Kolybelnaya escrita por themuggleriddle


Capítulo 37
Kolybel'naya


Notas iniciais do capítulo

Vou ser sincero: não sei se a história está ficando boa ou se acabei me desviando a partir do momento em que coloquei um relacionamento pra funcionar. Sinto que estou me enrolando... O final da fic está para chegar e não tinha mais muita coisa para acontecer em Hogwarts (a não ser coisas com o Tom Sr e a Helena, mas eu nunca sei se eu não desvio demais quando foco neles). Realmente não sei o que achar de Koly nessa altura, não sei se me perdi na história, se acabei caindo nos clichês de sempre, se as coisas estão rápidas demais, etc. Só sei que espero que vocês estejam gostando.



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Com o início de Maio, a proximidade dos NIEMs aumentava e os nervos dos alunos ficavam cada vez piores. Minerva havia criado um belo cronograma de estudos de todas as matérias, enquanto Charlus e Septimus haviam priorizado certas disciplinas. Dorea, junto de Hermione, parecia uma das pessoas mais calmas, apesar de por razões diferentes: a jovem Black sabia que os NIEMs não eram tão importantes para a carreira que queria seguir, enquanto a outra sabia que aquelas notas de nada serviriam no futuro.

“Acha que podemos revisar feitiços?” perguntou Abraxas, encarapitado no parapeito de uma janela da biblioteca. O sol que adentrava pelas vidraças fazia os seus cabelos parecerem quase brancos.

“Nós já revisamos feitiços,” disse Riddle, quase perdido em meio a diversos livros em cima da mesa onde estavam.

“Mas vocês dois passaram por feitiços de segurança rápido demais,” o loiro resmungou, cruzando os braços sobre o peito. “Desculpem-me se eu não sou um paranoico que sabe todos os feitiços protetores possíveis.”

“Podemos voltar nisso depois de revisarmos poções,” disse Hermione, sentada ao lado de Tom e debruçada sobre um livro enorme.

Malfoy suspirou e se levantou da janela, indo se sentar na mesa com os colegas. Tom ergueu o rosto por um momento, observando o outro enquanto este puxava o seu próprio livro de poções e o abria.

Riddle sabia que estava em um humor terrível. Aquilo já havia acontecido com os NOMs e, apesar de achar que aquele ano seria mais fácil (afinal, não havia nenhum agravante da Câmara Secreta), parecia ter se enganado. O fato daquelas provas definirem o resto de sua vida o assombrava, ainda mais depois de ter boa parte de seus planos bagunçados nos últimos meses. Se antes ele sabia que vários NIEMs talvez não importassem, agora ele já não tinha certeza e Tom Riddle preferia pecar pelo excesso de cuidado do que pela falta deste.

Com as provas marcadas para o final do mês de Maio, os dias pareciam se arrastar. Quanto mais o rapaz queria que os NIEMs chegassem para que aquela agonia acabasse, mais os dias quentes de primavera demoravam para passar. E, ao mesmo tempo que isso era uma tortura, era um tanto tranquilizante: quanto mais demorassem as provas, mais tempo ele tinha em Hogwarts e Tom Riddle não sabia se ele estava pronto para dizer adeus ao castelo.

De qualquer forma, toda aquela expectativa estava acabando com o seu humor e ele tinha apenas que agradecer à Abraxas e Hermione por ainda não o abandonarem no meio da Floresta Proibida. Pelo contrário, Malfoy grudara nele de uma forma extraordinária, parecendo até ter medo de que o nervosismo causado pelos NIEMs pudesse fazer com que ele surtasse, enquanto Hermione parecia passar uma calma quase estranha: ela parecia estar pouco se importando para as provas.

“Tom,” Hermione chamou, fazendo o rapaz sair de seus pensamentos. “Pare de balançar a perna.”

“O que?” ele perguntou, arqueando uma sobrancelha.

“A perna.” A garota apoiou uma mão sobre a sua perna direita e só então ele percebeu que seu pé estava praticamente sapateando contra o chão da biblioteca.

Riddle grunhiu baixinho, forçando-se a parar de mexer a perna, apesar de ainda sentir os dedos do pé batucarem dentro de seu sapato. Abraxas o olhava de uma forma cautelosa enquanto a garota continuava com a mão em sua perna.

“Pense que esse ano nossas cabeças estão completamente voltadas para os NIEMs,” disse Malfoy. “Diferente do ano dos NOMs.”

“Como assim?” perguntou Hermione.

“Houve alguns... Incidentes quando estávamos no quinto ano. Alguém deixou uma criatura a solta no castelo e houve rumores de que uma tal Câmara Secreta havia sido aberta,” o loiro explicou e Tom viu como ele abaixou o olhar para os livros, claramente evitando de olhá-lo. Riddle nunca confirmara nada a ninguém sobre os ocorridos daquele ano, mas ele tinha certeza de que Abraxas não precisava de confirmação alguma para saber quem estava realmente por trás de tudo. “Dippet decidiu que seria melhor atrasar o fim das aulas para que todos pudessem fazer os NOMs e NIEMs naquele ano, mesmo aqueles que haviam sido atacados e ainda estavam na Ala Hospitalar. Ficamos aqui até o início de Julho. Quando uma aluna acabou morrendo em um dos acidentes, eles consideraram fechar a escola, mas apanharam a criatura e Dippet apenas esperou que os outros estivessem recuperados para fazermos as provas.”

“O clima estava horrível,” disse Riddle, mantendo o olhar baixo também. “Ninguém estava com muita cabeça para estudar. As turmas aquele ano devem ter tido as menores médias de NOMs e NIEMs em algum tempo.”

Hermione não falou nada e aquele silêncio fez com que os dois garotos erguessem o olhar para ela. A grifinória tinha o olhar perdido, as sobrancelhas levemente franzidas e os lábios pressionados em um bico, mas logo ela sacudiu a cabeça e voltou a se concentrar nos livros.

“Bom, esse ano não tem nada disso,” ela falou. “Não tem desculpa para não estudarmos.”

No fundo, ela tinha razão.

***

“É a primeira vez que vejo essa praia sem estar nublado,” disse Tom, erguendo o rosto para olhar o céu azul sobre eles. Era diferente do céu limpo de Hogwarts e ele sabia muito bem que era o tipo de clima que devia acontecer uma vez a cada verão em todo Reino Unido.

“Estou mais acostumado com o tempo fechado, mas de vez em quando acontecia de aparecer um céu assim e... Achei que poderia servir hoje,” o homem sentado ao seu lado falou.

Tom Riddle Sr, de pés descalços afundados na areia, mangas dobradas até acima do cotovelo e cabelos cacheados não tão bem arrumados quanto os do filho parecia mais relaxado pela primeira vez desde que começara a aparecer em seus sonhos. Daquela vez, era o rapaz que parecia mais desconfortável, apesar de não saber se era pelo clima relaxado do sonho ou pelo fato de que os NIEMs iriam começar no dia seguinte.

“Posso perguntar por quê?” disse Tom, desviando o olhar para o mar a sua frente. Azul e mais calmo do que nunca.

“Você parecia estar precisando de algo um pouco mais calmo-“

“Não, por que você veio?” ele perguntou. “Digo, da primeira vez.”

O homem não respondeu de imediato. O rapaz viu, pelo canto do olho, o outro mexer-se um pouco desconfortável, afundando as mãos na areia para se distrair.

“Não sei,” a resposta veio baixinha, quase oculta pelo leve barulho da água rolando sobre a praia. “Na verdade, a primeira vez foi porque sabia que aquele homem estava planejando algo... Aquele Grindelwald.”

“Como?”

“Ele sabia sobre você,” disse Riddle, virando para olhar o garoto. “Sobre o que você havia feito e sobre alguns planos seus. Acho que alguém deixou alguma coisa escapar.” O trouxa encolheu os ombros. “Ele apareceu em Little Hangleton a sua procura, foi ali que ouvi: ele o queira como algum tipo de aliado, mas ao mesmo tempo não o queria com tanto poder, por medo de que você o ameaçasse... Ainda não sei como diabos vim parar em Hogwarts. Só... Acabei aqui.” Ele riu, sacudindo a cabeça de leve. “É estranho, mas foi como seguir um caminho meio conhecido.”

“E por que você ficou?” perguntou Tom, franzindo o cenho. “Digo, depois de morrer.”

“Eu... Não tenho ideia,” o homem murmurou. “Quando você me matou, eu achei que fosse realmente morrer. Eu queria isso. Mas quando percebi, ainda estava lá.” O Riddle mais velho olhou o mar, franzindo as sobrancelhas. “Eu vi nos encontrarem e a polícia aparecer lá para investigar e... Um dia, aquele bruxo apareceu. Ele falou sobre você e Hogwarts e como pretendia mandar alguém atrás de você. Eu achei que talvez devesse vir até aqui e te avisar.”

“Eu matei você,” o garoto falou. “E seus pais. Por que você tentou me ajudar depois disso?”

O trouxa apenas o olhou por alguns segundos que pareceram durar tempo demais, seus olhos parecendo perdidos, antes de encolher os ombros. Por mais que aquilo parecesse ridículo, Tom podia ver que aquela era uma resposta sincera: Tom Riddle não tinha a menor ideia da razão de ainda estar ali.

“Culpa...?” ele murmurou, abaixando os olhos para as próprias mãos. “Talvez um pouco de culpa, mas não sei se apenas isso. Eu não quis parar para pensar sobre esses motivos ainda.”

“Ainda?” o rapaz perguntou.

“Estou morto, Tom.” O homem sorriu, triste. “Tenho muito tempo pela frente para pensar.”

O bruxo não esboçou sorriso algum. Uma parte de sua mente se perguntava o que aconteceria se ele matasse aquele homem outra vez, dentro de um sonho... Ele havia falado para Tom fazer aquilo caso precisasse, mas será que não surtiria efeito algum mesmo? Mas talvez o pior, o que o perturbasse mais naquele momento, fosse o fato de que não sentia vontade de repetir a maldição em Riddle. Na verdade, tinha mais curiosidade de saber sobre o trouxa do que outra coisa.

“E o que pretende fazer agora? Quero dizer, logo vou terminar Hogwarts.” Tom olhou para os próprios pés, ainda calçados, antes de suspirar e desamarrar os cadarços dos sapatos para tirá-los. Imitando o outro homem, ele enfiou os pés na areia e sorriu pequeno. “Vai ficar por aqui? Vai voltar para Little Hangleton?”

“Little Hangleton é muito... solitária,” ele falou. “Ainda não sei o que fazer.”

“Você podia ficar por aqui. Hogwarts é cheia de fantasmas e, bom, você ficou bem próximo de Helena, não foi?” o garoto perguntou, vendo um sorriso repuxar os cantos dos lábios do outro ao ouvir o nome do fantasma da torre da Corvinal.

“Novamente: estou morto, Tom,” ele murmurou, rindo fraquinho. “Fica mais fácil se movimentar de um lugar para o outro nessas condições. Uma das vantagens da morte.”

Riddle o olhou novamente e o rapaz viu o olhar do mais velho se desviar para o seu pé, enfiado na areia e, ainda assim, balançando. Maldita fosse a ansiedade causada pelos NIEMs e pelo final dos seus anos em Hogwarts, nem mesmo em sonho ela sumia.

Antes que pudesse perceber, sentiu a mão do pai em seu ombro. Apesar de hesitante, os dedos do homem o seguraram por um momento e então o puxaram na sua direção em um abraço meio atrapalhado. Tom respirou fundo, sentindo o corpo inteiro enrijecer antes de relaxar aos poucos. Era uma sensação engraçada à qual ele ainda não estava completamente acostumado, ser abraçado e ter alguém que quisesse que ele se sentisse bem.

“Aposto que vai se sair bem nessas provas,” Riddle falou, seus dedos se mexendo em um carinho um tanto acanhado no ombro do filho. “Eu odiava semanas de provas. Chegava uma hora em que eu só queria fazer as provas para acabar logo com tudo e sempre achei engraçado que a partir do momento em que entrava na sala, eu esquecia a ansiedade.”

“Não sei se são apenas as provas que estão me incomodando,” murmurou Tom, vendo as ondas leves cobrirem a areia e as pedrinhas, antes de recuarem, deixando tudo com um brilho úmido.

“Sei que cheguei faz pouco tempo, mas... Não duvido que você vá conseguir fazer muita coisa depois que sair de Hogwarts,” o homem falou. “Muito mais coisa do que eu fiz com a minha vida, com certeza. Espero que... Saiba escolher as coisas certas a fazer.”

“Essa é a parte difícil.”

“Escolhas são sempre a parte difícil, Tom.” Os dedos do trouxa apertaram um pouco o seu ombro e ele sentiu o lado do rosto do outro apoiado sobre a sua cabeça. “São elas que decidem o nosso futuro, isso nunca é fácil.”

O garoto suspirou e fechou os olhos por um momento, sentindo a brisa leve vinda do mar. O cheiro salgado se misturava com o perfume doce do homem de uma forma estranha, mas que parecia combinar. O barulho das ondas sobre a praia pareciam ajudar a acalmar pelo menos parte da ansiedade que crescia dentro de Tom nos últimos dias e logo o som do mar juntou-se a um cantarolar baixo vindo de Riddle. O som baixo e murmurado de sua voz logo tomou a forma de algumas palavras estranhas que o bruxo não conhecia, mas que lhe passavam um sentimento bom: elas pareciam rolar pela língua do trouxa e se misturar às ondas, soando diferentes e, ainda assim, familiares na voz dele.

“Eu conheço essa música,” o rapaz murmurou, sentindo os olhos pesarem e rindo com isso. Como ele podia ficar com sono dentro de um sonho? “Ouvi Helena a cantarolando uma vez, na biblioteca... Ela não sabia o nome.”

“A Garota e a Bétula,” ele explicou e riu. “Beriozka ou No Meio do Campo Havia uma Bétula... Você precisava ouvir minha mãe a cantando. Foi meu pai quem ensinou a ela. Ele sabia muito de música, sabe? Teoria musical era muito fácil para ele, que entendia números como ninguém, mas tocar alguma coisa? Ele tinha uma coordenação terrível.”

“E você ensinou à Helena?” Tom perguntou, sentindo-se quase como uma criança naquele momento, aproveitando o abraço do pai e ouvindo-o cantar alguma canção qualquer.

“Sim,” o homem falou e o rapaz quase podia ouvir o sorriso na voz dele. Em parte, ele tinha que agradecer por não ter puxado tamanha expressividade por parte do pai.

Riddle continuou em silêncio, apenas ouvindo a música e percebendo como o pai agora enunciava cada palavra com mais cuidado, fazendo os sons saírem mais claros. Tom se perguntou, em silêncio, se Tom Riddle agora estava tentando ensiná-lo também.

Longos minutos se passaram sob o céu azul e a beira do mar, mas eventualmente o garoto notou a música ficando mais longe e a areia ficando mais maciça sob si. Os braços do pai logo pareceram menos com um abraço e mais com algo o cobrindo e, quando abriu os olhos, encontrou o quarto de monitor e não mais a praia. Ele não estava mais em um ambiente atemporal, onde não importava quantas ondas batessem e quanto tempo passasse, o sol não mudaria de posição e os dias não passariam. Estava no mundo real e os NIEMs começariam em poucas horas.

***

Dois dias de provas e, ao final da última assinatura, Tom Riddle queria apenas deitar-se em qualquer lugar e dormir. Na verdade, parte de si queria dormir, mas outra parte queria aproveitar Hogwarts. Queria andar pelos corredores e decorar os entalhes nas pedras, sentar-se na beira do lago e ver as montanhas em volta dos terrenos, observar os vitrais e os quadros, sentir a maciez da sua cama, cheirar os livros velhos da biblioteca... Queria colocar toda Hogwarts dentro de si para não se esquecer mais daquele lugar.

Infelizmente, dois dias de NIEMs cansavam qualquer um e a primeira coisa que fez foi voltar para o dormitório dos monitores, acompanhado de Abraxas, que estava reclamando das questões de Trato de Criaturas Mágicas, e de Hermione, que se esquivara dos colegas da grifinória que pareciam não parar de falar das provas. O salão dos monitores estava vazio, já que Minerva ainda estava em algum, lugar do castelo discutindo questões, mas aquilo também não importava, pois logo os três foram para o quarto de Riddle.

“Precisamos comemorar,” disse Malfoy, jogando-se na cama e acenando com a varinha. Em um piscar de olhos, uma garrafa de vidro esverdeado apareceu em sua mão e, com mais um aceno, três taças de metal da cozinha do castelo caíram sobre a cama. “Aguentamos sete anos nessa escola! Bom... Hermione aguentou só um, mas já é uma conquista!”

A garota, que havia se sentado na beirada da cama, apenas riu e apanhou uma taça.

“Você não tinha reclamado que tinha dificuldade com feitiços de conjuração?” ela perguntou, balançando o copo na frente do rosto.

“Quando estou sendo avaliado, tenho uma grande dificuldade,” ele explicou, apontando a varinha para a garrafa outra vez e fazendo a rolha sair voando, antes de servir Hermione. “Fica mais fácil quando tenho que conjurar uma boa bebida.”

“Por favor, não se embebedem dentro do meu quarto,” disse Tom, aproximando-se quase que cautelosamente dos dois. “Não quero ter que levar gente bêbada para fora depois.”

“Você pode simplesmente nos deixar dormir aqui,” sugeriu Abraxas, servindo outra taça e a fazendo flutuar até o garoto e, então, servindo uma para si. “Ao fim de Hogwarts e ao início de uma nova vida!”

O loiro ergueu o copo e os outros dois apenas riram e o imitaram. As taças tilintaram quando bateram umas contra as outras e o champanhe tinha um gosto quase doce e gostoso, diferente do champanhe barato que Tom havia afanado da sala da Sra. Cole certa vez, quando ainda tinha quatorze anos.

“Esse, meus caros, é o gosto das estrelas,” disse Malfoy, depois de engolir a bebida e sorrir abertamente.

“Quanto custou isso aqui?” perguntou Riddle, antes de sacudir a cabeça. “Não, quer saber? Não me diga.”

“Um preço digno de estrelinhas engarrafadas,” Hermione falou, lambendo o lábio inferior e sorrindo.

“Você está muito relaxada para alguém que acabou de sair de um NIEMs,” o loiro falou. “O que houve com a Hermione que quase mordia fora a cabeça do Tommy quando ele respondia uma pergunta na frente dela?”

“Ela está tranquila, pois tem quase certeza de que esses NIEMs não vão ajudar em muita coisa,” ela falou e bebeu outro gole, fazendo Tom franzir o cenho, mas decidir não questionar naquele momento.

“Essa é a atitude que deveríamos ter, Tommy.” Malfoy esticou-se para perto da garota, passando um braço pelos ombros dela. “Aposto que você teria menos dor de cabeça se fosse assim.”

“Não pode me culpar por ficar preocupado com essas provas,” disse Riddle, observando enquanto o outro sonserino virava o rosto e beijava Hermione rapidamente, antes de virar o restante da campanhe que tinha na taça. “Qual a parte do ‘sem ficar bêbados’ que você não entendeu?”

“Qual a parte do ‘relaxe mais’ que você não entendeu?” Abraxas rebateu, enchendo mais uma vez a taça e tomando um gole, antes de atravessar a cama até onde o outro rapaz estava. “Não tem mais provas, Tommy. Não tem mais tarefas de casa ou poções complicadas para fazer. Logo não vamos nem precisar ver a cara feia de Atlas e Canopus!”

O garoto abriu a boca para responder, mas os lábios de Malfoy cobriram os seus antes que ele pudesse fazer qualquer som. Pego de surpresa e depois de algumas semanas se mantendo longe dos dois por conta dos estudos, Tom sentiu o corpo ceder e um gemido fraquinho escapar de sua garganta. Aquela pequena parte de sua mente que conseguia se manter lúcida o lembrava do quão patético ele parecia naquele momento, mas ele apenas a mandou ir se foder.

“Uma das nossas últimas noites em Hogwarts, Tommy,” disse Abraxas ao se afastar, uma mão ainda segurando a taça enquanto a outra estava no rosto do outro. “Relaxe.”

Riddle olhou para a garota por um momento, que apenas sorriu e tomou mais um gole da bebida. Depois, Hermione deixou a taça de lado e também pegou a de Malfoy e a de Tom, colocando-as na mesa de cabeceira e murmurando algo sobre ‘melhor não fazer tanta bagunça’, antes de sentar-se ao lado deles. Uma das mãos da grifinória alcançou a nuca de Riddle, acariciando ali devagar e delicadamente.

“Vocês dois me confundem,” ela falou com a voz baixinha, fazendo-os a olhar com as sobrancelhas franzidas. “Quero dizer... Isso tudo é confuso, mas é bom, o que deixa tudo ainda mais confuso.”

“Quer tentar elaborar melhor?”

“Quero dizer que nunca pensei que iria acabar querendo beijar duas pessoas ao mesmo tempo, Abraxas,” a bruxa resmungou. “Eu não... Quando vim para Hogwarts, não estava na melhor fase da minha vida. Ainda não estou, acho, mas me surpreendi quando notei que gostava da companhia de vocês e que... Gosto disso. Não vou dizer que sei exatamente o que sinto, mas gosto desses momentos.” Ela olhou de um para o outro e suspirou. “Gostei do que aconteceu na floresta e gostei de tudo o que aconteceu a partir de então... Seja poder conversar com vocês ou ter um beijo roubado descaradamente. É... É bom e não é algo que eu jamais me permiti ter.”

Malfoy não levou mais do que alguns segundos para segurar o rosto da garota e beijá-la. Hermione inclinou o corpo na direção dele, erguendo um braço para passar ao redor do pescoço do rapaz enquanto o outro escorregava pelo braço de Tom até agarrar a sua mão. Tom apenas observou os dois por um momento, vendo a forma como os lábios de Abraxas cobriam os de Elston, como a mão dele escorregava para os cabelos da garota e como ela, de vez em quando, escapava do beijo para mordiscar o lábio do outro.

Tom entrelaçou os dedos nos da bruxa, antes de se aproximar por trás e a abraçar, a mão dela ainda na sua enquanto ele a pressionava contra o abdômen dela. O rapaz apoiou o queixo no ombro de Hermione, alternando entre observar Malfoy e beijar o pescoço dela de leve, quando sentiu-a esquivar a mão do aperto dele, mas logo segurar a mão dele por debaixo da sua. Ele conseguia ver, quando os beijos do loiro permitiam, um pequeno sorriso curvando os lábios de Elston a medida que ela pressionava a mão dele contra o seu corpo. Primeiro no abdômen, apertando-a ali por alguns segundos, antes de arrastá-la para cima até o seio sob o suéter e a camisa.

Riddle sentiu o rosto esquentar e uma sensação engraçada subir pelo seu baixo ventre enquanto pressionava os lábios contra o pescoço da garota, antes de se afastar e se surpreender com um beijo de Abraxas. A mão de Hermione pressionou a sua mais contra si e tudo o que o rapaz pôde fazer foi deixar-se levar, pois naquele momento estava mais ocupado em sentir o lábios do loiro sobre os seus. Ou pelo menos até sentir o cotovelo da garota bater contra as suas costelas, fazendo-o grunhir baixinho e se afastar um pouco.

“Desculpe!” ela murmurou, a voz parecendo fraca enquanto ela os afastava e puxava o suéter por cima da cabeça e o jogava para um canto. “Droga.”

Hermione empurrou Malfoy mais para o meio da cama e o seguiu, puxando Riddle consigo pela mão. De onde estava, Tom conseguiu ver a bruxa voltando a beijar o pescoço pálido do loiro, fazendo-o gemer baixinho antes de procurar pelo outro sonserino. A boca de Abraxas logo estava sobre a sua e Tom conseguia sentir o queixo do outro também úmido, o que o fez rir da situação, antes de continuar com o beijo.

A mão de Elston que segurava a sua agora a pressionava contra o abdômen outra vez, mas, ao invés de subir, guiou-o para baixo, parecendo mais hesitante do que antes. Riddle sentiu a mudança de textura sob os dedos quando passou a tatear por cima da saia da garota e, não muito tempo depois, teve que prender a respiração e afastar-se um pouco de Malfoy quando sentiu sua mão ser guiada para baixo da saia. Agora sentia a textura suave e quente da pele na coxa de Hermione, antes de sentir, mais uma vez, outro tecido sob os dedos.

Os olhos de Abraxas se arregalaram por um momento, depois que uma respiração mais arfante escapou de Hermione. Tom o viu abaixar o rosto e soltar uma risada, balançando a cabeça.

“Vocês dois,” ele murmurou, a risada ainda soando por detrás de suas palavras enquanto ele erguia as mãos para desfazer a gravata de Hermione e, depois, retirar a sua também.

Tom deixou-se seguir os movimentos da bruxa, que pressionava a sua mão cada vez mais contra si em diferentes movimentos. Abraxas, a essa altura, parecia feliz apenas de observar, volte meia arriscando um beijo em um dos dois. Mas ali, naquele momento, era como se estivessem só ele e Hermione e a respiração arfante dela. Não demorou muitos minutos para Riddle sentir o corpo da garota estremecer, sua mão pressionando-o mais contra ela e um gemido escapando por entre os seus lábios.

Hermione relaxou em seus braços, fazendo com que Riddle tivesse que segurá-la para mantê-la ajoelhada na cama. A cabeça dela estava apoiada em seu ombro e seus lábios logo se esticaram em um sorriso enquanto ela respirava fundo. Como se nada tivesse acontecido, alguns segundos depois, Elston se desvencilhou dele, virando-se e o livrando do suéter também, antes de beijá-lo, mais atrapalhada do que antes.

Se quisesse ser sincero consigo mesmo, Tom Riddle não saberia descrever em detalhes tudo o que sentira naquela noite. Sabia que Hermione deixara de parecer tão acanhada a partir de certo momento e que Malfoy os beijava com tanto gosto que dava vontade de apenas ficar parado para sentir o que ele fazia. Lembrava-se das mãos de Elston, delicadas e ágeis, mas também carinhosas quando decidiam afagar o seu rosto ou seus cabelos. As mãos de Abraxas eram mais abruptas, mas não deixavam de ser delicadas quando ele queria, sempre sabendo onde encostar para fazer Riddle se transformar em um amontoado patético de gemidos e arrepios. O corpo do loiro contra o seu o fazia se perguntar como diabos ele ignorara aquilo por tanto tempo e o da garota o fazia ansiar por mais cada vez que a sentia se contorcer sob as suas mãos enquanto gemidos baixinhos e arfares lhe escapavam.

Por fim, Tom Riddle sabia que o que restou deles foi uma bagunça de camisas abarrotadas ou descartadas (no caso de Malfoy), calças e saias amassadas e que deveriam ser colocadas para lavar, rostos corados, lábios inchados e mentes leves demais para conseguir tecer qualquer pensamento.

“Eu...” Abraxas começou a falar, antes de rir ao notar que sua voz falhara. “Quero pedir uma coisa para vocês.”

“Diga,” murmurou Hermione, passando uma mão pelos cabelos para tirá-los da frente do rosto e ajeitando-se melhor ao lado de Tom na cama.

“Venham para Hornsea depois da formatura?” o sonserino pediu, virando o rosto para olhá-los. “Vai ser verão, meus pais não vão estar por lá... É o nosso último verão antes de começarmos a trabalhar.”

“Eu pretendo começar antes do fim do verão,” disse Tom, erguendo a mão para limpar o queixo e se perguntando se todo beijo acabava com saliva demais ou aquilo era um mal deles.

“Fiquem pelo menos uma semana lá!” Malfoy virou-se e ficou de bruços na cama. “Por favor, Tommy.”

Hermione encarou o garoto e então assentiu.

“Acho que é uma ideia maravilhosa,” ela falou, antes de virar-se para Tom. “Não acha?”

Riddle franziu o cenho enquanto olhava a menina, mas suspirou. Hornsea. A praia onde seu pai sempre o levava nos sonhos.

“Certo,” ele sussurrou, penteando os cabelos com os dedos.  “Uma semana.”

“Perfeito!” Um sorriso enorme se abriu no rosto de Abraxas, fazendo Riddle sorrir também, apesar de mais fraco, antes de fechar os olhos.

“Não me diga que vai dormir,” disse Hermione, correndo os dedos pelo cabelo do sonserino.

“Abraxas vai apagar antes de mim.”

“Quem disse?” o loiro perguntou e Tom sentiu o peso da cabeça dele em seu ombro.

“Eu te conheço.”

O silêncio tomou conta do quarto e Riddle apenas sorriu quando notou a respiração mais calma tanto de Abraxas, apoiado em seu ombro, quanto de Hermione, deitada no seu outro lado e com uma mão enroscada em seu braço.


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Notas finais do capítulo

A música que o Tom Sr canta é conhecida como Beriozka/Vo pole berioza stoyala/The Girl and the Birch. Ela aparece na trilha sonora de Anna Karenina (2012), mas é uma canção folclórica russa que eu associo muito ao Tom Sr... Inicialmente, láaa em 2012, não era essa a música que eu imaginava como a música que guiaria a história, mas sim a música Kolybel'naya, da Irina Bogushevskaya. Mas hoje eu sei que se o Tom fosse cantar algo tanto para a Helena quanto para o Tom, seria Beriozka. Aliás, Kolybel'naya = canção de ninar, em russo.

— Beriozka/The Girl and the Birch: https://www.youtube.com/watch?v=hwOHDO7DJXc
— Kolybel'naya: https://www.youtube.com/watch?v=-2DZQbnYzSI

Como sempre, espero que tenham gostado e, por favor, digam o que acharam.



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