Mar de Lírios escrita por Jajabarnes


Capítulo 9
Um momento de paz.


Notas iniciais do capítulo

Cá estou eu com mais Suspian ;D Novidade....



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/225285/chapter/9

Fui para o convés, desci até a cozinha em busca de água e voltei para cima indo em direção a beira do navio sentindo o vento vindo do Norte.

-Obrigado. - disse uma voz atrás de mim, olhei em direção a ela e deparei-me com meu adorado primo. - Por me ajudar lá na Ilha.

-Só fiz o que deveria fazer. - falei calmamente.

-Aposto como se fosse Edmundo ele não teria me ajudado. - comentou, apoiando-se na beira ao meu lado.

-É claro que ajudaria você, Eustáquio, apesar de tudo, você é nosso primo e nunca vai deixar de ser. - falei. Eustáquio sorriu levemente. - Mas me diga, como Edmundo e Lúcia estão?

-Ah... Do mesmo jeito de sempre... Edmundo está bem mais alto que eu e olha que quando ele chegou lá tínhamos a mesma altura. Acho que Lúcia está da sua altura.

-É, eles devem ter crescido mesmo...

-Você precisa ver a euforia deles toda vez que chega uma carta sua ou de Pedro... - isso me fez sorrir.

-Mas e você, está gostando de ter eles lá? - essa era a pergunta crucial. Ele deu de ombros.

-Sabe como é...

-E o que está achando de Narnia? - essa sim eu queria saber a resposta. - Está se divertindo?

Ele me encarou como se eu fosse a maior idiota do mundo.

-Se você considera diversão quase morrer afogado, ter uma faca apontada para o meu pescoço, ser capturado por mercadores de escravos e não conseguir ser vendido...

-Tudo bem, já entendi.

-Ah, claro, fora o fato de ter sido sequestrado por minha prima num navio com piratas que me trouxeram a força para esse lugar, você já foi lá embaixo? Parece um zoológico! - ele se afastou sem olhar para onde ia e ao virar esbarrou em Caspian.

-Foi mesmo? - perguntou ele, encarando o loiro com o cabelo preso para trás, uma pose confiante e de certa forma ameaçadora.

-Me trouxeram contra a minha vontade! - afirmou Eustáquio.

-Achei que tínhamos salvado sua vida. - Caspian ergueu as sobrancelhas.

-Que seja! Vocês pelos menos poderiam ter procurado o cônsul britânico para me mandar de volta para casa! Cansei disso! Cansei disso tudo! - ele saiu falando sozinho. Caspian suspirou e ao olhar para mim, cruzou os braços.

-Não falei para você descansar?

-Desculpe, majestade, mas eu não estou cansada. - sorri.

-Não me chame de majestade. - pediu ele.

-Por que, majestade? - provoquei “inocentemente”. Caspian segurou o riso.

-Por que eu sou um pirata mau e vou fazer você andar na prancha. - brincou. Nós rimos.

-Sim senhor, majestade. - bati continência. Ele me encarou.

[…]

O sol já se punha e eu estava deitada na cama, esperando o sono vir. Só ouvia o som do mar e sentia o suave balanço do navio, quando escutei uma batida discreta na porta.

-Pode entrar. - respondi baixo.

-Acordei você? - ouvi a voz de Caspian logo em seguida do som baixo da porta se fechando em algum lugar do ambiente escurecido.

-Não – sussurrei. - Eu não estava dormindo. Sentei na cama com as pernas embrulhadas. Caspian sentou na beira da mesma. Um breve silêncio.

-Está sem sono também? - perguntei.

-Um pouco, mas não consigo dormir com Travos e Eustáquio roncando. - nós rimos baixo. - Então vim ver se você estava acordada para termos um momento de paz sem que Drinian apareça para nos interromper. - disse ele me fazendo rir de novo, me sentindo um pouco nervosa com a situação em que me encontrava, sozinha com Caspian, a noite, em um quarto escuro... Tudo bem, talvez fosse bobeira minha, sei que Caspian jamais me desrespeitaria, mas o problema não era esse e sim o que eu iria fazer, e não sei se conseguiria me controlar se a situação fugir do controle...

-Se importe se eu ficar aqui? - perguntou ele, um pouco receoso.

-Não, claro que não. - respondi.

-Não quero parecer desrespeitoso... - acrescentou.

-Não tem problema, Caspian – falei, segurando sua mão. - Quero que fique aqui... - sussurrei mais baixo ainda.

Ele mordeu o lábio inferior antes de se chegar para mais perto de mim, embrulhando-se, voltei a me deitar, assim como ele. Ficamos um de frente para o outro, a princípio em silêncio, mergulhando nos olhos um do outro. Não pude evitar minhas bochechas de arderem a medida que eu via nos olhos dele tanta admiração e amor. Ele sorriu assim que fiquei vermelha, e me perguntei como ele conseguiu ver. A ponta de seus dedos tocaram minha face rubra.

-Você é linda, Su... - ele sussurrou, o suficiente para eu ficar mais vermelha.

-Não vale me fazer corar... - falei. Caspian sorriu, chegando mais perto de mim.

-Como você está? - perguntou ele.

-Deitada? - brinquei, Caspian deu um sorriso torto. - Estou bem... Você não devia se preocupar tanto comigo.

-Se eu não ficar preocupado com você e seu bem estar com o que vou me preocupar? - questionou divertido.

-Simples, não se preocupe.

-Eu sou um Rei, tenho que me preocupar com alguma coisa! - alegou me fazendo rir, mas logo esse riso foi passando quando uma certa apreensão começou a me incomodar.

-Talvez com o que Drinian disse a você hoje... - falei. Caspian me olhou e lambeu os lábios antes de responder.

-Com isso você não precisa se preocupar. - desconversou.

-Eu sei que é algo importante. - insisti. - Por que você não me diz o que é?

-Por que não quero preocupar você com isso.

-Sabe que eu vou descobrir mais cedo ou mais tarde. - ergui as sobrancelhas. Ele hesitou.

-Bem, estamos em águas perigosas a partir de agora... - começou ele. - Drinian me alertou sobre a possível presença de piratas... E serpentes marinhas.

-Serpentes marinhas?! - por um curto período de tempo, senti meu coração parar.

-Mas são apenas histórias. - disse Caspian, tentando não me amedrontar.

-Nativos narnianos eram apenas histórias alguns anos atrás. - retruquei. Caspian me envolveu e seus braços, puxando-me para mais perto dele, acolhendo-me num abraço quente e confortável.

-Nesse caso, eu protejo você. - sussurrou. Em resposta, passei meus braços ao redor seu corpo, deitando a cabeça em seu peito, sentindo seu aroma delicioso; não era perfume, era seu cheiro natural que me fazia sentir me casa e aprofundava a vontade de nunca sair dali.

Senti Caspian beijar o alto de minha cabeça, fechei os olhos, respirando lentamente, inalando seu perfume. Foi só fechar os olhos que o sono pesou, travei uma breve luta contra ele, não queria perder nenhum segundo daquele momento entre nós dois. Ele deu outro beijo em minha cabeça enquanto seus dedos afastavam o cabelo de meu rosto. Foi inútil tentar lutar, o sono e o cansaço acabou me vencendo e eu adormeci nos braços de Caspian.

Acordei no meio da noite após um sonho estranho do qual não conseguia me lembrar. Assim que consegui absorver a informação de que estava acordada, percebi que Caspian não estava mais deitado ali. Olhei em volta e o vi na varanda da cabine, debruçado no parapeito. Joguei o lençol para o lado e levantei, caminhando descalça pelo chão frio de madeira até ele.

-Oi... - sussurrei tocando seu ombro nu e parando ao seu lado, sentindo o vento frio da noite acinzentada próximo ao amanhecer.

-Oi. - ele sorriu de leve. - Perdeu o sono?

-Tive um sonho estranho... - dei de ombros. Ele apenas assentiu, envolvendo minha cintura com os braços e puxando-me contra si delicadamente, prendendo-me num abraço carinhoso. Silêncio por incontáveis minutos enquanto observávamos o mar que o Peregrino deixava para trás, sentindo o vento e escutando o silêncio. Até que Caspian deu um riso fraco. - O que foi...? - perguntei a ele.

-Nada... - olhei-o e ele prosseguiu. - Esse momento, nós dois, juntos desse jeito, olhando o mar, perto do amanhecer... Não sei quantas vezes sonhei com um momento assim.

Eu sorri.

-E nos seus sonhos até onde ficávamos assim?

-Até ficarmos velhinhos.

O assunto ficou por ali quando Caspian se inclinou para mim e beijou-me suavemente.

Após aquele beijo terno e cheio de significados, permanecemos mais um tempo na varanda até que o frio aumentou e voltamos para dentro da cabine, fechando a porta da varanda. Não faltava muito para o amanhecer, nós nos deitamos novamente, cobertos pelo lençol quente, abraçados, onde permanecemos pensativos, trocando beijos carinhosos e carícias tímidas, em silêncio, ouvindo a respiração um do outro.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, logo logo tem mais!!
Beijokas!!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Mar de Lírios" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.