Escórpio estava desconfiado, afinal o que havia acontecido com Hagrid? Se ele estava bem o que eram aquelas pegadas do lado de fora? Ele não estava maluco, Andry também havia visto tudo aquilo.

–- Entrem crianças – Convidou Hagrid – vamos tomar um chá.

Rosa, Alvo e Teddy já conheciam Hagrid, eles sempre se encontravam quando Hagrid visitava os Potter. A famosa cabana de Hagrid, que Rosa sempre ouvia histórias de seu pai era confortável, humilde, mas confortável, objetos estranhos decoravam o ambiente, as paredes eram feitas de um material antigo, nada naquele lugar tinha aparência de ser novo, mas era isso que tornava a cabana tão especial.

–- Então Hagrid conte-nos tudo o que aconteceu – Pressionou Andry.

–- O que aconteceu? Nada aconteceu crianças. – respondeu Hagrid

–- Como nada Hagrid? – indagou Andry – eu e o Escórpio viemos até sua casa e estava tudo de pernas para o ar, e havia pegadas de dois cavalos e um borrão, como se você tivesse sido carregado.

–- Quando entramos em Hogwarts pela primeira vez começamos a imaginar coisas – disse Hagrid - é um lugar tão maravilhoso, uma escola, uma casa, esse lugar é mágico e mexe com as pessoas. Você deve estar impressionado, por isso ficou imaginando essas coisas.

–- Imaginando? – Interrompeu Escórpio.

–- Sim imaginando – respondeu Alvo - eu disse que você era um mentiroso, estava com medo de não ter amigos em Hogwarts pela família que tem e por isso fica inventando histórias para que pudesse se aproximar da gente. Tinha que ser filho de um Malfoy mesmo.

Escórpio ouviu cada palavra em silencio, mas quando Alvo insultou sua família o sangue veio a sua cabeça. Levantou da cadeira e foi na direção de Alvo, Andry entrou no caminho para impedir, mas foi lançado contra um sofá pelo amigo, o rosto de Escórpio estava vermelho, toda sua raiva estava concentrada em apenas uma pessoa e ele queria mata-lo. Escórpio agarrou Alvo pelo pescoço, Rosa gritava para que alguém ajudasse Alvo, mas Teddy estava se divertindo com aquilo tudo e Andry estava caído em cima do sofá ainda.

–- Hagrid faça alguma coisa. – Gritou Rosa.

–- Eu não posso – respondeu o gigante – fiquei preso nesta cadeira.

Escórpio empurrou Alvo pelo pescoço até a parede, suas mãos estavam suando, suas pernas tremendo, não podia machucar alguém, mas sua raiva era maior.

–- Nunca mais ouse falar da minha família seu Potter nojento – disse Escórpio com uma lagrima caindo pelo rosto.

–- E você vai fazer o que? – Provocou Alvo – Vai me matar? Como seu pai matou o diretor de Hogwarts?

–- Meu pai não matou Dumbledore.

–- Não matou, mas é por culpa dele que Dumbledore morreu, se ele não tivesse do lado do mal nunca os comensais invadiriam o castelo e ainda teríamos nosso diretor aqui.

–- Isso não é verdade, você nunca ouviu toda a história? Meu pai foi usado, e por trás disso havia um plano, meu pai não é um assassino.

–- Havia sim um plano, mas isso não muda o fato que seu pai foi e ainda é um comensal da morte.

–- Eu já disse para não falar mal da minha família – Escórpio deu um soco em Alvo, seu rosto estava coberto por lagrimas, já era o suficiente julgar sua própria família, mas ouvir isso da boca de outra pessoa era terrível. O nariz de Alvo começou a sangrar – Sim meu pai cometeu erros, ele foi um comensal da morte, mas ao contrario do que você diz ele não é um homem mal, naquela época meu pai era um menino, um menino confuso ele não sabia o que estava fazendo, ele simplesmente fez o que todos disseram para ele fazer, seus pais eram comensais da morte ele não teve escolha, mas depois ele se arrependeu todas as noites ele me contava história sobre sua vida e como ele havia errado, ele me contava que se pudesse voltar no tempo e recomeçar ele mudaria tudo, meu pai sempre usava o nome Potter para me dizer o que era certo, ele usava seu pai para me ensinar como tratar as pessoas, como ser amigável e honesto, ele dizia que a família Potter era uma família boa, mas vejo que não – Escórpio chorava cada vez mais, já estava soluçando – um nome não demonstra o caráter da pessoa, nem todos os Potter são pessoas boas, uma pessoa não deve ser reconhecida pelo que seu pai fez ou foi, um exemplo é você que é uma vergonha para os Potter, então não venha me julgar pelo que meu pai fez, eu sou diferente dele, não cometerei os mesmo erros, sempre lutarei pelo bem. E lembre-se Potter, nunca mais ouse falar da minha família, nós não podemos ser perfeitos, mas estamos concertando todos os erros do passado agora, minha família mudou.

–- Isso foi comovente – disse Alvo – preciso chorar também?

–- Chega! - Gritou Rosa – Cale a boca Alvo.

–- Eu não vou perder meu tempo com você. – Escórpio soltou Alvo e foi à direção de Andry e ajudou o amigo a levantar – Desculpe Andry, vamos embora daqui.

–- Já vai Malfoy? – Continuou Alvo – você parece mesmo com o seu pai, como sempre um frouxo.

–- Não dê ouvidos a ele – disse Andry.

–- Não precisa se preocupar Andry – disse Escórpio passando pela porta - este garoto não merece minha atenção, eu tenho pena de você e de seu pai, ele não merece ter você como filho.

O garoto loiro passou pela porta e seguiu para o castelo, o céu continuava azul, o dia era perfeito, da cabana se avistava os dois garotos indo embora, suas sombras se cruzavam, Andry parecia contente, estava rindo alto lembrando o acontecido. Na cabana Hagrid ainda estava paralisado, estava preso à cadeira, mas não era só isso que lhe fazia permanecer no lugar, estava paralisado por que não acreditava no que estava vendo, a história estava se repetindo nas famílias Potter e Malfoy, mas algo estava errado, os personagens tinham mudado.