Kolybelnaya escrita por themuggleriddle


Capítulo 17
Riddles for a Riddle


Notas iniciais do capítulo

Antes de tudo, muito obrigada quem votou em Kolybel'naya no Energize WIP Awards! Ela ganhou em em SEGUNDO LUGAR na categoria de Fanfic Mais Promissora de Harry Potter! haushduysahdusa muito obrigado! :DDD



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Foi preciso uma visita a Hogsmead para que Hermione percebesse o quanto sentia falta de Harry e Ron, mesmo que ela tivesse conseguido ficar prórxima de outras pessoas por ali. Caso eles estivessem por ali, ela passaria o dia com eles, comendo doces da Dedos-de-Mel e tomando cerveja amanteigada, mas agora ela estava lá considerando a possibilidade de ter que passar o resto do dia sozinha enquanto observava Charlus e Dorea irem até a loja de doces. Minerva e Septimus haviam ficado no Três Vassouras e agora, enquanto acompanhava Potter e Black, que andavam de mãos dadas pelo vilarejo, Hermione decidiu que talvez fosse melhor deixá-los a sós.

Naquele dia, Hogsmead estava bem cheia. Era o primeiro fim de semana dos alunos na vila e a maioria dos terceiro anistas se encontravam lá, principalmente por conta da proximidade do Halloween. Hermione viu Irina e Amata andando pelo lugar com sacolas da Dedos-de-Mel, assim como um grupo de meninas grifinórias que estavam acompanhadas por Hector Spinnet e George Johnson. E, claro, aquele querido grupo de sonserinos...

Hermone se perguntava se eles se separavam alguma vez, porque sempre que via Avery, Lestrange e Malfoy, eles estavam juntos. Bom, menos quando Abraxas estava ocupado com o projeto de poções. Talvez fosse isso que as pessoas se perguntavam quando viam ela, Ron e Harry. A coisa mais curiosa era que Tom Riddle, apesar de parte do grupo, não estava sempre com eles. Naquele momento, por exemplo, os três rapazes não estavam na companhia de Riddle enquanto conversavam em frente a uma velha apotecaria, encostados na parede de tijolos desta. Se não fosse pelos olhares furtivos que Lestrange dava para todos que passavam por eles, ela poderia acreditar que eles não estavam fazendo nada de mais. ‘Riddle deveria escolher seus cachorrinhos melhor,’ ela pensou, já que os rapazes só conseguiam fazer com que os outros suspeitassem ainda mais deles.

Hermione deixou um sorriso gentil aparecer em seus lábios quando os olhos de Canopus a encontraram. O garoto franziu o cenho, antes de acenar com a cabeça para ela. Não satisfeita com isso, a garota deixou-se ficar encarando os sonserinos, tentando não rir quando viu como Lestrange parecia desconfortável com isso. Logo Avery pareceu perceber o desconforto do amigo e virou-se para olhá-la. Uma copia do seu sorriso apareceu no rosto do rapaz e ele pareceu estranho. Era o tipo de sorriso falso que ela esperava ver no rosto de Riddle.

“Olá, Srta. Elston!” Hermione piscou, desviando o olhar de Atlas para ver Malfoy acenando para ela, um sorriso enorme em seu rosto. O sonserino falou algo para os seus colegas, antes de se aproximar dela. “Como vai, Srta. Elston?”

“Estou bem,” ela falou, empurrando o cabelo para trás da orelha. “E você?”

“Estou sobrevivendo às redações que temos que fazer.” Abraxas encolheu os ombros.

“Não é tanta coisa.” Hermione arqueou uma sobrancelha e deixou uma risada baixa escapar de sua boca. “Eu já terminei as minhas de História da Magia e Aritmancia.”

“Eu não estou em Aritmancia, Srta. Elston, mas tenho uma sobre Rabo-córneos húngaros para Trato de Criaturas Mágicas,” explicou Malfoy, sorrindo. “Junto com a de História da Magia, mas Tom disse que vai me ajudar com essa.”

“Oh?” A garota riu. “Riddle deixa você copiar a tarefa dele?”

“Eu disse que ele iria me ajudar, não deixar que eu copiasse. Não, Tom iria matar alguém ao invés de deixar que copiassem algo dele. Por me ajudar eu quero dizer que ele vai me emprestar o livro que ele usou para pesquisar e só.” Abraxas olhou para Avery e Lestrange, acenando com a cabeça para eles, antes de voltar a olhar Hermione. “Diga-me, Srta. Elston, você gostaria de me acompanhar até o Três Vassouras? Digo, é o seu primeiro fim de semana aqui em Hogsmead e aposto que você nunca provou algo tão bom quanto a cerveja amanteigada da Madame Corine.”

Hermione arqueou uma sobrancelha, encarando o rapaz loiro. Um Malfoy havia acabado de chamá-la para ir tomar cerveja amanteigada com ele? Aquilo sim era estranho, mas, bom, Abraxas ainda não sabia que ela era uma nascida trouxa, logo não tinha razão para agir como o seu neto. Olhando em volta, ela viu que os outros rapazes sonserinos já haviam sumido dali. Miinerva e Septimus ainda estariam com o time de Quadribol, assim como Charlus e Dorea deveriam ainda estar juntos. Entre voltar para o castelo e passar o resto do dia se lamentando, com saudades de Harry e Ron, e ir beber algo com Malfoy, ela ficaria com a segunda opção.

“Certo.” Ela encolheu os ombros. “Vamos lá.”

Como se já não fosse óbvio depois de passar um tempo com Malfoy preparando a Amortentia, Hermione descobriu que Abraxas Malfoy era o tipo de pessoa que parecia não conseguir parar de falar. Ele falava de tudo: da família, do bicho de estimação, do trabalho do pai, da tarefa de casa, dos colegas... Tudo. Quando a menina já estava terminando a sua primeira cerveja amanteigada, Abraxas ainda estava no começo de sua caneca graças ao fato de não parar de falar. Não que fosse algo ruim, mas era inesperado. Ela conhecia Draco Malfoy o suficiente para saber que ele não era o tipo de pessoa que jogaria conversa fora daquele jeito. Assim como sabia que ele não conseguia criar uma atmosfera agradável como Abraxas estava fazendo. Na verdade, aquilo era um pouco assustador: ver um Malfoy agindo daquela forma era como ter uma crença arrancada de si.

“Cygnus quebrou os dentes da frente naquele dia. Os dois!” O rapaz riu de orelha a orelha e apontou para os próprios dentes. “Minerva McGongall tem uma força assustadora naqueles braços e pernas. Sou grato ao fato de que ela não é batedora. Consegue imaginá-la com um taco na mão!?”

“O que ele fez para que ela o chutasse?” perguntou Hermione, rindo enquanto imaginava sua professora de Transfiguração ficando agressiva por conta de um esporte.

“Ele segurou a vassoura dela no meio do ar.”

“Mas isso é jogo baixo!”

“Eu sei, mas todos fazem isso, apesar de agora sabermos que não podemos fazer isso com McGonagall. Pelo menos se quisermos continuar inteiros.” Ele riu alto, sacudindo a cabeça. “Ela é uma boa jogadora, Minerva. Meio louca quando alguém ameaça a chance dela de vencer, mas uma boa jogadora.”

“Ela não é a única pessoa competitiva em Hogwarts,” disse Hermione, bebendo um gole de sua cerveja amanteigada e vendo os olhos de Abraxas brilharem.

“Claro que não é. Nós temos nosso pequeno bando de criaturas competitivas como qualquer outra escola, mas é difícil achar alguém que consiga superar Minerva.”

“Tom Riddle consegue,” ela disse.

“E até uns dias atrás eu achava que nunca iria achar alguém que conseguisse superar ele.” Malfoy finalmente tirou um momento para beber sua cerveja, seus olhos fixos em Hermione. “Eu pensei que você dois fossem se matar naquela aula de Defesas...”

“Eu só estava respondendo uma pergunta que a professora Merrythought havia feito,” ela falou, empinando o nariz. “Não é minha culpa que Riddle não consegue lidar com o fato de que outra pessoa age como um aluno dentro da sala de aula.”

“Você fala dele como se não conseguisse agüentar a mera existência dele, sabia, Srta. Elston?” O sonserino colocou a caneca sobre a mesa, apoiando os cotovelos sobre o tampo de madeira e segurando o próprio queixo. “É engraçado.”

“Eu não acho que a existência dele seja insuportável.” ‘Mentirosa,’ ela sussurrou para si mesma em sua cabeça.

“Talvez seja essa competitividade. Aposto que você sempre foi a melhor aluna seja lá onde você estudou antes e agora tem que lidar com ele competindo com você pela nota mais alta.” Malfoy riu. “E a mesma coisa aconteceu com ele. McGongall é boa e competitiva, mas ela é pior dentro do campo de Quadribol. Mas você? Você, Srta. Elston, bate contra Tom sem hesitar, dentro de uma sala de aula. É incrível observar vocês dois.”

“Oh, bom saber.” Ela revirou os olhos. “Da próxima vez que um professor perguntar algo, vou responder antes de Riddle apenas para lhe dar algum entretenimento.”

“Por favor, Srta. Elston, faça isso.” Abraxas riu. “Mas, por mais incrível que seja ver vocês dois irritados um com o outro, eu não consigo não pensar que seria interessante seria se vocês dois se entendessem. Digo, se vocês parassem com a tentativa de matarem um ao outro e deixassem a língua afiada de lado.”

“Claro. Quem sabe, Sr. Malfoy, nós acabamos nos tornando amigos um dia.” Ela sorriu de forma irônica para ele. “Aposto que Riddle é uma pessoa adorável quando está com os amigos, não? Posso ver o quanto o Sr. Avery e o Sr. Lestrange gostam da presença dele.” A menina estreitou os olhos ao ver o sorriso de Abraxas estremecer por um momento.

“Tom é legal, você devia acreditar em mim. E interessante também.”

‘Não duvido que seja interessante,” disse Hermione. “Qualquer pessoa que lide com magia do jeito que ele faz é interessante, mas isso não significa...”

“Lida com magia do jeito que ele faz?” Dessa vez foi Malfoy quem estreitou os olhos e arqueou uma sobrancelha.

‘Merda.’ Ela mordeu o lábio inferior. Riddle não ficaria feliz de saber que ela deixara escapar sobre as sessões de prática dos dois.

“É óbvio que ele tem um enorme controle sobre a magia só de ver o jeito que ele trabalha com feitiços nas aulas,” ela o respondeu, dando de ombros.

“Você tem razão.” Abraxas permitiu que o silêncio caísse sobre eles por alguns minutos e ficou encarando-a. Só agora que Hermione percebia que os olhos de Malfoy eram diferentes dos de Draco. O Malfoy do seu tempo tinha olhos acinzentados nos quais ela nunca via nada mais do que arrogância, enquanto o rapaz na sua frente tinha olhos azuis escuros que pareciam mais suaves do que ela esperaria dele.

A bruxa virou o rosto ao ouvir uma risada gostosa ecoar da mesa ao lado. A mulher loira que os servira, Madame Corine, estava sentada ali com uma menininha cujos cabelos loiros e cacheados estavam presos em uma trança bagunçada. A criança não devia ter mais de seis anos e estava sentada no colo da mulher enquanto esta tentava arrumar a trança. Madame Corine a repreendia, sussurrando um baixo ‘Rosmerta!’, antes de rir também.

‘Madame Rosmerta,’ pensou Hermione, sentindo seu coração apertar. Ela se perguntava como a mulher estaria no futuro agora que a guerra começara. O Três Vassouras deveria estar cheio de comensais.

“Você está parecendo meio triste.”

“O que?” Hermione piscou, olhando o rapaz.

“Nada, Srta. Elston.” Ele riu baixo. “Estava só pensando alto.” Malfoy ajeitou-se na cadeira, antes de cumprimentar uma garota que passava por perto deles. “Oi, Walburga!”

A grifinória não conseguiu não arquear uma sobrancelha ao ver a outra bruxa. A Walburga Black que ela conhecia era uma pintura irritante no Largo Grimmauld, uma velha de cabelos escuros presos em um penteado complicado, com uma cara azeda e que sempre gritava quando a via, dizendo para todos que ela era a sujeira do mundo e que ela não merecia colocar os pés dentro de sua mui antiga e nobre casa. A garota parada na sua frente não parecia aquela mulher velha e louca. A bruxa ali era esguia e elegante. Uma de suas mãos segurava uma pequena bolsa enquanto a outra encontrou o ombro de Abraxas. Os seus cabelos escuros estavam trançados e seu rosto parecia calmo, principalmente com aquele sorriso suave em seus lábios.

“Boa tarde para você também, Abraxas.” A voz da garota parecia combinar com a sua aparência. Ela era baixa e lenta, como se fosse um grande esforço emitir um som. Depois de olhar o rapaz por um tempo, seus olhos escuros encontraram Hermione. “E quem é essa?”

“Hermione Elston, a menina nova da Grifinória,” explicou Abraxas. “Hermione, essa é Walburga Black.”

“Olá.”

“É um prazer conhecê-la, Srta. Elston.” Seu sorriso se alargou por um momento, antes de retornar ao seu tamanho original. “Estava indo para a Dedos-de-Mel. Tem algo novo lá? E onde está Tom?”

“”Ah, eles estão com uns doces de abobora novos por lá. E Tom ficou n castelo, para variar.” Malfoy riu enquanto Walburga revirou os olhos.

“Você é amigo dele, Abraxas, você devia tirá-lo daquele castelo de vez em quando. Não é saudável ficar lá o tempo inteiro. Aposto que ele deve estar na biblioteca.”

“Você tem alguma Duvida, querida Walburga?” perguntou Malfoy. “Ele é Tom Riddle, seu habitat natural é dentro da biblioteca.”

Enquanto observava Abraxas e Walburga conversarem, Hermione perguntou a si mesma quando foi que sua vida tomara tal rumo ao ponto de ela se ver sentada em uma mesa com dois sonserinos sem se sentir ofendida por nenhum deles.

***

Tom acordou assustado, arregalando os olhos e olhando em volta, vendo-se sentado em um dos bancos de pedra dos corredores das masmorras. Ele devia ter apagado ali quando se sentou para checar os livros que havia pego na biblioteca. Aquela exaustão estúpida estava começando a irritar. Se ele ao menos conseguisse dormir uma noite inteira, mas não, durante os últimos dias ele só conseguia dormir algumas poucas horas de um sono perturbado que fazia com que ele ficasse babando em cima dos seus pergaminhos durante o dia. E agora ele estava começando a dormir em pé no meio de corredores.

Esfregando os olhos com a ponta dos dedos e depois apertando a ponte do nariz, o garoto assustou-se e pulou para ficar em pé ao perceber que não estava sozinho. Uma figura perolada estava na sua frente, flutuando pelo menos um metro acima do chão, seu rosto magro e severo virado na sua direção enquanto seus olhos escuros pareciam queimar. Tom teve que se conter para não olhar para as vestes sujas de sangue prateado do homem.

“Olá, Barão.” Tom inclinou a cabeça em um cumprimento ao fantasma da Sonserina, mas a única resposta que recebeu foi um muxoxo enquanto as mãos finas do homem se agarravam às correntes que pendiam de seu pescoço.

“Se metendo com esse tipo de gente,” murmurou o Barão, virando-se e lentamente flutuando para longe, apesar de ainda encarar Riddle. “O tipo de pessoa que nem deveria estar aqui! Uma vergonha!”

Foi só quando o fantasma desapareceu contra a parede de pedra que Tom permitiu a si mesmo a fazer uma careta. Apesar de o Barão Sangrento ser o fantasma da sua casa, Riddle nunca conseguira ganhar a confianca dele. Na maioria das vezes, o Barão estava sozinho, flutuando pelos corredores e brigando com Peeves. Ele era quase tão isolado de todos quanto a Dama Cinzenta.

“Ohhh! O Barão Rabugento passou por aqui?” uma voz alta e zombeteira ecoou pelo corredor assim que um homenzinho de roupas coloridas apareceu no meio do ar, flutuando de cabeça para baixo enquanto sorria para Riddle.

Tom fechou os olhos e respirou fundo. O Barão podia ser rude, mas ninguém ganhava de Peeves no quesito de ser irritante. Na verdade, Peeves fora uma das coisas que mais o incomodaram desde que ele pisou no castelo pela primeira vez.

“O que você quer, Peeves?” perguntou o rapaz, tentando manter-se calmo para não dar ao poltergeist a satisfação de vê-lo irritado.

“Eu estava atrás do Barão Sangrento, mas agora que o encontrei...” O sorriso do homenzinho se alargou, fazendo parecer que ele era o Gato de Cheshire. “Eu talvez tenha algo para você, Monitor Chefe.” As duas últimas palavras saíram de sua boca como se ele estivesse cantarolando-as.

“Peeves, eu não tenho tempo para as suas brincadeiras idiotas-“

“Não é brincadeira! Oh, não!” O poltergeist riu. “Tenho algo para você. Um enigma para um Riddle.”

Oh, ótimo. Aquela piada idiota com o seu nome parecia ter parado depois dos primeiros anos tendo Peeves o perseguindo pelo castelo, fazendo-lhe inúmeras charadas idiotas, sempre com a desculpa de estar fazendo ‘um enigma para um Riddle’.

“Não, Peeves.”

"Não sou visto, não sou ouvido. Não estou vivo, mas não descanso. Não sinto dor e ainda lamento. E apesar de lamentar, nem uma lágrima há,” Peeves cantou, sua voz já começando a soar irritante aos seus ouvidos. “Quem sou eu?”

“Você é a Dama Cinzenta,” respondeu Tom, revirando os olhos. “É óbvio.”

“Ah, ah, ah!” O poltergeist riu. “Mas você vê e ouve a Dama!”

“Mas não o tempo inteiro...”

“Não sou visto, não sou ouvido. Não estou vivo, mas não descanso. Não sinto dor e ainda lamento. E apesar de lamentar, nem uma lágrima há. Não sou uma dama e a esse castelo não pertenço. Quem sou eu?”

“Você sabe que essa última parte não rima com nada, certo?”

“Só responda de uma vez, Monitor Chefe!” disse Peeves, dando uma cambalhota no ar.

“Não estou vivo, mas não descanso. É um fantasma, preso entre a vida e a morte.” Riddle suspirou, pegando o livro que ele havia deixado sobre o banco de pedra. “Mas não sei qual.”

“Oh, mas você, acima de todos, devia!” O poltergeist riu baixinho, antes de parar abruptamente ao ver outra figura perolada aparece atrás de si. “Milady!”

“Peeves, você não deveria estar em algum outro lugar do castelo?” perguntou o fantasma que acabara de chegar, observando o poltergeist que agora se ajeitava ao se ver observado por ela, apesar de o sorriso zombeteiro ainda estar em seu rosto. “Pensei que o Barão não gostasse que você ficasse nas masmorras dele. Será que deveria chamá-lo para cuidar de você?”

“O Barão também não gosta que você, milady, fique andando por ai com gente como ele.” Peeves riu alto e Tom pôde ver a mandíbula da Dama Cinzenta se trancar. “Mas, para responder a sua pergunta, não precisa chamar o seu querido Barão. Aposto que consigo me divertir mais com as criancinhas do que com o Monitor Chefe.”

E, sem dizer mais nenhuma palavra, o poltergeist desapareceu da frente deles com um estalido baixo. A moça suspirou, empurrando o seu cabelo acinzentado para trás das costas, antes de olhar para Tom.

“Eu não tenho idéia de por que minha mãe não se livrou dele assim que pisaram nesse castelo,” ela sussurrou. “Depois de todos esses anos, o Barão ainda é o único que consegue contê-lo.”

“Poderia ser pior, milady.” Riddle deixou aparecer o sorriso gentil que normalmente adornava o seu rosto quando falava com o fantasma. “Ele poderia não ser contido por ninguém.”

“Está certo, apesar de que eu não iria reclamar se pudesse ver esse castelo livre do Barão, mesmo que isso significasse ter Peeves com toda liberdade possível...”

Tom franziu o cenho enquanto observava a Dama Cinzenta. Desde que começara a falar com ela, o rapaz percebera que ela não gostava muito do Barão Sangrento. Sim, o homem não era o espírito mais querido do castelo, mas nem Lady Ravenclaw o era. Mas a mulher parecia ter um sentimento tão ruim em relação ao outro fantasma que eles nunca eram vistos juntos a não ser no banquete de inicio de ano. Ele já vira isso acontecer inúmeras vezes, de ela estar em um lugar e, do nada, ficar mais séria do que o normal antes de desaparecer quando via o Barão se aproximar. Os outros fantasmas também pareciam confusos com esse comportamento. Riddle uma vez teve a oportunidade de falar com o Frei Gorducho, o fantasma da Lufa-Lufa, que lhe confirmou que a Dama tinha esse comportamento desde a época em que ele era um aluno no castelo.

“Você não parece gostar muito do Barão.”

“Não temos uma história muito feliz às nossas costas,” disse a fantasma. “Lembra do que eu lhe disse sobre a minha mãe?”

“Sim, milady, ela era Rowena Ravenclaw.”

“E você já ouviu sobre o que chamam de o Diadema Perdido de Rowena Ravenclaw?” Os olhos de Tom se arregalaram ao ouvi-la. Claro que ele já havia ouvido falar do diadema que supostamente dava à quem o usava a inteligência de Ravenclaw, e é claro que ele já estivera interessado nele. “Acredito que sim. Agora, você sabe o que aconteceu com ele?”

“Não, milady. Só sei o que os livros contam: que ele está perdido,” ele explicou, tentando conter a excitação na sua voz.

“Claro que está perdido,” ela sussurrou, inclinando a cabeça para a frente e respirando fundo. “Eu me certifiquei de que ficaria perdido para todo o sempre.”

“Você?”

“Minha mãe nunca disse a ninguém, nem mesmo para os seus amigos mais íntimos, o que realmente aconteceu com o diadema.” Um sorriso triste apareceu nos lábios dela enquanto ela o olhava outra vez. “Ela pensou que seria muita vergonha dizer a eles que sua própria filha o roubara debaixo de seu nariz...”

“Você roubou o diadema de Rowena Ravenclaw?” perguntou Riddle. “Por quê?”

“Porque eu sabia que conseguiria ser tão grande quanto minha mãe!” De repente, a Dama Cinzenta assumiu uma pose que ele nunca vira antes. Sua voz perdeu toda serenidade e agora soava perigosa e defensiva enquanto ela se inclinava na direção dele, seus olhos brilhando com raiva. “Eu não era nada senão uma sombra ao lado da grande Rowena Ravenclaw! Eu sabia que podia ser tão boa quanto ela, se não melhor! Eu poderia cuidar de Hogwarts depois que eles se fossem, eu poderia continuar educando bruxos e bruxas, eu poderia ajudar o mundo bruxo como minha mãe fizera, mas qual seria a razão se eu nunca deixaria de ser a filha de Rowena Ravenclaw? Ninguém conheceria Helena Ravenclaw, apenas a filha de Rowena... A não ser que eu fosse melhor que ela. E o diadema, Sr. Riddle, era a maneira que eu conseguiria isso.”

‘Me pergunto como você não acabou na Sonserina,’ o rapaz se pegou pensando enquanto observava a mulher, que agora se acalmava e voltava a assumir sua aparência miserável de antes.

“Então eu peguei o diadema e fugi de Hogwarts. Eu iria usá-lo para algo bom, algo que me faria ser tão reconhecida quanto minha mãe, e depois o devolveria... Eu não queria ficar com ele para sempre. Eu sabia o quão querido ele era para ela e eu só o queria por um tempo, até descobrir como poderia deixar de ser apenas a filha de Rowena.” A Dama Cinzenta sacudiu a cabeça, pressionando os lábios um contra o outro com firmeza. “Mas isso nunca aconteceu, não é? Ninguém conhece Helena Ravenclaw e, quando a conhecem, só sabem que ela era filha de um dos fundadores... Eu deveria ter tido mais tempo. Eu teria feito tudo certo. Meu nome estaria escrito em livros de história e minha mãe teria vivido mais tempo se ele não tivesse aparecido...”

“Ele?”

“O Barão. Ele sempre foi um homem com um temperamento difícil, nosso querido Barão.” Ela deixou uma risada sem humor escapar de sua boca. “E ele costumava me amar, apesar de eu não sentir a mesma coisa por ele. Minha mãe pensou que seria bom mandá-lo atrás de mim, pois ele era determinado e ele iria me convencer a voltar. Mas ele não o fez. E perdeu a paciência quando eu me recusei a voltar. Não é de se surpreender que o Barão hoje seja coberto por tanto sangue...”

“Ele a matou?” perguntou Tom, surpreso, enquanto se lembrava do fantasma da Sonserina coberto de sangue prateado. “O Barão Sangrento a matou?”

“E depois se matou. Mas o que passou está feito. O fato de ele carregar aquelas correntes horríveis para cima e para baixo nesse castelo não me faz ficar viva outra vez, nem traz a minha mãe de volta...”

“Rowena...?”

“Minha mãe morreu pouco depois de saber da minha morte. Apesar de eu retornar para Hogwarts antes de ela falecer, eu não tive coragem de encontrá-la uma última vez. O Barão levou mais tempo para voltar... Helga disse que ela morrera por causa do coração partido, minha mãe, algo que é muito estranho de se pensar quando se tratava dela. Mas Helga gostava de dramatizar as coisas,” disse Helena. “Tudo isso aconteceu por causa do meu orgulho. Minha morte, a morte de minha mãe, o diadema perdido...”

“O que aconteceu com ele? Com o diadema?” Antes que percebesse, as palavras haviam escapado de seus lábios. “Você o levou... O Barão o encontrou?”

“Antes de ele me encontrar, eu o escondi em uma árvore oca. É impossível que um bruxo comum o encontre,” Helena sussurrou, antes de encarar Tom, inclinando a cabeça para o lado. “Mas você não é nenhum bruxo comum, não é mesmo, Sr. Riddle?”

“Eu gosto de pensar que não, milady.” Riddle observou o espírito flutuar até ele, inclinando-se para a frente até que seu rosto estivesse na altura do dele. Ele podia ver que a moça devia ter a mesma altura que ele caso ela não estivesse flutuando. Helena também tinha olhos bonitos, ele percebia agora, eram escuros, quase tão escuros que dificultavam a diferenciação entre a íris e a pupila dependendo da maneira que eram olhados.

“Você poderia me fazer um favor?”

“Qualquer coisa por você, Helena.” Ele fez questão de usar o primeiro nome da bruxa, como se isso indicasse que ele estava falando com Helena Ravenclaw e não com a filha da fundadora de Hogwarts.

“Você é um bruxo poderoso, determinado e inteligente. Você entende a tristeza que esse diadema trouxe para os seus donos, não entende? Um bruxo como você não precisa de algo assim para fazer a sua magia trabalhar no seu máximo.”

“Você me superestima...”

“Claro que não.” Ela ergueu uma mão perolada até que seus dedos finos encostassem – ou atravessassem – na sua têmpora, como se ela tentasse pentear o seu cabelo, antes de descê-la pelo rosto dele até chegar ao queixo. “Eu vivi com alguns dos bruxos mais poderosos da história. Minha mãe, Helga, Godric, um pouco de Slytherin... Eu conheço poder quando o vejo, e você, Sr. Riddle, tem isso. Eu preciso de alguém como você parar ir atrás do lugar onde escondi o diadema, para encontrá-lo e destruí-lo por mim. Não é nada a não ser um pedaço de metal que traz má sorte a quem o carrega.”

O fantasma de Helena Ravenclaw nunca saberia quem Lord Voldemort realmente era. Ela nunca saberia que o bom Tom Riddle a havia desobedecido e roubado o diadema de sua mãe, simplesmente porque ela nunca saberia que aquele aluno educado e tão interessado nela era a mesma pessoa que o bruxo que logo se ergueria ao poder em alguns anos. Ninguém nunca iria relacionar Tom Riddle a Lord Voldemort.

“E onde ele está escondido, Helena?”

*****


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Notas finais do capítulo

Esse capítulo teve algumas partes chatinhas de traduzir.

1) 'Enigmas para um Riddle': em inglês fica mais legal e faz mais sentido... 'riddles for a Riddle'.

2)"Não sou visto, não sou ouvido. Não estou vivo, mas não descanso. Não sinto dor e ainda lamento. E apesar de lamentar, nem uma lágrima há": no original I am not seen, I am not heard. Im not alive, but Im not dead. I feel no pain and yet I weep. And though I weep, no tear I shed" (Eu não sou visto, eu não sou ouvido. Eu não estou vivo, mas eu não estou morto. Eu não sinto dor e ainda choro. E apesar de chorar, nenhuma lágrima derramo).


aiygdsaudsah tanta Helena! Muitos feels com a Helena e eu culpo a Thamires por isso (brassclaw aqui no nyah), porque a Rowena dela no nosso RPG que me deixou assim. E essa Helena é tão diferente da Helena viva do RPG (também é minha personagem) que chega a doer no coração. A imagem é um graphic que eu fiz pro tumblr, porque tava com preguiça de desenhar.

Also, já que tem tanta Helena por ai: http://8tracks.com/captainbrax/the-curious-fox , aqui está uma playlist que eu fiz para a Srta. Helena Ravenclaw, caso queiram ouvir.


Muito obrigado todo mundo que comentou até agora :D espero que tenham gostado, digam o que acharam.