Acordei e vi que todos ainda dormiam. Não consegui achar nenhum relógio, mas era provavelmente mais cedo do que eu costumava acordar nas férias. Lembrei que não estava mais de férias, eu estava trabalhando em uma missão quase suicida para salvar o mundo bruxo.

Levantei do sofá e me dirigi até a cozinha tomando cuidado para não pisar em Harry e Ron. Entrei na cozinha e quase consegui nos ver sentados ali, quase dois anos antes, tentando arrancar alguma informação da Ordem da Fênix de seus participantes. Quase consegui ouvir a risada de Sirius, quando ouvia nossas perguntas.

Abri o armário e não me surpreendi, não tinha nenhuma comida sequer. Nem nenhum ingrediente. A única coisa que eu poderia cozinhar eram as aranhas, mas Rony não ficaria muito satisfeito comigo. Felizmente, como uma londrina nativa, sabia muito bem onde eu deveria ir para comprar alguma coisa comestível.

Sem fazer nenhum barulho, peguei um casaco e saí de casa. O relógio da rua marcava sete da manhã, o que explicava o friozinho matinal. Aparatei na frente de um supermercado que eu sempre ia e o senhor do caixa me cumprimentou assim que me viu.

Separei uma enorme quantidade de comidas práticas e paguei, com medo de receber uma bronca ao chegar em casa, por ter saído sem avisar. Eles não precisavam se preocupar com mais gente.

Entrei em casa e pendurei o casaco novamente. Não ouvi nenhuma conversa, então assumi que todos ainda dormiam.

— Severo Snape? - ouvi Moody dizer e fechei os olhos rapidamente, para não presenciar o fantasma de Dumbledore novamente.

Entrei na cozinha e separei alguns dos ingredientes para fazer panquecas. O Largo Grimmauld tinha as melhores panelas que eu já havia usado na vida, por incrível que pareça. Ajoelhei na frente do armário embaixo da pia e o abri. No segundo seguinte, eu estava deitada no chão com um elfo furioso em cima de mim me acertando na cabeça com uma frigideira.

— MONSTRO! - gritei

Ao me reconhecer, Monstro sentou-se no chão.

— O que você está fazendo aqui? - perguntou ele rispidamente

— Nós vamos ficar aqui por um tempo. - eu disse - Você está bem?

— Era só o que me faltava, a sangue-ruim imunda está de volta. - ele disse

— MONSTRO! - gruitou Harry perseguindo o elfo, que corria - VOCÊ NÃO FALE MAIS ASSIM DELA.

— E VOCÊ NÃO TRATE ELE ASSIM! - eu disse o segurando

— Você viu do que ele te chamou! - ele disse

— Não é culpa dele! - eu disse - E ele tem toda a razão de estar bravo!

— O que você quer dizer? - Harry perguntou

— Sirius morreu há mais de um ano. - eu disse - Você se importou com Monstro? Você alguma vez pediu para vir aqui e ver se estava tudo bem com ele? Você sequer lembrou dele?

Harry olhou para o chão, envergonhado.

— Eu sei que não tem sido fácil para você. - eu disse - Mas Monstro merece um pouco de atenção, pra variar.

Harry assentiu.

— Me desculpe, Monstro. - Harry disse

Monstro fez uma reverência do canto da cozinha.

— Obrigado - sussurrou Monstro para mim e, logo depois, saiu correndo.

Ri.

— Hermione vai elevar seu cargo na F.A.L.E. - ele disse - E você está sangrando.

Passei a mão na minha testa, que ardeu com o toque.

— Vamos lavar isso. - ele disse

Subimos as escadas com cuidado para não levarmos mais sustos com os feitiços de proteção.

Harry parou em frente a uma porta.

— É o quarto de Sirius. - ele disse - Eu nunca entrei aqui.

Ele abriu a porta com cuidado e entramos no quarto.

Estava um pouco bagunçado, como se a última coisa que Sirius havia feito era procurar algo. Vários papéis estavam espalhados no chão.

Harry se ajoelhou e pegou um dos papéis. Sentei ao seu lado e, enquanto ele lia, vi um pedaço de uma foto saindo debaixo de uma pequena pilha de papéis. Me estiquei e a peguei.

Era uma foto de uma criancinha montada em uma vassoura de brinquedo, com um homem sorridente correndo atrás.

Não consegui me conter e comecei a chorar.

— Ei, ei. - disse Harry me abraçando - O que foi?

— Você bebezinho. - chorei - E seu pai.

Senti ele dar uma risada.

— Está tudo bem, Lizzie. - ele disse - Você não precisa ficar triste.

— ELE ESTÁ TE ENSINANDO A VOAR, HARRY POTTER. - eu gritei

— Então está explicado porque eu fui o apanhador mais jovem do século. - ele disse fazendo cafuné em mim

Rony e Hermione entraram correndo no quarto.

— O que aconteceu? - perguntou Hermione

— Nada. - sorriu Harry

— Nada? - perguntou Rony - Tem sangue escorrendo da testa da Alice, tem sangue na sua camiseta e a Alice está chorando. Nada?

— Monstro atingiu Alice com uma panela e ela me abraçou, por isso o sangue na minha camiseta. - Harry disse

— Eu não acredito que sujei sua camiseta. - eu disse

— Não tem problema. - ele riu

— Tem sim, é sua única camiseta. - eu disse

— Não é não! - ele exclamou

— Todo mundo sabe que você só tem uma camiseta, Harry. - eu disse

— Cala a boca, Alice. - ele riu

— E o choro? - perguntou Mione

— Ela achou uma foto minha de quando eu era bebê. - Harry riu

Rony riu.

— Do jeito que você fala, parece um motivo idiota. - eu disse

— Mas é um motivo idiota. - Harry riu

Dei um soco em seu braço.

— Eu vou pegar um papel higiênico molhado para você, Lizzie. - disse Rony irritado

Ele saiu do quarto resmungando algo sobre sangue.

— Eu achei uma carta da minha mãe. - Harry disse - Sirius me deu essa vassoura, eu estava fazendo aniversário.

Peguei o papel e li a carta rapidamente.

— Está rasgada. - eu disse - Falta esse pedaço, sobre Dumbledore.

— O que você acha que ela quer dizer? - Mione perguntou

Harry deu de ombros.

— Não consegui achar o resto da carta. - disse Harry

— Gente! - disse Rony do corredor - Eu achei uma coisa. Venham!

Corremos até onde ele estava e ficamos na frente de uma porta de um quarto que também não havíamos estado antes.

— Regulus Arturo Black - eu li

— R.A.B - disse Mione

— Sirius me contou que Voldemort o matou pessoalmente. - disse Harry - Pode ser que tenha alguma relação com a Horcrux.

Ele se adiantou para abrir a porta mas eu o impedi.

— Você perdeu a cabeça? - eu disse - Você não pode simplesmente entrar no quarto de um Comensal da Morte.

— Por que não? - ele perguntou

— Porque eles são perigosos. - eu disse

— Você namorou um por mais de um ano. - ele riu

— Primeiro; ele não era um desde o começo. - ri - Dois; eu nunca entrei no quarto dele.

Harry riu, balançou a cabeça e entrou no quarto do irmão de Sirius.

Estava bem mais arrumado que o de Sirius, mas o Sr. e a Sra. Black ainda estavam vivos quando ele morreu, então provavelmente haviam mandado Monstro arrumar o quarto.

— Estamos procurando algo específico? - perguntei

— Talvez um medalhão? - perguntou Harry, sarcasticamente - Que pode conter um pedaço de alma dentro? Só o básico.

Rony riu.

— Vocês não acham que deveríamos perguntar para Monstro? - Mione perguntou

Foi quando me lembrei de uma das tardes que passamos no Largo Grimmauld no quinto ano, quando tivemos que ajudar a limpar a casa, para que a Ordem se instalasse melhor ali. Havia um medalhão.

— Tinha um medalhão. - eu disse - No armário do corredor do último andar. Quando estávamos arrumando a casa nas férias de natal.

— Eu me lembro. - disse Hermione - Ninguém conseguiu abrir.

Corremos para o terceiro andar e, felizmente, o armário estava no mesmo lugar. Infelizmente, descobrimos que ele estava vazio.

— Merda - disse Rony

— O que pode ter acontecido? - perguntei - Digo, Sirius não teria mexido nas relíquias da muy nobre família Black.

Harry suspirou.

— Não foi ele. - ele disse irritado - Foi Mundungo.

Todos concordamos.

— Monstro! - gritou Harry

— Seja gentil. - eu disse e vi Hermione sorrindo para mim.

— Sim, senhor? - disse Monstro aparecendo ao lado de Harry

— Havia um medalhão aqui? - perguntou Harry

— Havia, senhor. - disse Monstro com a voz trêmula

— Mundungo o pegou, certo? - Harry disse

Monstro concordou com um aceno de cabeça.

— Monstro, eu preciso saber a relação que Regulus tinha com ele. - disse Harry ajoelhando na frente de Monstro - É muito importante.

Monstro assentiu.

— Eu vou contar tudo para vocês. - ele disse