Já haviam se passado 2 semanas. Faltavam apenas 2 dias para o dia em que muitos dos trabalhos seriam entregues e mais 1 prova seria feita. Eu não posso negar que de certa forma me preocupava, porque, vamos concordar, era muita coisa pra pouca cabeça.  

Sarah também parecia se preocupar, mas eu pude perceber que, de certa forma, estava confiante. Ela não era uma aluna do tipo "a melhor da classe" mas tirava notas até que boas, mais ou menos próximas das que eu tirava. Então era como se estivéssemos no mesmo barco, em relação à isso tudo.

Mas é verdade, não é? Eu nunca parei para descrever nenhuma das pessoas com que convivo(inclusive eu) com mais detalhes. Bem... Sarah possuía cabelos longos e castanho-claros, e olhos da mesma cor, apesar de levemente mais escuros. Ela era até que bem alta, já que eu media 1,78cm e ela provavelmente era apenas uns 4cm mais baixa que eu. Seu modo de se vestir? Sempre vestia coisas mais simples, camisetas com no máximo algumas estampas e quase sempre calças jeans pretas. Nunca parei para reparar se ela usava brinco frequentemente na época, mas, se usava, provavelmente era um pequeno, já que não sava para se ver por causa do cabelo.* Como eu não reparo muito na aparência isso é a melhor descrição que posso dar.

Eu? Bem... Cabelos ruivos cor de laranja, e bem levemente compridos. E, como muitas vezes dito aqui, quase sempre sou visto usando fones de ouvido.  Gosto de usar blusões e calças jeans ou de moletom(em casa). Meus olhos são castanho claro, o que provavelmente herdei da minha mãe já que os do meu pai são azuis.* Mas de quem eu herdei não importa muito, certo?

De qualquer forma, muito provavelmente eu não falara isso antes porque eu muitas vezes não reparo na aparência das pessoas e acabo esquecendo que uma história deve ter uma descrição dos personagens. Mas isso não vem ao caso.

Como eu ia dizendo, faltava muito pouco para o que muitos chamavam de "dia do terror", que seria seguido, nos outros dias, de uma época de provas. Os nerds da classe provavelmente já se preparavam para isso à bastante tempo, e não tinham do que ter medo. Por outro lado, aqueles despreocupados com tudo recorriam desesperados aos amigos, implorando por um resumo dos mesmos.

Mas não creio que isso importe muito a vocês(importa?), então vou mudar de assunto.

Desde "aquele dia" eu e Mike não tínhamos nos visto ─ para a minha felicidade ─ E eu esperava que isso durasse por quanto tempo fosse possível.

Como se meu desejo fosse se realizar.

─ Fala, David. ─ O dito cujo surgiu(literalmente surgiu, não faço ideia de onde aquele cara saiu) enquanto eu estava no intervalo, no lugar de sempre, e Sarah também estava lá.

─ EPA. ─ Dei dois passos para trás e me escondi atrás de Sarah. ─ Não se aproxime. Não sou o tipo de pessoa que você pensa.

─ Uff ─ Ele esfregou o rosto com uma das mãos ─ Não precisa se esconder.

O olhei desconfiado.

─ Sério. ─ Ele confirmou.

─ Hm... ─ Refiz minha pose e voltei aonde estava antes. ─ Eu só quero deixar bem claro que eu não so- ─ Eu já ia repetir, mas ele me itnerrompeu.

─ Eu sei, eu sei. ─ Ele levantou a mão, fazendo sinal para que eu me acalmasse. ─ Mas enfim, acho que depois daquilo voê deve ter ficado uma fera comigo, uh?

─ CLARO QUE SIM! VOCÊ ME TREUMATIZOU PELO RESTO DA VIDA! ─ Gritei

Ele deu umas risadas, e continuou a falar. ─ Então, vai aceitar a luta agora?

─ Nunca. ─ Respondi imediatamente. ─ Não adianta. Caramba, você é chato.

─ Quando eu quero algo, eu corro atrás. ─ Ele se aproximou.

─ Sai fora, Mr. Gay guy! ─ Estendi minha mão para frente, o parando.

─ Uff... Eu vou embora daqui. ─ Ele se virou e realmente saiu, para a minha surpresa. "Hoje ele desistiu fácil... Melhor pra mim! Tee-hee~"

E lá estávamos eu e Sarah sozinhos novamente. Como era quarta feira, não tinha nenhum jogo acontecendo.

─ Esse cara é bem chato. ─ Sarah falou, ainda olhando na direção em que ele fora.

─ Isso não é novidade. ─ Coloquei meus tão queridos fones de ouvido e me entei no chão, e Sarah fez o mesmo. Ficamos em silêncio durante alguns instantes, eu fazendo movimentos com a boca levemente como se estivesse cantando a música e Sarah olhando para o nada, no horizonte.

─ Que músicas você tanto ouve? ─ Ela olhou para mim, e eu fui obrigado a tirar os fones para responder.

─ Vários estilos. Várias bandas. ─ Respondi.

─ Ah, entendi. ─ Ela sorriu. ─ Posso ouvir?

Olhei para ela por alguns segundos. ─ Não.

─ Ahhh, qual é! Deixaaaa... ─ Ela me chacoalhou segurando-me pelo ombro.

─ Nope. ─ Respondi, não me importando com sua insistência.

─ Por quê??? ─ Ela perguntou, fazendo cara de dó.

─ Porque você tem que trazer o seu. ─ Respondi.

─ Meu celular é daqueles bem antigões, não tem suporte pra música muito menos pra fone de ouvido. É só pra fazer ligações mesmo. ─ Ela explicou.

─ mp3?

─ Também não.

─ Uff... ─ Bufei, e entreguei os fones para ela.

─ Ei, fica com um. Daí podemos ouvir os 2. ─ Ela me entregou o outro, mas eu recusei.

─ Não, valeu. ─ Virei o rosto para a direção oposta.

─ Por quê? ─ Ela me olhou com uma expressão confusa.

─ Vamos ficar muito perto um do outro. ─ Olhei para o horizonte.

─ Que medo de se aproximar das pessoas, meu deus... ─ Ela suspirou, com certa raiva.

"Não é medo... Não é isso..." Fiquei pensativo até o final do intervalo. Quando o mesmo ocorreu, Sarah me devolveu meu celular e fomos cada um para a sua aula.