Chapeuzinho Vermelho escrita por Nana San


Capítulo 12
Chapeuzinho Vermelho - XI


Notas iniciais do capítulo

Depois de dias e mais dias perdendo minha essência pelas narinas (ok, isso foi nojento) renasço aqui na frente de todos e volto a postar Chapeuzinho Vermelho o/
Quêeee isso. Tá. Parei.



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Só faltou que Violet fosse santificada. Depois da expulsão de Charlie, do banho demorado e da longa conversa que a mãe teve para explicar o que havia acontecido com a garota, veio algo ainda mais estranho.

– Filha, a mamãe já te explicou tudo, só falta uma coisa. A sua avó pediu que eu lhe desse uma coisa quando esse dia tão importante chegasse. Ela saberia só por te ver que já não é mais uma garotinha e não faria com que você falasse sobre o assunto. Algumas meninas sentem vergonha, outras preferem esconder por algum tempo até se acostumarem com a ideia.

A mãe se levantou, abriu a porta do armário, tirou de algum canto um embrulho de papel colorido com um enorme laço de fita branco e entregou nas mãos da filha. Ainda sem animação, Violet abriu o pacote e deparou-se com uma capa de seda vermelha.

Mesmo que a situação fosse embaraçosa, ela não conteve o sorriso. E que belíssima capa era. Algo parecido com aquelas que os reis e as rainhas vestem nos livros. Não tão pesada ou longa, mas na medida certa para uma mulher, uma mulher como Violet.

– Gostaria de agradecer à minha avó.

– Como quiser, querida. Prepararei, amanhã, uma cesta cheia de guloseimas para ela.

E se fez noite. Violet havia conhecido um mundo novo e se transformado em mulher naquele mesmo dia, mas ainda assim sentia que algo lhe faltava. Seu desejo de ficar semanas presa dentro de casa havia ido contra seus planos. Porém, aquela noite a acolheu como um berço, daqueles que balançam, ninando-a confortavelmente.

Seu sono foi praticamente orquestrado por um coral de anjos que a guiaram para um lugar muito especial. Minha menininha foi avisada, eu fiz o máximo que pude, mas a essa altura da história não há mais como fazer mudanças profundas. Tentei mostrá-la como algumas tradições são desnecessárias, como as pessoas - aos poucos - compreendem as estranhezas dos outros e acabam aceitando.

Não era necessário que se levantasse, vestisse a capa e fosse mostrar à avó algo que fatalmente ocorreria dia ou outro. Mas como uma garota teimosa ela se levantou, pensou por dois ou três segundos no sonho que havia tido, balançou a cabeça e abriu as portas do armário, buscando a melhor roupa para ir à casa de sua avó.

Uma blusa branca de renda, um corpete preto de cadarço - combinaria bem com suas botinas - uma longa saia vermelha. Vestiu a capa, tomou a cesta de vime nas mãos e beijou a testa da mãe, saindo pela porta.

– Esqueceu uma coisa... - Disse a mãe colocando o capuz em Violet.

Violet havia tido uma ótima noite de sono, recuperou as forças e agora pensava estar preparada para enfrentar as árvores do Bosque novamente.

– Não tenho medo de você, Lorenzzo. - Disse distanciando-se de casa, sem olhar para trás, adentrando cada vez mais na floresta densa.

– Pois deveria ter. Para onde está indo? - Disse pulando na sua frente.

– E te interessa? - Disse recuando alguns passos.

– Tudo sobre você me interessa.

– Por que me tratou daquela maneira ontem?

– Você está cheirando tão bem, Violet... - Disse respirando o ar em volta dela.

– Não me respondeu.

– Também fiquei com saudades se é isso que quer saber. E na verdade já respondi uma. Vamos fazer o seguinte? Uma por vez. Ainda não respondeu a minha. Onde está indo?

– Para casa da minha avó.

– Ah... Que interessante. E o que leva na cesta?

– Nada que te satisfaça.

– Tem toda razão. Agora... Por qual caminho você vai?

– Lorenzzo!

– Essa é uma pergunta tão inocente, criança. Por favor, juro que é a última.

Violet cruzou os braços e parou de andar. Percebeu em sua face olheiras profundas, a roupa branca destruída e os pés descalços. Ele não estava conseguindo ficar de pé, mal se apoiava nas árvores. Fraco. Essa é a melhor palavra para defini-lo naquele momento.

– Acho que choveu ontem à noite. Não queria sujar minhas roupas.

– É... Choveu bastante. Siga pelo caminho das agulhas é maior, porém, mais seco.

– Lorenzzo... Ainda não me explicou por que disse aquilo ontem.

Violet sentia um nó se formando dentro de sua garganta, impedindo-a de respirar.

– Não, não, criança. Não fique triste. Guarde sua tristeza para mais tarde. Quando pensamos que a tristeza que sentimos não é pareo para qualquer outra do mundo, estamos sendo egoístas.

Violet engoliu o choro e apertou a alça da cesta na palma da mão. Ele piscou, pôs as mãos no chão e saiu correndo pelo caminho dos alfinetes. Ela não sabia o fazer, sentiu vontade de segui-lo, mas seus olhos eram assustadores demais para isso. Lorenzzo não estava normal, talvez. até estivesse e ela só tivesse percebido agora.


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Notas finais do capítulo

Pequeníiiiiissimo. Fiquei até com vergonha >.<
Bom, acho que foram os dias que fiquei fora. Não escrevi superficialmente o que viria depois porque não estava ficando bom. E para ficar ruim, eu prefiro não escrever.
Tenho uma mania muito boba de NUNCA reescrever algo que já escrevi, então prefiro escrever BEM na primeira vez.
É... Estranho ç.ç