Uma Estranha No Meu Quarto escrita por Damn Girl


Capítulo 17
Capítulo 17 - Inesperado


Notas iniciais do capítulo

Olá meus leitores e leitoras amados, desculpem a demora mas aqui está o novo capítulo fresquinho. O capítulo não foi revisado, me desculpem se tiver erros de português. Espero muito que vocês gostem, boa leitura ♥



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                Estava eu diante do espelho do banheiro da Ana conferindo meu vestido pela centésima vez. Passei horas olhando revistas, tentando escolher algo sóbrio e elegante, mas de todos os vestidos que eu poderia simplesmente “fazer aparecer”, de todas as grifes e estilos ao meu alcance eu fui direto no mais escandaloso que eu vi; um vestido rosa cheio de camadas e muito rodado, estilo princesa mesmo. O centro do corpete dele brilhava mais que todas as luzes da Time Square e comecei a me achar ridícula. Senti minhas mãos suarem por dentro das luvas brancas de seda e uma leve vertigem me atingir.

— Menos é mais Jaynet, sua brega!! Escandalosa! Patricinha!

         Briguei com meu reflexo e resolvi retirar as luvas junto com a coroa de brilhantes que eu havia colocado na minha cabeça, deixando apenas o colar de brilhantes. Soltei o coque do meu cabelo e os joguei pra trás prendendo-os numa trança de lado. Então eu desmanchei tudo e prendi só a parte de cima, deixando as pontas soltas, tentando me acalmar.

Por mais que eu não pudesse realmente sentir vertigem ou suar minha alma ainda lembrava a sensação e teimava em reproduzir. Como quando o Christian me olha demais e sinto meu rosto queimar.

—Cinderela??? — A voz doce de Ana entrou no cômodo — Você devia sair do baile a meia noite, não chegar meia noite. Alias, desse jeito quando você chegar todos já terão ido, inclusive seu lindo príncipe. — Ela bateu na porta com mais urgência — Anda logo Jaynet, vamos morrer de tanta curiosidade.

         Eu dei risada. Se tem algo que aprendi nesses três meses morando com outros fantasmas, não foi a expandir meus poderes mas sim o quanto minhas piadas de morte são sem graça. Parece

         Ana vive em um duplex abandonado bem próximo à casa de Christian. A construção era uma clinica clandestina de aborto nos anos cinquenta e após a misteriosa morte do dono, surgiram boatos de que a casa era mal assombrada pelos fetos. Os boatos não só atingiam os vivos, como também os mortos que chegavam de diversas partes da cidade para ver se era verdade. Assim a casa foi ficando lotada de almas e ficou realmente assombrada. São tantos fantasmas que eu sequer conseguia gravar metade dos nomes. Fantasmas de todo os séculos, cowbois, prostitutas, ladrões, moças de família, pichadores, dançarinos. Entretanto nada de bebês mortos, Graças a Deus. E apesar de tantas gente distinta (Pra não dizer gente suspeita) todos “viviam” felizes e em paz. Ana foi a primeira a chegar então ela mantinha tudo em ordem e todos a obedeciam, todos a amavam muito.

— Sai daí logo tia — A voz de Karine soou emburrada — Anda logo, Ana falou que só o chris vai te ver, não sei por que está se arrumando tanto.

         Eu senti minhas bochechas corarem e sai do banheiro, girando para que elas pudessem ver tudo. Ana tinha um sorriso satisfeito e Karine me rodeava agitada, os olhos brilhando.

— Está linda Tia Jaynet, quando eu crescer quero ser tão linda quanto você...

         Tentei esconder minha tristeza, ela jamais cresceria. Karine é uma fantasma muito poderosa e tão inteligente que as vezes eu me esquecia que tinha seis anos. Sempre que eu lembrava entretanto ficava tentando imaginar como foi sua morte, se ela sofreu, se foi dolorosa.

— Tenho certeza que você vai ser muito mais linda que a Jaynet anjinho — Ana respondeu ao ver que eu não ia conseguir. Ela segurou a mão de Karine afastando-a — Vamos deixar ela ir pra festa anjinho. E você Jaynet não esqueça de vir nos visitar, você é sempre bem vinda aqui.

— Ah Ana, eu nem sei se o Christian vai querer falar comigo. —  Dei uma risada nervosa —  Talvez eu tenha que voltar para cá.

— Não entendo como você pode pensar isso

          Ana me olhou de forma enigmática como as vezes fazia quando eu falava do Chris. Eu beijei as duas e fechei meus olhos. Segundos depois eu os abri e estava magicamente em frente à escola.

— Adooooro esse negocio de desmaterialização!!

         A voz de lady gaga cantando Dance In The Dark ecoava por todo o jardim e ia aumentando conforme eu me aproximava. Observei os casais vindo de todas direções, e entrando pela grande porta decorada com corações, assim como era quando eu estudava ali anos atrás. Os garotos todos de smoking e as garotas com seus vestidos curtos de festa. Eu era a única com um vestido longo, provavelmente as outras meninas ririam de mim se pudessem me ver.

—  É parece que as coisas mudaram um pouco, to ficando ultrapassada. — Me concentrei no que a Gaga dizia — She looooook’s good, but her boyfriend says, she’s a mess, she’s a mess, she’s a mess...

          Flutuei cantando animada em direção ao salão e entrei pela parede mesmo. O Ambiente estava tão romântico quanto o jardim, repleto de pétalas de rosa pelo chão e balões de corações flutuando na cabeça de todos. Tinha comida a vontade numa mesa num canto, e muito refrigerante. No centro o povo se aglomerava próximo ao DJ.

— Até parece que a música não dá pra ser ouvida do outro quarteirão. — Falei sozinha enquanto ia pro centro, literalmente passando por todos. Lady gaga agora gritava outra coisa. Eu fiquei dançando sem me preocupar em esbarrar em ninguém —  Do what u want with my body!!!

         Mais três músicas se passaram e eu já estava ficando entediada. Ir pra uma festa onde ninguém pode realmente te ver, onde você não pode comer nem beber nem conversar não é lá muito divertido. Corri os olhos pelo salão procurando algo pra me entreter e avistei Michael e Nick próximos a mesa dos refrigerantes e do ponche. Fui dançando até eles, não que eles pudessem me ver ou me conhecessem, mas era bom ver uns rostos conhecidos. Observei que Nick sorrateiramente trocavam as garrafas por outras cheias de uma bebida da cor dos refrigerantes, e Michael batizava o ponche com mais bebida e entregava alguns comprimidos, pra alguns caras que chegavam neles. Os dois já pareciam estar bêbados já.

— Enche mais caralhoooooo mete a mão nesse ponche  — Nick falou pra Michael tomando um dos comprimidos — fodaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa

— Valeu cara to ligadaçooooooo — Um garoto gritou pro Michael.

         Eu soprei no ouvido do Michael só pra me diverti, vi cada pedaço do seu corpo se arrepiando e ele esbugalhar os olhos. Ele sacudiu a cabeça, como se tentasse se livrar de algo ruim e virou tudo do seu copo de uma vez.

— Vamos pegar geral nick, segurem suas cadelas seus cornos.. — Michael saiu dançando, e exibindo os braços perfeitamente torneados, não pude deixar de notar.

— Ah que merda é essa Nick? — Comentei esquecendo que ele não podia me ouvir — Cadê o Kevin pra socar a cara de vocês?

— Pega.no.meu.pau. Me chama de Animal — Ele cantou olhando na direção de uma menina ruiva, ela sorriu sem imaginar o que ele cantava e ele foi atacar sua presa — Pega no pau, chama de Animal, eu quero sua bunda vadia ruiva vagabunda..

         Eles só pensam nisso  Revirei os olhos.

         Agora tocava Scream & Shout do Will.i.am com a minha amada Britney Spears. Voltei a dançar e Kevin apareceu na mesa dos “refrigerantes” com a Dylan. Ele deu uma beijo rápido e sussurrou que achava que estava apaixonado. Eu fiquei segurando vela em silêncio pra ele não saber que eu estava ali, já que agora ele ouvia espíritos. Os dois estavam alterados também mas ainda faziam um casal muito fofo. Ele deu um copo pra ela. E a música mudou pra Thinking out Loud do Ed Sheeran. O clima do salão também mudou e os casais começaram a dançar agarradinho.

— Me concede a honra dessa dança? — Ele beijou a mão dela.

— Nada me faria mais feliz.

         Onwwwwwwwwt que fofo, vou vomitar. Eu me apressei em sair de perto deles mas o salão todo estava no mesmo clima, logo eu estava segurando vela não só deles como de todos da festa, inclusive de Michael e Nick que dançavam ao longe, AGARRADOS nas acompanhantes. Revirei os olhos (já estava virando mania a esta altura). Fiquei ali parada sem saber o que fazer, torcendo pro DJ voltar a tocar música eletrônica.

         Foi nesse momento que eu a vi. Heather Franklin, a namorada do Christian.

         Senti meu corpo ficar tenso com sua presença, ela estava parada num canto do salão e todos os garotos a observavam pelo canto do olho. Vestia um tubinho vermelho e um scarpin Loboutin preto da sola vermelha, no pescoço um colar que parecia ser de diamantes. A maquiagem leve destacava o Batom vinho. Ela estava vestida pra matar. E eu sabia quem era a vítima. Comecei a tremer de ansiedade, correndo meus olhos envolta dela procurando o meu Chris. Então olhei pra menina da capa da vogue de novo, e pra mim mesma, pro meu vestido rodado e rosa, saído de alguma revista velha de casamento, me sentindo corar de pânico e de ciúmes.

          É melhor eu ir embora enquanto o chris não me viu ainda. Ele vai estar ocupado esta noite.

         Lancei um ultimo olhar mas quando ia me virar o ex namorado dela Carl pegou no seu cotovelo e a arrastou sob protestos. Eu os segui com medo que ele fosse bater nela e os dois foram mais pra dentro da escola, pra um corredor fora da festa. Carl estava com o Smoking meio aberto e parecia muito irritado, seu cabelo continuava raspado desde a primeira vez que o vi ele deu uma espécie de urro. Esperei Heather ser jogada no chão. Então pro meu total espanto ele jogou ela contra os armários do corredor com brutalidade e a beijou ferozmente. Meu espanto foi dobrado quando ela correspondeu da mesma forma ardente enlaçando uma das pernas em sua cintura. Ele a pressionou mais e eu ouvi um gemido.

         Eca, eca, eca!!! No que pareceu uma eternidade eles se afastaram ofegantes. Ela tentou agarrar ele mas ele a afastou.

— Tem uma semana que você não me procura sua maldita.

— O Christian acordou do coma.

         Ele bateu no rosto dela. Eu dei um passo pra trás.

— Christian isso, Christian aquilo! Não sei por que você esta com esse panaca... — Ele a beijou de novo. Outro gemido. Eca. — Se na hora do serviço é a mim que você procura. —  Ele acariciou seu rosto e sua voz ficou mais mansa —  Por que não volta a namorar comigo amor? Larga esse babaca na festa e vem comigo pra minha casa. — Ele traçou uma trilha de beijos pelo pescoço dela— Você não precisa dele

— E-Eu amo o Christian Carl, aceita isso de uma vez. Ele é muito mais homem do que você.

         Carl socou furioso o armário próximo do rosto de Heather, ela se encolheu com medo. Eu me vi com as mãos fechadas em punhos, com raiva também. Ela estava traindo o Christian e dizia que o amava.

— QUE CARALHOS VOCÊ QUER DE MIM VAGABUNDA? POR QUE NÃO TRANSA COM ELE LOGO. EU SÓ SERVI PRA ALIVIAR SUA VONTADE ENQUANTO ELE TAVA DE COMA CACHORRA.

         Levei a mão na boca tentando conter minha raiva também mas senti que estava começando a mexer na iluminação. Se controla Jaynet, se controla.

— Ele me evita o tempo todo — Heather levou as mãos ao rosto — Acho que ele não me quer, se ele hoje não me quiser eu não sei mais o que vou fazer... —  Ela encarou o Carl com desespero. —  Ele nunca quer. Mas eu... eu sinto falta... sinto tanta falta.. Fui muito fraca, usei você todos esses meses

— Sente falta disso não é? — Ele se esfregou nela, ela arranhou suas costas desesperada. Ele colou o rosto no dela e sussurrou — Tudo bem então, eu também vou lhe usar.

         Mais beijos, mais gemidos, os dois voltaram a se agarrar. Carl puxou ela pra dentro do banheiro dos funcionários e fechou a porta mas eu ainda podia ouvir os dois transando. Minha garganta começou a fechar de tanto nojo e repulsa.

          Vou contar pro Christian, você não vai sair bem dessa maldita.

         Fiquei imaginando a sorte que a Heather tem de ter um namorado como o Christian, o por que dele não querer ela também.

         Deve ser sexto sentido masculino Eu ri sozinha enquanto descia os corredores de volta pra festa, pensando nas palavras exatas que iam desmascarar essa biscate. Então ouvi uma voz masculina chamar por mim.

— Jaynet, Jaynet...

         Me virei lentamente esperando ver um Christian bem vestido. E estanquei no lugar ao ver o lindo homem a minha frente, com uma calça jeans surrada e um suéter moderno com a bandeira da Inglaterra e um tênis all star preto. Ele sorriu quando percebeu que eu o estava reparando e eu congelei.

— Roosevelt....


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Notas finais do capítulo

Muito obrigada a todos que leram, se quiserem deixem comentários (as vezes acho que o Nyah perdeu seus leitores pro Spirit Fanfics, o site já não é mais tão movimentado quanto uns 8 anos atrás mas como eu já disse a história vai ser postada até o fim). A continuação vem logo logo já estou escrevendo. Um beijo a todos :*