Uma Estranha No Meu Quarto escrita por Damn Girl


Capítulo 23
Capítulo 23 - Meu Ultimo Dia na Terra Parte 01


Notas iniciais do capítulo

(Atenção a continuação desse capítulo é muito forte e pesada, por isso dividi no meio. Se vcs não aguentam leiam só esse capitulo e pulem o próximo que irei postar Quarta-Feira.)

2 anos depois..... brincadeira, só pra descontrair. (eu sei sou uma bosta) Estou viajando tem quase 2 meses e achei que seria fácil escrever na casa dos outros, mais fácil do que em casa mas não é, sempre tem um pra tirar a concentração. Mas enfim com muito custo finalmente saiu o capitulo.
Esse capítulo foi muito muito difícil, o mais difícil de todos, tanto por não ter paz um segundo para escrever quanto pelo conteúdo pesado, a Jaynet é minha personagem favorita e eu escrevi chorando quase em cada linha.

Enfim sem mais delongas, boa leitura a todos :)



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“Uma vez ela tocou minha mão sem querer quando passava por mim. Achei aquilo incrível! Eu queria nunca ter lavado aquela mão.”

                                                                  -Nerd do primeiro ano.

“Se eu conheço Jaynet Becker? É simplesmente a gata mais linda que eu já vi, gostosa mesmo. É uma pena que ela queira dormir comigo comigo, está deixando o Brad aqui muito chateado.”

                                      -Brad, capitão do time e Namorado de Jaynet.

“Jaynet é um vagabunda falsa, não sei o que todos veem nela. Até seu cabelo é falso, dá pra ver de longe que é loira oxigenada, e nem meio quilo de maquiagem dá jeito naquela cara de pau. E aqueles olhos azuis?! Lentes de contato, claro...... Quero matar aquela criatura!”

                                                        - Tiffany, arque inimiga de Jaynet.

“Olha o recalque mon amour! Você sabe que a Jay é diva!!!”

                                                        - Gay para Tiffany sobre Jaynet.

“Não gosto dela não. Meio sem sal”

                                                                               -Amiga de Tiffany.

“Já peguei. Nem é grande coisa.”

                                                                  - Amigo mentiroso de Brad.

“O pai dela é TÃO GATOOOOO! Me abana Senhor. Sempre tenho um ataque quando ele vem a escola!”

                                                         - Clara, 2° ano do ensino médio.

“ O pai dela é gato mesmo! Tenho um monte de fotos dele no meu celular sem camisa!!!! Na piscina... no banheiro... Adoro tirar fotos dele.”

                                                                  -Britney, amiga de Jaynet.

“Ahhhhhh cadê, deixa eu ver, me passa por bluetooth! Manda no whatsapp pelo amor de Deus!”

                   -Maioria das meninas, sobre as fotos do pai da Jaynet.

“Ela é como uma irmã pra mim, nos conhecemos desde pequena. Ela é gentil e ao mesmo tempo, sarcástica. É frívola, fútil e ao mesmo intensa. É ela é como gelo e fogo. Nunca me traiu ou me abandonou, sempre esteve por perto pra me ajudar e me defender, mesmo que do jeito dela... Eu não sei o que eu faria sem a Jaynet. Eu a amo muito e sempre vou amar.”

                                                        -Chloe, melhor amiga de Jaynet.

 

         O sol refletia brilhante na lataria do BMW conversível do meu pai. Eu tentava controlar meu cabelo enquanto ele dirigia em alta velocidade, jogando o carro na calçada para fugir do congestionamento. A voz de Jaynet Jackson soava baixa pelos altos falantes, e ele ainda tinha a audácia de arriscar uma dancinha com os ombros, enquanto segurava o volante com a mão esquerda e digitava uma mensagem de texto no seu Iphone com a direita, e falava com alguém no telefone do carro. Comecei a cantarolar junto com a cantora, ele sempre dirigia assim.

— O protótipo está no meu porta malas, congelado com hidrogênio, segura eles mais meia hora Jenna – A secretária falou algo no fone de ouvido que ele tinha grudado na orelha. – Não sei!! Dança a Macarena em cima da mesa, faz um stripper teaser se necessário mas segura esses caras!!! Você sabe que precisamos da aprovação desses idiotas ignorantes pra seguir com os estudos, já já chego aí.

         Ele desligou o telefone e ficou apenas com as mensagens, mal olhando para a pista. Fitei com admiração o homem lindo de quarenta anos que sentava ao meu lado. Ele era magro e tinha o corpo bem definido, vestia um terno cinza claro, com uma camisa preta por baixo e uma gravata também preta que quase desaparecia de tão discreta. Seu cabelo loiro era jogado em todas direções, e a barba “mal feita” dava um ar moderno. Podia ver sua inteligência e perspicácia por trás de seus olhos azuis claros, que eram iguais aos meus.

         Ele começou a cantar também, ele amava os irmãos Jackson desde que eu me lembrava. Minha mãe nem se surpreendeu com a escolha do meu nome, uma singela homenagem a eles.

— Pai?! – Ele olhou pra mim sorrindo – Se eu fosse um garoto meu nome seria Michael?

         Seu sorriso se alargou mais e seus olhos brilharam.

— Com certeza, querida. – Seu olhar se tornou preocupado - Não gosta de se chamar Jaynet? – Seus ombros baixaram um pouco - Você pode mudar se quiser quando fizer dezoito...

         Eu pensei um pouco.

— Não, acho que eu gosto do meu nome. – Ele ficou radiante e eu acrescentei: – Eu falei que eu acho, ainda estou pensando.

         Ernest Becker era um gênio e eu tinha orgulho de ser sua filha, apesar de não entender nem 10% do seu trabalho. Eu havia herdado toda sua beleza, mas duvidava ter herdado sequer metade do seu intelecto, mesmo com toda fé que ele tinha em mim, de que eu seguisse um dia seus passos. Cientista formado desde os 13 anos, construiu o famoso Instituto Becker de Ciências e Estudos Tecnológicos (IBCET) especializado em DNA. Minha mãe me disse uma vez que lá no instituto eles faziam de tudo um pouco; estudavam formas de prolongar a vida humana e alterações genéticas, enquanto desenvolviam novas tecnologias e remédios.

         Apesar de ser um cientista meio doido, ele era muito legal, e divertido. Ele não se isolava como os outros cientistas, andava sempre bem vestido, sempre na TV, sempre nas festas, praticava esportes radicais, tocava piano, cozinhava muito bem e sabia falar 5 idiomas e frequentava a academia. Eu sempre me questionava como ele fazia isso tudo, mas quando o via dirigir eu entendia.

         Assim que paramos na porta da escola, minha amiga Britney veio correndo até o carro. Ela se debruçou na porta do meu lado, exibindo o decote para o meu pai. Eu revirei os olhos.

— Olá senhor Becker!!! – Falou com animação excessiva na voz.

— Olá Britney, como vai? ­– Eu a empurrei com a porta do carro forçando passagem. Meu pai segurou uma risada. – Vai ter uma festa lá em casa semana que vem, apareça lá com sua mãe e seu pai. Vamos adora a presença de vocês.

— Eu não posso ir sozinha? – Ela fez um biquinho e eu pisei no seu pé.

— Tchau pai.

         Me virei pra me afastar do carro, mas ele se esticou e me impediu segurando meu pulso. Eu o fitei e ele sorriu.

— Eu te amo muito querida, você é minha vida. – Ele me puxou mais pra perto e beijou meu rosto. Depois ficou vermelho. – Desculpa, estou estragando sua reputação de popular.

         Senti um nó na garganta e um estranho pressentimento. Pra surpresa dele e a minha, eu lhe dei um beijo rápido.

— Também te amo pai, se cuida. Dirige com atenção...

— Meu QI é mais de 8 mil, sou tipo Tony Stark da vida real. Dirigir um carro é moleza... – Ele riu mas parecia relutante em ir embora. Depois de algum tempo o telefone dele tocou ele deu a partida no carro. – Tenho que ir meu amor, boa aula.

         Mal meu pai botou o carro em movimento, Britney já estava se abanando e gritando. Caminhamos em direção ao nosso grupo.

— Seu pai é tão hot!!

         Revirei os olhos. Sim, eu faço muito isso.

— Casado, Britney. Com a minha mãe.

— Eu sei!! Mas olhar não é pecado. – Ela pegou meu braço. – Você podia ser homem ou ter um irmão. E o seu irmão podia ser a cara do seu pai.

         Brad, meu namorado, me puxou pros seus braços e me deu um beijo. Ele encarou Britney me abraçando com força.

— Ainda bem que você é mulher Jay, Brad ficaria tão triste.

         Eu detestava quando ele falava em terceira pessoa, reforçando o estereótipo de que jogadores são burros, como se o nome dele já não fosse estereótipo suficiente, mas me esforcei pra ignorar mudando de assunto. A aula já ia começar.

— Então cadê a Katherine com as coisas da festa?

— Ela não vem tem uns 3 dias, não atende o celular. – Chloe minha melhor amiga desde sempre, me respondeu e eu senti que havia algo mais. Então observando meu olhar para ela completou – Elas está estranha ultimamente...

— Estranha como?

— Ela não deve ter superado ainda o término com o ex. – Britney que respondeu dando de ombros.

— É dever ser isso mesmo...

         Chloe estava relutante e eu sabia que ela queria me contar, mas estava evitando de fazer próximo a eles. Eu passei a mão pelos cabelos me sentindo nervosa.

— Como a gente vai decorar a festa sem as coisas?!

         Todos ficaram em silêncio. Eu era responsável para que tudo saísse perfeito, como sempre saía, não podia falhar, não queria falhar. Tiffany e seu grupo estavam esperando uma oportunidade para roubar o meu lugar e me desmoralizar mas eu não ia dar esse gostinho a eles. Bufei com raiva e peguei meu celular, ligando pro meu motorista. Tive de ligar umas 10 vezes, e quando já estava quase desistindo e pegando um taxi ele finalmente atendeu. Falei num tom muito zangado:

— Por que não me atendeu? – O motorista gaguejou uma desculpa mas eu o cortei. - Preciso que você me pegue na escola... Não teve aula, você tem 20 minutos pra chegar, sem atrasos. – Desliguei na cara dele.

— O que você vai fazer? – Chloe me perguntou confusa. – Vai matar aula?

— Vou fazer o que aquela irresponsável devia ter feito, se não a gente vai ficar sem decoração. Tem umas coisas lá em casa, eu vou pegar e trago pra gente fazer na biblioteca.

— Eu vou com você! – Brad mexeu no meu cabelo, sussurrando no meu ouvido – A gente podia aproveitar pra passar um tempo juntos gatinha no seu quarto, vendo um filme.... vai ser divertido.

— Não! – Eu empurrei ele, sabendo o que “filme” significava – Fica quietinho na escola.

— Poxa gata, eu te amo tanto... Mas você é tão chata quando nega dormir comigo.  – Ele me lançou um olhar esperançoso – O baile final está se aproximando.

         Eu ia responder alguma merda, mas o diretor olhou pra mim com suas roupas chamativas e um sorriso debochado nos lábios.

— Jaynet! Espero que esteja se divertindo sem o seu Iphone.

         Rapidamente eu peguei meu novo celular na bolsa e o mostrei.

— Na verdade eu queria te agradecer diretor por ter tomado meu Iphone 4, agora eu ganhei um Iphone 5, muito melhor e maior. Muito obrigada mesmo, de coração. – Fiz um coraçãozinho com as mãos e soprei um beijo. - Você é o melhor diretor do mundo!!!

— Até você perder ele de novo pra mim. – Ele sorriu e entrou no portão. – Atrevida.

         Eu ri, mas logo alguém derramou um liquido gelado na minha blusa.

— Ooops, me desculpe. – Falou Tiffany com uma lata de IceTea na mão – Você é tão insignificante que nem te vi aí.

         Ela e as amigas entraram o portão rindo, mas eu falei bem alto para que ela ouvisse.

— Além de burra, você é cega agora é? Que falta de sorte na vida.

         Ela voltou e me encarou radiante.

— Fiquei sabendo que a festa do Havaí não está saindo como planejado, deve estar te incomodando muito não ser a garota perfeita que todos imaginam, não é? A próxima vai ser muito melhor, pois eu que vou estar a frente da decoração.

— Nem em mil anos.

         Ela entrou no portão de novo. Não demorou muito meus amigos se despediram e entraram na escola também. Fiquei uma hora sozinha em frente ao portão da escola. Até que meu carro parou. O motorista saiu correndo e abriu a porta do banco de trás para mim. Ele estava com o cabelo meio bagunçado e as roupas desalinhas, e logo presumi que ele estava com alguma vagabunda. Me joguei no banco de trás e fiz uma anotação mental de mandar meu pai demitir ele depois. Ele fez a volta e entrou no carro, mas ao invés de dar a partida ficou olhando pra mim pelo retrovisor, parecia muito tenso. Ralhei com ele:

— O que está esperando Hugo?!! Já não basta ter me deixado uma hora aguardando que nem uma palhaça!!! Se você demorasse mais eu fazia 18 anos e comprava um outro carro para voltar pra casa.

— Desculpe senhorita Becker. – Ele ficou brincando com sua luva de chofer e hesitando. Esperei a merda que ele ia dizer, sem um pingo de paciência. – Mas é que antes de voltar para casa tenho que passar no mercado, se a senhorita não se importar. Um dos cachorros fez cocô na pia da cozinha e acabaram os produtos de limpeza. A senhora Olga precisa fazer o almoço.

— Ecaaaa!! Como ele subiu na pia?! – Gritei e me mexi no banco do carro horrorizada – Joga a pia fora!

         Ele ficou quieto e eu bufei.

— Ok Hugo, que seja rápido. Vou perder meu dia de escola. Mas que fique bem claro que se eu tivesse idade pra dirigir você estaria na rua. Não faça isso de novo.

— Sim senhorita.

         O Wallmart era tipo uma loja, só que enorme, era tão grande que parecia um shopping. Eu saltei do carro agora muito mais animada. Nunca tinha ido em um mercado antes, as comidas só apareciam no meu prato e nunca havia feito questão de saber como elas haviam parado ali. Hugo apareceu do meu lado e me entregou uma espécie de carrinho de ferro e eu corri com ele para a porta automática me sentindo uma criança. Quando entramos haviam vários corredores repletos de produtos de todos os tipos e marcas, eu mal sabia por onde começar, todas prateleiras brilhavam me chamando, eu queria olhar tudo de uma vez.

— Nossa o mercado é tão legal! O que você tem que comprar Hugo?

         Ele que antes digitava algo em seu celular me olhou tenso.

— Eu.... er..... água sanitária.

— O que é isso?

— É uma coisa de fazer limpeza. – Ele afrouxou o colarinho e notei que ele estava suando. – Você nunca esteve em um mercado antes?

         Eu neguei com a cabeça e escolhi um corredor repleto de doces, e antes que eu me desse conta Hugo havia sumido, mas eu não ligava. Comecei a jogar praticamente todos os chocolates e doces do corredor no carrinho, me sentindo no paraíso. Logo, entrei num corredor de CD’s e DVDs e perdi a noção do tempo olhando.

         Depois que enchi três carrinhos com coisas inúteis, hugo ainda não havia retornado e eu já estava impaciente de novo. Procurei ele pelos corredores até que avistei algumas latas de leite condensado e fui em direção a elas. Foi então que uma voz de mulher me chamou. A senhora de cabelos castanhos e roupas elegantes me fitou com olhos carinhosos, e me deu um abraço. Eu fiquei tentando me lembrar de onde a conhecia.

— Jaynet! Nossa Jaynet, como você cresceu! – Ela pegou nas minhas mãos e me deu um beijo no rosto, então eu lembrei quem era ela. Era esposa de um dos amigos de papai, abri um sorriso e tentei parecer simpática. – Tudo bem com sua mãe? E seu pai?

— Senhora Randall, é um prazer revê-la. Tudo bem sim e com a senhora e o senhor Randall?

— Tudo ótimo! Nossa temos que marcar um jantar, faz tanto tempo! – Ela puxou algo de trás dela e um garoto de capuz e cabeça baixa apareceu. Parecia entediado – Esse é meu filho Christian, você o conheceu ele devia ter uns 6 anos. Chris, diga olá a amiga da mamãe.

— Oi.

         Ele se escondeu atrás dela e a abraçou pela cintura, eu não pude ver seu rosto por causa do capuz, mas o garoto magrelo parecia ter uns onze ou doze anos. Ouvia algo no Ipad e seus olhos verdes brilharam por trás da sombra do moletom.

— Me perdoe Jaynet, ele é muito tímido. Christian!!!

— Tudo bem senhora Randall, eu compreendo. – Avistei Hugo ao longe e olhei para a mulher – Tenho que ir, prazer em revê-la.

— O prazer é todo meu Jaynet, mande lembranças a sua mãe.

         Hugo estava com a agua sanitária na mão e muito agitado. Ele falava com alguém no telefone mas ao me ver desligou imediatamente.

— Achou a agua sanitária, que bom! Já podemos ir.

—  Sim achei. – Ele sorriu sem graça. - Tem certeza? A senhorita não deseja mais nada? A gente pode olhar mais se quiser, ir em outro mercado. O que a senhorita quiser.

— Não Hugo! Qual é o seu problema hoje?! Eu tenho que voltar pra escola, tenho uma festa logo mais e não tem nada arrumado no ginásio. Me leva logo pra casa ou eu vou ligar pro meu pai!

         Ele empalideceu e ficou em silencio por um tempo, depois baixou a cabeça.

— Como quiser senhorita Becker.

         Hugo suspirou e se eu soubesse o que ia acontecer, jamais teria insistido para ir para casa.


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Notas finais do capítulo

Separem um lenço pro próximo capitulo, é sério! Bjsss ♥