Anti-social escrita por UnknownName


Capítulo 10
Pulguento




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─ Uaaaaaaah! ─ Bocejei, levantando os braços. Eu acabei dormindo no sofá, depois de ver um filme qualquer. Eu sentia algumas dores nas costas, que passariam depois de alguns minutos.

Me levantei com certa preguiça e me dirigi à cozinha.

─ Ainda bem que hoje é domingo ─ Falei para mim mesmo, enquanto fazia algumas torradas com manteiga. Quando fui pegar um copo para tomar um café ou algo assim, o mesmo caiu no chão e se espatifou em mil pedaços.

─ Merda! ─ Frustrado, me ajoelhei para recolher os cacos de vidro. Um deles acabara entrando na pele do meu dedo, como uma farpa. E eu só fui perceber isso 4 horas depois. É meio engraçado, porque somente quando descobri o maldito, começou a doer. Levei nada mais nada menos que duas horas com uma pinça na mão, tentando eliminá-lo.

Olhei para a mesa. Ainda tinha que ler aqueles livros...

"Acho que vou começar com o pior, o de romance, para acabar com isso logo de uma vez".

Gastei algumas horas do meu tempo lendo aquilo. Era um livro grosso, na verdade. Tinha 458 páginas. O livro até que era interessante, pra ser sincero. Não era um romance exagerado, se focava mais nos sonhos etc. Mas os outros 2 livros de drama/comédia foram melhores.

...

Terça feira. Nada a fazer se não ir para mais um dia de tortura. Não era justo estudarmos 5 dias, e descansarmos 2. 

Acho que uma das matérias que mais me agradava era Francês. Eu simplesmente era fascinado pela língua. Sarah comentara comigo outro dia que Francês também era uma de suas matérias favoritas. Uma coisa em comum, pelo menos.

─ E então, gostou do livro? ─ Ela me perguntou, na aula de geografia.

─ Não muito ─ Respondi, parcialmente mentindo.

─ Pelo menos gostou um pouco ─ Ela sorriu simpaticamente.

Dei um leve sorriso e voltei a olhar para frente. 

De relance notei novamente suas mangas compridas. Sarah sempre vinha com elas assim(exceto aquela vez). Até mesmo nos dias de calor, ela cobria seus braços. "Deve ser meio chato ter que viver assim", falei para mim mesmo, em meus pensamentos.

O resto do dia foi relativamente normal. Exceto por um aluno novo(pelo o que eu sei), que tem cara de quem vai dar muito problema. É daquele estilo "valentão bad boy", sabe? Eu até estava vendo a hora em que ele ia começar a pegar os lanches e dinheiro das pessoas em troca de não esmurrá-las. Lamentável, somente isso que posso dizer.

No meu caminho para casa, vim chutando uma pedrinha. Foi difícil me despedir dela quando cheguei.

Meu pai estava de folga de novo, mas dessa vez eu não me assustara ─ Talvez só um pouco ─ Deixei minha mochila sobre uma cadeira e me sentei no sofá, ao seu lado. Um programa que eu não identificara ainda passava na televisão.

─ Oi. ─ Ele saudou-me, sem me olhar.

─ Oi. ─ Respondi da mesma maneira.

─ Eu já dei uma adiantada no almoço. Tá lá na cozinha, se você quiser pegar. ─ Ele me contou.

Se eu tinha certeza sobre alguma coisa do meu pai, era de que ele não sabia cozinhar. Já imaginava qual era esse "almoço".

─ Miojo, né? ─ Falei, me levantando e indo até o dito cômodo. Acertara em cheio.

Mais tarde, lá pras 13h, meu pai se levantou e pegou sua maleta.

─ Eu vou indo. ─ Ele avisou, ajeitando a gravata.

─ Não está de folga? ─ Perguntei, confuso.

─ Não. Apenas fui liberado para o almoço. ─ Ele explicou ─ Até mais.

─ Até. ─ Respondi.

...

─ Que téééédio... ─ Falei para o nada, rolando na cama.  ─ Bah... Eu preciso arranjar alguma coisa para fazer durante a tarde.

Mas então lembrei da fala de meu pai:"Você devia começar a trabalhar". Até que não era má ideia. Um emprego poderia preencher meu tempo livre e ainda me arranjar uma grana. Dois coelhos com um tiro só.

─ Acho que o técnico daqui de perto está precisando de um ajudante ─ Comentei comigo mesmo. Me levantei, pus uma roupa e fui até o local.

O homem se encontrava um pouco atrás do balcão, onde tinha uma parede que separava a entrada do local de trabalho.

Bati numa campainha que se encontrava sobre o vidro.

─ Ahn? ─ Ele olhou para trás, procurando quem o chamara ─ Ora, David! O que faz por aqui?

─ Você tem um emprego para mim? ─ Perguntei, diretamente. Não estava afim de enrolação.

─ Ah ah! Está afim de uns trocados? Bem, é verdade que eu estou precisando de uma ajuda aqui. Você poderia me ajudar com os computadores, o que acha? ─ Ele perguntou.

─ Pode ser. ─ Respondi.

Ele deu um sorriso amistoso ─ Então amanhã você já pode vir, e não esqueça do documento pra eu assinar. ─ "Ele deve estar falando da carteira de trabalho",imaginei.

Voltei para casa com um humor melhor do que antes. O sr. Kilk era um dos poucos que respeitavam meu espaço, e sabia como eu agia. Não tentaria forçar nenhuma amizade nem nada. Por isso aquele emprego era perfeito.

Em algum momento de meu caminho, um animal peludo começou a me seguir. Era um cachorro.

─ Sai daqui, vira-lata. ─ Avisei. Como se ele fosse entender... Só chegou mais perto.

Ele me acompanhou todo o percurso. O pulguento não iria largar do meu pé. Maldito...

Quando cheguei, e estava a ponto de fechar a porta na cara do animal, este me fitava com aqueles olhos de dar dó em qualquer um. Ficamos assim por alguns segundos.

─ Tchau. ─ E fechei a porta.

Mas o carinha era persistente. Ficou chorando sem parar. Mas isso não iria me comover. Simplesmente fui pro meu quarto, e dormi. 

Mais tarde, acordei com o barulho da porta se abrindo. Olhei pro relógio. Já estava na hora de meu pai chegar.

─ David! Desça aqui! ─ Ele ordenou. "O que foi agora?" Resmunguei em meus pensamentos.

─ O quê... ─ Eu ia perguntar, ao chegar na sala, mas minha visão já respondera por mim ─ Meu pai segurava o animal nos braços.

─ Mas o quê... Por quê está com esse cachorro?! ─ Perguntei, indignado. Todo o esforço que eu tivera para mantê-lo fora de casa fora jogado fora.

─ Ele estava choramingando aqui na porta, e eu não resisti. Ah, qual é! Um cachorrinho não vai te fazer mal. E acho que ainda é filhote... ─ Ele mimava o bicho fazendo carinho na barriga do mesmo.

─ Urg. Você que cuide dele. ─ Falei e voltei ao meu quarto.


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