constrangedor.

– Nem me fale. Acho que deveríamos tirar na moeda e ver quem vai falar primeiro.

– Boa ideia, tem alguma?

– Não. Você?

– Só uma nota de um dólar, deixei a carteira no carro.

– Que legal... Isso vai ser muito mais constrangedor do que eu esperava.

– OH PLEASE! Deixem de ser tão chatos e falem logo de uma vez! – disse Aria.

Emma e Graham olharam para um dos galhos de uma árvore perto e lá estava ela, deitada. Com um chapéu preto cobrindo o rosto, como se fosse um cowboy dos filmes de Hollywood.

– ARIA! – Emma gritou. – Dá o fora!

– Foi mal loira, mas isso não vai acontecer! – ela disse tirando o chapéu do rosto e sentando.

– ARIA...

– Emma aprenda! Você é horrível quando se trata de pessoas e o Chris Hemsworth de Storybrooke aqui também não é um grande exemplo de convivência social!

– ARIA! DÁ O FORA!

– Nope! Agora, dando uma de apresentador de TV, Graham, como você se sentiu ao ver a Emma beijando o Captain Hook?

– ARIA! – Emma estava ficando vermelha de raiva.

– Eu ãh... é uma boa pergunta. – ele respondeu.

– Uhm hum. E você Emma? Como se sentiu ao ver que o Graham acabou com o seu momento... romântico?

Emma pegou uma pedra e tacou na árvore, não com a intenção de acertar a menina, claro (ou não).

– Entendi, raiva...

– Aria! – Emma a cortou. – Você não é uma psicóloga e eu não preciso de uma. Dá o fora!

– Entendi... você acha que isso tem haver com o abandono dos seus pais?

– Aria! – Snow a chamou chegando ao local. – Que tal ajudar o Cody a treinar o Jack? Hein? Vamos!

– Mas aqui tá mais legal! Melhor que briga de Reality Show! – moça exclamou fazendo biquinho.

– Aria! – Snow a censurou com o olhar.

– Tá! – ela disse de mau gosto. – Mas depois eu quero um resumo detalhado do que aconteceu. – disse pulando da árvore.

– Vamos! – Snow passou a mão pelos ombros da menina para ter certeza de que ela não ia fugir e as duas sumiram na floresta.

– Sua mãe é uma pessoa muito legal. – disse Graham.

Emma concordou com a cabeça sem jeito.

– Como a Aria nos achou?

– Ela é doida.

– Doida, mas inteligente. Emma, o que você sentiu quando me viu?

Até a bruxa cega seria capaz de adivinhar a cara da Emma naquele momento. Ela estava tão branca, que a Snow perto dela era negra. Com isso, tentem adivinhar como ela estava se sentindo.

– Ah... Graham...

– Eu não sei você, mas quando eu te vi beijando aquele cara eu... – ele disse tentando conter a raiva. – Eu... não... olha Emma, você merece alguém melhor que um pirata. Ele é um vilão! Uma pessoa má! E a verdade é... eu não sei o que sinto. OK?! Não sei se o que sinto por você é amor ou...

– OU?

– Ou se é só... eu não sei, ok? Mas... ARGH! – ele gritou. – Henry disse que... nós temos uma conexão especial, então talvez... seja isso! Ou amor! Eu não sei!

– Conexão especial? – ela perguntou franzindo o cenho.

– Eu poupei a vida da sua mãe, Emma! Em vez de matá-la eu matei um cervo e dei a Regina o coração dele ao invés do da sua mãe. Eu lembro agora! Henry disse que por causa disso você me deve a vida, pois poupei a da sua mãe.

– Ah... isso não faz muito sentido...

– Pra mim faz! Agora mais do que nunca já que lembrei quem sou. Meu nome é Graham. Eu fui criado com os lobos após minha família ser morta por ladrões. Cresci entre eles, sou um deles. Caço por comida, por mim e meu amigo. – ele disse apontando para o lobo. – e não por dinheiro.

– Se caça para si então porque aceitou matar minha mãe? – indagou com raiva na voz.

– Regina me prometeu que a caça aos lobos seria proibida em Snow Falls.

– Snow Falls? Que diabo é isso?

– O nome do seu reino. Você é a princesa Emma de Snow Falls. Assim como sua mãe é a rainha. Assim como Aria é a princesa de Swan. Belle é a princesa de Scorn. No nosso mundo não temos sobrenomes, só o nome seguido do título e do reino.

– UOU, nosso não, seu! Eu pertenço a esse mundo.

– Emma... olha... não sei se o que sinto por você é amor ou... carinho... conexão especial... ou seja lá como chamem. Mas sei que o que você sente por mim é gratidão.

– Gratidão? Pelo que? Por ter salvo a minha mãe?

– É!

– Olha... eu sei que eu... "lembrei"... chame como quiser, mas... eu não... vejo Snow White e Prince Charming. Eu vejo Mary Margaret e David!

– Não é verdade.

– Ah é, então me diga senhor sabe tudo, como você sabe disso?

– Você ficou com raiva quando eu disse que não matava por dinheiro. Ficou com raiva porque achou que eu tivesse aceitado em matar sua mãe por nada, como se ela não tivesse valor. Admita Emma, você a ama!

– Eu não...

– Ela é sua mãe e te ama! Lembro-me da Regina furiosa quando descobriu que a Snow estava grávida. Lembro-me das notícias que se espalhavam pelo reino. A rainha Snow White e o rei James estavam imensamente felizes com o nascimento da princesa. Seus pais te amam Emma. Posso não saber o que aconteceu enquanto a Regina nos mandou para cá, em seus únicos momentos no nosso mundo, mas sei que eles te amam!

Ela tentou segurar as lágrimas, até porque ele estava certo. Ela sentia gratidão por ele, não amor. Uma gratidão muito forte, mas nada além disso.

– Graham... estamos aqui para falar de nós! OK? Da gente, não dos meus pais!

– Seja lá o que você sente por mim... olha... aquele cara, ele é um vilão! Ele é mau! Você merece alguém melhor que um pirata.

– Olha Graham... você é um cara legal, tá? Mas você não conhece o Killian. – ela disse começando a ficar com raiva dele.

– Ele é um pirata!

– E um bom homem!

E começou o silêncio constrangedor. Talvez Henry estivesse certo, talvez ela só sentisse uma imensa gratidão por ele. Quando estava perto de Graham, ela não sentia borboletas em seu estômago, suas mãos não soavam, o sorriso dele não fazia com que cada mísero problema dela desaparecessem... já com Killian...

Eles terminaram voltando para o “parque de brinquedos com um desing perfeitamente normal” em completo silêncio. Além de ser embaraçoso, foi completamente constrangedor. Emma entrou no carro sozinha e sumiu de vista, Graham foi ajudar as crianças. No parque, Henry e Hansel brincavam com as espadas de madeira e isso fez com que o menino não notasse a saída da mãe. Mas Snow e Aria olharam atentamente para eles, do mesmo jeito que Hook, só que ele se sentiu muito incomodado com a situação.

– Você tinha que me seguir e me tirar de lá?! – Aria disse sarcasticamente.

– Annabelle, era uma conversa particular.

– É Aria!

– Não é não. É Annabelle.

– Eu mudei o meu nome, sabia? No cartório e tudo. Meus pais autorizaram;

– No nosso mundo, o nome que nossos pais escolhem é o nosso nome até o fim da vida. Mesmo que você troque.

– O nome do seu marido é David e ainda assim todo mundo o chama de James.

– Eu o chamo de Charming. E nem pense em segui-los!

– Ou o que? Eu controlo os quatro elementos.

– Eu sei, você é poderosa. Não precisa ficar se gabando por isso.

– Eu só quero escutar. É pedir demais?

– Annabelle, isso é entre eles. Sei que você quer a Emma com seu irmão, mas prejudicá-la com o Graham não vai ajudar.

– Eu não quero a Emma com o Derek. Estais por fora mesmo, hein!

– Por fora do que?

– Sabe a minha história?

– O espelho e a sombra.

– Lembra o fim do meu irmão?

Snow pensou por um segundo e ficou tão pálida quanto gelo.

– Derek...

– Sim. Ele se afoga no lago.

– Annie...

– Snow, de todos da minha família, a única que sobrevive sou eu. Olívia já morreu. Minha mãe também. Meu pai vai morrer em algumas semanas e Derek vai se matar quando descobrir que a mulher que ele pensava amar, na verdade ama outro. Apesar de tudo, não quero a Emma com o Derek. Quero que a minha história cumpra seu destina. Tanto na minha história, quanto na da Emma. A princesa cisne merece encontrar o amor que é descrito ao fim do livro.

Na cidade. Emma foi atrás de Jiminy, ele estava com Marco e August tomando um sorvete numa soverteria perto do Granny's.

– E então, o que acha agora da minha teoria? – August perguntou sorrindo.

– Ela é bem mais reforçada ao ver que você é um homem feito de madeira que consegue se locomover e viver. – ela conseguiu sorrir.

– Viu, basta ter fé! – ele riu.

– Obrigada August. Quer dizer, Pinocchio. Obrigada por ter me ajudado.

– Foi à missão que o meu pai me deu e eu não poderia ficar mais feliz em cumpri-la. – ele disse abraçando o pai.

– Estou orgulhoso de você meu menino! – disse Geppetto.

Emma encarou pai e filho com uma dor no peito, David também fez muita coisa por ela, mesmo que só tenha sido depois de recuperar a memória e deixado de ser um imbecil. A Blue Fairy estava saindo de dentro do estabelecimento quando Emma a chamou para se sentar com eles.

– Amor verdadeiro, vocês e Graham? – a freira perguntou tentando ser o menos rude possível.

– Porque será que você está com cara de que acabou de ouvir uma piada? – Emma perguntou com sarcasmo.

– Não foi isso, perdão. É só que... não é assim que as coisas funcionam. Você não deve ir atrás de uma fada e perguntar se o que sente por alguém é amor verdadeiro. Amor verdadeiro não é fácil de descobrir.

Emma fez uma cara emburrada como qualquer criança faz quando dizem que não pode comer doces antes do almoço.

– A intenção foi boa, Emma. – disse Jiminy.

– Você deve achar seu amor verdadeiro sozinha, não procurar alguém e pedir para que essa pessoa diga se é ou não. – a fada acrescentou.

– Existe alguém capaz de dizer? – August perguntou curioso.

– É claro que não! – a fada mentiu.

– Blue Fairy, a senhorita sabe tão bem quanto eu que mentiras não levam a lugar algum. Ceder ao lado sombrio não leva a nada, mesmo que seja para que eles descubram sozinhos o que sentem. – disse Jiminy.

– Quem é? – Emma perguntou estressada.

– Há inúmeras pessoas. Para poder reconhecer amor verdadeiro, a pessoa tem que ser muito sensível em relação aos sentimentos alheios. Mas creio que a pessoa que você precisa conversar é a princesa Annabelle. Ela é... bastante conhecedora das nossas histórias.

– Princesa Annabelle? Quer dizer... Aria Spencer? Desde quando a Aria é um poço de inteligência? – Emma perguntou sarcasticamente.

– Quem você acha que escreveu o livro do Henry? – disse Jiminy.

Emma só faltou ter um ataque cardíaco e voltou para o parque quase que voando.

– Aria! – chamou.

Ela estava brincando com Henry com as espadas de madeira. David e Snow estavam numa conversa que aparentava ser muito séria, pois as expressões de ambos eram de dor.

– Algum problema? – ela perguntou.

Henry foi até a mãe e a abraçou, Emma o abraçou de volta, se ajoelhou e deu um beijo na sua testa depois de ajeitar o cabelo bagunçado dele. Disse em seu ouvido:

– Estou orgulhosa de você, Simon!

Henry sorriu e partiu para falar com Grace sem dizer nada, apenas com um sorriso imenso no rosto.

– Aria, o que você sabe da minha história? – Emma perguntou séria.

– Só a parte de que o Lago dos Cines é o pior lugar para natação, por quê?

– Não minta! – exlcamou.

Ela notou a expressão séria da princesa e resolveu falar:

– O que você quer saber?!

– Tudo Aria, o que você sabe sobre minha história?

– Sei ela inteira.

– Desembucha!

– Não aqui, é perigoso. Precisamos ir para um local seguro.

– E onde seria?

– Qualquer casa em que haja amor verdadeiro por parte de todos os moradores. Ou seja, a minha e a casa da Regina não entram na lista de lugares seguros. Ela pode até amar o Henry, mas a reciproca é verdadeira em poucos momentos.

– Aria, sem charadas, qual casa?

– A sua está ótimo! Agora para estarmos protegidos, seus pais e seu filho têm que ir conosco.

– Por quê?

– Maior fica a proteção! – ela disse com o olhar perdido.

– Aria, como você sabe disso?

– Não se deixe enganar pelas aparências. Aquela ali com a orelha do Dumbo parece uma professora de crianças quando na verdade é uma das pessoas com mais fibra e caráter que eu já vi!

Emma a encarou com raiva. Com isso, os Charmings e Aria foram para a casa da família. Não precisa dizer que Hook estava morto de ciúmes, né?!