Por Uma Boa Causa escrita por Samyy


Capítulo 2
Capítulo Um - "Rosalie Sem Família"


Notas iniciais do capítulo

Divirtam-se!!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/224772/chapter/2

— Vejam se não é a sem família! – Alguém passou gritado, arrancando risos de todos naquele corredor. Um aluno passou de propósito ao seu lado lhe dando um encontrão, provocando a queda de todos os livros que ela carregava.

Como não se acostumara? Era assim praticamente todos os dias de seus quinze anos. Ela era a única estudante de Hogwarts que não conhecia a família e todos sabiam, tanto é que era motivo de zombaria. O que a ausência de uma mãe carinhosa e preocupada, um pai trabalhador e dedicado e, quem sabe, um irmão ou irmã travesso (a) não faziam...

Ela também era muito inteligente, o que afastava qualquer possível amizade, afinal, quem quer ser amigo de uma sabe tudo?

Suspirando pesarosamente, se resignou a abaixar para recolher os seus livros caídos, nem percebeu que alguém também se abaixara para ajudá-la:

— Tome! – Disse o rapaz loiro.

— Obrigada. – Respondeu receosa, pegando o livro que ele lhe entregava.

— De nada. – Ele sorriu.

O que era aquilo? Algum tipo de pegadinha? Ninguém nunca era simpático com ela, a não ser, é claro, os seus professores. As pessoas não costumavam trocar mais de duas palavras com ela, então o loiro misterioso logo iria embora.

— Será que você poderia me ajudar? Eu sou novo na escola...

Certo, ele já tinha dito catorze palavras. O que estava acontecendo? Alguma pegadinha? As únicas pessoas que se propunham a conversar com ela eram o diretor Dumbledore, a enfermeira Madame Pomfrey, a bibliotecária Madame Pince, a professora Minerva McGonagall e o resto do corpo docente.

— Claro. – Respondeu um tanto nervosa. Poderia se aproveitar daquele momento para fingir que algum aluno se importava com ela.

Não é como se não tivesse amigos, mas ela apenas não considerava Evanna como uma companhia válida. Todas as vezes em que Evanna chamava pela ruiva, era para pedir algum favor relacionado à escola.

— A propósito, meu nome é Scorpius, Scorpius Malfoy. – Ele lhe estendeu a mão, para que apertasse.

— Rosalie. – Rosalie de que? Dumbledore a registrara, como se fosse sua filha, mas ela odiava dizer isso. As pessoas começavam a achar que ela realmente era sua filha e ela precisava desfazer o mal-entendido. – Rose, apenas. – Retribuiu o aperto de mão.

A mão de Scorpius era quente e seu aperto firme, como se estivessem firmando um negócio. Ele aparentava ter dezesseis anos, seu cabelo era loiro como trigo, seus olhos de um azul cinzento, o sorriso tímido e contagiante, além de ter, pelo menos, um metro e oitenta e sete de altura.

Mas Rose não ficava muito atrás, sempre fora mais alta que as garotas de sua turma, por volta de um metro e setenta e sete. Ela completaria dezesseis anos dentro de alguns meses, seu cabelo era ruivo (e às vezes cacheado), seus olhos azuis como o mar, não costumava dar sorrisos.

Rose Apenas... Belo sobrenome. – Sua intenção era arrancar um sorriso da ruiva, mas ela manteve a expressão impassível. Pigarreou desconcertado antes de continuar. – Há quanto tempo estuda aqui?

— A minha vida toda. – Suspirou. – Vamos? – Ela falou, ao perceber que ainda estavam no corredor, atrapalhando o movimento dos estudantes. Não precisava de novos apelidos.

— Claro!

Rose conhecia aquela escola como a palma de sua própria mão. Sabia todos os esconderijos, cantos escuros para trocar alguns amassos (não que ela trocasse alguns amassos) e outros segredos que aquelas paredes escondiam.

— Por que os seus livros estavam no chão? – Ele perguntou, como se tivesse se lembrado de algo muito importante. Rose era rápida e Scorpius tentava seguir o seu encalço.

Ela reprimiu a vontade de dar a volta e encarar Scorpius como se ele estivesse louco.

— É uma longa história. – Suspirou mais uma vez. – E tenho certeza de que você não quer saber.

— Como pode ter tanta certeza? – Dessa vez Rose parou, deu a volta e encarou Scorpius como se ele estivesse louco. – Aonde está me levando, afinal? – Perguntou para mudar de assunto.

— A sala do diretor. – Respondeu, voltando a caminhar. – E você faz perguntas demais!

Continuaram o percurso em silêncio.

Após subir lances de escada, cortar caminho pelos atalhos que a ruiva conhecia e subir mais lances de escada, pararam em uma enorme porta de carvalho. Rose deu três batidinhas na porta e não houve resposta. Resolveu entrar sem convite, nunca tivera problema com isso.

— Diretor?

— Ah... olá Rose! – O diretor se apressou em guardar alguns documentos que estavam espalhados sobre a mesa. – Como está hoje?

— Estou bem, senhor. – Não era de todo mentira. Embora ser piada da escola fosse chato, trocar algumas palavras com Scorpius tinha feito o seu dia parecer normal.

— Em que posso ser útil? – Perguntou ao notar Scorpius deslocado pela sala.

— Ah, sim... Este é Scorpius Malfoy, disse que é aluno novo.

— Claro, senhor Malfoy, como vai? – O diretor levantou-se de sua enorme e confortável cadeira para apertar a mão do garoto. – Estávamos mesmo lhe esperando.

— Vou bem, obrigado! – Apressou-se a apertar a mão de Dumbledore.

— Não poderia ter encontrado melhor companhia nesta escola. Refiro-me a senhorita Rosalie. – A garota corou instantaneamente e sentiu como se a sala toda crescesse ao seu redor.

Já deveria estar acostumada, ele a elogiava constantemente, pegando-a desprevenida.

— Ora, o que é isso diretor. – Falou, encabulada. – Não fiz mais do que a minha obrigação. Qualquer boa pessoa teria feito o mesmo.

— Esse é o problema minha cara. Nós carecemos de boas pessoas. – Disse, absorto em pensamentos que nenhum dos dois adolescentes poderia imaginar. – Faça-me um favor, sim?

Ela assentiu.

— Deixe esses livros aqui e leve esse jornal para a professora Minerva, por favor. – Apontou para o jornal em cima de sua mesa perfeitamente organizada.

— Já volto. – Respondeu deixando os livros de lado e apanhado o jornal.

— Depois eu preciso conversar com a senhorita. – Rose tremeu assustada. Não verdadeiramente assustada, mas aquilo significava que conversariam seriamente e as conversas do diretor a deixavam pensativa por dias a fio.

— Sim, senhor.

Aquela era apenas uma formalidade para que a garota saísse da sala. Dumbledore, com certeza, desejava passar alguns procedimentos e regras da escola e preferia o fazer a sós.

Ela não fez questão de andar rápido e decidiu pegar o caminho mais longo para a sala da professora de matemática e vice-diretora do internato.

Hogwarts era enorme. Por fora nem se imaginava a imensidão do lugar, consequentemente, quem entrava pela primeira vez saia com o queixo caído de recordação.

Rose andava tão distraidamente (admirando a escola em que morava e aprendera a amar) que nem percebeu que segurava o jornal de forma errônea, fazendo com que as suas folhas caíssem ao chão.

— Droga Rosalie! – Ela praguejou alto. – Como é que eu vou arrumar isso agora?

Por sorte, a bagunça fora pequena. A maioria das folhas caíra juntas, então era só procurar os números e ordená-las.

Não se deixando distrair novamente, apressou o passo até o seu destino. A professora agradeceu quando ela deixou sua sala.

Scorpius ainda se encontrava sentado no escritório do diretor. A menina entrou sorrateiramente, o suficiente para saberem que já tinha retornado.

— Caso tenha qualquer dúvida, pode pergunta à Rose. – Por que ele sempre precisava citá-la? – Ela conhece tudo sobre esta escola. Seja bem-vindo. As minhas portas sempre estarão abertas para qualquer problema.

— Obrigado senhor, mas eu realmente espero não ter nenhum problema. – Brincou. – Muito obrigado.

Antes de deixar a sala, Scorpius encarou Rose em um agradecimento mudo.

— Sente-se Rose. – Ele indicou a cadeira que há segundos atrás era ocupada por Scorpius.

Ela obedeceu.        

— Você deveria reagir quando te ofendem.

— Como? – Perguntou para ter certeza de que ouvira direito.

— Não deveria deixar que os outros alunos te ofendam! – Sua voz era calma, mas sua expressão demonstrava seriedade.

Não era a primeira vez que discutiam aquele assunto e Dumbledore sempre parecia saber quando Rose era atacada.

— Ah..., mas o que eu posso fazer? – Já estava, de certa forma, acostumada com aquela situação. – O que “Rose Sem Família” pode responder? Eu realmente não tenho família. – Um bolo se formou em sua garganta, era sempre doloroso constatar tal fato.

— Não se deixe abater Rose, isso não é de todo verdade...

— Como professor? – Ela não pode conter as lágrimas que caíram de seu rosto. – É bem difícil ver todos alegres e felizes com suas famílias, e você... – engoliu a tempestade que estava por vir. – E você só, sem ninguém. Por que meus pais fizeram isso comigo? – Cobriu o rosto com as mãos. Tudo o que ela sabia era que fora deixada muito nova na escola, e que Dumbledore a criara.

— Isso não é verdade Rose. – Por mais experiente que ele fosse, Dumbledore nunca sabia o que fazer quando alguém começava a chorar. Mas afinal, quem é que sabe?

É um sentimento inimaginável, você não pode dizer que compreende a dor do outro: é a maior mentira.

— Seus pais tiveram os motivos deles. – Dumbledore se resignou a observá-la por cima de seus óculos de meia lua. – Tenho certeza.

— Como pode ter tanta certeza? – Ela levantou-se da cadeira e começou a andar de um lado para o outro.

— Sabe Rosalie, fui eu quem te cuidou toda a sua vida. Te eduquei, te ensinei a grande maioria dos teus conhecimentos, mas com toda a certeza, não fui eu quem te deu à luz.

Rose não sabia se ele falara apenas para amenizar sua preocupação, mas ela sorriu, como não fazia há dias.

— E com certeza não fui eu quem disse quando você faz aniversário ou escolheu o seu nome.

— O que quer dizer com isso?

— O que é isso Rose, você é uma garota tão sagaz. Pense um pouco mais. – Dumbledore incentivou.

“Vamos lá Rosalie! ” A garota fez um esforço a mais. Se Dumbledore não escolheu o seu nome, como ele poderia sabê-lo? Se ele não era o seu pai de verdade, como muitas vezes pedira que ela o chamasse, como poderia saber sua data de nascimento?

— Professor – Começou incerta. – por acaso o senhor conhece os meus pais?

— Acho que já está na hora de você saber certas coisas a mais.

— Senhor? – Dumbledore simplesmente olhou para o seu relógio de pulso.

— Está ficando tarde, é melhor voltar para os seus afazeres. – Ele estava a dispensando. – Volte sexta-feira e terminamos nossa conversa.

Como ele prendia a atenção da menina, aguçando sua curiosidade, e depois simplesmente a dispensava?

— Boa noite diretor.

— Boa noite Rose.

O que tudo aquilo queria dizer? Dumbledore nunca deixara claro se conhecera os seus pais, se sabia quem eles eram e se, quem sabe, poderia fazer uma ligação ocasional para perguntar como fora o dia deles. Ela nem sabia porque ficara tão curiosa. Isso não significava nada, e todos esses anos que nunca a procuraram? Poderia simplesmente esquecer?

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Pessoinhas, não se acanhem. Me digam, o que vocês querem que aconteça em Por Uma Boa Causa? Como vocês imaginam o reencontro entre pais e filha? O que vocês querem que Rose faça? Interajam com a fanfic e a autora!!
Beijos

obs.: as idades não são compatíveis porque quando eu criei essa imagem estava pensando em quando tudo acabasse.
25/02/2016



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Por Uma Boa Causa" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.