Uma Estranha No Meu Quarto escrita por Damn Girl


Capítulo 34
Mini Capítulo Bonus - Parte 05


Notas iniciais do capítulo

Aaaaaaaaaa olha a loka escrevendo às cinco da manhã o capítulo bonus.. mas gente socorro, esse capítulo contém fortes emoções. Lembrando que é opcional, como vocês já sabem ;)



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Alana andava de um lado a outro em seu quarto. Um mal pressentimento tomava conta de si, lhe causando um enjoo terrível no estômago. Os primeiros pingos de chuva caíram e nada de Roosevelt e Carlisle retornarem. Ela caminhou até a janela e fitou o céu cada vez mis escuro.

Não sabia se sua preocupação era por Carlisle ou por Roosevelt, talvez fosse pelos dois.

Depois de um ano sem dar notícias, Carlisle tivera a audácia de chegar sem avisar em sua casa, anunciar que estava oficialmente noivo de outra mulher, e ainda convidar Roosevelt e ela para serem os padrinhos. Claro que tivera, sendo irmão do seu marido ele poderia entrar em sua casa a hora que desejasse. E depois ainda teve o destempero de persegui-la à noite e atormentar lhe até a alma. Alana nunca tivera tanta raiva dele quanto agora. Na verdade, nunca tivera raiva dele antes.

Alana fechou os olhos, recordando do toque de Carlisle em seu braço. Ele a puxara para um dos aposentos de hospedes enquanto ela descia em busca de um copo de água. A visão de seu peitoral sem camisa lhe causava arrepios. Carlisle a encostou contra a parede, colando os lábios exigentes nos seus, forçando passagem.

 Mas algo dentro dela havia mudado. Imagens de Roosevelt dançavam em sua mente. Seu jeito gentil e cativante a enchiam de... amor.

Alana se deu conta de que amava os dois, queria ambos só para si. Ela afastou seu amante, carregada de culpa. O fato de serem irmãos e extremamente parecidos fisicamente só a deixavam mais desnorteada. Carlisle e Roosevelt poderiam ser considerados gêmeos, não fosse a idade e os olhos mais claros do irmão mais novo.

 Essa era principal razão de ter evitado seu marido por tantos anos, sempre que cruzava com ele pelos corredores era Carlisle que via. Ela custou a realmente vê-lo.

 No entanto depois que se aproximou do marido percebeu que as semelhanças ia só até onde os olhos alcançam. Por dentro, os dois eram severamente opostos; Carlisle era intenso com o fogo e o Roosevelt suave como a neve.

Alana afastou Carlisle com determinação e baixou a cabeça. Ele socou a parede com força, fazendo com que ela se sobressaltasse e se encolhesse.

— Você dormiu com ele. Você prometeu que nunca dormiria com ele.

— O que você queria? Você vai se casar... — Os olhos da condessa se encheram de lágrimas. — Você prometeu que iria me esperar..

— Então é isso, vingança?

         Alana engoliu em seco, não era isso. Contudo não podia contar a Carlisle que estava apaixonada por seu irmão. Ela ergueu o queixo, interpretando uma mulher arrogante, como interpretara com Roosevelt esses anos todos.

— Foi isso mesmo.

         Um grito ensurdecedor tirou Alana de seus devaneios. A condessa se aproximou do vidro da janela e viu uma movimentação anormal na entrada. Alguns funcionários bloqueavam sua visão formando uma roda sobre algo. Mas o que a preocupou fora os soluços de seu governanta. A mulher estava sendo arrastada por outras para dentro da mansão e Alana correu.

         Conforme foi chegando próxima a aglomeração, Alana pode perceber Carlisle de pé segurando algo grande em seus braços, como um urso ou um boi. Ela pediu passagem e o ar faltou de seus pulmões ao constatar que o que Carlisle segurava não era uma caça e sim o corpo desfalecido de Roosevelt. Havia tanto sangue em sua roupa que Alana temia não ter sobrado nada dentro dele. Carlisle se abaixou, depositando o corpo cadáver do irmão gentilmente no chão. Sua face estava vermelha, com bolsas pretas nos olhos e ele convulsionava enquanto as lágrimas lhe escorriam do rosto

— Não olhe senhora, é melhor que .. — Ouviu uma das empregadas dizer enquanto ela se atirava ao chão em direção a Roosevelt.

         Roosevelt assistia a tudo sem qualquer emoção.

         Assim que Carlisle lhe tirara a vida algo estranho aconteceu; Roosevelt acordou exatamente onde estava, como quem acorda de um pesadelo. Carlisle puxara seu corpo de forma rude e o Conde permaneceu sentado na árvore. Ele assistiu o irmão o retirar as duas bestas de seu corpo e o colocar sobre os ombros, e o seguiu por toda estrada até sua casa.

Carlisle não o via. Ninguém o via. Mas de alguma forma ele continuava ali.

— Estávamos escolhendo um ponto de caça e ele caiu do terceiro andar. — Explicava Carlisle a alguns funcionários, fungando. — Subimos em uma construção abandonada. Ele... ele ... — Carlisle era amparado pelos funcionários do falecido conde. Ele fitou Alana pálida no chão. — Ele caiu numa viga de ferro,

Ele assistiu Alana deitar sobre seu corpo frio como uma esposa fiel e dedicada e lhe molhar a blusa com suas falsas lágrimas. Ele pode ver que Carlisle a encarava com o cenho levemente franzido ao canto. Pode ver seu corpo no caixão, sendo velado. E quanto mais ele assistia, mais raiva sentia.

— Descanse em paz meu doce menino. — Ouviu sua governanta dizer enquanto depositava uma rosa em cima do caixão aberto.

         Roosevelt ergueu suas mãos e elas estavam parcialmente transparentes. Era como se parte dele houvesse sido apagada. E realmente havia, pois o homem bondoso jazia no caixão. Ela agora só possuía uma coisa em sua alma; desejo de vingança.

         O padre conjurava votos de paz eterna e Alana assistia a tudo como se ela mesma estivesse morta. Ela olhou para Calisle e ele tinha um meio sorriso no rosto. Um pensamento terrível lhe acometera e ela balançou a cabeça, ignorando. Carlisle jamais assassinaria o irmão.

         Ela continuou fitando seu amante, a dúvida lhe preenchendo a mente de forma inevitável. Roosevelt se aproximou de sua esposa. Ele chegou o rosto bem próximo de seu ouvido, fitando seu perfil choroso com ódio. E ele percebeu que fora sua promessa que o impedira de partir, a promessa de mata-los.

— Sua hora irá chegar, Alana. — Sussurrou a centímetros dela. — Estou aqui para assegurar isso.

         No momento de fechar o caixão Alana não aguentou. A constatação de que era a última vez que veria seu marido foi demais para seu coração e ela desfaleceu ao chão, desmaiando. Carlisle tratou de leva-la para a casa que agora estava a um passo de se tornar sua.

         Como um bom irmão preocupado com a jovem viúva de seu irmão, Carlisle cancelou seu casamento e fez sacrifico de se casar com Alana. Três semanas depois dois fizeram uma enorme cerimônia e Carlisle se tronou o novo Conde Mackenzie, assumindo os negócios da família. Tudo não poderia ter corrido de forma melhor. Exceto por sua nova esposa...

         Ela passava dia e noite e chorando. Alana dormia em seu antigo quarto e o rejeitava de forma efusiva. Certa noite, irritado com suas constantes recusas, Carlisle arrombou a porta. Roosevelt e Alana se sobressaltaram. O ex-conde, que passava a maior parte do dia perseguindo Alana como sua assombração particular, assistiu Carlisle puxando-a pelo braço e a forçando a ficar de pé com certa satisfação.

— Já chega dessa brincadeira Alana. Venha para o quarto comigo.

         Alana soluçou e o fitou de forma suplicante. Não queria ouvir a resposta para o que ia perguntar e ao mesmo tempo precisava saber, aquela dúvida terrível corria sua mente todos os dias de uma forma que ela não podia mais suportar.

— Carlisle... Me diz que você não fez o que eu acho que fez... — Ela ergueu o rosto e o segurou pela lapela de forma suave. — Me diz que não matou Roosevelt, por favor...

         Carlisle se manteve inexpressível, confirmando suas suspeitas. As pernas da condessa fraquejaram e ele a segurou pelos antebraços, aproximando seu rosto do dela. Alana queria sentar no chão e vomitar, queria se trancar em uma torre até que esse pesadelo terrível acabasse e tudo voltasse ao normal. Ela sentiu o quarto se fechar ao seu redor. Por sua culpa o homem mais gentil que ela havia conhecido havia morrido, e o mais amoroso se tornara um monstro. Ela ansiava tanto por separar de Roosevelt e se casar com Carlisle. Agora jamais seria feliz com ele.

Ele estreitou os olhos de forma ameaçadora, percebendo a verdade nos olhos de sua esposa.

— Está apaixonada por ele! — Alana desviou o olhar temerosa e sentiu a mão de Carlisle tocar-lhe a face com demasiada força. Ela caiu de mal jeito na cama com o impacto, esfregando a vermelhidão que se formou em seu rosto. — Eu não acredito que depois de todos os anos e tudo que passamos para ficar juntos você esteja apaixonada por ele. — Carlisle a levantou pelo braço e lhe bateu novamente, jogando-a de volta na cama. — Eu o matei sim, mataria de novo. Ele me tomou tudo que era meu, e agora em sua última façanha tirou-a de mim também.

—  Carlisle...

— Você não me ama mais. — Acusou com os olhos tristes e se sentou do lado da condessa. — Eu fiz tudo isso por você, Alana.

— Eu não pedi nada disso. — Sussurrou.

— Íamos ser amantes para sempre, Alana. Era isso que você queria? — Alana negou com a cabeça. Carlisle acariciou seu rosto vermelho. — Eu tive de fazer.. Diga que me ama, Alana. Por favor, eu preciso ouvir.

         Alana segurou as lágrimas que brotavam em seus olhos. Amava Carlisle, mas não poderia apoiar o que ele havia feito. Sentado na cadeira da penteadeira de Alana, Roosevelt apreciava a cena, sua garganta cada vez mais fechada pelo ódio que sentia dos dois. Ele que fora metido no meio dessa loucura contra sua vontade, fora o mais prejudicado. Isso era injusto. Ele fechou as mãos em punho, trincando o maxilar.

— Eu te amo... — Ela se afastou com medo e completou, num tom contido: — Mas amo a Roosevelt também. Estou ficando louca...

         Roosevelt arregalou os olhos e se remexeu na cadeira, incomodado com a declaração repentina. Sua inquietação se estendeu ao seu coração. De alguma forma doentia, uma parte de si ficava feliz em saber que pelo menos por algum tempo Alana o amou.

— É mesmo? — Respondeu Carlisle com um meio sorriso. — Parece que eu resolvi seu problema então. Agora você só tem a mim.

         Carlisle a jogou de volta na cama e a beijou. Alana não conseguia corresponder, tinha algo entalado em sua garganta. Ela estava com repulsa do homem com quem dormira tantas vezes antes. E Roosevelt estava com repulsa em assistir os dois se beijando, contudo não conseguia desviar o olhar. Carregado de raiva, ele tentou pegar um vaso em cima do criado mudo e sua mão, assim como das tantas outras vezes em que havia tentando pegar algo naquela forma éterea, ultrapassou o objeto.

         Antes ele achava que havia ficado na terra para se vingar, agora parecia que ele havia ficado como um castigo. Não conseguia fazer nada além de olhar.

         Alana afastou Carlisle e este bufou, segurando-a pelos pulsos e erguendo-os acima da cabeça.

— Me solte, Carl.

         Ele apenas ignorou seu protesto e continuou com suas carícias indesejadas. Excitado, rasgou-lhe o vestido, beijando seus seios desnudos. Alana gritava por socorro, apavorada e Carlisle ria.

Ninguém foi aos seu socorro, todos tinham pavor do novo Conde. Ele era perverso e humilhava constantemente os funcionários, muito diferente do Conde anterior.

— Alana, por favor, fique quieta. Eu não vou fazer nada com você. — Alana soltou o ar, encarando o homem acima de si. — Você gostava desse jeito antes, se não quer desta forma tudo bem. Não sou um monstro. — Ele a segurou pelo queixo exigindo seus olhos. — Sou eu, ainda sou eu.

Alana, que tinha a respiração acelerada, aos poucos foi se acalmando.

— Faça amor comigo Alana, faz tanto tempo... Você não tem saudades de mim?

         Alana engasgou com o nada. Sentia muita falta dele, mas Carlisle a batera, matara o irmão e maltratara constantemente os funcionários. Ele não estivera em seu estado normal, estava doente. Por causa dela, pensou. E talvez ele se curasse por sua causa também. Ela não conseguiu salvar Roosevelt mais ainda podia salvar seu irmão. Esses pensamentos a confortavam e acalmavam.

— Está bem... — Sussurrou para o novo conde.

         Carlisle mal acreditara no que acabara de ouvir. Depois de pouco mais de um ano Alana finalmente seria sua novamente. Mas ela estava assustada. Ele sentia na tensão de seus músculos ao espalhar beijos por seu corpo. Assustada com ele. Teria de ser cauteloso.

         Roosevelt assistia com repúdio seu irmão se despir lentamente. Depois beijar Alana com desespero. Ambos se tão parecidos que era como se ver na cama com a Condessa. E quanto mais os dois estavam perto de consumar toda aquela nojeira, mais Roosevelt se carregava de aversão. Ele a assistiu a toda intimidade, estava tão doente como seu irmão.

         Carlisle abraçou Alana, fitando-a com uma expressão de ternura no rosto.

— Não me repudie Alana, ainda seremos muito felizes...

         Essa frase foi o gatilho que fez Roosevelt chegar ao ápice de algo que ele não conseguia controlar. Pensar nos dois sendo felizes enquanto sua vida lhe fora tomada, felizes em sua casa, lhe causava uma angustia terrível. Ele rosnou de ódio e inconscientemente tentou pegar novamente o objeto que havia tentando pegar mais cedo. Por alguns segundos o vaso ficou dentre os seus dedos, e então caiu em um estrondo, sobressaltando os dois amantes. Alana gritou e se afastou de carlisle voltando a chorar.

— Meu Deus é um sinal!! — Alana correu os olhos pelo cômodo. — É ele Carlisle, ele está com ódio. Ah Meu Deus, o que foi que eu fiz, eu não devia ter me deitado com você.

— Não diga tolices Alana!

         Alana não lhe escutava mais, tudo que ela conseguia fazer era se balançar e estremecer, convulsionando e dizendo coisas sem sentido. Carlisle arfou ao ver que uma singela mancha escarlate se formava no lençol debaixo dela. Ele a segurou pelos ombros e a sacudiu, tentando fazer com que ela se concentrasse. Roosevelt franziu o cenho, se perguntando se teria sido ele a causar-lhe o sangramento.

— Ela merece, tomara que adoeça e morra. — Praguejou Roosevelt.

— Alana, você está sangrando... — Carlisle a ergueu no colo e ajeitou na cama, verificando sua temperatura. — Está gélida e pálida... Vou chamar um médico.

         Carlisle vestiu suas roupas e saiu apressado pela porta, e Alana se contorceu com a dor terrível que lhe acometia. No entanto, tudo que ela conseguia pensar era no vaso de flores em pedaços ao chão. Minutos se estenderam em agonia até que Carlisle enfim voltou com o médico. Por sorte ele morava próximo da mansão.

         O médico ordenou que Carlisle lhes dessem privacidade e examinou-a minuciosamente. Roosevelt assistia a tudo com genuína curiosidade queria acompanhar de perto a doença de Alana, contar os dias até sua morte seria interessante. O doutor mandou que a condessa se sentasse e voltou a chamar Caslisle, que retornou ao quarto com um suor no rosto.

— O que ela tem doutor? — Ofegou.

         Roosevelt parou do lado do irmão, encarando o médico também.

— Examinei sua esposa senhor Mackenzie e as notícias não poderiam ser melhores! — O médico intercalou o olhar entre Alana sentada na cama e o voltou a fitar o homem na sua frente com um sorriso. — Parabéns senhor Conde, o senhor será pai! Sua esposa está gravida de aproximadamente dois meses.

— Pai!?!? — Arfou Carlisle tentando esconder a raiva.

— É uma gravidez de risco, ela quase perdeu a criança. Sugiro que ela fique em repouso, evite emoções fortes, brigas... — Ele lançou um olhar significativo a Carlisle. — Beba bastante agua e mantenha refeições em um período regular. Sua esposa também está com anemia. — Ele se virou para mulher, fingindo que não via as marcas de dedos em seu rosto. O homem havia batido na pobre moça, como médico ele tinha certeza. — A senhora tem se alimentado direito Condessa?

         Alana não respondeu, estava petrificada.

— Não, ela não quer comer... — Balbuciou Carlisle, sentindo uma forte vertigem.

         O médico dera uma bronca em Alana, passou um rigoroso cardápio e foi embora. Assim que ficaram sozinhos Carlisle se sentou na beira da cama do lado da condessa, em silencio. Nenhuma palavra precisava ser dita, ambos sabiam o que aquilo significava.

         Roosevelt desabou, sentando-se no chão. Ele abraçou os próprios joelhos e ficou se balançando para frente e para trás. Seus olhos arderam de uma forma familiar, contudo ele não possuía um corpo para que pudesse derramar as lágrimas. Aquilo tudo estava ficando cada vez pior.

— Meu filho. — Sussurrou apavorado, fitando a luz do luar que reverberava pela janela. — Eu sou o pai.


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Notas finais do capítulo

Acho que a próxima parte será o final dos bonus heim... gostaram do capítulo? Nos vemos no cap 30! Beijão fantasminhas ♥