Amor Fraterno escrita por July Carter


Capítulo 5
Capítulo quatro.




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Os olhos verdes do rapaz alto estavam emundados em lágrimas. Seus olhos vermelhos eram fruto de várias noites em claro desde o acidente que a tomou dele. Para ele, tudo estava desabando, sua vida havia sido extraída e ali, só lhe restava à dor.
Aquilo o consumia, Isabella era sua irmã, era certo que doesse, mas não que ficasse daquele jeito, parecendo um morto vivo. 

- Edward... – A voz baixa e chorosa da mulher loira adentrando no quarto despertou o rapaz de seu pequeno mundo. Seu coração, seus pensamentos agora estavam distantes dali, na verdade, tudo estava prese em um caixão juntamente com a garota de cabelos longos negros deitada em um caixão. Seu coração estava com sua irmã.

- O que faz aqui? – respondeu com a voz fria. A raiva dominou seu corpo.

Renesmee não o culpava, Edward era o seu irmão mais velho, com vinte e dois anos estava prestes a entrar em uma das faculdades mais renomadas dos Estados Unidos e agora estava ali, deprimido por culpa de si.

Agora, o sonho de toda família Swan estava sendo arruinado aos poucos. Edward não fazia nada a não ser ficar trancafiado em seu quarto. Passou a odiar sua irmã mais nova com todas as forças, a culpava pela morte de Isabella e com toda razão.

- Mamãe me mandou vir “espioná-lo”. – sussurrou a garota olhando para as próprias mãos. – Sabe que a culpa não é minha. – prosseguiu.

- Não é sua? – riu descaradamente balançando a cabeça. – Me admira que tenha coragem de olhar para a minha cara. Não preciso de ninguém cuidando de mim, muito menos você. Agora, avise para dona Renné que não quero vê-la nem pintada de ouro. – Edward levantou da cama e caminhou até a janela onde deparou-se com a leve chuva que caía como todos os outros dias naquela cidade. – Não quero que ela fique espionando minha vida nem que mande ninguém me espionar. Principalmente se esse alguém for você, Renesmee Carlie Swan. – deu um meio sorriso irônico. – Por que não vai atrás de seu amante de merda e o avisa que irei ver minha sobrinha amanhã? Para o bem dele, recomendo que não apareça na minha frente, não serei responsável pelos meus atos.

- Sempre suspeitei que sentia algo pela sem sal da Isabella, mas chegar ao ponto de querer tê-la em seus braços Edward... Nunca imaginei que chegaria a isso.

- O que quer dizer? – perguntou com arrogância virando-se para a irmã.

- Quero dizer que deveria ter pensando duas vezes antes de falar assim comigo. Sou sua irmã e eu continuo viva, Isabella está morta e quer saber a verdade? Fico muito feliz com isso. Sou sua única irmã agora.

- Eu preferia que você estivesse morta. – Edward abriu a porta do quarto. – Pelo menos Isabella tinha mais personalidade que você e se me permite dizer, era muito mais honesta. Faça um favor para si mesma antes que eu tenha que lhe empurrar para fora daqui à ponta pés, saia do meus quarto.

- Isso não ficará barato. – A garota murmurou por fim dando um sorriso debochado e assim, saiu do quarto.

Edward apenas revirou os olhos batendo a porta com força, encostou-se contra a parede e fechou os olhos franzindo o cenho. Como ele queria que ela estivesse aqui...

[...]

O vermelho nos olhos da garota morena se dissolvia aos poucos, a velocidade com que conseguia absorver tudo o que lhe diziam era acreditável. Apesar dá dor insuportável em sua garganta ela conseguia conciliar tudo com clareza. Havia se passado apenas dois meses desde a sua suposta “morte”, a dor que tomava conta de seu peito apenas aumentava. Ela sentia falta de tudo, de todos na verdade. De sua filha e de seu irmão... Edward. Seu maior desejo nesse momento era acabar com Renesmee, tomar sua vida de volta. Destruir de pouquinho em pouquinho Jacob, o homem que transformou seus adoráveis sonhos em um temeroso inferno.

O vampiro loiro se aproximou lentamente dela, tocou em seus ombros e se sentou ao seu lado. O homem respirou fundo e tentou encolher-se.

- Tudo ficará bem. – prometeu.

- Quando poderei ver minha filha novamente? – perguntou baixinho encarando suas mãos.

- Dentro de um ou dois anos. – suspirou. – Entenda, só assim poderá ter a certeza que não irá atacá-la.

A dor ficou estampada no rosto de Isabella.
Era óbvio que ela não conseguiria ficar tanto tempo longe de sua filha, ela sentia falta dela, sabia que longe de sua pequena ela estaria propícia a qualquer acontecimento ruim. Longe dela, Isabella não poderia protegê-la. Infelizmente, nesse momento, o único perigo que sua pequena poderia correr era se sua mão estivesse ao seu lado.

- Eu... Eu posso pelo menos telefonar para o meu irmão? Pedirei para falar com minha filha. Eu juro... Eu juro que não direi nada para ele, só não consigo ficar sem saber se ela está bem.

- Bella... Você sabe que Esme vai vê-la todos os dias, até que as duas se dão bem. – Carlisle sorriu. – Não há nada de errado com sua filha. Ela ficará bem.

- Você não entende Carlisle... – tentou argumentar.

- Pode ter certeza que entendo perfeitamente a dor que sente. – ele suspirou. – Já passei por isso assim como Esme também. Infelizmente, não tivemos a mesma sorte que você, pelo menos eu não.

- O que aconteceu? – Isabella indagou curiosa.

- É uma longa história.

- Acho que tenho tempo suficiente para tudo isso. – Ela deu de ombros.

Romênia, 24 de outubro de 1898

As luzes de toda a cidade iam se apagando conforme o barulho das badaladas do relógio, a noite finalmente estava de volta. Tenebrosa, fria. A maior parte das pessoas estavam em suas casas, ou amontoadas em um lugar qualquer, entre quatro paredes, de preferência.

Haviam boatos de que um assassino sanguinário vagava pelas ruas escuras da Romênia, todas as noites ele saía, e no dia seguinte, um novo corpo era encontrado. Novas vítimas, desconhecidas ou conhecidas da sociedade, não importava, ninguém estava a salvo. Ele não seguia um critério, talvez isso fosse o fator intrigante.

Não existia um perfil ao certo para as mortes. A maioria era mulher, é claro, mas todos os cardáveis apareciam com seu sangue completamente drenado. O conselho da Romênia já havia avisado, nenhuma pessoa, desde os mais ricos aos desafortunados, não deveria estar fora de sua casa ao anoitecer. Porém alguns desavisados insistiam em atravessar os becos escuros no meio da noite, na verdade, não havia opção. Aquilo era o único modo de sobrevivência que conseguiam achar. Carlisle, infelizmente, era um dos desavisados dessa noite.

Seus cabelos eram de um tom claro de amarelo, estavam cobertos por um chapéu negro antiquário, ele vestia um terno impecável, suas mãos estavam cobertas por luvas na tentativa de aquecê-lo contra o frio. Estava no lugar errado, na hora errada. Descobriria cedo demais o significado da dor, a morte estava batendo em sua porta.

Um vulto passou a sua frente e ele deu pulo para trás, agarrou-se em seu cordão que estava preso ao seu pescoço, era um legítimo católico praticante, suas mãos curvaram-se com força contra o crucifixo que carregava em seu pescoço. Quem dera que aquela ação adiantasse contra algo, apenas atraiu ainda mais a doce ironia de seu assassino que se aproximou ainda mais de Carlisle que se virou na direção oposta.

“ – Não deve ser muito difícil correr em direção a igreja. Ele não iria conseguir me pegar. “ - pensou, pobre coitado.

Uma mão pousou em seus ombros, suas pernas agora estavam trêmulas, a causa de várias mortes poderia estar em sua frente. O que faria? Nem ele mesmo sabia.

– Quem é você? – ordenou-se a perguntar, tentou parecer forte, mas sua voz não passou de um baixo sussurro.

Os lábios do dono da voz apenas curvaram-se em um sorriso torto. Apesar da escuridão Carlisle poderia perceber que o homem era belo.

– Sugiro que não se interesse em saber. – A voz do homem parecia com o soar dos sinos. – Acredite, quero apenas sua ajuda.

– Minha ajuda? – repetiu as últimas palavras do rapaz.

Ele assentiu.

– Estou faminto, preciso de comida.

Carlisle pensou duas vezes antes de responder. Se aquele fosse mesmo o assassino aquilo poderia significar sua morte.

– Sinto muito senhor, mas não posso ajudá-lo. – sussurrou calmamente. – Como vê, o pouco que tenho mal dá para mim, ainda tenho um filho que me espera faminto em casa.

– Casa?– aquela palavra soou diferente vinda dos lábios do homem. – Isso quer dizer que o senhor poderá me fornecer um abrigo. Só preciso de um teto para descansar.

– Não sente medo? – perguntou Carlisle. – Estamos passando por um tempo difícil, há um assassino a solta, eu poderia ser ele. – ele olhou para o lado, a escuridão que tomava conta do local o assustava. – Não posso leva-lo até minha casa, questão de precaução.

– Me desculpe, mas o que o senhor disse? – O tom da voz do homem mudou completamente, agora estava dura, fria. – Não sou um simples homem meu senhor... – Deu um meio sorriso. Carlisle podia sentir os pingos d’água que caiam sobre si. – Sou o Conde Drácula. Moro nos Montes Cárpatos, sou um forasteiro, deveria me tratar com mais educação.

A voz de Carlisle simplesmente desapareceu. Aquele homem estava blefando, tentou se convencer. Era impossível aquilo ser verdade, Conde Drácula não existia, pelo menos não na mente de Carlisle.

– Não acredita? – O homem perguntou após perceber o silêncio, deu um sorriso sínico. – Sempre acontece isso... Irei lhe provar que falo a verdade.

A chuva que pairava sobre o lugar apenas aumentou.

– Não precisa... – tentou falar.

A única coisa que pensou foi em correr, mas logo o pobre Carlisle foi atingindo por algo caindo contra o chão. Sangue corria por seus joelhos cortados, o que aumentou a sede do Drácula. Os lábios do homem curvaram-se e ele com agilidade se aproximou.

– Eu acredito em você. – Carlisle falou em tom baixo. – Não me mate. – sussurrou por fim.

Porém Drácula não ouvia ninguém a não ser a própria sede. Os dentes do monstro foram cravados no pescoço de Carlisle e aos poucos a dor e a escuridão foi o tomando, para por fim, ele apagar.

Dias atuais.

- Isso... Não sei o que dizer. – sussurrou Isabella olhando para o chão.

- Não precisa dizer nada, só quero que espere algum tempo, não quero que perca sua filha...

- Farei o que diz. – suspirou.

Carlisle se levantou e apenas saiu.

Alguns meses depois

O corpo jogado de qualquer modo amontoado no sofá trazia lembranças desconfortáveis para Isabella. Na casa dos Cullen havia um pequeno computador, Bella aproximou-se do mesmo sem pensar duas vezes e o ligou rapidamente. Era engraçado analisar pela primeira vez um computador de ultima geração, sendo que o único que havia usado até hoje era o velho computador que ficava em seu quarto. Esse era diferente, possuía um sensor de toque muito eficaz para ela.

Suas mãos deslizaram pela tela e como sempre a pequena janela do msn chamou sua atenção. Isabella sentia a necessidade de falar com alguém de sua família, particularmente, seu irmão. Queria saber como estava Edward e sua filha sem ela, se estavam bem, se conseguiam estar felizes. Seis meses haviam se passado desde o acidente, há seis meses Isabella não tinha notícias de sua família nem de sua amada filha.

A janela do msn voltou a chamar sua atenção, ela clicou na mesma, afinal, que mal faria? Seu login aos poucos foram aparecendo na tela conforme ela digitava, sua senha foi inserida e ao clicar em entrar o bonequinho na tela começou a girar.

“ Talvez Edward tenha trocado a minha senha.” – pensou.

Seu olhar percorreu por todo o quarto, mas quando finalmente voltou a olhar para a tela do computador viu algo que não esperava. A conta tinha acessado. Seus olhos automaticamente adquiriram um brilho diferente, seu coração que agora estava parado, se estivesse batendo sem sombra de dúvidas estaria a mil.

Edward Swan diz: Quem está ai?

A janelinha subiu na tela fazendo com que seu peito se apertasse e seus lábios se curvassem.

“ O que eu fiz? “ – Se perguntou.

Edward Swan diz: Vamos, me diga quem é você.

Insistiu, mas Isabella nada fez, apenas fechou a janela e apertou em sair. Ele ainda lembrava-se dela.

[...]

– Idiota. – o rapaz falou irritado. – Isso não é o tipo de brincadeira que se faça. – rosnou se levantando da cadeira e a jogando contra a bancada com força.

Edward caminhou até o guarda roupa e pegou com pressa o casaco pesado, colocando contra a sua camisa. Sem olhar para trás, puxou o computador da tomada e saiu do quarto.

– Onde vai Edward? – A voz de uma senhora que possuía jovens feições chamou sua atenção, mas não o suficiente para que o fizesse responder. Ele apenas balançou a cabeça e saiu dali sem dar muita atenção.

Andou calmamente até a garagem e buscou em seu bolso uma pequena chave, com agilidade destrancou o grande audi preto.

Ao entrar no carro Edward pisou fundo no acelerador e sem perceber estava sendo guiado para a estrada onde sua vida deu-se inicio o fim de sua vida, ele parou o carro no acostamento e desceu do mesmo, com cuidado, ele desceu o barranco onde tudo aconteceu. O carro que um dia fora seu, seu tão amado volvo prata, que agora não passava de uma lataria velha e do tumulo de sua irmã.

O corpo de Isabella nunca foi encontrado e isso fez com que Edward se odiasse ainda mais. Por que ele escondeu o caso de Renesmee e Jacob por tanto tempo? Por que não teve a capacidade de contar tudo logo no inicio? Talvez se tivesse feito assim Isabella ainda estivesse viva.

Um barulho baixo ecoou pelo local, automaticamente, Edward se virou em direção a ele.

– Quem está ai? – perguntou temeroso, suas mãos tremiam, ele olhava freneticamente para os lados. – Quem está ai? – perguntou novamente adentrando na floresta.

– Edward. – Uma voz rouca assustou o rapaz. Ele olhou novamente em direção à voz, mas não havia mais ninguém ali.

– Pare já com essa brincadeira quem quer que seja! – vociferou.

– Edward... – a voz o assustou novamente. – Sou eu Edward.

O rapaz olhou para trás e assustou-se com o que via.

– Bella? – gaguejou.

Essas feridas parecem não querer cicatrizar
Essa dor é muito real
Há simplesmente tantas coisas que o tempo não pode apagar
My Immortal - Evanescence


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