“O amor pode ser algo tão grandioso e devastador quanto um verdadeiro furacão.
Pode provocar a sensação de alegria, êxtase, infelizmente, faz com que você pense que está no controle, mas de repente você se vê em uma encruzilhada. Sabe que está errado, que é algo perigoso, porém faz questão de cometer esse erro. É como uma droga. O craque. Leva-te ao delírio e depois, em questão de segundos, ao inferno.”

July Carter

O pequeno calendário que estava na elegante penteadeira do quarto da garota estava completamente riscado. Desde que a data do casamento fora marcado ela riscava ansiosamente cada dia que passava. E hoje, a data tão esperada chegara. O dia do seu casamento.

Do lado de fora se dava para ver o céu limpíssimo, o que era raro naquela cidade chuvosa. Apesar do sol que ameaçava aparecer, ainda estava frio, o que era facilmente ignorado pela noiva que trajava um vestido curto, já que era um casamento na praia, e branco, o que era praticamente uma tradição. Um pequeno véu estava preso em seus cabelos encaracolados e preso em um pequeno coque. Uma verdadeira princesa.

Um pequeno sorriso estava cravado em seus lábios. Um sorriso maroto que deixava claro o quão satisfeita estava com aquela situação. Não ligava de demonstrar o nervosismo, para ela, aquilo era uma forma de mostrar seu amor.

Enquanto terminava de passar seu gloss um baixo barulho ecoou pelo quarto. Lentamente, caminhou até a porta do quarto abrindo-a lentamente. Seu olhar percorreu de cima abaixo pelo corpo do rapaz que estava perante a porta. Quando seu olhar e o do rapaz se encontraram seu coração praticamente parou por alguns segundos. Ali estava seu irmão mais velho, motivo de alguns suspiros na adolescência. O mesmo que possuía uma beleza inebriante.

Um suspiro escapou por seus lábios. Seus olhos se fecharam, ao abri-los novamente deparou-se com um largo sorriso.

- Oi. – Sussurrou Edward tomando-a pelos braços. – Não consigo acreditar que você está se casando. – murmurou. – Ainda mais com aquele cachorro.

- Edward... – Isabella tentou mudar de assunto. Odiava quando falavam daquele jeito de seu amado, ainda mais quando esse alguém se tratava de Edward, seu irmão.

- Eu realmente não queria isso. – Confessou. – Sei que ele é o pai de Anelise, sei que você o ama e é por amá-lo que não pode aceitar isso. Bella, ele te trai. Te trai diariamente e no fundo sei que sabe disso.

- Por que faz isso Edward? Não pode simplesmente aceitar meu casamento?

- Você vai sair da nossa casa. – Concluiu.

- Vamos nos casar. – disse incrédula.

- Não pode simplesmente afastar Anelise de mim. Não pode se afastar de mim. Você é minha irmã, ela é minha sobrinha. Preciso cuidar de vocês dois.

- Você é louco Edward. Sinceramente, muito louco. – ela fechou os olhos.

- Se quer condenar a sua vida na traição tudo bem, mas se quiser ter certeza, ele está no quarto de hóspedes “se arrumando”.

O rapaz saiu do quarto batendo a porta com força.

O corpo de Bella fraquejou, suas pernas tremeram e seu corpo caiu sobre a cama.

Por mais que soubesse que Jacob nunca seria capaz de traí-la, sem pensar duas vezes, Isabella se levantou da cama arrumando sua roupa. Abriu a porta de forma tímida e saiu do quarto lentamente, olhou para os lados, desceu as escadas da grande mansão que levava até o quarto de hóspedes.

Um barulho alto era ouvido da porta. Gemidos femininos descontrolados.

Duas respirações fortes eram ouvidas. Bella levou as mãos já trêmulas até a fechadura.

Por dentro rezava para Jacob não estar ali. Por mais que tivesse a certeza que ele não a traia, agora temia.

- Mais rápido. – Uma voz ofegante conhecida ordenou.

Suas mãos rodaram na fechadura agora com mais decisão. A porta foi aberta de uma vez só.

Ali estava. Jacob e Renesmee. Duas pessoas em quem confiava cegamente. Sua irmã adorada e seu noivo.

Renesmee estava por cima de Jacob em uma posição nada confortável. Seu corpo completamente despido, seus cabelos de um tom dourado, igualmente os de Edward, seus lábios colaram-se nos de Jacob e foi nesse momento que Isabella não se segurou.

- RESNEMEE! JACOB! – gritou. – Eu não acredito. – sussurrou para si mesma, lágrimas desciam por seu rosto. – Sua vadia! – andou até a cama puxando-a pelo cabelo e a jogando no chão. – E você Jacob? Seu cafajeste! Não acredito que acreditei em você. – seus punhos se fecharam.

Seu corpo foi para frente, nesse momento Edward entrou no quarto segurando sua irmã do meio. Aproximou-se de Jacob socando-o sem piedade.

- Você mexeu com a pessoa errada. – um pequeno sorriso perverso brotou nos lábios de Edward.

Sem pensar duas vezes Renesmee vestiu o paletó de Jacob e correu para a sala de estar onde todos estavam.

- Me ajudem! Me ajudem! – chorava descontroladamente. Renesmee sempre foi conhecida pelos seus dramas exagerados que sempre comoviam dona Renné, sua mãe. – Edward... Edward vai matar Jacob.

- Do que está falando? – Um senhor de aparentemente uns sessenta anos sussurrou.

- Eles estão no quarto de hóspede.

Todos correram para lá e quando Anelise pensou em correr também Renesmee a puxou pelo braço.

- Você não irá sair daqui pirralha. – deu um meio sorriso jogando a garotinha contra o sofá. – Sabia que seu papai e eu estamos namorando e eu logo serei sua nova mamãe?

- Eu não quero uma nova mamãe. – A garotinha sussurrou pulando do sofá.

- Mas vai precisar de uma nova mamãe. – Renesmee deu um meio sorriso. – E ninguém melhor que sua titia que te ama tanto. – Ela se sentou ao lado de Anelise puxando-a para seu colo.

Um soluço escapou pelos lábios de Anelise e logo todos estavam de volta para a sala.  

Isabella passou feito um furacão por todos, pegou sua filha no colo e saiu correndo em direção ao local onde estava estacionada sua picape.

- Bella. – Edward segurou seu braço. – Esfrie a cabeça, por favor, não saia agora. Está ameaçando chover.

- Eu preciso sair daqui Edward. Me sinto sufocada...

- Deixe que eu vá com você. – sussurrou.

- Não. – olhou para Anelise. – Quero ir sozinha com a minha filha. Só por hoje, amanhã eu juro que volto para te ver.

Edward ficou parado por algum tempo, respirou fundo.

- Tome cuidado.

- Eu sempre tomo.

O rapaz se abaixou um pouco beijando a testa da irmã que entrou dentro do carro.

Uma grossa camada de chuva caía pelas estradas que levava a pequena reserva de La Push até Forks. Seu coração batia de forma acelerada, ela sentia-se perdida, não fazia a mínima ideia do que poderia fazer. Não sabia a quem recorrer ou com que contar.

Suas mãos trêmulas e seus olhos cheios de lágrimas a cegavam. Seu olhar independente de tudo estavam fixos na estrada praticamente fazia. Tudo aquilo fazia com que a menininha que estava sentada em uma pequena cadeirinha no banco de trás do carro ficasse ainda mais assustada.
A adrenalina que corria por suas veias fazia com que ela sentisse uma sensação de êxtase.

Isabella não fazia ideia do que fazer, apenas sabia que tinha medo das consequências que sua decisão poderia trazer não só para si mesma como para também a única pessoa que realmente poderia se importar por ela. Sua filha. Que apesar de pequena parecia entender tudo que se passava por ali. Tanto que seu semblante era quase que de dor.

Mas a sensação de perda que tomava conta de seu coração era muito maior do que tudo isso. O ódio tomava conta de seu coração e aos poucos ela ia se esquecendo de todo amor que um dia existiu ali.

- Droga! – praticamente gritou em meio às lágrimas que praticamente a cegava.

- Mamãe. – Sua filha gritou, mas foi facilmente ignorada.

“ – O que ela tem que eu não tenho?” – Se perguntou pela milésima vez daquele dia.

Bella nunca foi à garota mais bonita daquele lugar, longe disso, segundo ela mesma. Sentia-se comum e depois do acontecido, tinha a garantia que era um verdadeiro lixo. De certa forma, ela tinha certeza de que aquela era a causa de Jacob tê-la traído. Mas o que leva um homem trair a namorada com a própria irmã da mesma? Talvez a luxúria.

Aquele era um dos sete pecados capitais. Pecado que Jacob não pensou duas vezes antes de cometer.

Suspirando, ela levou seu olhar em direção ao banco de passageiro onde estava sua pequena filha que agora estava presa em seu próprio mundo. Dormia tranquilamente, e infelizmente, Isabella cometeu um erro terrível ao fazer isso.
O carro onde estava derrapou para o lado e quando finalmente se deu conta de tudo o que tinha acontecido ela não pensou duas vezes, apenas tentou salvar a vida de sua pequenina enquanto era guiada rumo à escuridão.