A água gelada percorria meu corpo, debaixo do chuveiro. Eram duas horas da manhã. Mesmo assim, eu estava com calor, por isso não me importei em molhar meu cabelo também. Após o banho, me enrolei em minha toalha e saí do banheiro. Meu cabelo pingava, tratei de enxugá-lo primeiro.

As janelas de meu quarto estavam fechadas, e sobre minha cama bagunçada, encontrava-se meu pijama. Após vestir-me, sequei meus cabelos e deitei na cama. O visor de meu celular acendeu de repente no criado-mudo e ouvi um som começar a tocar. Peguei o aparelho, e atendi a ligação.

– Alô? – perguntei após levar o celular a orelha.

– Mirandinha, é você, minha linda? – a voz era totalmente familiar, reconheci logo quem era.

– Jennette?

– A própria. Uhuuuuuh! – ela começou a rir.

– O que houve?

– Nada linda, apenas queria cantarrrrr com você. 

– Como é que é? Aonde você está?

– Hum? Ah, sei lá... tô na rua... Olha! Uma formiga! – ela riu, novamente.

Percebi a música eletrônica tocar abafadamente, do outro lado da linha.

– Hey, Jennette! Você está bêbada?!

– Eu? Bêbada? – riu. – Não, baby... Opa, um carro! – e riu, de novo.

É, ela estava sim.

– Droga. Aonde você está?

– Tô no bar do Josh, relaxa. Tá tudo bem. Hey, a Madisen não é nada gostosa, né? – ela riu. – Ao contrário de mim. O Nathan devia me escolher, eu sou muito gostosa.

Nathan era nosso melhor amigo. Tinha uma forte amizade comigo, mas com a Jennette era muito mais forte. Ele não sabia, mas, Jennette sempre foi totalmente apaixonada por ele, e sempre acreditou que a paixão era recíproca. Porém, não era. Nathan sempre viu Jennette como uma irmã. Começou a namorar Madisen Hill, uma garota que ele conheceu através da própria Jennette, numa festa; há um mês. Mas só nos contou ontem.

Eu tinha certeza que ele era o motivo dessa bebedeira de Jennette.

– Ei, não saia daí, estou indo lhe buscar agora mesmo.

Desliguei o telefone, fui ligeiramente colocar um casaco qualquer. Eu estava de pijama, mas que se dane. Peguei minhas chaves e fui de carro até o bar do Josh. Eu sabia aonde ficava.

Enquanto dirigia, soltei um suspiro pesado ao olhar a foto de Jennette que sempre esteve ao lado do volante. Na foto, ela sorria. Estava tão linda. Tão linda. Ver seu sorriso era o que eu mais gostava de fazer.

Mas, quem se importa? Jennette só tinha olhos para o Nathan.

Após uns dez minutos, cheguei no bar do Josh. Não era apenas um barzinho qualquer, era um local grande e bastante popular por ali. Tinha música alta e pista de dança. Um local perfeito para se divertir.

Desci do carro e...

Pausa.

Me deparei com uma cena que apertou meu coração fortemente. Já podia sentir as lágrimas rolarem livremente em meu rosto.

Não podia ser verdade.

Aquilo era apenas um pesadelo, certo? Eu acordaria em breve, certo?

Errado.

Jennette estava desacordada no chão, no meio da rua.

Ela havia sido atropelada.