Capítulo 2: Injustiça

E tudo aconteceu muito rápido. No instante seguinte vi Sev se jogar em cima do Potter e os amigos dele tentarem ajudar, mas como num passe de mágica a professora McGonagall surgiu junto com o professor Binns e separaram os garotos. Corri em direção ao Sev e ele estava ofegando. Tirei os seus cabelos do rosto e vi uma careta de dor que logo fingiu não existir por eu estar agachada a sua frente. Fiz ele se apoiar em mim e o ajudei a se levantar sentindo todos olharem para nós dois, o que no momento, não estava me incomodando em nada.

-Você está bem, Sev?

-Sim, Lils. – Sorriu fraco. – Não se preocupe.

Os garotos fizeram barulho como se estivessem passando mal. E ignoramos, porém nada pude fazer quando quem chamou a atenção foi a professor.

- Vocês podem me dizer – estreitou os olhos - o que aconteceu aqui?

O barulho de salto alto anunciou que as lideres de torcida estavam a caminho. Bellatriz Black apareceu e colocou a mão sobre o ombro do Potter e me olhou com cara de nojo. Nossa!Como vocês me amam. Pensei com ironia. Sabia que daqui a pouco todos olhariam para mim por ela estar fazendo isto. Aproximei minha boca da orelha do Sev para ninguém mais escutar.

-Diga a ela que estavam te provocando. – Sussurrei. – Só estava se defendendo.

-Eu sei. – Ele respondeu, mas parecia sem saber se devia ou não. – Será que ela vai me escutar?

Franzi o cenho querendo entender o que ele queria dizer. Apontou para si mesmo.

-Sou da sonserina, Lils. – Comentou baixinho. – E ela é a diretora da grifinória.

Passos pesados fizeram com que nós dois parecemos de conversar e olhássemos para ver quem tinha se juntado a pequena rodinha.

-Tenho certeza que a culpa é dela. – Apontou o Black para mim.

-Eu? – Perguntei assustada. – Eu não fiz nada. – Falei me sentindo insultada.

-Sr. Snape? – Pediu a professora.

- Lílian não fez nada. – Decretou com calma. – Ela e eu estávamos indo para as nossas aulas quando o Potter – apontou para ele – me chamou dizendo “Fugindo ranhoso”. – Parou um pouco. – Lily tentou me pedir para deixar para lá, mas então o Black se juntou as brincadeiras sem graça.

Eu assenti para tudo que ele dizia. Era tudo a mais pura verdade. A professora olhava dele para mim. Levantei o rosto e vi o professor Slughorn. Parou ao lado de Severo e colocou a mão em seu ombro.

-Está tudo bem, meu rapaz. – Falou com a voz calma e acrescentou. -Acredito que está tudo resolvido então, suponho.

A professora lançou um olhar severo para ele, o fazendo se encolher um pouco. E tive que me segurar para não rir. Apertei de leve a mão de Sev que me sorriu. Escutei algum comentário vindo dos marotos, porém não fiz a mínima questão para tentar entender.

-Srta. Evans?

-Sim, professora.

- A Srta, pode ir para a sua aula.

Vi pelo canto do olho meu amigo concordar. Suspirei, sabendo não ter opção.

-Tudo bem, professora.

Saí de perto deles e escutei que os garotos, os marotos, vinham atrás e pensei seriamente em voltar lá. Por que o Sev precisou ficar se eles foram quem começaram? Acelerei os passos até escutar a voz de Bellatriz.

-Você é corajosa, Evans.

Parei e me voltei para poder encarar seus olhos negros.

-Por que deveria ter medo? – Indaguei irritada. Apontei o dedo indicador em sua direção e vi que os quatro prestavam atenção em nós duas. – Não sou eu quem precisa tomar cuidado para não se perder no caminho. – Escutei as risadas sufocadas dos meninos. – Ou quem precisa se esconder atrás de maquiagem.

Então, saí de perto deles escutando um assovio baixo. Bati a porta e o professora Sprout apareceu com seus cabelos grisalhos. Pedi desculpas e ela sorriu me deixando entrar. Atrás de mim vieram os marotos e Bellatriz, Me lançou um olhar feio que ignorei prontamente. Sentei à mesa de sempre, me sentindo preocupada com o que aconteceria com o Sev. A aula estava quase na metade quando alguém bateu a porta. Vi a professora Minerva falar com a professora e Severo passou por elas vindo em minha direção. Pela expressão em seu rosto algo ruim tinha acontecido.

-O que houve? – Perguntei preocupada.

-Depois te falo. – Sussurrou. – Não quero mais confusão.

Concordei com medo de colocar ele em mais problemas. Suspirei e comecei a anotar a matéria. E num piscar de olhos a aula acabou e Sev sumiu do meu campo de visão. Passei todo o tempo que podia procurando por e nada. Infelizmente chegou a hora do almoço e me dirige ao refeitório. Várias mesas já estavam ocupadas e encontrei a minha vazia. Entrei na fila e peguei o almoço sem ver o que tinha no prato. Andei com cuidado e me sentei à mesa do canto. Aos poucos comi até escutar alguém falando comigo.

-Evans?

Ergui o rosto e vi o garoto de mais cedo.

-Sim?

- Conhece Severo?

Assenti confusa. Ele sentou a minha mesa com a sua bandeja e todos olharam para cá. Ele sorriu para mim de lado.

-Aconteceu algo com o Severo?

-Nada que você não saiba. - Malfoy apontou para os marotos que passavam por ali. – Esses idiotas meterem ele em problema.

Senti um nó em minha garganta. Como assim meteram ele em problema? Ia colocar meus pensamentos em voz alta quando a loira de mais cedo surgiu perto dele sussurrando em seu ouvido. Vi que balançou a cabeça e ela saiu irritada me fuzilando com os olhos. Encolhi meus ombros, me sentindo sem jeito. O que eu fiz? Balancei a cabeça e voltei a prestar atenção no garoto que estava ali. Lucius era bonito, tive de admitir. Era um dos garotos mais populares também, somente perdia para os três marotos.

-A Narcisa não gosta muito de você. – Comentou como se falasse do tempo.

-Reparei. – Sussurrei. – Só queria entender o motivo. – Mexi no meu prato, brincando com a comida. – Nunca fiz nada para ela.

Ele riu e se aproximou por cima da mesa como se fosse contar um segredo. Fez um gesto com a mão me chamando e fui um pouquinho mais para frente, fez outra vez e arqueei a sobrancelha.

-Você é meio desconfiada, sabia?

A quentura em meu rosto voltou e amaldiçoei essa minha facilidade de ficar corada. Odeio isso! É sempre muito fácil as pessoas saberem quando estou sem jeito ou irritada. Minha pele branca fica avermelhada demonstrando o que sinto. Puxei o ar para me acalmar e não brigar com o Malfoy, Precisava saber onde estava o meu amigo e o que tinha acontecido. Era algo relacionado à briga, e apesar de não ser algo comum, esperei que o Potter e o Black também estivessem enrascados. E pela expressão de calma no rosto deles isso vai ficar só na minha cabeça.

-Por favor, pode me dizer o que aconteceu com ele?

Na hora que o loiro finalmente iria me contar o que aconteceu a morena veio andando em nossa direção. Sentou do lado do garoto e olhou para mim. Sorte minha que olhar não mata. Pensei quando ela me fuzilou realmente irritada. Passei meus olhos pelas mesas e vi Narcisa mexendo em seus cabelos comendo algo com a vista presa a nós três.

-Lucius, o que está fazendo aqui?

-Conversando Bella, conversando.

-Com ela? – Apontou com desdém para mim

-Sim, com a Evans. – O olhar dele encontrou com o de Narcisa e soltou. – Não gosto que me controlem avise a sua irmã.

-Não tem ninguém te controlando.

Conforme escutava a conversa deles tentava me decidir se levantava e saia ou ficava. Por que sair? Perguntei em pensamento. A mesa é minha. Vou ficar. Concluí e continuei comendo. Aproveitei que nenhum dos dois pareciam se lembrar da minha presença. Menos mal, terei alguns segundos de paz. E, claro, que depois que soubesse o problema de Sev iria querer sair para ajudar. Acabei de comer e usei o guardanapo da bandeja, no mesmo instante a Black se levantou saindo apressada.

-Desculpe.

Dei de ombros tirando em importância.

- Onde estávamos?

Sorri por ele estar sendo legal. Deve ser amigo do Sev, pensei. Alguém bateu em seu ombro e bufei. Difícil, muito difícil. Queria pergunta a ele algo como: Você consegue conversar com alguém sem ser interrompido? Que saco! Dessa vez era um dos amigos dele. Sentou ao seu lado e abriu um sorriso.

-Evans, certo?

Assenti.

-Contou a ela?

-Contar o quê?

Estava sentindo um nó estomago. Cada minuto de espera me fazia imaginar algo pior. Será que ele vai ser expulso? A preocupação aumento mais ainda.

-Então... – Malfoy abaixou a voz para ninguém mais conseguir escutar e precisei ir um pouco para frente. – Severo está em detenção.

Quando escutei que era uma simples detenção me acalmei, mas depois percebi que era errado.

-O quê? – Perguntei irritada. – Não pode, é sério?

-Shhh... – Falou o garoto moreno ao seu lado. Acho que é Zabini. – Nós sabemos, mas os grifinórios são protegidos pela professora McGonagall,

Fiquei sem saber exatamente o que dizer. Afinal, eu sou uma grifinória, mas a professora Minerva nunca tinha sido... Injusta.

- O que ela disse?

-Bom, o Severo falou que de acordo com a professora ele agiu errado, mesmo que tenha sido provocado. – A voz arrastada ficou ainda mais. – Ela explicou que esse comportamento não será tolerado na escola. – Pausou um pouco. – E que se arrumar mais alguma confusão perderá a bolsa.

-E os outros meninos?

-Nada.

Olhei espantada para os dois. Certo, o Sev brigou e mereceu o castigo, mas e os marotos? Quando ia perguntar algo eles se levantaram e saíram correndo. Era realmente uma grande injustiça.