Ártemis' POV

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Eu lembro das lágrimas escorrendo pelo seu rosto,

Quando eu disse que nunca deixaria você ir;

Quando todas aquelas sombras quase mataram sua luz;

Eu lembro de você dizer não me deixe aqui sozinho,

Mas tudo isso está morto e enterrado e hoje à noite passou...

O lugar aonde Atlas realmente pertencia estava sendo ocupado por mim. Eu segurava o céu. Não demoraria muito para a ajuda chegar... inclusive, ela estaria bem perto se eu tivesse sorte. Zoë, minha caçadora principal, iria enlouquecer com o pai quando visse minha situação. Mas ela teria de ser forte. Tentei uma conexão mental com ela, mas tudo o que consegui foram alguns segundos:

– Zoë!– chamei em meu pensamento. Ela fechou os olhos para melhorar a conexão.

– Minha senhora - disse ela. - Onde está? Eu e as caçadoras estivemos a procurando há dias!

Suspirei, ciente de que Zoë não gostaria de minha localização.

– Estou no lar de seu pai. Mas não sei se será seguro...

A conexão foi interrompida quando Zoë abriu os olhos novamente e indicou a montanha de Atlas. Aquilo não seria bom.

Apenas feche seus olhos,

O sol está se pondo;

Você vai ficar bem,

Ninguém pode feri-la agora;

Venha luz da manhã;

Você e eu vamos estar sã e salvas...

Zoë chegou a caverna mais rápido que deveria. Vi lágrimas em seus olhos ao me ver acorrentada e aguentando o fardo em meus ombros. Infelizmente, não pude evitar que ela gritasse:

– Ártemis!

Ela veio correndo em minha direção, sem tempo de eu impedir. Todas as outras caçadoras mantinhão o arco em mãos, como se fossem atacar quem quer que seja.

Então uma ventania forte apareceu atrás das caçadoras e todas se virarão, exceto Zoë, que mantinha os olhos em minhas correntes. Ela brandiu a faca de caça para tentar começar a partí-las, mas antes que pudesse fazer qualquer coisa, ela caiu no chão e ficou imóvel. Atlas surgiu, com uma espada não muito grande em mãos, ensanguentada. Dei uma olhada em Zoë e gritei. Havia um ferimento sério do lado de seu corpo. As caçadoras, que só então perceberam, lançaram flechas em Atlas, que desviou de todas. Elas começaram a cercá-lo, até o deixar em uma parede, sem saída. Então uma caçadora empunhou a faca e retirou a espada de sua mão, o empurrando até mim. Não pensei duas vezes: saí debaixo do céu e deixei o fardo para Atlas.

Não se atreva a olhar pela janela,

Porque tudo está pegando fogo;

A guerra à nossa porta continua;

Segure-se a esta canção de ninar,

Mesmo quando a música se for;

Dei passos até Zoë, que permanecia imóvel. Com a ajuda de algumas caçadoras, a levei para fora da caverna, onde as estrelas eram visíveis.

Zoë as admirou, enquanto sua vida se esvaia com muita rapidez. Tentei curá-la, mas ela não permitiu. Então ela arquejou e piscou para as estrelas.

Ela não pediu, mas eu cantei. Era uma coisa que eu poderia fazer por ela:

Apenas feche seus olhos,

O sol está se pondo.

Você vai ficar bem,

Ninguém pode feri-la agora.

Venha luz da manhã,

Você e eu vamos estar sã e salvas.

Uma lágrima desceu pelo seu rosto. Seus olhos se fixaram nas estrelas brilhantes e ela não mais se moveu.

Deixei as lágrimas caírem, e percebi que algumas caçadoras fizeram o mesmo. Fiz uma última homenagem a ela: fechei seus olhos com as mãos e passei-as sobre seu corpo. Ele sumiu, deixando um pó prateado em minhas mãos, eu o assoprei e o vento o levou.

Olhei para o céu e a vi: Zoë. Sua constelação era a que mais brilhava e a mais próxima da Lua, para mostrar sua fidelidade e coragem.

– Que o mundo a glorifique, minha caçadora. Viva para sempre nas estrelas.

Apenas feche seus olhos...

Você vai ficar bem...