Uma Estranha No Meu Quarto escrita por Damn Girl


Capítulo 19
Capítulo 19 - Reencontro


Notas iniciais do capítulo

Preparem a pipoca e refri que esse capítulo é longo XD tenham uma boa leitura



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Capítulo 19

         Engraçado quando alguém te obriga a vir a uma festa e simplesmente não dá as caras. Bufei enquanto me desvencilhava de alguns casais que beijavam com muito entusiasmo em um corredor.

         Procurei pela Heather na quadra de esportes, no laboratório, na sala, no inferno... enfim, procurei ela em todos os lugares e a menina simplesmente virou fumaça. Tudo bem que fui eu quem chegou atrasado mas a essa altura já era para ela estar aqui, ou não?

         Eu sei, eu sei, o cavalheirismo determina que eu a tivesse buscado em casa, é o que todo garoto faz, se arruma, rouba um carro de um parente e vai. Juro que eu ia fazer conforme a tradição, não foi a falta de carro pois tenho dois, e até comprei um buquê de rosas vermelhas com brancas, mas ela quis desse jeito, marcou de me encontrar aqui. O que sinceramente foi muito estranho, mas eu concordei. Alias ultimamente a Heather anda no muito estranha, se esquivando de mim, como se não bastasse Jaynet...

         Quer saber?? foda-se! Sério, foda-se a festa, foda-se Heather, foda-se essa decoração cheia de corações, fodam-se os casais apaixonados. Não vou ficar segurando essa coisa, vou embora. Transferi toda a raiva pra minha mão e atirei o buquê no lixo como se fosse algo nojento dando tchau pros meus 100 euros com satisfação. Enquanto eu me virava para ir embora uma vozinha irritante ficou martelando na minha cabeça, uma voz que eu podia jurar que era da minha mãe.

         Mas se ela aparecer vai ficar chateada, ela planejou isso o ano todo. Um baile é um momento importante na vida de uma garota e você é o namorado dela, é sua obrigação. Você não foi criado para ser um cafajeste Christian Randall.

         Me virei cheio de remorso e peguei o buquê de volta, limpando o lixo que grudou em algumas das flores até ficar visualmente satisfatório. Eu sabia que toda a minha irritação não era por causa da Heather e mesmo que fosse ela não merecia ficar sozinha num dia como esse. Respirei muito fundo.

— Ta limpo, ninguém viu nada.

         Comecei a me sacudir sozinho no meio dos casais para tentar me infiltrar, por sorte estava tocando Can You Feel My Heart do Bring Me Orizon e não uma música melosa. Fechei os olhos e fiquei absorvendo os berros do vocalista e o som da guitarra melhorou bastante meu humor. Eu tinha quase me esquecido de por que estava zangado quando alguém tocou meu ombro.

— Heather até que enfim porra!!

         Me virei e um colega da classe sorriu para mim acompanhado de uma loira muito gostosa, alta, magra e bronzeada, o tipo que me serviria bem de acompanhante até o fim da noite. Ela me fitou de cima a baixo e depois focou no enorme buquê que eu segurava. Eu retribuí o sorriso torcendo pra que as flores não estejam fedendo a lixo.

— Chris! Que bom que você acordou do coma! Torci pela sua recuperação.

— Obrigada Alex. — dei um tapinha nas costas dele.

         Ele olhou pro lado como se ponderasse alguma coisa. A moça mantinha o olhar fixo em mim, embora discreto.

— Essa aqui é a minha acompanhante Beatrice, ela é do primeiro ano, nós estamos ficando. — Anunciou todo animado. — Você está aqui sozinho? — Ele passou o braço em volta dos ombros dela num gesto possessivo enquanto ela me cumprimentava — Cadê a sua namorada? — Ele deu bastante ênfase na ultima palavra.

          Não sei não, por algum motivo misterioso ela sequer me deixou busca-la em casa, agora eu seguro flores sujas de lixo e quero dançar com a sua ficante, talvez eu saia daqui com ela.

— Eu- eu... me perdi. Acho que foi por causa do coma ainda estou um pouco confuso — Ambos me lançaram um olhar de pena — enfim, vocês viram a Heather?

— Ela estava aqui cara, tem uma hora que eu não vejo.

         Uma hora. Ela pode ter ido embora. Mas espera.....

         Uma hora?!?! Como assim, eu só estou meia hora atrasado! Por que diabos ela marcou comigo um horário e chegou antes?

         Minha mente maliciosa foi se enchendo de desconfianças. É fato que eu não gosto da Heather de um jeito que faça meu coração despedaçar caso ela tenha outra pessoa, mas no tempo em que estou com ela me dediquei a ser fiel e pelo menos tentar criar algum tipo de relacionamento duradouro.  Se ela estiver me traindo essa festa não vai acabar nada bem, ou eu não me chamo Christian. 

O casal me encarou com curiosidade enquanto eu tentei manter minha voz controlada.

— Muito obrigado, vou procurar por ela, depois a gente se vê por aí.

         Num momento eu estava decido a ir procurar a Heather em cada canto dessa escola, no outro eu já nem lembrava dela. Isso por que eu senti uma presença conhecida no ambiente que eu não havia reparado antes, algo difícil de se pôr em palavras, uma energia vindo do segundo andar, e eu soube imediatamente que havia um fantasma ali e torci para que não fosse problemas. Que não seja ninguém que queira assassinar os estudantes, por favor. Supliquei pensando nas minhas cicatrizes e em quantas mais faria com esse trabalho não remunerado. Meus olhos seguiram na direção da energia e eu tive de me segurar para não sorrir.

         Me encarando com as duas mãos apertando forte o parapeito estava a garota mais linda que eu já vira na vida. Seus olhos azuis pareciam determinados e intimidadores por trás de todo volume dos cílios postiços, porem notei que as finas sobrancelhas se curvaram de forma insegura. Ela vestia um vestido de debutante rosa claro diferente de todos os que eu tinha visto hoje, ele cobria suas maravilhosas pernas e se estendia por toda sua volta se destacando muito ao lado dos vestidos curtos e modernos que as outras meninas vestiam, transformando-a em a rainha do baile, eu não poderia nem imaginar em algo mais apropriado para ela vestir. Seus cabelos geralmente lisos, hoje ganharam leves ondulações que a deixaram com o rosto mais delicado que de costume. Jaynet parecia tão surpresa em me ver que sequer reparou que havia uma mecha presa a sua boca. Eu senti vontade de flutuar até lá e remover, e então uma centelha de sorriso passou por seus lábios rosados.

         Eu soltei o ar me lembrando de respirar e um turbilhões de pensamentos passaram por minha mente, todo tempo em que ela sumiu e o quanto senti sua falta, o quanto fiquei com raiva.... e desesperado. Os meses que passei com medo de que nunca mais fosse vê-la, mas agora ela estava bem ali como se nada tivesse acontecido e tudo que eu podia sentir era alívio. Eu deveria brigar com ela por algum motivo, tinha um discurso que treinei para fazê-la se sentir mal e culpada, entretanto tudo que eu preparei e ensaiei na minha cabeça sumiu e a única coisa que eu queria falar era que eu não tinha me sentido tão feliz nesses meses quanto nesses segundos em que sequer falei com ela.

         Mas enquanto minha mente voava num vendaval de emoções ela se virou e saiu correndo abrindo espaço pela multidão. Franzi o cenho e me dei conta: Ela estava fugindo de mim. Mais uma vez.

— Jayneet!! Jaynet...

         Gritei sem me importar com a multidão e corri o mais rápido que pude, empurrando os estudantes e subindo as escadas bem a tempo de vê-la cruzar uma porta de saída para o terraço. Provavelmente ela estava tão nervosa que sequer se lembrou que poderia se desmaterializar. E isso era bom, pois significava que ela não estava tão alheia assim a minha presença. Segui seu rastro e abri a porta repleto de esperanças, tentando controlar as batidas do meu coração.

         Jaynet olhava para baixo como se quisesse pular do prédio. Segurando a barra do vestido ela tentou erguer a perna para a quina. Notei que suas mãos estavam tremulas e fiquei com medo por ela. Tentei me manter calmo e fechei lentamente a porta atrás de mim evitando qualquer tipo de ruído que a assustasse e a pusesse em risco. Para minha sorte o terraço estava vazio então eu poderia falar tudo que queria. Teria que ser direto ou ela escaparia.

— Jaynet, por que está fugindo de mim? — Ela se manteve de costas — Por favor, eu preciso saber.

         Silêncio, ela sequer se movia agora. Senti meu estomago revirar pelo medo de uma rejeição mas eu precisava insistir. Se ela não queria saber de mim por que veio a festa afinal. Me agarrei a esse pensamento como alguém se agarra a um colete salva vidas em meio mar.

— Jaynet não é justo o que você vem fazendo, só fale comigo uma única vez... depois não precisa me ver nunca mais. —Acrescentei relutando. — Eu não sei por que você está com raiva de mim mas me perdoa por favor... Seja o que for, eu não tive intenção — Ela se manteve imóvel, eu suspirei — Por favor, eu não sei mais o que dizer ou que fazer, me sinto perdido... Nós parecemos duas crianças emburradas que ficam “de mal... Eu preciso de uma resposta sua, se tiver algo que eu possa fazer pra você me perdoar... qualquer coisa... eu...

         Ela se virou num rompante e embora ela não chore por conta de sua condição podia jurar que seus olhos estavam cheios de lágrimas. Jaynet cruzou o espaço que havia entre nós e contra suas próprias regras tocou meu rosto com as costas da mão. Ignorei a sensação estranha que eu sempre sentia quando a gente —Raramente — se tocava e fechei os olhos, morrendo de vontade de um abraço.

— Você está tão lindo hoje... — Sussurrou, enquanto sua mão descia por meu pescoço numa espécie de caricia. Eu me mantive imóvel com medo de que ela não me tocasse mais. Sua mão seguiu até a gravata borboleta do smoking, senti a gola da minha blusa se abrir um pouco então seus dedos traçaram uma das minhas cicatrizes. Eu estremeci. — Como você pode me pedir desculpas se fui eu quem te machucou?

         Abri meus olhos e dei de cara com seu semblante triste. Pisquei confuso.

— Eu não entendi. Como assim você me machucou?

         Jaynet suspirou e interrompeu nosso contato físico pro meu total desgosto.

— Eu lhe pressionei com essa história de ser um mediador. E olha o que isso lhe causou?! — Ela abaixou a cabeça. — Quando eu te vi jogado no banco do carro com estilhaços de vidro por todo o seu corpo... eu achei que você ia morrer, fiquei com tanto medo. — Jaynet voltou a me encarar — Eu mal consegui chamar ajuda foi horrível, foi a coisa mais horrível que aconteceu comigo em toda a minha vida... — Ela pendeu a cabeça para um lado — E durante toda minha morte também.

         Tentei segurar um sorriso sem sucesso. Ela me segurou pelo colarinho de forma dramática.

— Se você morresse Christian, eu ia me culpar por toda eternidade, enquanto eu vagasse pela terra e além dela.  O que eu te incitei a fazer é imperdoável, foi puro egoísmo. Não é por que você enxerga a todos nós que você tem a obrigação de fazer algo a respeito, muito menos arriscando sua vida daquela forma. — Suas mão subiram pro meu rosto — Eu que peço, que um dia você me perdoe, se você puder.

Eu fiquei em silêncio pensando no que dizer, seu rosto estava tão sério como eu nunca havia visto. Ela suspirou e me soltou, começando a desaparecer. Segurei seu braço a impedindo de ir e ela arregalou os olhos, se dando conta finalmente do nosso contato físico, mas eu continuei segurando firme, tentando formular as palavras com muita dificuldade.

— Jaynet o que aconteceu não foi sua culpa, eu sou realmente um mediador, não se trata de você, não tem nada a ver com você. Eu sei que eu sou, e eu sinto que tenho que fazer esse tipo de coisa. Eu não ia receber esse... dom... sem um propósito. — Ela pareceu indecisa — Sua persistência só me ajudou a enxergar o que eu sou, entende. Depois que eu acordei eu já ajudei alguns fantasmas mesmo você não estando comigo. Felizmente nenhum tentou me matar por enquanto — Acrescentei rápido, ela sorriu parecendo mais calma — Mas pode acontecer de novo, vai acontecer, e quando acontecer eu quero que você esteja ao meu lado para me ajudar. Mas por enquanto vamos esquecer esse assunto por favor.

— Te ajudar? Eu não pude fazer nada por você...

— Você não me deixou sozinho, é o que importa.

         Ela abriu a boca para protestar mas eu a puxei pros meus braços, descansando meu queixo no seu cabelo, desejando que ela soubesse o quanto eu sentia sua falta. Jaynet ficou imóvel pelo que pareceu uma eternidade e então eu senti seus braços me envolverem finalmente correspondendo. Ela deitou o rosto no meu ombro e eu relaxei um pouco. Acariciei seu cabelo pensando se do jeito que nós estávamos ela conseguia ouvir meu coração acelerado.

— Eu senti tanto sua falta.

         Ela confessou no meu ouvido de forma repentina me surpreendendo. Eu mal podia ouvir o som dos adolescentes lá embaixo, a música era mais um eco distante. Mesmo assim eu peguei seus braços e enlacei no meu pescoço, descendo minhas mãos por sua cintura comecei a me mover no ritmo da música.

— Quer dançar comigo Jaynet??

— Já estamos dançando seu doido.. — Ela riu — Você está perdendo a festa, não é algo que eu perderia se estivesse viva.

         Eu a rodopiei vislumbrando a luz da lua refletida sobre ela. Ela tinha razão eu só teria mais alguns bailes antes de terminar o colegial, todo mundo diz que essa época é um momento único. O terraço estava frio, não tinha nenhuma decoração, nenhum jovem bêbado, nenhuma música gritante, não tinha nada além de nós dois. Mas se eu estivesse no baile eu jamais poderia dançar com ela, teria que fingir que ela não existe, estaria com uma acompanhante chata em meu encalço, rodeado de pessoas, exceto a que eu mais queria.

— Eu estou exatamente onde eu queria estar... Aqui com você, considere o terraço nosso baile particular.

         Nós dançamos uma, duas, três músicas.... Eu realmente havia perdido a conta. Dançar com a Jaynet era maravilhoso, mais do que eu podia pedir depois de tantos meses separada, entretanto tocá-la estava me deixando tonto e sugando minhas energias. Por mais que eu tivesse normal por fora, acho que meu lado mediador ainda não tinha se recuperado totalmente. Eu comecei a dançar mais devagar para tentar me manter firme e pra minha sorte ela pareceu não reparar.

— Há muito tempo não vou a uma festa— Ela fez uma careta — Errei feio no vestido, as meninas agora estão usando curto.

— Você está perfeita Jaynet — Pisquei agora muito zonzo — A rainha do baile.

         Eu cambaleei um pouco para trás. A expressão dela se tornou aflita.

         Droga, droga, droga.

— Tudo bem Chris? Você sua mãos estão trêmulas...

— Estou bem sim — Me apressei em mentir. — É que está um pouco frio aqui.

— Eu nem reparei — Ela sorriu mais calma. — Você sabe, eu não sinto frio. Talvez você queria entrar?...

— Não!!

         Praguejei mentalmente, isso não podia estar acontecendo. Não quando a gente finalmente estava tão próximo. Não no nosso baile perfeito. Eu resolvi que sairia dali desmaiado mas não a largaria, alias eu não a largaria nunca mais se eu pudesse.

         Contrariando cada célula do meu corpo eu puxei Jaynet pela cintura e a trouxe mais para perto de mim. A atmosfera mudou totalmente e ela agora estava séria, seu rosto estava a centímetros do meu, suas mãos espalmadas no peito. Respirei fundo, parte pelo desejo, parte para não entrar em colapso. Ergui minha mão finalmente retirando aquela mecha insistente da sua boca, meus dedos contornaram seus lábios entreabertos.

— Christian nós não deveríamos... — Sussurrou com sua voz doce, me deixando alucinado. — Nós... isso é totalmente errado.

         Jaynet parecia querer fugir a qualquer instante, mas eu não ia recuar, não hoje. Baixei meu rosto e beijei seu pescoço, ela se manteve firme mas aos poucos se rendeu me apertando junto a ela. Tracei uma trilha de beijos até sua boca e plantei vários selinhos envolta, exatamente como eu sempre sonhei. Ela fechou os olhos e jogou a cabeça para trás se entregando a mim e meu estômago revirou de ansiedade. Incapaz de me conter por mais um segundo sequer pressionei meus lábios nos dela com luxuria, explorando cada parte. Jaynet retribuiu com a mesma intensidade, enquanto arranhava minhas costas gemendo, não, ronronando. Eu suspirei segurando o rosto dela dentre minhas mãos, ofegante pelo beijo e pelo esforço que eu fazia para me manter de pé.

— Jaynet eu... eu te a-.....

         Um estrondo acabou com todo o clima. A porta do terraço abriu e Kevin entrou como um furacão, bêbado e desesperado, tropeçando nos próprios pés. Ele ofegava mais que eu.

— Desculpa inteeeerrromper  — Disse de forma arrastada — Mas a Heather está te procurando, ela vai vir aqui já já.

         Jaynet bufou e me soltou, e eu me senti instantaneamente um pouco melhor. Ela arregalou os olhos se dando conta de meu estado e se afastou ainda mais e eu soube que a gente não poderia mais continuar de onde paramos. Respirei fundo, tentando me lembrar quem diabos era Heather.

— Cara você ta bem? Ta tremendo mais que celular quando chega mensagem.

— Estou ótimo Kevin — Falei entredentes, notando que Jaynet estava carregada de culpa.

— Eu só queria te ajudar.. — Disse percebendo que eu estava com raiva — Olá Jaynet... prazer em conhece-la. — Ele estendeu a mão na direção onde ela estava e apertou os olhos — Não sei se é a bebida que os meninos batizaram mas eu quase consigo te ver.

— Deve ser a bebida — Jaynet respondeu sabendo que Kevin podia lhe ouvir. — Prazer em conhece-lo kevin.

—  Igualmente. Famosa Jaynet, ouvi tantas coisas sobre você..

         Eu corri como um furacão e tapei a boca dele sentindo o meu rosto corar.

— Kevin já chega de beber. — A acompanhante dele entrou no terraço, puxando ele pela gravata borboleta. Tão bêbada quanto meu amigo. — Melhor a gente ir pra casa.

— A minha ou a sua?

— Cala a boca... só vem comigo.

         Ele me lançou um olhar malicioso antes de acompanhar a Dylan até a porta. Olhei pra Jaynet e ela parecia acanhada, tocando os próprios lábios. Me perguntei se ela me deixaria beijá-la de novo, mesmo sabendo que ela me deixaria muito fraco, mas sua expressão foi de acanhada para raivosa em segundos. Pisquei atônito.

         Ela está com ódio de mim?

         Me apoiei no parapeito, sentindo minhas pernas bambearem. Jaynet parecia mais sombria a cada instante.

— Precisamos conversar....

         Ai, caralho isso nunca é bom, principalmente vindo de uma mulher que você acabou de beijar..

— Jaynet... — Eu não sabia o que dizer, só queria ir para casa chorar onde ninguém visse. — Eu sinto muito, eu...

— Deixa eu falar, e para de pedir desculpas. — Ela revirou os olhos — Hoje mais cedo antes de você chegar na festa...

         Soltei o ar, não era sobre o nosso beijo. Escutei atentamente o que ela queria dizer.

— Eu..Eu... — Ela estalou os dedos. — Droga, não é uma coisa fácil de se dizer. Eu segui sua namorada e..

         Contudo antes dela terminar a dita “minha namorada” adentrou pelo terraço. Ela abriu um sorriso enorme e se atirou nos meus braços, beijando minha boca. Eu olhei para Jaynet suplicante, num pedido silencioso de desculpas.

— Por que você está sozinho aqui? Te procurei por toda parte meu amor— Ela bateu palmas alegre — Vão anunciar o rei e rainha agora, acho que seremos nós.

— Piranha mentirosa — Olhei pra Jaynet com espanto. — Vagabunda escrota!

— Eu nem estava na festa Heather. — Falei com desgosto.

— Não importa, depois que você ficou de coma todo mundo te adora.... bem, já te adoravam antes, mas agora... você é mega ultra popular.

— Hum.

— Tenho certeza que seremos eleitos.

— Hummmm.

— Vem, vamos logo.

         Jaynet olhava para Heather como se quisesse jogá-la do terraço, e suponho que não era só pela interrupção inesperada, haviam mais coisas ali. A minha namorada me puxou pelo braço, acabando com meu momento romântico com a única garota que eu realmente desejava.

— Te espero em casa Christian Randall.

         A voz de Jaynet ecoou de forma sombria, uma promessa e ameaça, enquanto ela desaparecia.


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