Kolybelnaya escrita por themuggleriddle


Capítulo 12
On the Tip of Their Fingers


Notas iniciais do capítulo

EDIT 2016: estou relendo Koly para poder continuar ela e acabei fazendo leves alterações no texto nessa primeira parte que segue o ponto de vista da Dama Cinzenta, por conta de headcanons e coisas que surgiram depois na história e que não batiam muito com a descrição que ela dava do fantasma estranho que ela encontra no início do capítulo. Agora está arrumado.



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A Dama Cinzenta raramente falava e a maioria das pessoas de Hogwarts sabia muito bem disso. Ela era apenas uma figura cinzenta no fundo dos estudantes, flutuando e observando tudo. Sua mãe costumava dizer que aqueles que observam são aqueles que tinham mais conhecimento e, mesmo ela sendo apenas um fantasma agora, a mulher gostava de ter conhecimento de tudo o que acontecia ao seu redor. O castelo era a sua casa – sempre fora, na verdade – e ela não conseguia viver ali sem saber o que acontecia dentro daquele lugar. Era por isso que ela observava e ouvia, mas raramente falava. Os sussurros dos outros habitantes de Hogwarts sempre lhe traziam mais informação do que perguntas diretas.

 

Por estar sempre tão preocupada em saber o que ocorria ali dentro, a Dama Cinzenta sempre sabia quando alguma coisa diferente acontecia. Ela sentiu quando o Herdeiro de Slytherin abriu a Câmara que Salazar havia criado e ela sabia que aquele pobre garoto grifinório não era o culpado. E agora ela estava com aquele mesmo sentimento de que alguma coisa estava acontecendo. A única coisa era que agora ninguém mais parecia notar que havia alguma coisa fora do normal e a mulher estava começando a duvidar de sua intuição até vê-lo.

 

Na verdade, ele não chamou a sua atenção a princípio, enquanto ela flutuava pelo corredor do terceiro andar, até que ela percebesse que não conhecia a sua figura... Aquelas roupas não pareciam o tipo de vestimenta que os fantasmas de Hogwarts usavam. Ela também notou que ela nunca havia visto ninguém naquele lugar, ao lado da grande janela que dava vista para o pátio, e, muito menos, alguém que parecesse tão triste e deslocado.

 

A Dama Cinzenta aproximou-se com cuidado, flutuando para perto dele lentamente até estar parada ao seu lado. Depois de um longo momento de silêncio, ela comentou sobre o quão bonito os jardins estavam debaixo do luar naquela noite. Ele apenas concordou com a cabeça e não disse nada, mantendo o rosto baixo como se tentasse sumir no meio das sombras. Ela não era o tipo de pessoa que começava conversas, mas aquele estranho a intrigava, então ela lhe disse o seu nome – Helena. Helena Ravenclaw, porque ela não gostava do nome que os alunos lhe deram – e ele não pareceu surpreso, como a maioria das pessoas ficava quando descobriam quem ela realmente era. Quando ela perguntou o seu nome, ele lhe deu uma resposta curta e quieta que fez as sobrancelhas da moça se franzirem. Era um nome estranho para um bruxo, não muito comum, mas que fez seu coração apertar por um segundo... A mulher lhe falou isso e ele apenas riu, uma risada triste para combinar com a sua postura derrotada. E foi nesse momento que ela percebeu o que ele realmente era.

 

Ele não flutuava como ela, mas também não estava vivo, isso era visível pelo seu corpo translúcido e acinzentado. Ele estava perdido no castelo e não sabia a importância do seu nome.

 

A Dama Cinzenta havia visto alguém como aquele estranho apenas uma vez em sua vida e morte. E, quando ele finalmente ergueu o rosto para olhá-la, Helena podia jurar que estava vendo essa mesma pessoa na sua frente.

 

***

 

“Srta. Elston, concentre-se.”

 

Hermione respirou fundo, fechando os olhos enquanto tentava ignorar a calma na voz de Riddle. Ela estava naquela sala de aula com ele fazia meia hora antes que a educação (porque o sonserino decidira ser educado, por alguma razão desconhecida) do outro começasse a irritá-la. Tom não fazia nada a não ser sentar-se em um canto e falar para ela se concentrar para fazer com que sua varinha a obedecesse. Ela estava praticando o feitiço Arctus agora, direcionando-o em uma pilha de rolos de pergaminho que, naquele ponto, já estavam completamente destroçados por feitiços descontrolados.

 

“Estou me concentrando,” disse a garota, apontando a varinha para o pergaminho novamente. “Arctus!”

 

Ao invés de voar para longe da mesa suavemente, como ela queria que o feitiço fizesse, o vento saído da varinha cortou o pergaminho novamente. Grunhindo baixinho, Hermione apertou a varinha com mais força e repetiu o feitiço de novo e de novo, conseguindo o mesmo resultado. A grifinória apenas parou quando ouviu Riddle mudando de posição, levantando-se e indo até ela.

 

“Eu acho seu conceito de concentração uma coisa muito interessante, Srta. Elston,” disse Tom, parando ao seu lado e esticando um braço. Hermione já estava pronta para atacá-lo caso o rapaz tentasse alguma coisa. “Arctus.”

 

O sonserino mal sussurrara o encantamento e, em resposta, alguns pedaços de pergaminhos que continuavam na mesa foram empurrados por uma suave brisa.

 

“Faça de novo. Dessa vez, concentre-se para criar uma brisa suave e comande a sua varinha,” explicou Tom. “A varinha pode escolher o bruxo, mas é o bruxo quem controla a varinha.”

 

“Arctus!” Novamente ela observou enquanto o pergaminho era rasgado pelo vento. “Merda...”

 

“Pelo amor de Merlin.” Hermione ouviu a voz exasperada de Riddle e sentiu as mãos dele segurarem os seus ombros. Sem pensar, a garota pulou, assustada, e afastou-se dele.

 

“Não me toque!” Ela olhou para o rapaz, que agora a observava, confuso.

 

“Certo, não vou tocá-la,” ele falou, erguendo as próprias mãos como se tentasse mostrar que elas estavam longe da garota. “Feche os olhos.”

 

“O que?”

 

“Feche os olhos, Elston.” A garota quase sorriu ao ouvir uma pontada de irritação na voz dele. Agora, esse era o Tom Riddle que ela conhecia.

 

“Se você tentar fazer qualquer gracinha...” ela falou, baixinho, mas fazendo como ele havia pedido.

 

“O que diabos eu podia fazer? Acha mesmo que eu iria usar uma Cruciatus em você?”

 

“Não sei o que se passa na sua cabeça,” disse a menina, mordendo a língua antes de dizer que a Cruciatus deveria ser a coisa mais legal que ele podia fazer com ela.

 

“Não sou louco o suficiente para usar uma Imperdoável dentro de Hogwarts.”

 

“Isso significa que você a usaria fora do colégio?”

 

“Elston, por favor.”

 

“Sim ou não?”

 

“Talvez.” Hermione franziu o cenho ao sentir os dedos dele segurarem as mangas de sua capa, puxando-as para que ela erguesse os braços.

 

“Disse para não me tocar.”

 

“Não estou te tocando, estou tocando o tecido da sua capa,” ele falou, largando-a assim que ajustou os braços dela na posição em que queria: esticados na frente da menina. “Agora, Srta. Elston, o que é magia?”

 

“Se eu for ficar respondendo perguntas, posso abaixar os braços...?”

 

“Pelas barbas de Merlin.” Ela o ouviu suspirar e mordeu o próprio lábio para não rir. “Faça o que quiser com os braços, mas me responda. O que é magia?”

 

“Magia é energia,” disse Hermione e, só para irritá-lo, manteve os braços erguidos.

 

“E à quem ela pertence?”

 

“Ao bruxo ou bruxa.”

 

“E o que é uma varinha?”

 

“Um instrumento que leva a magia de dentro dos nossos corpos para o exterior,” ela respondeu. “Como uma ponte.”

 

“Certo, mas a varinha tem magia própria também e essa magia interfere na nossa.” Hermione sentiu Riddle puxar a sua varinha e fechou os dedos com mais força ao redor do objeto. “Vamos, Srta. Elston, me dê a varinha.”

 

“E deixar que você me desarme?” Ela riu. “Nem pensar.”

 

“Certo.” A grifinória ouviu barulho alto de algo batendo na madeira de cima de uma das mesas. “Me dê a sua e eu a deixarei ao lado da minha.” Hermione hesitou por alguns minutos, antes de finalmente afrouxar o aperto na varinha, deixando que o outro a tirasse de sua mão e a colocasse em cima da mesa. “Você normalmente sente magia quando segura uma varinha ou faz um feitiço, mas, se concentrando, você consegue sentir a magia até mesmo quando você está sem varinha.”

 

“Já li sobre isso,” ela disse, flexionando o braço. “E eu sei que nós temos magia apenas nossa, digo... Me lembro de quando era pequena, antes de descobrir que era bruxa. Eu conseguia fazer magia sem varinha sem nem mesmo querer.” A garota riu, lembrando-se da vez em que, sem querer, fizera o cabelo de uma colega de sala ficar azul depois que esta fizera graça com os seus dentes grandes. “Mas eu nunca mais senti aquilo.”

 

“Bruxos ficam viciados no uso das varinhas,” disse Riddle. “Eles as usam tanto e são sempre lembrados sobre como é mais fácil fazer magia com elas que se esquecessem que se esquecessem o poder enorme que têm dentro de si. Posso tocá-la agora?”

 

“Por que você quer me tocar, Riddle?”

 

“Posso?” Novamente, a voz dele tremeu, como se estivesse perdendo o controle sobre a sua calma.

 

“Se você não consegue se controlar.” Hermione respirou fundo, dizendo para si mesma não deixar a mostra o fato de que não gostava da proximidade de Tom. Na maioria das vezes, Lee era apenas um adolescente, um aluno de Hogwarts, mas ela sabia que havia ali, também, o Lorde Voldemort e lembrar-se disso a fazia estremecer... A bruxa ainda não acreditava que o deixara “ajudá-la”, assim como ela não acreditava que deixara que ele a arrastasse para uma sala vazia e a desarmasse. Talvez fosse aquele charme maldito, uma das coisas que ela mais odiava nele, pois sempre via os outros alunos se derretendo pelas palavras gentis e sorrisos bonitos de Riddle.

 

Logo, as pontas dos dedos de Tom roçarem contra a palma de sua mão. Hermione perguntou-se se aquilo poderia ser chamado de toque, pois a pele dele mal a tocava. Ela estava quase perguntando o que diabos ele estava fazendo quando sentiu alguma coisa estranha na palma da mão, na área abaixo dos dedos do outro. Era uma sensação quente, como um formigamento, que começava nessa área específica e se espalhava pelo resto de sua mão e, depois, para o seus dedos e punho.

 

“Consegue sentir?” Hermione concordou com a cabeça. “Não estou usando varinha, mas consigo trabalhar com a minha magia. Posso direcioná-la para fora do meu corpo e, caso queira, fazer feitiços com ela.”

 

“Magia sem varinha.”

 

“Sim. Eu sei o tamanho do meu poder e, com isso, aprendi o tamanho do poder da minha varinha. Consegui separar um do outro e, assim, minha magia comanda a da varinha,” ele explicou e a grifinória sentiu o calor em sua mão desaparecer lentamente, como se ele fosse sugado para dentro dos dedos de Riddle. “Aprenda o tamanho da sua magia. Aprenda o quanto ela consegue fazer sozinha e você conseguirá saber o que é seu e o que é da varinha.”

 

“E como eu faço isso?” Hermione perguntou, finalmente abrindo os olhos, e encontrou as íris geladas de Tom a encarando.

 

“Faça magia sem varinha,” ele falou. “Brinque com a sua magia, force-a para fora de si e, depois, de volta para dentro. Faça coisas flutuarem, mude a cor das roupas das pessoas. Sei lá, o tipo de coisa que você fazia quando era pequena e começou a mostrar sinais de magia. Use suas mãos... Há teorias que digam que as mãos são o portão de saída da magia, então... Mexa as mãos enquanto tentar fazer feitiços sem varinha. Faça os mesmos movimentos que você faria com uma varinha. Faça a magia achar o seu caminho para fora.” Tom olhou em volta, antes de esticar um dedo fino na direção de uma cadeira, girando o seu punho e, depois, sacudindo-o. “Wingardium Leviosa.” A cadeira flutuou por alguns segundos, antes de voltar ao chão. “Tente.”

 

Hermione fez como ele pediu e, na primeira tentativa, a cadeira apenas tremeu no chão, mas não se levantou. Na segunda, ela flutuou, antes de cair.

 

“Já é alguma coisa,” disse Tom, arqueando uma sobrancelha, antes de olhar para o próprio relógio de pulso. “Srta. Elston, apesar de achar que nossa reunião está muito interessante, preciso ir.”

 

“Hm, certo,” ela falou, pegando sua varinha em cima da mesa e observando enquanto Riddle fazia o mesmo.

 

“Vou deixar você sabendo da próxima vez que formos nos reunir para falar sobre a sua varinha.’

 

“Pode ser amanhã?” a bruxa perguntou e logo se amaldiçoou. Ela soara desesperada. “É domingo, não temos aula e é mais fácil.”

 

“Pode ser,” ele disse, sorrindo para ela. “Vejo você amanhã, Srta. Elston.”

 

“Te vejo amanhã.”

 

Hermione observou enquanto Tom Riddle saía da sala vazia que eles estavam usando. Assim que a porta se fechou atrás dele, ela se perguntou se o que havia acabado de ouvir na voz dele fora uma pitada de interesse ou apenas mais uma emoção forjada do rapaz.

 

***

 

Tom normalmente gostava das reuniões que marcava com os outros rapazes da sonserina. Elas normalmente serviam para que ele pudesse ver o progresso dos outros e ver como seus planos estavam indo, mas, naquele dia, Riddle queria não ter saído da cama... Ou ter ficado praticando feitiços com Hermione Elston. Naquele sábado, apesar de ainda não ter ouvido nenhuma bobagem vindo dos colegas, o rapaz não estava com a mínima vontade de ouvi-los falar.

 

“Meu pai nos levou para lá no verão,” disse Canopus Lestrange, esticando-se no sofá de couro negro. “Conhecemos uma família interessante, puro-sangue. Consegui falar com o filho deles, Ivan, sobre o nós. Ele pareceu interessado na causa, Tom.”

 

“Bom. E o que faz você pensar que esse Ivan... Qual o nome dele mesmo?”

 

“Karkaroff. Ivan Karkaroff.”

 

“Que esse Ivan Karkaroff nos será útil?”

 

“A família dele é influente e de sangue puro. Sem mencionar que Karkaroff tem uma mão boa para maldições.”

 

“O que você disse pra ele?”

 

“Que eu servia outro bruxo, alguém que favorece famílias antigas e a supremacia bruxa.” Lestrange sorriu ao ver o interesse nos olhos de Riddle. “Que Lord Voldemort ficará feliz de ter gente como ele ao seu lado quando tudo começar.”

 

“Isso é ótimo, Canopus,” sussurrou Tom. “Vai manter contato com ele?”

 

“Sim.”

 

“Vocês acham mesmo bom se meter com gente dessa laia?” perguntou Avery, fazendo uma careta. “Meu pai diz que russos são misteriosos demais para podermos confiar neles. Eles usam magia esquisita que só eles conhecem...”

 

“E isso não é bom?” Os lábios de Riddle se curvaram para formar um pequeno sorriso. “Quanto mais magia diferente do nosso lado, mais forte ficamos.”

 

“Eu acho que deveríamos prestar mais atenção na Alemanha.” Atlas cruzou a perna esquerda, apoiando o tornozelo no joelho direito e segurando o próprio pé esquerdo com as duas mãos.

 

“A maioria dos seguidores de Grindelwald estão na Alemanha,” disse Malfoy, torcendo o nariz e franzindo as sobrancelhas. “Eles não vão abandonar o líder deles para jurar lealdade a alguém que ainda está no começo...”

 

“Realmente acha que Grindelwald vai durar muito tempo?” perguntou Avery. “O homem tem boas idéias, sei disso, mas ele é muito seletivo e pomposo. Ouvi dizer que está se saindo mal nos ataques na França...”

 

“Ele foi azarado...”

 

“Sim, atacando famílias cujos membros eram Aurores.” Atlas riu. “Não é de se surpreender que ele não vem para a Bretanha. Aposto que o Ministério colocou um Auror em cada esquina em todas as cidades.”

 

“Não, o Ministério não está preocupado com ele. Preparado no caso de ele aparecer no meio de Londres, sim... Mas se esforçando? Não. Eles não querem assustar as pessoas.”

 

“Tanto faz. Como eu disse, acho que deveríamos prestar mais atenção na Alemanha. Tenho alguns conhecidos lá e, na realidade, já falei com um ou outro sobre nós. Eles pareceram interessados,” disse Avery. “E também a América... Alguém pensou neles?”

 

“É meio difícil achar alguém interessado em política e magia lá do mesmo jeito que somos aqui,” explicou Tom. “Pelo menos não com a nossa idade. Eles começam a praticar magia em Salem quando fazem vinte anos. Até lá, a maioria é educado em escolas menores, para aprenderem a controlar a magia, ou em casa, mas eles não tem essa imersão na política mágica até entrarem em Salem.”

 

“E o Brasil?” perguntou Abraxas. “Eles tem um bruxo como presidente.”

 

“Vargas?” Riddle estreitou os olhos ao lembrar de ter ouvido falar nesse homem ainda no orfanato.

 

“O Sangue-Ruim,” sussurrou Atlas, revirando os olhos. “O que, Abraxas? Ele é um sangue-ruim.”

 

“Ele era um aliado de Grindelwald, mesmo que a maioria das pessoas não soubessem.”

 

“E como você sabe disso, Abe?”

 

“Papai me disse,” disse o loiro. “Ele tem alguns conhecidos que conhecem Vargas. Aparentemente ele é um diabo de inteligente.”

 

“Ele era aliado da Alemanha até ver que eles estavam ficando mais fracos,” sussurrou Tom, lembrando-se do que o Sr. Macmillan havia dito à Sra. Cole uma vez. “Não... Ele era neutro, mas tinha um negócio pelo Eixo, e acabou declarando que o Brasil estava com os Aliados ano passado.”



“Eixo?” Lestrange olhou para o sonserino menor com uma sobrancelha erguida, curioso.

 

“Alemanha, Itália e Japão. Os Aliados são os países contra o Eixo.”

 

“Isso é sobre a guerra trouxa?” Canopus suspirou. “Realmente não entendo porque você perde tempo com essas coisas trouxas, Tom.”

 

“Pode ser útil,” explicou Riddle, apoiando os dedos de uma mão contra os da outra e sorrindo. “E não seria bom ter Getúlio como um aliado, acreditem em mim. Se o homem conseguiu dar as costas para o Eixo e para Grindelwald assim que viu eles estavam na pior, eu não esperaria nada diferente relacionado a nós. Sem contar que o Brasil é muito misturado... Eles tem muita magia interessante, é verdade, mas é muita mistura. Acredito que a Escola de Ondina, sozinha, consegue ter mais sangues-ruins do que Hogwarts, e ela é só um tipo de ensino superior. Imagine se considerarmos as outras escolas daquele país.”

 

“Se você diz.” Abraxas deu de ombros. “Mas eu daria uma chance ao Brasil.”

 

“Então até agora nós temos gente sabendo sobre nós na Alemanha, Rússia, França...”

 

“França?” perguntou Tom.

 

“Sim, encontrei algumas pessoas interessantes lá. Hmm... Oh! E me lembrei: tinha um outro cara russo que ficou interessado na sua causa, Tom,” disse Lestrange. “Não sei como ele ficou sabendo, mas ele me abordou em Moscou e me perguntou quem era o tal Lord Voldemort sobre o qual eu havia falado com Karkaroff.”

 

“Acho que alguém ouviu a sua conversa, Canopus!” Avery riu, cobrindo a boca com o próprio punho.

 

“Acredito, Atlas, que Canopus tem a capacidade de saber quando colocar um feitiço silenciador em volta de si, certo?”

 

“Então como algum homem alheio pode ter sabido sobre o que ele falou com o outro cara?” Avery apertou um lábio contra o outro e falou aquilo em um tom desafiador.

 

“Legilimência, é claro,” disse Tom, como se aquela fosse a explicação mais óbvia do mundo.

 

“Ah!” exclamou Lestrange. “Eu iria saber se alguém entrasse na minha cabeça!”

 

“Bons Legilimens não são notados quando entram na mente de alguém.” Riddle sorriu e, apenas por diversão, tocou da mente de Canopus com cuidado. O rapaz não percebeu nada. “Esse homem deve ser muito bom com Legilimência. Qual o nome dele?”

 

“Dolohov,” disse o outro e Tom não pôde deixar de notar que Abraxas se empertigou no sofá. “Antonin Dolohov. Ele é alguns anos mais velho do que nós.”

 

“Mantenha contato com ele e com Karkaroff, por favor...” Tom parou de falar ao ver a entrada do salão comunal da Sonserina se abrir. O bruxo apanhou a varinha rapidamente e, com um movimento, encerrou o feitiço silenciador que havia colocado ao redor deles bem a tempo de ver Walburga Black e Druella Rosier (uma sextanista de olhos escuros e cabelos castanhos longos que estavam, quase sempre, presos em penteados complicados) entrarem no lugar. Os olhos de Black logo encontraram o grupo de rapazes e ela sorriu, acenando para eles. “Boa noite, Srta. Black.”

 

“Boa noite, Sr. Riddle,” ela respondeu enquanto a amiga dava uma risadinha e sussurrava-lhe alguma coisa enquanto elas seguiam para o dormitório.

 

“Agora, se me permite dizer uma coisa, Riddle,” disse Lestrange, olhando para o corredor onde as meninas haviam sumido. “Eu daria uma chance para Walburga.”

 

“O que?”

 

“Walburga Black, a bruxinha bonita que acabou de falar com você, Riddle. Eu daria uma chance, sabe? Sairia com ela.”

 

“Pelas barbas de Merlin, Lestrange, não é como se eu...”

 

“Tivesse tempo para passar com uma moça?” completou Avery, rindo. “Todo mundo tem tempo para relaxar na companhia de uma dama, milord,” disse o sonserino, zombeteiro. “Especialmente com uma dama como a Srta. Walburga Black.”

 

A atmosfera focada da reunião sumiu rapidamente, dando espaço para uma conversa casual cheia de piadas e bobagens. Tom forçou-se a ficar ali por alguns minutos, antes de se levantar, dando aos outros uma desculpa esfarrapada de uma redação inacabada, e sair para o seu dormitório.



***



Hermione deixou uma pena escura em cima da mesa na frente da sala e voltou a se afastar. Fechou os olhos e respirou fundo. Com a varinha no bolso, a bruxa focou na sua própria magia, tentando guiá-la até a sua mão do jeito que Riddle havia feito. Depois de alguns minutos, ela podia sentir o formigamento em seus dedos. Sorriu e ergueu o braço. Hermione flexionou o punho e, depois, o estendeu rapidamente enquanto imaginava uma corrente de ar.

 

“Arctus!” A menina abriu os olhos a tempo de ver a pena sendo empurrada para fora da mesa por uma brisa forte, mas não tão violenta ao ponto de ser capaz de estragá-la.

 

Para a sua surpresa, a magia sem varinha estava se tornando mais fácil desde que Riddle lhe ensinara como praticá-la no dia anterior. Aparentemente, concentrar a magia em uma única parte do corpo deixava as coisas muito mais tranqüilas para serem controladas, permitindo que ela fizesse feitiços simples como Wingardium Leviosa, Accio, Impervius e Alohomora.

 

“Foi melhor que ontem.” Hermione virou-se, assustada, ao ouvir uma voz atrás de si.

 

“Por Merlin, Riddle, será que não podia ter batido antes de entrar?”

 

Tom estava parado no batente da porta, observando-a com cuidado, antes de se aproximar. Hermione não conseguiu não notar os círculos escurecidos embaixo dos olhos avermelhados do rapaz, assim como a expressão cansada no rosto dele.

 

“Sonho ruim?” A bruxa riu e apontando a mão para a pena outra vez, murmurando o feitiço de flutuação.

 

“O que?” ele perguntou e esse tempo que ele levou para responder, junto com o seu tom de voz, confirmou as suspeitas da grifinória.

 

“Você não dormiu bem, não é?” Ela sorriu, erguendo a mão e vendo a pena flutuar. “Você parece cansado.”

 

“Aulas nos cansam.”

 

“É domingo.” A garota parou o feitiço, deixando a pena cair, lentamente, no topo da mesa. “Além disso, sua cara é a cara de alguém que não dormiu bem.”

 

“Certo, certo, eu não dormi muito noite passada.” Riddle suspirou, erguendo a mão para esfregar os olhos.

 

“Muita tarefa para fazer?” Hermione sorriu. “Eu consegui fazer todas as minhas depois que você foi embora ontem.”

 

“Tarefas me mantiveram acordado até uma da manhã.” O sonserino estreitou os olhos. “Mas eu também já terminei as minhas.”

 

“Que bom pra você, Riddle.”

 

“Sim, que bom pra mim, Elston,” ele sussurrou. “Você conseguiu fazer o Arctus sem a varinha, isso é bom... E, como você viu, conseguiu controlar a intensidade dele sem ter a magia dela te atrapalhando. Praticou outros feitiços?” Hermione rapidamente listou os encantamentos que ela havia conseguido fazer. “Podemos tentar um mais complicado?”

 

“Por mim tudo bem... Riddle?”

 

“O que?” O rapaz olhou para ela enquanto guardava a própria varinha no bolso.

 

“Por que você está fazendo isso? Me ajudando com a minha magia...”

 

“Eu já disse, é meu trabalho como...”

 

“Pode parar com essa desculpa de Monitor-Chefe, Riddle.” Hermione riu alto, sacudindo a cabeça. “Nós dois sabemos que não faz parte do trabalho dos Chefes ter que ajudar alunos a praticar feitiços. Assim como sabemos que você não gosta de mim pelo fato de eu ser uma sangue-ruim.”

 

“Nunca vi uma nascida trouxa se chamar de sangue-ruim.” A garota sentiu vontade de chutar para longe do rosto dele aquele sorriso presunçoso, mas se conteve.

 

“É só um nome feio,” ela falou, encarando Tom. “E o nome de um nome apenas aumenta o medo da coisa em si.”

 

“Maneira interessante de pensar. Agora, chega de tagarelar e faça a pena sumir.”

 

Hermione olhou para o rapaz por um tempo, antes de se voltar para a pena. Era um tipo diferente de feitiço... Até agora ela só fizera as coisas se mexerem, agora ela tinha que fazer algo desaparecer.

 

“É o mesmo princípio,” disse o bruxo, esticando o braço e apontando para uma cadeira atrás de uma mesa. “Evanesco.”

 

A garota não ficou surpresa ao ver a cadeira desaparecer, assim como não ficou surpresa ao ver o sorriso arrogante que surgiu nos lábios de Riddle. Ao ver essa animação do rapaz, Hermione considerou a possibilidade de ele só a estar ajudando para se exibir... A grifinória conseguia facilmente se colocar no lugar dele: Tom sempre fora o melhor aluno de sua classe – talvez até o melhor do castelo – e, bom, no seu tempo, era ela quem estava naquela posição. Riddle já tinha a competição de McGonagall, e agora ele também a tinha. E havia uma maneira melhor para espantar os rivais do que mostrando a eles o quanto ele conseguia fazer? Minerva passara anos observando o potencial de Riddle, mas Hermione era nova e ele tinha que mostrar para ela que era melhor.

 

Oh, bem aquilo era divertido demais para ela.

 

“Tudo bem.” A grifinória apontou a mão para o seu alvo e se concentrou, novamente sentindo a sua magia se acumular em suas mãos. “Evanesco!”

 

Ela imediatamente olhou para Riddle. Afinal, Hermione não podia perder a chance de ver os olhos azuis dele se arregalarem ao ver a mesa, e não a pena, sumirem.

 

“Foi bom?” Ela sorriu, triunfante.

 

“Foi aceitável.”

 

A bruxa não conseguia não pensar em como aquele tempo que ela passava com Tom Riddle naquela sala parecia algum tipo de desafio louco e divertido. Ela não tinha idéia de quantos feitiços conseguiu fazer naquela tarde, nem conseguia pensar na quantidade de energia que estava gastando com toda aquela exibiçãozinha de poder feita entre os dois. A única coisa da qual ela tinha certeza era que ela adorava quando aquele brilho irritado aparecia nos olhos azuis de Riddle, sempre quando ela conseguia cumprir um de seus pedidos.


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Notas finais do capítulo

1- GETÚLIO VARGAS: eu tive que explicar quem ele era e tudo mais para o povo que lê a fic em inglês, acho que não preciso fazer isso aqui... quero dizer... Getulhinho, todo mundo conhece ele. Minha irmã é fangirl dele, assim como minha tia que é professora de Geografia, eu não gosto dele, mas, bah, bitch is a wizard, guys.
2- AS ESCOLAS BRASILEIRAS: eu já falei da Escola de Ondina, que vem dos meus headcanons, mas ai eu li A Arma Escarlate, da Renata Ventura, e PAH... juntei coisas do livro com o meu headcanon e agora o Brasil, na minha cabeça, tem 5 escolas (uma em Salvador, uma em Brasília, uma na Amazônia, uma no Rio e uma em Curitiba) + Ondina, que seria um tipo de universidade mais seleta e tudo mais, sabe? Por isso o Tom diz que "só em Ondina já tem muitos sangues-ruins, imagine em todas as escolas". Aliás, vão ler A Arma Escarlate, é um amor e a autora é uma querida.
Bom, espero que tenham gostado. Muito obrigado todo mundo que deixou review até agora e asydagsyd como sempre: reviews são muito bem vindos (recomendações também -QQ mas os reviews acho que são o principal, eles que dizem mais o que vocês estão achando e o que eu posso arrumar aqui). (: