Já era meio-dia. Eu estava ansiosa.

Havia dormido até tarde, afinal, era sábado. E eu estava fazendo qualquer coisa pra diminuir o tempo de ansiedade até ele chegar.

Tomo banho e visto o vestido que havia comprado ontem. Coloco uma meia calça branca e as sapatilhas, não esquecendo de meu laço no cabelo e de passar uma maquiagem leve.

Duas horas. Deixo um bilhete em cima da mesa, saindo de fininho de casa para não ter que explicar para meus pais e irmão o ‘porque’ de estar vestida assim. E com quem estava saindo. Fico esperando Len no final da rua, e as pessoas que passavam por ali me olhavam de um jeito estranho. Waah, isso está me dando vergonha! Mas não tenho muito tempo pra me arrepender de estar daquele jeito, porque ele já havia chegado.

...

Desde quando ele dirigia?


Vejo o Nissan preto parar na minha frente, e abro a porta do carro, entrando. Len me olhava de cima em baixo, aquilo me fez corar.

– Você realmente fica muito fofa de Lolita, Rinnie – Ele disse, sorrindo

Eu sinto meu rosto arder ainda mais.

– O-Obrigada...- Digo colocando o cinto – Mas Len...Desde quando você pode dirigir?

– Desde que meu pai me emprestou o carro – Ele disse, claramente se vangloriando – Preferia ir andando, Loli?

Abro a boca pra contrariar o ‘’Loli’’, até me lembrar do que estava vestida, e inflo as bochechas, emburrada, fazendo ele rir.

– Vai ter volta, você vai ver – Eu digo, cruzando os braços

– Ui, que medo.

Dou um tapa no braço dele, e rimos.

Olho pra ele enquanto o mesmo dirigia e conversávamos. Apesar de na nossa conversa não parecermos ter diferença alguma de idade, aquilo estava bem claro pra mim agora, com ele dirigindo aquele carro. Eu me sentia distante de alguma maneira. E aquilo doeu. Disfarcei o máximo que pude, e ele pareceu não perceber o quanto eu estava desconfortável com aquela situação.

No final das contas, foi um dia divertido. Len me levou para vários lugares, começando em um Karaokê e terminando no meu restaurante favorito. Por mais que eu tentasse me convencer que a intenção dele ao me chamar para sair não era de um encontro, era isso que estava parecendo. Agora, nós estávamos andando pela rua, em direção ao estacionamento onde ele havia parado. Eu estava tomando o sorvete que ele havia me comprado.

– Ei Rinnie, sua boca está toda suja – Ele disse, rindo

– N-Não enche! – Eu disse limpando a boca

– Ainda tem aqui ~~ - Ele disse, segurando o meu queixo e limpando o pouco de sorvete que tinha na minha bochecha.

Eu corei com a situação. Ele só continuava a me olhar, ainda sem me soltar. Quando ele começa a se aproximar, fecho os olhos quase em um impulso.


...

Um beijo na testa.

Abro os olhos. Porque eu havia esperado outra coisa? Eu sabia que ele não iria ficar comigo por eu ser tão mais nova que ele...

Ele se afasta, parecendo meio sem-graça. Ao mesmo tempo que eu queria saber o que estava se passando na cabeça dele, tinha medo de descobrir. Eu estava decepcionada com o que havia acontecido, apesar de não admitir e tentar não demonstrar.

O clima entre nós ficou meio pesado na volta pra casa. Talvez ele tivesse notado como eu fiquei depois daquilo, não sei. Nos despedimos quando cheguei em casa, e logo que entrei, minha mãe me viu. Ah, não. No momento eu não estava preparada psicologicamente para o interrogatório, não depois do que aconteceu.

– Onde você estava?

– Eu estava só andando por ai, mãe...

– Desse jeito? Porque? Com quem você estava?

Suspiro.

– Porque um amigo me pediu pra me vestir assim quando saísse com ele, foi uma aposta – Menti

Não era 100% verdade, mas ainda era verdade.

– E que amigo era esse?

– O Len...

Ah, droga. Eu falei demais, de novo.

– O ex da sua prima?! – Ela gritou – Ele tem dezoito anos! Não quero você saindo com ele, pelo amor de deus!

– Mas mãe, eu... – Tentei começar a explicar

– Não quero saber! Saiu com esse marmanjo hoje, sem me avisar nem me consultar antes! Hoje passa, mas se eu souber que você anda saindo as escondidas, além de ficar sem ver a luz do dia por um mês ainda vai ficar sem celular e sem computador!

Aquilo foi o suficiente. E eu não estava com humor. Entro no meu quarto, batendo a porta, enquanto minha mãe murmurava com meu pai algo do tipo: ‘‘Você viu isso agora? Sua filha não me respeita mais!’’ e ‘‘Olha o que acontece se nós não ficamos de olho nela’’

Eu sentia raiva e tristeza, ao mesmo tempo. Raiva de meus pais por julgarem o que eu estava fazendo sem saber o que eu estava sentindo e tristeza por saber que, de alguma forma, eles estavam certos.


~~C-O-N-T-I-N-U-A~~