Kolybelnaya escrita por themuggleriddle


Capítulo 39
Contra mundum




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Ver aquela praia de verdade pela primeira vez fez algo dentro do peito de Tom se apertar. Os sonhos sempre foram muito reais, ele acordava com o cheiro do sal e a sensação da maresia ainda grudada em sua pele, mas ver aquele mar cinzento de verdade fez tudo parecer mais intenso. Seu pai estivera naquela praia várias vezes e, apesar de ser um trouxa, ele havia conseguido reproduzir tudo com muita precisão em sonhos... Como o homem havia feito isso ainda era um mistério para o rapaz.

Apesar de ser verão, o tempo não estava ensolarado: as nuvens claras que cobriam o céu volte meia davam espaço para uma nesga de céu azul se mostrar por entre elas, mas não passava disso. A praia estava relativamente vazia, com uma ou outra pessoa caminhando ou arriscando um banho de mar, e o vento que soprava do mar fazia com que os seus cabelos ficassem uma bagunça.

“É aqui,” disse Abraxas, andando a passos largos pela areia enquanto guiava os amigos.

A medida que eles se afastavam da cidade, caminhando ao longo dos pequenos rochedos (coisinhas minúsculas comparados com os paredões de Dover), Riddle tentava procurar por qualquer sinal de uma casa ao longo da costa, mas tudo havia ficado para trás. No entanto, a certa altura, ele viu Malfoy desviar na direção oposta ao mar e ali, parecendo quase esculpida na terra do rochedo, havia uma escadaria.

“Já faz alguns anos que a família encantou o local para ficar totalmente escondido,” o loiro explicou. “No início, os trouxas podiam ver a casa como ela era. Depois, algum Malfoy colocou um feitiço de disfarce que fazia parecer uma casa qualquer... No início do século passado, esconderam a casa por completo.”

A medida que se aproximavam, a escadaria deixava de parecer ser feita de terra e assumia um aspecto de pedra e logo havia uma escada de alvenaria subindo pelo pequeno rochedo. Hermione, que havia ficado em silêncio até então, fez um barulho baixo de surpresa e apertou o casaco ao redor de si. Ela parecia um pouco apreensiva, Tom havia notado, mas não sabia se devia perguntar o que estava acontecendo.

“Chegamos.” Riddle se perguntava, enquanto subia os degraus atrás do amigo, como Abraxas conseguia fazer o seu sorriso ressoar em sua voz.

Quando terminou de subir os degraus, o rapaz ficou boquiaberto. Ele sabia que os Malfoy tinham dinheiro – muito dinheiro – e sabia que a casa da família em Wiltshire era enorme, tanto pelas histórias contadas pelos colegas quanto pelas fotos que o loiro mostrava ou que saíam no Profeta Diário... Tom tinha certeza de que aquela casa logo na sua frente não era nada comparada com outras propriedades com as quais Abraxas estava acostumado, mas, para ele, aquilo era fora do comum.

Era maior que a casa de seu pai em Little Hangleton. Com paredes de pedra clara e janelas altas, o lugar parecia ter saído de algum livro como aqueles que ele pegara emprestado de Martha certa vez (Jane Austen, ele pensou, poderia muito bem escrever um de seus romances naquele lugar). O jardim tinha a grama verdinha, os arbustos bem cortados e flores que saltavam aos olhos: rosas brancas, lavandas e muitas outras flores que Tom não tinha ideia de como eram chamadas. No centro deste, havia uma fonte com a estátua de um animal que era metade cavalo e metade peixe que jorrava água pela boca.

“Como já disse antes, meus pais não estão,” disse Abraxas, atravessando o jardim e sorrindo abertamente. “E nem os elfos. Pedi para ficarem em Wiltshire... Espero que não se importem de não terem refeições muito elaboradas.”

“Aposto que qualquer pote de coisa em conserva que você tenha aqui é melhor do que a comida mais bem feita do orfanato,” Riddle murmurou, erguendo o rosto para tentar observar mais da casa. “Além disso, sei alguns feitiços de cozinha.”

“Sabe?” perguntou Hermione, arqueando uma sobrancelha.

“Quando cheguei em Hogwarts, foi uma das primeiras coisas que tentei aprender,” ele explicou. “Achei que poderia fazer alguma coisa melhor no orfanato quando estivesse de férias. Só depois lembrei que não poderia fazer magia fora da escola até completar dezessete anos.”

“Se você tivesse sido menos teimoso durante os últimos anos, poderia ter passado mais verões aqui,” disse Malfoy, alcançando a porta e a abrindo.

O saguão tinha um pé-direito alto e claro, com paredes de pedra clara e chão de mármore preto e branco. Havia alguns bustos de pedra enfileirados ao longo das paredes e Tom se perguntava se aqueles eram Malfoys que vieram antes de Abraxas e que agora eram designados a ficar de vigia naquela casa. A cada passo que dava, Riddle percebia o quanto ele estava longe de fazer parte daquele mundo dos sangue-puros mais tradicionais e ricos do mundo bruxo. Não importava o quanto ele mentisse sobre os seus pais, o quanto criasse histórias sobre uma família pura, ele nunca chegaria àquilo, nem mesmo se tivesse herdado o dinheiro da família Riddle.

“E essa é a só a casa de praia,” murmurou Hermione, andando lentamente enquanto observava os arredores. Ela ainda parecia cuidadosa, como se esperasse que algo ruim acontecesse a qualquer momento.

“Vocês precisam visitar Wiltshire um dia,” Abraxas falou e continuou andando, atravessando o saguão até chegarem à uma escadaria. “Deixe eu mostrar os quartos.”

O loiro os guiou através de corredores ricamente decorados, cheios de quadros e bustos de pedra e animais empalhados pendurados pelas paredes, até chegar aos quartos. O primeiro era grande e todo decorado em tons de azul claro, branco e dourado. Todos os quadros mostravam imagens do mar e navios, mas apenas alguns se mexiam, deixando aparente o movimento das ondas ou as mãos acenando das sereias que tentavam chamar a atenção de marinheiros. A cama de dossel era enorme e parecia ainda mais confortável que as camas de Hogwarts. Aquele, de acordo com Malfoy, era o seu quarto.

O segundo quarto era menor, mas ainda assim era grande. A cor que ali predominava era o verde escuro e marrom, com retratos estáticos nas paredes, uma cama grande, armários e uma grande janela que tinha vista para o mar. O último quarto tinha um tamanho parecido com aquele decorado em verde e tinha as paredes de um tom creme e toda a mobília de cores claras misturadas com dourado. O mar também era visível pela janela daquele cômodo.

“Vou deixar você com a decoração sonserina,” Hermione falou, rindo enquanto ia se sentar na cama, afofando as cobertas. “Acho que nunca sentei em algo tão caro quanto essa colcha.”

“Não seja exagerada, Srta. Elston,” disse Abraxas, revirando os olhos.

“O que? Acha que todo mundo tem isso em casa?” Ela riu, apontando para o tecido abaixo de si: creme com bordados em fios dourados. “A colcha da minha cama era comprada em lojas de departamentos.”

“Não sei se quero saber o que é uma loja de departamentos,” disse Malfoy, encolhendo os ombros. “Bom! Temos a casa inteira para nós, um belo mar a apenas alguns metros e uma adorável cidade trouxa que tem até mesmo bares onde ficam cantando músicas chulas de pescadores.”

“Parece animador,” Riddle murmurou.

“E é, meu caro Tommy.” O loiro sorriu ainda mais, passando um braço pelos ombros do amigo e o puxando para mais perto em um abraço desajeitado. “É muito animador.”

***

Para Tom Riddle, era impossível não lembrar-se do trouxa parado à beira do mar, com as calças dobradas até acima do tornozelo e os pés descalços enfiados na água. Mais uma vez, não queria admitir que o homem estava certo ao dizer que Hornsea era um ótimo lugar para esquecer das coisas... O mar realmente parecia levar as preocupações embora com cada onda que ia e vinha, o sal grudando-se em sua pele e impossibilitando que novos problemas se estabelecessem tão cedo. Era bom, era relaxante e Tom nunca achou que precisasse de algo assim.

“Se há uma coisa que nunca pensei que veria,” disse Abraxas, sentado na areia úmida enquanto observava o amigo na água. “Era Tom Marvolo Riddle em roupas de banho.”

“Ainda acho que não precisava disso,” o rapaz resmungou, abaixando-se até a água fria bater em seu queixo.

“Preferia nadar sem roupas?” perguntou Hermione, arqueando uma sobrancelha enquanto erguia uma mão cheia de areia e a despejava sobre um montinho ao seu lado.

“Não. Quero dizer que podia entrar no mar com as minhas roupas normais. Elas já estão em um estado horrível mesmo.”

“Eu seria um péssimo amigo se deixasse que você tomasse banho de mar com calça de lã, Tommy.” Malfoy riu e se levantou, indo na direção do mar.

Fora Abraxas quem jogara as roupas de banho para cima deles antes de os arrastar até a praia. Tom havia odiado ter que vestir aquele calção apertado e estranho, mas não podia negar que parte de si gostava de ver o loiro naquelas roupas e não no tão conhecido uniforme de Hogwarts que o cobria dos pés ao pescoço. No entanto, dos três, Elston fora quem mais ficara bem em roupas de banho: a peça única vermelha parecia mais um vestido muito justo e curto do que uma roupa própria para banho, mas a garota havia ficado bem nela.

“Só ignore a roupa e aproveite o mar,” disse Abraxas enquanto entrava na água, encolhendo a barriga quando a água fria alcançou o seu abdômen. “Merda. Um dia precisamos ir para o Brasil para ver as praias de lá. Ouvi falar que tem lugares onde a água é bem quentinha.”

“Não reclame, pelo menos temos um pouco de sol.”

As nuvens haviam dado mais espaço para o céu azul e os raios de sol. O vento também não estava gelado, mas refrescante, de tal forma que, quando saíssem do mar, secariam rápido e sem passar muito frio.

“Uma vez vi um homem entrar no mar no meio do outono,” o loiro falou, jogando o corpo para trás e deixando-se boiar. “De roupa e tudo. Consegue imaginar o frio?”

“Louco,” disse Tom, rindo meio sem humor enquanto se perguntava quais eram as chances de aquele homem ter sido o seu pai.

“Muito provavelmente.”

O rapaz observou o loiro fechar os olhos e permanecer flutuando, deixando seu corpo balançar com as ondas. Desde que saíram de Hogwarts, Riddle havia tentado não pensar muito em tudo que havia acontecido entre ele, Brax e Hermione... Parte de si ansiava por aquela estadia em Hornsea e pelo tempo a sós que eles teriam, mas outra parte temia aquilo. Tom Riddle havia passado anos construindo barreiras ao redor de si, as quais se solidificaram ainda mais depois do assassinato de seus parentes trouxas, e agora aquela proximidade com aquelas duas pessoas ameaçavam ruir tudo o que ele havia construído. Por um lado, aquilo era algo que ele ansiava, mas por outro, era um pesadelo.

“Você está encarando,” Abraxas murmurou, espiando-o com um olho aberto e sorrindo de lado.

“Estou,” disse Tom.

“Posso saber o que é tão interessante?”

Riddle riu fraco, erguendo uma mão da água e apoiando-a no peito do amigo. Deixou os seus dedos traçarem o sulco do osso esterno até o abdômen do outro, prestando atenção na pele clara por sob os seus dedos. Ele podia sentir o olhar de Malfoy queimar em si e não sabia se isso devia fazê-lo corar ou sorrir.

“Você devia sorrir mais, Tommy.” A voz de Abraxas o tirou de seus pensamentos e só então notou que estava sorrindo. “Sabe, não aqueles sorrisos maldosos.”

“Cale a boca.” O garoto riu e se afastou quando o outro bateu a mão na água e a fez espirrar nele.

“Não briguem!” Eles ouviram Hermione gritar da areia e, ao se virarem, a encontraram sorrindo e sacudindo a cabeça.

Malfoy olhou-o outra vez, agora com um sorriso diferente nos lábios: meio torto e maroto, com os olhos brilhando com divertimento. O loiro voltou a apoiar os pés no chão e saiu da água, parecendo ter perdido o interesse no mergulho, mas, assim que chegou na areia, correu até a garota e a levantou no colo. Elston soltou um grito surpreso e depois riu, agarrando-se ao pescoço do rapaz para não cair e parecendo tentar escalar por ele para evitar a água, o que acabou se mostrando inútil: quando já estava com o mar pela cintura, Abraxas simplesmente mergulhou, levando-a consigo.

Tom surpreendeu-se ao ouvir a própria risada. Não que Tom Riddle nunca risse, mas era estranho notar que estava rindo de forma tão despreocupada de algo tão simples quanto dois amigos brincando na praia. Quando o casal voltou a emergir, Hermione ainda com os braços ao redor do pescoço do loiro e os cabelos castanhos molhados escondendo-lhe o rosto, Riddle ainda sentia a risada lhe tirando o fôlego.

“Ah, não pense que vai sair dessa sem nada, Riddle,” a bruxa falou, afastando o cabelo do rosto com uma mão e estreitando os olhos.

O garoto arregalou os olhos quando viu a menina pular do colo do outro e ir na sua direção. Abraxas pareceu entender o recado e a seguiu, meio andando e meio nadando. Riddle apenas se jogou na água e tentou nadar para longe, o que foi algo incrivelmente falho, já que percebeu ali que não sabia nem o que tinha que fazer para conseguir nadar. Logo as mãos fortes de Malfoy o alcançaram, puxando-o contra o seu corpo e o fazendo soltar um grito quase assustado. Ele conseguia ouvir a risada dos dois, a de Hermione se sobressaindo, e as mãos da garota encontrando os seus pulsos e o puxando para debaixo da água.

O frio do mar o envolveu por completo e Tom fechou os olhos assim que submergiu. O som das risadas foi abafado e tudo o que restou foram as mãos de Elston nos seus pulsos e o corpo de Abraxas nas suas costas, quente e contrastando com a temperatura da água. Ele sabia que o tempo que ficaram submersos não fora grande, mas pareceu uma eternidade... Uma ótima eternidade onde o eco da risada ainda se fazia presente dentro de si, onde a água salgada sustentava o seu corpo e onde as coisas mais reais eram Malfoy e Hermione.

Quando o ar voltou a entrar em seus pulmões, o bruxo sentiu as mãos da garota em seu rosto e, antes mesmo que pudesse abrir os olhos, os lábios dela cobriram os seus. Quentes e macios, eles pareciam se divertir no beijo que não durou muito, mas que acabou com Hermione rindo enquanto se afastava.

***

Ao final do segundo dia, a pele de Hermione já estava mais morena por conta do sol e Abraxas parecia ter assumido uma tonalidade bronzeada que Tom sempre associava com o início das aulas. Riddle, por outro lado, havia conseguido ombros, costas e rosto vermelhos, queimados pelo sol. Cada sorriso fazia o rapaz sentir a pele ressecada arder um pouco sobre o nariz e ele sabia que não demoraria muito para que encontrasse mais pintas e sinais pelo corpo... De certa forma, ele se achava sortudo por não ter herdado as sardas que vira no rosto do pai, caso contrário estaria coberto delas ao final da estadia em Hornsea.

As refeições estavam sendo simples, mas ótimas. Os estoques da casa estavam cheios dos mais diversos ingredientes e ele e Hermione conseguiam fazer pratos decentes com a ajuda de magia. Abraxas, por sua vez, estava feliz que finalmente aprendera a fazer um ovo mexido.

“Afora o teu olhar, nenhuma lâmina me atrai com seu brilho,” Tom via pelo canto do olho a luminosidade mudar a medida que o fim da tarde chegava, os raios de sol se embrenhando pelas janelas do quarto de Malfoy enquanto os três se amontoavam na cama do rapaz. “Amanhã esquecerás que eu te pus num pedestal, que incendiei de amor uma alma livre, e os dias vãos – rodopiante carnaval – dispersarão as folhas dos meus livros...”

Hermione se ocupava em pentear os cabelos com os dedos, sentada na ponta da cama, enquanto o loiro estava encostado na cabeceira da cama, observando-o enquanto Tom lia os poemas de um dos livros que o amigo havia trazido consigo. O cansaço causado pelo banho de mar se abatia sobre eles, fazendo com que seus braços e pernas parecessem mais pesados e seus olhos, cansados.

“Acaso as folhas secas destes versos far-te-ão parar, respiração opressa?” Riddle continuou lendo, sentindo as palavras a medida que elas rolavam pela sua língua e escapavam por entre os seus lábios. “Deixa-me ao menos arrelvar numa última carícia teu passo que se apressa.”

“Quem é?” perguntou Hermione.

“Maiakovsky,” disse Tom, fechando o livro e deixando-o de lado. “Russo.”

“A primeira vez que falei com Tom, ele estava lendo esse livro,” disse Malfoy, sorrindo de lado. “Foi por conta disso que comecei a ler livros trouxas.”

“Oh...”

“Russos acabaram virando uns dos meus favoritos.”

“Brax gosta de drama,” disse Riddle. “E os russos são sempre tão dramáticos quanto a história da Rússia.”

“Foi amor a primeira vista.” O loiro riu, espreguiçando-se e virando o rosto para olhar pela janela.

O som das ondas quebrando na praia entrava pela janela aberta e dali eles podiam ver o mar avançando sobre a areia com a maré alta. O céu havia clareado por completo, apenas algumas poucas nuvens aparecendo por entre o azul forte deste, e tudo parecia banhado por uma luz mais suave de fim de tarde... Tom queria poder guardar tudo aquilo em algum lugar seguro: a luminosidade, o cheiro do mar, a brisa fresca, o som das ondas, a tranquilidade.

Hermione respirou fundo e soltou o ar em um suspiro pesado, inclinando-se para trás e se apoiando em uma das colunas da cama. Abraxas soltou um suspiro fraco também, esticando-se para pegar uma pequena caixinha de metal na mesa-de-cabeceira e a abrindo para pegar um cigarro, o qual acendeu com um estalar de dedos e tragou. Apesar das horas calmas e prazerosas, todos sabiam que aquilo iria acabar dali poucos dias e a realidade que os esperava era bem mais complicada que aquela na qual estavam vivendo no momento... E era em minutos de silêncio como aqueles que o peso dessa verdade recaía sobre os três.

“Quero aproveitar esses dias,” Malfoy murmurou, depois de soltar a fumaça pela boca. O cigarro se pendurava entre os seus dedos, sendo segurado com delicadeza enquanto o rapaz o apoiava contra os lábios, parecendo indeciso entre tragar outra vez ou não.

“Estamos aproveitando,” disse Elston. “Não estamos?”

“Aproveitamos a praia, sim, e a comida... E a bebida.” O loiro apontou para a taça vazia ao seu lado e a garrafa de champanhe meio cheia. “Mas quero aproveitar vocês.”

“Nos aproveitar?” Tom riu fraco. “Pretende nos fazer cozinhar mais para você, Sr. Malfoy?”

“Quero beijar vocês e perder o máximo de tempo possível nessa cama com vocês,” o bruxo falou, como se estivesse falando sobre algo trivial como o clima. “Só espero que... vocês queiram a mesma coisa.”

Riddle e Elston ficaram em silêncio. O rapaz sentia o seu rosto quente, mas algo em seu estômago parecia diferente... Ele já havia ouvido falar sobre o sentimento de borboletas no estômago, mas parecia mais que haviam diabretes brincalhões dentro do si do que borboletas delicadas. Ele olhou rapidamente para Hermione, que observava o loiro um pouco boquiaberta. Os olhos dela encontraram os seus e o sorriso sutil que apareceu em seus lábios parecia o incentivar a fazer seja lá o que ele estava pensando em fazer.

Respirando fundo, Tom se levantou e foi até o amigo, sentando-se ao lado dele e segurando o seu rosto entre as mãos. Beijou-o na boca com calma, sentindo a textura e o gosto de tabaco que agora se prendia aos lábios do outro. Ele sentiu o rapaz esticando-se para deixar o cigarro sobre a mesa-de-cabeceira, logo antes das mãos dele irem à sua nuca, segurando-o no lugar enquanto Malfoy abria a boca e aprofundava o beijo.

“Não sou muito bom nisso,” o bruxo murmurou quando conseguiu se afastar um pouco.

“Não acho que Tom Riddle não seja bom em alguma coisa,” Malfoy falou, rindo fraco.

“Eu sou ótimo em muita coisa. Sou ótimo com magia e em estudar. Sou ótimo em pesquisar e arquitetar planos... Sou bom em convencer as pessoas e sou bom em mentir,” disse Tom, tocando o canto dos lábios do outro com a ponta dos dedos. “Nisso aqui?” Ele riu. “Não sou muito bom.”

“Eu discordo.” Abraxas sorriu e roubou-lhe um beijo. “Mas não nego que há coisas a serem aperfeiçoadas.”

“Por exemplo?”

“Você está sempre se escondendo por debaixo de roupas.” Os dedos do loiro alcançaram os primeiros botões da camisa de Riddle e por ali ficaram por um momento, antes de o abrirem. “Parece que ainda está tentando se proteger.”

“Talvez ele esteja,” disse Hermione, que havia ficado em silêncio até então.

“Não pode falar muito disso, Srta. Elston,” Malfoy falou, desviando o olhar para ela rapidamente.

“Talvez eu também esteja tentando me proteger,” ela sussurrou, abaixando o rosto por um momento.

“Vamos fazer um acordo?” o bruxo perguntou, afastando Tom um pouco mais. “Nesses próximos dias, não precisamos ter do que nos proteger. A casa é escondida dos trouxas e protegida de bruxos indesejados. Não tem professores e monitores que possam nos achar, não tem elfos que podem nos pegar no flagra, não tem Grindelwald nos ameaçando e nem Avery nos irritando. Estamos seguros aqui, seja... Seja do futuro ou do passado,” ele murmurou, olhando para o amigo rapidamente, antes de voltar a olhar Hermione. “Ou até mesmo de inimigos. E nós, definitivamente, não somos inimigos uns dos outros.”

A bruxa mordeu o lábio inferior e os observou em silêncio. Havia algo nos olhos de Hermione Elston que fazia com que Tom se perguntasse de onde vinha aquele medo que, de repente, brotava em sua expressão. Mas, antes que pudesse tomar coragem de perguntar qualquer coisa, viu as mãos da garota subirem até os botões do vestido que estava usando e os dedos ágeis dela os abrirem em sequência. Ao mesmo tempo que observava Hermione tirar o vestido, revelando a roupa íntima por debaixo deste, sentia os dedos de Abraxas abrindo a sua camisa.

Quando os olhos de Elston o encontraram novamente, eles eram uma mistura de apreensão e excitação. O olhar dela seguiu as mãos do outro bruxo enquanto elas lhe tiravam a camisa e se apoiavam em sua pele, tocando-o com delicadeza e o fazendo se arrepiar. Riddle voltou a olhar o amigo, apoiando uma mão em seu ombro e segurando o tecido do robe de seda que ele estava usando.

“Tire,” ele falou, puxando de leve o tecido.

Malfoy sorriu e abriu o robe, escorregando-o pelos braços até tirá-lo. Tom sentiu a cama afundar-se um pouco ao seu lado e notou que Hermione havia se aproximado, ajoelhando-se ao lado deles. A mão da garota logo encontrou o seu ombro, apertando de leve antes de deslizar até o seu pescoço, os dedos tocando-o tão levemente que pareciam apenas uma pena contra a sua pele. Depois, os lábios dela encontraram a pele queimada de seu ombro e deixaram uma trilha de beijos até a base de seu pescoço.

Riddle fechou os olhos por um momento. Os beijos de Elston queimavam a sua pele e as mãos de Abraxas apoiadas em suas pernas o distraíam. De vez em quando, os dentes da garota roçavam a sua pele, fazendo-o pender um pouco a cabeça para lhe dar mais espaço enquanto os dedos do loiro se ocupavam com a sua calça agora. Hermione, ele notava, hesitava: a bruxa parecia arriscar alguns beijos e parar por alguns segundos, antes de voltar com um suspiro. Malfoy, por outro lado, parecia estar indo mais devagar para ver o próprio Tom apresentava alguma hesitação.

“Acho que não tenho ideia do que estou fazendo,” Hermione murmurou quando alcançou o ângulo de sua mandíbula com os beijos.

“Nem seu,” ele respondeu, virando o rosto e roubando-lhe um beijo.

Abraxas permanecia em silêncio, as mãos dele volte meia se fazendo presente fosse empurrando as suas calças para baixo ou acariciando-lhe as costas. A mão de Elston logo estava em seu ombro outra vez, puxando-o mais para si até que Tom sentisse o corpo da garota grudado no seu. Sem todas as camadas de roupas de sempre, o toque de pele contra pele era quente e diferente, algo com o qual Riddle duvidava que fosse se acostumar por completo alguma vez na vida. Não demorou muito até que o restante das roupas fossem descartadas.

Se Tom fosse tentar resgatar aquela memória algum dia, sabia que ela viria tingida em luz alaranjada do final de tarde e com o onipresente barulho das ondas. Sabia que conseguiria sentir o toque delicado de Hermione e os beijos leve de Abraxas em suas costas. Sabia que conseguiria se lembrar vagamente da voz do loiro enquanto este murmurava em seu ouvido pequenas confissões (como ele gostava de suas mãos, como ele gostava de fazê-lo sorrir, como ele amava a forma quase inocente com a qual Tom se aproximava de coisas tão simples como sexo e beijos) e da respiração arfante da garota, dos gemidos dela que se misturavam aos seus e aos do outro rapaz, sempre tão perto de si. Ele iria se lembrar de como era ter as pernas de Hermione ao redor de sua cintura ao mesmo tempo que sentia o peito de Malfoy contra as suas costas, iria se lembrar do contraste dos dois toques e das duas vozes.

Além de todas as sensações físicas, Tom tinha certeza de que se lembraria do sentimento engraçado que apossou-se dele quando se viu deitado entre os dois amigos, sua pele ainda suada e sua cabeça ainda confusa. Era algo calmo, uma leveza estranha e satisfatória, ao mesmo tempo que uma pontada de medo crescia dentro de si. Medo de se entregar demais e de perder aquilo. Ele iria se lembrar de como era ver os cabelos de Hermione grudados em sua pele enquanto ela dormia com a cabeça apoiada em seu ombro e como a pele de Malfoy ficava pálida sob a luz da lua que havia substituído os últimos raios de sol do dia. Ele iria se lembrar de como se sentira confortável ao sentir o peito da garota subir e descer contra o seu e a respiração do loiro ressoar em seu ouvido.

Ele iria se lembrar, tinha certeza, de como era não se sentir sozinho.

***

Se Hermione Granger pensasse demais, ela sairia correndo daquela casa, encontraria Ollivander o mais rápido possível e imploraria para que eles fizessem o primeiro ritual para mandá-la para o futuro que fosse possível ser feito. Então, Hermione tentava não pensar muito e, quando fazia isso, acabava moldando os seus pensamentos para que estes não lhe trouxessem muitas dúvidas.

É claro que as dúvidas estavam sempre presentes, mesmo assim. Era impossível não ficar confusa quando via Abraxas Malfoy lhe contar sobre os diversos quadros e livros trouxas que haviam naquela casa ao mesmo tempo que se lembrava de Draco Malfoy a chamando de sangue-ruim quando tinha doze anos. Ficava difícil não achar que estava enlouquecendo quando via Tom Riddle rir tanto que chegava a chorar e logo depois se lembrava do jeito como o mundo bruxo estava no futuro por conta daquele mesmo rapaz que tinha uma risada alta e gostosa de se ouvir.

Mas ela tentava. A garota se afundava no mar e no sol do verão, perdia-se nas conversas sobre livros e magia, experimentava as bebidas que Malfoy lhes oferecia e testava todos os produtos cheirosos e coloridos que haviam ao lado da banheira enorme que havia na casa. Ela se esticava na cama macia e confortável, aproveitava o sono leve causado por um dia inteiro na praia e acordava no dia seguinte sentindo-se recuperada. Vestia os vestidos coloridos que ganhara de Abraxas e brincava com o jeito de arrumar os cabelos, passeava pela areia e observava Tom parecer se perder em pensamentos enquanto catava conchinhas e pedrinhas.

No fundo, Hermione queria aproveitar aquele pequeno paraíso escondido no meio de East Yorkshire e, junto com isso, queria aproveitar os dois rapazes. Naquele exato momento, por mais que isso lhe causasse conflito, ela tentava se esquecer quem aqueles bruxos eram ou viriam a ser... Naquele momento, Abraxas não passava de um jovem bon vivant que amava seus livros e o mar, e Tom era apenas um garoto procurando carinho. E ela, Hermione Granger, era apenas uma garota querendo descansar. Não tinha ideia do que aconteceria quando voltasse para o futuro, de como o mundo estaria, mas aqueles dias, muito provavelmente, seriam os últimos dias tranquilos que ela teria em um longo tempo.

Dessa forma, a bruxa não se importava de passar os dias sem fazer nada. Queria mais era aproveitar o sol e a comida e os beijos e os abraços. Queria se deixar levar pelo sentimento bom que estar com Riddle e Malfoy lhe trazia, queria ser jovem e aproveitar a liberdade que aquela época lhe proporcionava.

Naquela manhã, Hermione acordara não nos luxuosos quartos da casa dos Malfoy, mas sim no meio da relva baixa de Yorkshire, com uma fina névoa se estendendo à sua frente, cobrindo o lago à beira do qual estavam. Abraxas decidira levá-los até o Lago Hornsea, dizendo que ali era um ótimo lugar para ver as estrelas e o que se seguiu foram horas de conversa e beijos, antes de os três pegarem no sono. Quando acordou, a garota apenas sorriu enquanto observava os rapazes ainda adormecidos: o loiro de barriga para cima, com um braço cobrindo-lhe o rosto, e Riddle com a cabeça apoiada em seu abdômen, parecendo mais calmo do que nunca.

A bruxa riu fraquinho e puxou a varinha, murmurando um feitiço e escrevendo com magia um recado que ficou flutuando ao lado deles. Então se levantou e andou até achar a estrada de terra que os levara até ali... Só então, ao ver uma placa que mostrava as direções para as cidades mais próximas, foi que notou onde estava.

Uma das placas indicava o caminho por onde eles haviam vindo e nela o nome ‘Hornsea’ estava escrito em tinta branca. Outras duas apontavam na direção de uma bifurcação na estrada, uma com o nome ‘Leven’ e a outra, indicando uma tal de ‘Little Hangleton’. Em uma questão de segundos, todo o medo sob o qual ela vivera nos últimos meses que passara com Harry e Ron voltou-lhe à mente ao se lembrar da pequena vila na qual eles procuraram por alguma horcrux de Lord Voldemort e que de nenhuma ajuda lhes serviu.

A garota ficou estática por um ou dois minutos, apenas encarando a placa. E então, como se não tivesse controle sobre os seus pés, começou a caminhar na direção indicada pela plaquinha que indicava Little Hangleton. O caminho lhe passou quase despercebido, apesar de notar os campos de Yorkshire, o som das cigarras e dos pássaros e o cheiro de mato. Mas a primeira coisa que realmente chamou a sua atenção não fora a paisagem interiorana ou as flores que enfeitavam as margens da estradinha, mas sim a primeira casa que apareceu na sua frente.

Era grande, mas não tão grande quanto a de Abraxas, e parecia a típica casa de campo inglesa de alguma família com dinheiro. Parecia uma versão menor da Mansão Coton ou de Sandringham Hall, lugares que ela havia visitado com os pais quando era mais nova: uma grande casa de tijolos cinzentos meio amarelados, algumas trepadeiras subindo pelas paredes e com todas as janelas fechadas, o interior barrado pelas cortinas. Mas o que mais chamava a atenção era que, apesar de visivelmente vazia, o jardim continuava florido e bem cuidado, bem diferente do que ela e os amigos encontraram quando visitaram o local em 1997: no lugar da grama bem cortada havia o mato alto, os arbustos esculpidos com precisão já haviam perdido o seu formato e as flores alternavam entre murchas e tomando conta do local.

Hermione ficou parada do lado de fora do portão de ferro, apenas observando a casa. Ela sabia, pelo que Harry havia lhe contado, que os antigos donos do lugar haviam sido mortos pelo mesmo rapaz com quem ela havia dormido há poucas horas atrás. Ela também sabia que, por anos, aquele lugar ficaria vazio, sendo habitado apenas pelo jardineiro que, também, seria morto por Lord Voldemort.

“Posso ajudá-la, moça?” uma voz chamou, fazendo-a piscar e sair de seus pensamentos.

Parado a alguns metros do portão, havia um homem. Ele não parecia muito velho, talvez nem tivesse chegado aos trinta anos, tinha a pele de um tom marrom claro e olhos escuros. Apesar de novo, seu rosto era sério por debaixo da boina que usava e ele mantinha os lábios pressionados um contra o outro, o queixo levemente erguido, enquanto se apoiava em uma bengala e a olhava.

“Eu só... Só estava olhando a casa,” ela falou, meio sem graça. “É um belo jardim, senhor.”

“Já foi mais bonito,” o homem resmungou e estreitou os olhos, mas aproximou-se do portão, mancando. “Está perdida, moça?”

“Não, senhor,” a bruxa explicou. “Estou passando alguns dias em Hornsea e decidi caminhar por esses lados. Como já disse, o seu jardim chamou a minha atenção.” Ela sorriu e esticou uma mão através das grades. “Hermione Elston.”

Ele franziu as sobrancelhas, mas mesmo assim apertou a mão dela com firmeza. Hermione perguntou a si mesma o que diabos estava fazendo, por que simplesmente não dava meia volta e retornava para Hornsea de uma vez.

“Frank Bryce.”

A garota sentiu o seu sorriso tremer. Aquele homem seria morto por Tom Riddle em cinquenta anos. De acordo com Harry, aquele jardineiro ranzinza um dia iria enfrentar Voldemort e desdenhar dele de uma forma que nenhum bruxo jamais fizera... E acabaria morto em um piscar de olhos, mais uma vítima da varinha de teixo com núcleo de pena de fênix.

“Parabéns pela casa, Sr. Bryc-“

“Não é minha,” ele a interrompeu, afastando a mão. “Eu só cuido do jardim.”

“Oh... Bom, então, parabéns pelo jardim.” Ela forçou-se a sorrir mais. “É possível ver o quanto o senhor gosta de cuidar dele. Aposto que seus patrões deviam ter orgulho do seu trabalho.”

Bryce franziu o cenho por um momento e abriu a boca, como se quisesse falar alguma coisa, mas logo a fechou. Ele encarou a bruxa por um bom tempo, seus olhos escuros intensos sobre ela, antes de suspirar e esfregar o rosto com a mão livre.

“Obrigado, moça... Tenha um bom dia,” o homem falou, dando-lhe as costas e se afastando com passos mancos, deixando Hermione sozinha com um enorme aperto no peito.

***

“Acha que Hermione vai ficar irritada?”

“Por não esperarmos por ela?” perguntou Abraxas, rindo fraco enquanto colocava a camisa outra vez. “Ela não é ciumenta assim. Além disso, se for assim, eu tenho todo o direito de me irritar com o que vocês fizeram ontem de tarde.”

“Você estava apagado,” Riddle sussurrou, sentindo o rosto esquentar.

“Esperassem que eu despertasse!” O loiro fez um gesto exagerado e riu. “É sério, Tom, não se preocupe. Hermione não irá ficar brava por termos nos divertido um pouco sem ela.”

O rapaz assentiu e terminou de ajeitar as próprias roupas. O lago na sua frente brilhava sob o sol e ele tinha noção de que tiveram sorte de não serem pegos por ninguém... Naquela época do ano, alguns turistas já deviam aparecer naquela região para aproveitar a praia e o lago, mas, naquela manhã, ninguém aparecera para interrompê-los.

“Brax?” Tom chamou, olhando as próprias mãos por um momento e então acenando com uma para colocar um feitiço silenciador ao redor deles. Ele viu o outro rapaz encolher os ombros como se tivesse sentido um arrepio.

“Sim?” Malfoy perguntou, virando-se para o amigo. O rosto dele estava preocupado... Era incrível como o rapaz conseguia lê-lo.

“Preciso da sua ajuda,” ele pediu, vendo o outro se aproximar e sentar-se perto dele.

“O que precisar.”

“Primeiro, preciso... ainda não tenho dinheiro para alugar alguma coisa em Londres, mas já avisei no orfanato que não iria voltar para lá,” o bruxo explicou.

“Posso pagar um aluguel para você. Conheço ótimos lugar-“

“Eu já tenho um lugar. É perto do Beco Diagonal, pequeno e barato. Vou pedir emprego na Borgin & Burke’s.”

“O que? Você quer trabalhar naquela espelunca?” O loiro fez uma careta. “Tom, se você quer trabalhar com artes das trevas, tem muitos outros lugares...”

“Burke sabe onde encontrar algo que eu estou procurando,” o rapaz o interrompeu. “Só vou precisar de ajuda por alguns meses e depois irei lhe pagar. Agora... As próximas coisas são complicadas.”

“Vá em frente.”

“Você sabe que a casa que pertencia ao meu pai fica aqui perto, não?” Ele viu o outro assentir. “Eu... Precisava que você a comprasse. Não faz sentido agora, mas não sei se isso não vai me ser útil no futuro, dependendo de como nossos planos se desenrolarem.”

Tom sabia muito bem, no entanto, que a real razão para querer comprar a casa de Little Hangleton era bem mais simples e egoísta: não queria que outra pessoa morasse ali. Aquela casa deveria ter sido sua e... E ele queria tê-la disponível. Não sabia ainda se era por utilidade ou se era a curiosidade falando mais alto, afinal, tudo lá dentro pertencia aos seus avós e seu pai. Ele poderia descobrir muita coisa ali.

“Certo...” Malfoy murmurou, lentamente. “E a última coisa?”

“Preciso que encontre alguém para mim,” ele explicou, mordendo o lábio inferior. “Alguém que talvez saiba o que eu fiz em Little Hangleton.”

***

Os dias haviam se misturado e o que acontecera no primeiro já se misturava com o que havia acontecido no penúltimo dia da estadia em Hornsea. Abraxas estava bronzeado, assim como Hermione, e Tom realmente ganhara alguns sinais de pele a mais, além do rosto e ombros queimados.

“Não quero ir embora,” resmungou Malfoy, estirado na cama e com um cigarro na boca. “Quero que seja sempre assim... Sempre verão, sempre sem preocupações. Muito vinho e champanhe e cigarros. Muito ovo mexido no café da manhã e spaghetti alla puttanesca feito por magia no jantar.”

“Banho de mar todos os dias,” murmurou Tom, virando o rosto para a janela e vendo o céu azul. “Andar descalço e não ter que respirar a fumaça de Londres.”

“Vai dar tudo certo,” disse Hermione, respirando fundo e erguendo uma mão para acariciar os cabelos de Riddle. “Vamos sobreviver sem o mar e o vinho e o macarrão...”

“Foda-se o macarrão e o vinho, eu podia tomar conhaque barato e comer torrada queimada todos os dias se pudesse ter isso o tempo todo.” O loiro gesticulou para eles na cama.

“Não faça promessas que não pode cumprir,” disse Riddle, virando-se de bruços e fundando o rosto no travesseiro.

“Não subestime o meu amor por você, Tommy.” Abraxas também se virou de bruços, apoiando-se nos cotovelos enquanto observava o outro rapaz. “Já disse, faria qualquer coisa por você.”

O garoto sentiu o rosto esquentar, mas também sentiu os lábios serem repuxados em um sorriso enquanto observava os olhos claros do loiro. Logo sentiu os dedos do amigo em suas costas, percorrendo pequenos caminhos aqui e ali.

“Espere um pouco,” ele murmurou, esticando-se para pegar a varinha no lado da cama. “Accio caneta.”

Riddle ouviu o zunido do objeto voando até a mão de Malfoy e franziu o cenho ao sentir a ponta fria da caneta em sua pele. A risada de Hermione ecoou no quarto e a garota se aproximou deles.

“Ligando pontinhos,” ela murmurou.

“Não acredito que estão fazendo isso...”

“Estou criando constelações nas suas costas, Tommy,” disse Abraxas enquanto pressionava a caneta na pele dele e a corria por ali. “Olhe só, aqui está Gemini.”

O rapaz sentiu os lábios de Hermione em sua cabeça e sorriu fraco, odiando-se por sentir os olhos arderem. Não queria admitir o quanto estava gostando de tudo aquilo e o quanto tinha medo de perder o que havia ganhado por acaso nos últimos meses.

“Como Hermione disse, vai dar tudo certo,” Malfoy murmurou, observando-o e sorrindo de forma quase triste. Ele também sentia isso, Tom sabia, o medo do que estava por vir. “Vamos sempre ser nós três: Hermione, Abraxas e Tom... contra mundum.”

***

Tom achava que a imagem que criava de Hornsea nos sonhos do filho eram bem fiéis à realidade, mas se surpreendeu ao ver o quanto sentia falta da verdadeira praia... Sim, ele não podia sentir a maresia e nem a água, seus pés não amassavam a areia por sob eles e o sol não o esquentava. Mas ver o mar ao vivo outra vez o fazia sorrir e sentir-se mais calmo.

“Eu nunca havia percebido que conhecia esse lugar.” Ele ouviu a voz baixa de Helena murmurar ao seu lado. “Você sempre falava dessa praia, mas eu nunca percebi... Eu conheço ela.”

“Já esteve aqui antes?”

Depois que Tom saíra de Hogwarts, o homem se viu em um dilema enorme: ir atrás do filho ou ficar no castelo. Claro, as coisas ficavam mais fáceis quando se estava morto (pelo menos nesse quesito), então a sua resposta para a própria pergunta foi alternar entre o castelo e ir atrás do rapaz... Ele ainda não sabia como fazia isso, mas era muito fácil saber para onde ir caso quisesse encontrar o garoto. Helena dizia que, muito provavelmente, ele ficara depois da morte por conta do filho e era por isso que sua magia o levava até ele. Naqueles dias, no entanto, Riddle não sabia se estava nos arredores de Little Hangleton por conta do filho ou se era a saudades que se abatera sobre ele, já que raramente via o rapaz, por preferir deixá-lo sozinho com o rapaz Malfoy e a menina Elston.

Aliás, Helena... A garota pareceu aliviada quando recebeu a notícia de que ele não deixaria Hogwarts definitivamente e agora ela decidira o acompanhar até Hornsea, por curiosidade (além de que, de acordo com a moça, fazia pelo menos dois séculos que não saía do castelo, logo, um passeio seria bem vindo).

“Há mil anos atrás.” Ela riu, o som se misturando ao som das ondas. “Meu pai nunca havia visto o mar antes e minha mãe o trouxe até essa praia. Quando eu era pequena, eles me traziam aqui... Minha mãe falava que a risada dele chegava a abafar o som das ondas.”

O homem sorriu enquanto observava a bruxa. Ele sabia que fantasmas não choravam (Deus, ele tentara chorar diversas vezes e descobriu que a coisa que mais doía era não poder derramar uma lágrima pela dor que estava sentindo), mas não duvidava que, caso pudessem, os olhos dela estariam marejados. Era sempre assim, quando ela falava do pai: Helena sorria, mas outras partes de seu rosto demonstravam a dor de um luto que já durava mil anos.

“Eu sempre relacionei ele ao mar, sabe? E minha mãe, ao céu. Sempre me perguntei... Sempre me perguntei por que a magia dele não soava como o mar para mim.”

Riddle suspirou, ainda sorrindo. Ele adorava ouvir Helena falar sobre a magia que sentia... Enquanto ele percebia a magia ao toque (apesar de não ter mais o sentido do tato para coisas físicas, a magia ainda se fazia presente), Ravenclaw a ouvia e conseguia diferenciá-la de acordo com os sons.

“Qual era o som dela?”

“Antes, eu achava que era uma harpa,” ela explicou. “Como a da minha mãe, mas com o passar dos anos eu conheci outro instrumento... O piano. Quando levaram um para a sala de música de Hogwarts e eu o ouvi pela primeira vez, percebi que era aquilo que eu ouvia: mais forte do que as notas da harpa, mas ainda assim muito parecido.”

“Eu tocava piano...” o homem sussurrou, rindo fraco. “Desculpe, acho que já falei isso.”

“Já. E não é uma surpresa para mim.” A garota virou-se para olhá-lo, sorrindo gentilmente. “Sua magia também tem o som do piano. Na verdade... É igual à dele.”

Riddle sentiu um vazio em seu peito (isso é, se ele conseguisse sentir algo). Sempre se sentia assim quando Helena relacionava ele ao pai... Sentia-se mal ao pensar que a estava enganando, de certa forma.

“Helena,” ele chamou, ouvindo sua voz sair mais baixa do que esperava.

“Sim?” A bruxa, que havia voltado a olhar o mar, virou o rosto para olhá-lo de novo, fazendo os cachos fantasmagóricos flutuarem ao redor de sua cabeça.

“Eu não... Sei direito como falar isso,” o homem começou a falar, antes de suspirar. “Mas eu não sei se faz bem você... Eu não... Você é uma garota incrível, Helena, e eu não sei se algum dia vou conseguir agradecê-la por tudo o que fez por mim, mas eu não... Eu não sou ele.”

Tom já havia notado isso fazia muito tempo. A forma como a moça falava dele e do pai, como de vez em quando ela parecia se confundir quanto a quem ele era. E aquilo o fazia se sentir culpado. Culpado por enganá-la ao ponto de a fazer acreditar que ele era outra pessoa, por criar uma falsa esperança, por parecer ser muito mais do que realmente era. E agora, vendo a forma como o rosto do fantasma pareceu perder o brilho do sorriso, odiou-se ainda mais.

“Você é,” ela falou, quase sem perceber. “Quero dizer... Você é e não é. Eu sei que é complicado, mas-“

“Talvez eu seja parecido com ele, Helena,” ele a interrompeu. “E, claro, eu também sou um trouxa, mas eu não sou Thomas ou Didymus Ravenclaw... E cada vez que eu noto que você me vê como ele, penso que estou sendo uma pessoa horrível por estar te enganando.”

“Mas você não está me enganando.” Ela finalmente virou-se por completo para ele, a barra do vestido cinzento esvoaçando e os resquícios do sangue prateado brilhando em seu peito.

“Helena,” Riddle repetiu, suspirando e erguendo a mão para tocar-lhe o ombro, apenas vendo seus dedos atravessarem a outra. “Você é uma moça incrível e... Deus, você não tem ideia de como eu queria poder dizer que você é... Que você é minha filha.” O homem sentiu algo que talvez pudesse descrever como o fantasma da ardência causada por lágrimas. Nos últimos meses, havia desenvolvido uma enorme afeição por Helena, talvez tão grande quanto a que havia tido pelo filho (parte de si acreditava que talvez fosse até maior), mas até então não havia tido coragem de falar isso. “Eu queria muito ser esse homem que você admira e ama... Mas o seu pai... Ele foi alguém que encontrou alguém que amava e teve uma família, cuidou dela da forma que pôde e foi feliz fazendo isso. Pelo que você me contou, Helena, ele ajudava os alunos de Hogwarts a ler e escrever, ele caçava e ajudava Hufflepuff em aulas... Ele foi um homem incrível e entendo a razão de você o amar tanto e de alguém como a Srta. Ravenclaw o aceitar como esposo.”

“Mas-“

“Mas eu?” Ele riu, sem humor. “Eu passei dezessete anos com medo de sair de casa, Helena. Eu tentei... Eu quis morrer mais de uma vez, eu tentei morrer duas vezes e nas duas não consegui. Quero dizer, eu sou ruim até mesmo em morrer!” Outra risada, essa ainda mais vazia que a anterior. “As coisas mais impressionantes que eu fazia era desenhar e tocar piano, mas às vezes nem isso era possível, porque na maioria dos dias eu não conseguia me levantar da cama, eu tinha dificuldade de colocar os pés no chão e andar para fora do quarto. Havia uma época, Helena, em que tomar banho ou fazer a barba eram as coisas mais difíceis do mundo para mim... Era patético!” O homem fechou os olhos por um momento, querendo mais do que nunca poder chorar. “Eu nunca encontrei alguém com quem me senti confortável do jeito que o retrato de sua mãe me descreveu... O filho que tive, eu abandonei em um orfanato porque não tinha coragem de ir atrás dele. Eu vivi com medo de magia por toda uma vida. Eu não... Se o seu pai ficou depois da morte por conta do amor que sentia pela sua mãe, eu fiquei porque cometi um erro enorme ao abandonar Merope e Tom. Eu não sou... Eu não sou nada como ele, Helena. Você é filha de Rowena e Thomas Ravenclaw e, Deus, eu não duvido que eles tenham tido muito orgulho de você, eu teria se fosse ele, mas... É quase um insulto à ele dizer que eu...” A voz do homem se perdeu em algum lugar em sua garganta. “Você entendeu.”

Os olhos claros de Helena o encaravam com tamanha intensidade que Tom chegou a encolher os ombros e abaixar a cabeça. Era muito fácil ver a fantasma como uma menina, mas ele tinha que se lembrar que ela era, na verdade, Helena Ravenclaw, filha da fundadora de Hogwarts e uma bruxa poderosa.

“Meu pai foi o homem mais corajoso e bondoso que eu já conheci,” ela murmurou e Riddle fechou os olhos, com vergonha de olhá-la. “Mais que Godric. Ele foi acusado de bruxaria e sentenciado à morte por isso, tentaram queimá-lo vivo, mas mesmo assim ele voltou à vila dele depois para poder ajudar minha mãe a salvar duas crianças lá. Ele não tinha magia e era a pessoa mais vulnerável dentro de Hogwarts, mas mesmo assim ele convivia com bruxos e bruxas poderosos sem abaixar a cabeça para eles. Salazar o ameaçava diariamente e, mesmo assim, ele se aproximou até que eles virassem amigos... E minha mãe... Você conheceu Rowena. Ela era poderosa e perigosa, quando queria. Ela podia machucá-lo a qualquer momento e, mesmo assim, ele arriscou ficar perto dela. Lembra-se do vitral? Qual o animal aos pés dele?”

“Uma raposa,” o homem murmurou.

“Águias caçam raposas,” ela falou e riu fraco. “E, mesmo assim, ele ficou por perto. Mesmo depois de morrer! Ele passou anos por perto, cuidando de nós do jeito que conseguia. Quando eu morri... Ele foi a primeira pessoa que vi, sabia? Ele viu o que aconteceu, ele tentou impedir, mas...”

“Nós não podemos fazer nada,” Riddle sussurrou, tentando imaginar como devia ter sido para aquele homem ver a própria filha ser morta e não poder intervir.

“Ele era corajoso e bondoso. Ele tinha um coração que... Como aquele seu poeta diz: ele era todo coração,” Helena falou. “E você é assim também.”

“Helena, não-“

“Você foi vítima de uma bruxa e, mesmo assim, nunca demonstrou nenhum tipo de ódio por ela. Você diz que passou anos com medo e que isso o faz patético, mas você me contou que, nesses anos, você superou muitos medos... Sair no jardim, andar pela vila, vir até o mar,” ela continuou a falar, fazendo o homem fechar os olhos com mais força. “Você não é amargurado pelo que aconteceu. Você viu o seu filho matar os seus pais e, depois, te matar, e mesmo assim ainda está aqui, cuidando dele.”

“O que?” Riddle ergueu o rosto, arregalando os olhos. Ele nunca havia contado sobre o que havia acontecido naquela noite de verão em 1943. “Ele não-“

“A magia do Sr. Riddle é bem fácil de reconhecer e maldições são ainda mais fáceis de serem percebidas.” Ravenclaw encolheu os ombros. “Olhe só! Você escondeu isso até agora para evitar que alguém soubesse-“

“Por favor, Helena, não conte isso para ninguém!”

“Eu queria contar. Deuses, como eu queria.” Ela respirou fundo, seus olhos brilhando com algo perigoso. “Mas você não quer... Você acha que ele ainda tem salvação, não é? Aquele garoto matou você e os seus pais, mas você ainda acha que ele não é ruim. Se isso não é bondade, não sei o que é!”

“Ingenuidade,” ele murmurou. “Tolice.”

“Tom,” ela chamou, fazendo-o erguer o olhar outra vez. “Você morria de medo de magia. Foi magia que estragou a sua vida, foi magia que o fez ser usado por alguém e o encheu de medos, mas você foi até Hogwarts, um lugar infestado de magia, e aguentou. Você teve coragem de entrar no castelo, você teve coragem de falar com uma bruxa e pedir ajuda... Olhe só par você! Eu sou uma bruxa, Tom, e você está aqui comigo, sem ter medo da minha magia.”

Dessa vez foi a mão de Helena que atravessou o seu ombro. A magia dela, fresca como uma brisa, irradiou por si.

“Você fala como ele e age como ele. Eu olho o seu rosto e é igual ao que eu me lembro dele... O retrato de minha mãe também o reconheceu e você reconheceu a magia dela, não foi?” ela perguntou. “Magia é uma coisa complicada, mas situações assim existem. Algumas pessoas chamam de reencarnação, não sei como vocês chamam no mundo trouxa, mas... As vidas se repetem diversas vezes e algumas pessoas sempre voltam em contextos parecidos. Você acha que eu nunca vi Rowena Ravenclaw entrar naquele castelo como uma primeiranista? Que eu nunca vi Salazar Slytherin aparecer como o aborto que trabalhava de zelador? Que eu nunca vi a mim mesma...? A diferença é que você... Você veio até mim e me pediu ajuda e... Eu não consegui me manter longe, talvez esse tenha sido o erro.”

O homem a encarou por um longo tempo. O rosto sardento e fantasmagórico parecia agoniado, como se Helena não estivesse acostumada a falar tanto sobre o que sentia. Deus, como ele queria poder abraçá-la e limpar as lágrimas que ele sabia que ela estaria derramando caso pudesse. Era o mesmo sentimento que teve ao ver Tom angustiado quando seus colegas descobriram sobre ele ser um mestiço, era aquela vontade de confortar e parar qualquer sofrimento, porque o sofrimento deles o machucava também.

O sol do fim da tarde incidia sobre eles de tal forma que Tom tinha vontade de desenhar ou pintar o que via: Helena Ravenclaw, sua forma translúcida, praticamente brilhando contra o o sol e o céu que começava a assumir uma tonalidade de azul mais escuro a medida que a noite chegava.

“Eu queria...” ele respirou fundo e riu fraco. “Eu queria poder ter sido seu pai nessa vida.”

Os lábios da jovem se esticaram em um sorriso, seus olhos brilhando de um jeito diferente e suas sardas parecendo formar inúmeras constelações em seu rosto. Tom sempre achara que sardas pareciam resquícios de estrelas no rosto das pessoas e sempre ficava sentido que as suas sardas se limitavam à um amontado clarinho em seu nariz, ombros e mãos. Mas Helena? Helena tinha um céu inteiro em seu rosto.

“Já eu fico muito feliz de ter te encontrado nessa vida.”


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Notas finais do capítulo

Como havia falado, está ficando mais difícil de escrever agora.

1) Eu tinha pelo menos três títulos para esse capítulo... Contra mundum, Always Summer e Hornsea. Aliás, procurem a música Always Summer do Adrian Johsnton, da trilha sonora de Brideshead Revisited. Ela 100% inspirou esse capítulo;

2) Hornsea é uma cidade litorânea em East Yorkshire e eu sempre usei ela como referência para onde ficaria Little Hangleton (em algum lugar entre Leven e Hornsea);

3) Meu outro filho, Frank Bryce, apareceu. Esse homem merece muito mais amor do que o fandom dá para ele e, caso queiram ver mais dele, dêem uma olhada na minha fic Três de Bastões, onde ele é um dos protagonistas;

4) Foi um capítulo que me deu muitos sentimentos ao escrever, mas confesso que o final me pegou mais... Fazia tempo que eu queria escrever melhor essa relação do Tom Sr com a Helena e sei que ficou meio fora de contexto nesse capítulo, mas... mesmo assim, espero que tenham gostado e, caso queiram saber mais sobre o pai da Helena, também deixo a dica de darem uma olhada na minha fic 'A Águia e a Raposa'

Bom... Espero que tenham gostado? Um capítulo meio grandinho e com as crianças sendo jovens, muito inspirado por Brideshead Revisited. Como sempre, deixem reviews dizendo o que estão achando (((:



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